Grécia: Os Credores Escravos da possidónia Paixão alemã
(8/7/2015
Quando os alemães gostavam do perdão das dívidas: em Londres a 27 de fevereiro de 1953 Herman Josef Abs, conselheiro do chanceler Adenauer, assina pela Alemanha o acordo que reduziu a metade a dívida teutónica Fonte da foto: o New York Times de hoje; «o New York etc» por ser um inimigo de estimação)
O eixo Berlim-Paris reconstituiu-se para o mal: para impor a austeridade a Atenas e agitar-lhe com as pensões de reforma subsidiadas. Franceses e alemães deram-se uns aos outros a coragem (holandesa ?) que lhes faltava para finalmente imporem aos gregos um ultimato disfarçado:
expira sábado e domingo , o dia do Senhor, a União Europeia,
perante a nova Líbia, por ela construída, fornecerá fundos à nova Grécia
ou enviará ajuda humanitária à destruída Hélade,
destruída com armas financeiras e sem aviação militar,
ocupando-a com as técnicas da proteção civil, isto é, com a Cruz Vermelha e ONGs, dando biberon a gregos velhinhos.
Na frase anterior, O Economista Português não chalaceou:
descreveu por palavras suas as comunicações oficiosas do eixo Berlim-Paris, eixo em que Berlim dita para que Paris repita.
Há dias, Thomas Picketty, o ótimo estatístico da desigualdade económica e horroroso teórico da desigualdade económica, assinalou em The Guardian que
a paixão alemã pela austeridade domina a atitude dos credores em relação à Grécia.
Dessa recente paixão alemã, deriva a recusa do crescimento económico e do perdão da dívida.
Com efeito, a Alemanha impôs na Europa dos nossos dias (na União Europeia, o pseudónimo triste da Europa)
a medíocre ortodoxia intelectual dos anos 1930, a qual levou à Grande Depressão dos anos 1930 e por invejoso arrastamento à Segunda Guerra Mundial:
para sair da crise, seria preciso gastar menos, isto é, seria precisa mais austeridade.
Eram as doutrinas do Doutor Oliveira Salazar, por certo conhecidas de pelo menos uma parte dos senhores leitores;
Salazar que não ia além da ortodoxia financeira do século XIX, a qual se resumia no equilíbrio orçamental.
Por via dele, os dicionaristas deram então um novo sentido à palavra possidónio:
«político provinciano que só vê a salvação do país no corte profundo e incondicional de todas as despesas públicas».
Era Salazar (hoje são legião).
Era a política económica derivada da economia política do século XIX, para a qual a moeda era um véu passivo que cobria uma economia real ativa em ajustamento automático.
Só que esta teoria não corresponde à realidade económica de hoje (se é que correspondeu a alguma realidade económica monetarizada) e por isso a austeridade agrava o mal.
J. M. Keynes fez justiça à teoria austeritária, que nos anos 1920 e 1930 estava ligada ao padrão ouro e ignorava a noção de circuito económico.
Imagine o leitor um circuito económico com duas unidades, a A e a B. A unidade A entrou em crise e deu défice. Como vai curá-lo?
Se se lhe aplicar a austeridade, terá que comprar menos, para equilibrar as contas. Se isso acontecer, a unidade B entrará ela também em défice, pois apenas vende a A e portanto venderá menos.
Exposta assim a teoria, ela parece óbvia, mas o circuito económico é complexo, monetarizado e por isso na prática dos políticos e de muitos economistas o circuito económico é contra intuitivo.
Keynes analisou a grande fuga ao dito, o entesouramento da moeda, que destrói a igualdade entre a poupança e o investimento, desigualdade que origina o ciclo económico.
A Alemanha, e os seus colonizados nas classes políticas europeias,
já impuseram esta arcaica e egoísta receita à Grécia e a Portugal.
Como resultado, a crise agravou-se nestes dois protetorados (a nossa dívida aumentou cerca de 40% a partir do momento da nossa anunciada salvação).
Tendo conseguido reduzir substancialmente o PIB grego (em proporções incertas, pois as contas gregas anteriores à crise eram fantasiadas, como Atenas confessou),
os credores querem reduzi-lo mais – já que a paixão pela austeridade não os deixa ver que estimular o crescimento económico dos devedores é o único modo que têm de serem pagos.
Se este fim de semana a tese do Dr. Passos Coelho vencer, e a Grécia for expulsa do Euro, voltaremos a ser o elo fraco do €uro...
(Mau augúrio para os próximos ...)
O novo caminho para a servidão
Ao contrário do que os media dão a entender, o futuro da zona euro e da UE não se decide neste fim-de-semana. Já foi decidido no passado dia 5 de Julho quando,
após uma intimidação sem precedentes conduzida ao mais alto nível pela UE, apoiada pelas televisões privadas, o povo grego respondeu com um rotundo “não” a mais austeridade.
Qualquer que seja o resultado das negociações, a visão dos cidadãos sobre a natureza da UE mudou substancialmente nos últimos dias. Quem, honestamente, ainda tinha ilusões quanto a uma mudança progressista da UE, perdeu-as.
Revelou-se o que as expressões “economia social de mercado” e “Europa social” ocultavam. Caiu a máscara e ficou à vista uma UE totalitária, uma tirania.
É isso mesmo, porque se trata de uma organização política supranacional que não acomoda a diversidade das escolhas democráticas dos Estados-membros. Confirmou-se que o ordoliberalismo da UE é irreformável e não admite dissidentes. E todos sabemos como terminou a URSS.
O que se decide neste fim-de-semana é se o governo grego ajoelha e contradiz o mandato que recebeu ou, intensificando o conflito, emite um meio de pagamento paralelo que lhe permita reabrir os bancos e evitar o colapso da sua economia. No primeiro caso, as causas profundas da crise não serão resolvidas, bem pelo contrário. O regresso da recessão, provocada pela incerteza das negociações, terá como resposta um programa de cortes na despesa pública ainda mais agressivos. Qualquer renegociação da dívida pública que ainda possa ocorrer não terá efeitos no curto prazo. Portanto, o desastre grego vai piorar, correndo-se o risco de a implosão do sistema político-partidário conduzir ao fim da democracia na Grécia.
No segundo caso, contra a vontade da maioria da direcção do Syriza, a saída de facto da Grécia da zona euro, com o litígio que tal implica, vai acelerar a sua desagregação. O princípio da irreversibilidade da adesão à moeda única será quebrado e a confiança dos mercados na estabilidade do euro, já não sendo muita, fica definitivamente posta em causa. Num artigo publicado no início da crise, Dani Rodrik lembrava que, em caso de confronto entre uma sociedade e um sistema monetário, os especuladores mais inteligentes apostam na sociedade.
Ou seja, os movimentos de capitais antecipam a vitória da sociedade (espanhola, italiana, portuguesa) e, no processo de fuga ao risco, produzem o que antecipam. No caso do euro, as profecias auto-realizadoras dos mercados forçarão o BCE a uma intervenção sem precedentes para manter os juros de vários países a um nível suportável, o que agravará as desconfianças na Alemanha. No caso de a crise financeira na China se revelar incontrolável, o cenário de instabilidade agudizar-se-á. Em todo o caso, uma coisa é certa. As regras de funcionamento da UE foram determinadas pela Alemanha e não são reformáveis, pelo que o desemprego se manterá em níveis insustentáveis e levará ao poder, noutros países, partidos que defendem a saída do euro.
Ao contrário do discurso dominante nos media, o caminho da Grécia para a insolvência começou com o resgate dos bancos alemães e franceses que lhe foi imposto em 2010. No essencial, a “ajuda” da troika serviu para pagar as dívidas aos bancos estrangeiros. A Grécia tinha e tem muitos problemas estruturais por resolver, mas aquela decisão de poupar os bancos às consequências das suas políticas de crédito foi determinante. Bill Mitchell faz uma síntese do caso grego (“Greeceshould not accept any further austerity – full stop!”) e realça que a situação calamitosa a que se chegou decorre da imposição à Grécia de uma austeridade inimaginável. De facto, é preciso ter descaramento para se dizer que a Grécia não fez “o trabalho de casa”.
Como disse um europeísta decepcionado (Engelbert Stockhammer, “Debt, Discipline and Democracy”), “No dia 5 de Julho saberemos se, a partir de agora, o lugar da democracia é fora da União Europeia, ou se prescindimos dela em troca do euro.” Entretanto, o povo grego não parece ter sido ouvido. A UE é hoje um caminho para a servidão.
(O meu artigo no jornal i) por Jorge Bateira , 10/7/2015 Ladrões de B.
Guiões de leitura para as negociações gregas
Concordo com quase tudo o que Francisco Louçã (*) escreveu hoje na sua coluna do Público - e que vale a pena ler, para ajudar a descodificar o que se vai passar na Grécia até domingo.
Há uma pequena nuance na minha interpretação: é possível que um "pacote de ajuda humanitária" (que FL vê como sendo necessariamente uma derrota para a Grécia, caso seja a única compensação efectiva pelas cedência gregas) seja a forma de conseguir o que é necessário - criar liquidez na economia grega, de modo a gerar rapidamente actividade económica e emprego - sem que as instituições europeias percam a face.
Simplificadamente, a ideia é esta: "obrigam" o governo grego a declarar que a consolidação orçamental vai ser maior do que o que estava previsto na proposta recusada em referendo (para não deixarem demasiados nervosos os Rajoy e Passos Coelhos deste mundo), mas ao mesmo tempo proporcionam à Grécia os recursos financeiros necessários para tirar a Grécia do sufoco (sem custos financeiros para o Estado helénico, porque a "ajuda humanitária", em princípio, não é um empréstimo). Tudo isto depende, claro está, dos montantes envolvidos nessa "ajuda humanitária" e na forma de a implementar.
Este é para mim o critério fundamental para decidir se o governo grego obteve um acordo que vale a pena: vai ou não conseguir injectar liquidez suficiente na economia grega nos próximos meses, de modo a criar emprego de forma substancial nos próximos anos, sem que para tal tenha de aceitar em troca a destruição do Estado Social e dos direitos laborais.
Para sabermos se um eventual acordo (se for obtido) cumpre ou não estes critérios vai ser necessária uma análise mais aprofundada dos termos desse acordo. Não esperem que os membros do governo português ou os comentadores televisivos do costume se dêem a esse trabalho: seja qual for o resultado deste processo, a leitura será sempre de que a Grécia foi castigada por se ter atrevido a dizer o que pensava...
(- por Ricardo Paes Mamede , 10/7/2015, Ladrões de B.)
(*)- http://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/2015/07/10/guiao-para-ler-as-horas-ate-domingo/
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------Anónimo disse...
Chamar "negociações" a um jogo viciado de "todos raivosamente contra um" é uma piada trágica de muitíssimo mau gosto. O plano está à vista de quem o queira ver: o máximo que o Syriza obterá são umas esmolas para que os Gregos mantenham o nariz fora de água estando, contudo, sempre na iminência de, inexoravelmente, se afogarem. Ao fim e ao cabo, nada de substancial para os Gregos se resolverá, e o objectivo da ditadura monetário-ideológica europeia (o IV Reich alemão, a que não falta, mais uma vez, a vergonhosa capitulação e colaboração francesas e o retiro insular britânico) continuará o mesmo: a meta é, pura e simplesmente, a mudança de regime. Há que cortar rente toda e qualquer veleidade de sair do carreiro da ortodoxia reinante, e o destinatário da mensagem (e do exemplo) tem um nome que toda a gente foge a pronunciar como o diabo foge da cruz: chama-se "Podemos".
Aqui pelo rincão, entre as palavras vergonhosas de Passos, Portas e Cavaco e o tacticismo sonso de Costa pouco ou nada se aproveita. Os primeiros, acusam, "ipsis verbis", o Syriza de "extremismo", enquanto o segundo, não o dizendo de viva voz, insinua o mesmo nas entrelinhas do discurso. Curiosamente, ambos convenientemente se esquecem de que, na Grécia, quem leva a palma do extremismo canhoto são os anarquistas e não o Syriza. Não menos curiosamente, PSD,PS e CDS mostram-se cegos do olho direito e nenhuma palavra articulam contra a autêntica onda de extrema-direita xenófoba que se ergue nesta "Europa das democracias".
Em conclusão: o "Centrão" apostou, definitivamente - é só ver a massiva campanha de desinformação dos nossos "media" e dos seus "comentadeiros" de turno - nas virtualidades "pedagógicas" do medo. E o medo, fazendo-nos baixar as cabeças, impede-nos de vermos o horizonte: quando muito, veremos os nossos pés, e esses, tolhidos pela inacção cobarde, não nos levarão a lugar algum.
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Guião para ler as horas até domingo
(Francisco Louçã, 10/7/2015, http://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/2015/07/10/guiao-para-ler-as-horas-ate-domingo/ )
Entregues as propostas gregas ontem à noite, mas não se sabendo se existe uma segunda proposta efectiva sobre a dívida, escolho não comentar para já estas informações parciais ou as suas interpretações.
Em contrapartida, apresento-vos o que me parece ser o guião adequado para ler as informações que receberemos de hoje até domingo sobre a decisão do Eurogrupo e depois do Conselho Europeu sobre um acordo com o governo grego, ou sobre a imposição da saída da Grécia do euro.
Primeira regra: se há um novo resgate, é um recuo da Grécia. O governo tinha sido categórico desde o início, não aceitando o formato jurídico de um novo resgate, com o que ele implica de intromissão, de protectorado e de submissão. A sua alternativa era uma reestruturação da dívida. Tinha coerência: um abatimento do valor actual da dívida, obtido de uma forma ou de outra, permitiria reduzir o saldo da balança de rendimentos, usando muito menos recursos para pagar a prestação anual da dívida. A diferença seria o investimento viável e portanto a solução para a recessão. Mas Tsipras não conseguiu esse acordo de reestruturação, ele nem foi considerado pelas autoridades europeias, e portanto perderam-se cinco meses.
Segunda regra: se são propostas novas medidas de austeridade, a recessão vai agravar-se e a desconfiança também. O referendo convocou os gregos para rejeitarem o ultimato europeu e as suas propostas. Retomar o essencial dessas propostas seria sempre uma derrota política para a Grécia.
grecia voto socialTerceira regra: qualquer política fiscal ou orçamental tem que responder à divisão social da Grécia. Os pobres votaram Não porque nada têm a esperar das políticas europeias de austeridade (veja o mapa, que apresenta do lado esquerdo a diferença para o Não e do lado direito a distribuição dos rendimentos médios no território: os mais ricos votaram Sim, os mais pobres Não). É para os desempregados que têm que ser as medidas prioritárias. Se assim não for, a Grécia perde.
Quarta regra neste guião: se, apesar de novas medidas de austeridade, é aplicada alguma forma concreta de reestruturação da dívida, o balanço entre os ganhos e as perdas decidirá o resultado político final desse acordo. Nesse caso, a Grécia ganharia no que deixaria de pagar em dívida (através de um período de carência, de extensão dos pagamentos com juros adequados ao seu crescimento do PIB, ou simplesmente por redução do stock da dívida com os credores institucionais) e perderia do outro lado, no efeito recessivo da austeridade agravada. Se essa austeridade afectar as contas em 12 mil milhões, o que seria um impacto fortíssimo mesmo que ao longo dos três anos, seria sempre preciso um efeito equivalente ou superior em redução do saldo da balança de rendimentos para compensar a Grécia por via da redução da dívida. Isso não seria então uma derrota e poderia mesmo transformar-se numa recuperação da Grécia.
Quinta regra: se houver um plano sobre a dívida, mas ele se limitar a prometer conversações futuras ou estudos a realizar, então a Grécia perde. O FMI e mesmo as autoridades europeias admitiram ontem que essa reestruturação seria necessária, mas nem adiantaram objectivos e instrumentos, nem afastaram a proibição legal (Schauble veio declarar, com cinismo, que esse abatimento da dívida seria necessário mas ilegal face aos tratados europeus).
Sexta regra: se a compensação de medidas de austeridade for uma “ajuda humanitária”, então a Grécia perde. Nenhuma “ajuda humanitária” resolve 30% de desemprego provocado pelo desastre da austeridade.
Sétima regra para o guião: se o financiamento acordado for de 10 ou 15 mil milhões, então será simplesmente uma forma de dar com uma mão e tirar com outra.
Oitava regra: se os bancos não recebem liquidez imediata, então a escolha foi impor à Grécia a saída do euro. O Bundesbank continua a procurar levar o BCE a impor a falência dos bancos gregos – se assim acontecer, nenhum acordo tem qualquer significado ou qualquer viabilidade. A Grécia estará fora do euro na segunda feira.
Sobre o “acordo” grego: e as razões pelas quais não corri a tirar o tapete ao Syriza
(2015-07-12 by Marisa Matias
Muito se disse sobre o suposto “acordo” grego. A reunião de hoje do Eurogrupo trouxe a lume muitos dados absolutamente imprescindíveis para perceber este mosaico. Desde a suposta recusa alemã em reestruturar a dívida, passando pelo “medo” filandês de ver cair o seu governo, até à proposta inenarrável de deixar os gregos aplicarem o programa durante uma semana e depois logo se via… Enfim, uma coisa ficou evidente: o plano do Grexit esteve sempre dentro do Eurogrupo e não foi pela mão da Grécia.
Vamos, então, ao programa proposto ontem pelo governo grego e às razões pelas quais eu não corri a tirar o tapete ao Syriza. Há ou não há diferenças entre a proposta de Juncker e a proposta apresentada pelo governo grego? Há e não são pequenas. Ambas contêm austeridade, isso é claro, mas não é novo. Agora, fazer desta nova proposta um episódio de capitulação é, no mínimo, pouco sério.
A proposta de Juncker previa uma extensão de cinco meses do programa existente, com uma avaliação a cada mês; a proposta do governo grego prevê um novo programa de três anos, com fixação das condições para esses três anos e não a costumeira mudança de regras a meio do jogo. A proposta de Juncker propunha 8 mil milhões de Euros de austeridade para cinco meses; a proposta do governo grego propõe 13 mil milhões para três anos. Começo por estas duas questões – novo programa e austeridade – para que não se diga que começo pelas fáceis. Estas são bem difíceis de engolir, mas que não se diga que é o mesmo. Há uma terceira, não menos importante: a proposta do governo grego aceita as privatizações dos aeroportos (esta não total) e dos portos e a transferência dos 10% que restam das telecomunicações das mãos do Estado grego para o Estado alemão. E há ainda uma quarta, igualmente difícil: o aumento de impostos em sectores como a electricidade ou a restauração.
Passo agora aos elementos mais defensáveis para a esquerda. A proposta de Juncker previa apenas a transferência de fundos necessária para pagar as tranches ao FMI e ao BCE, nem um cêntimo para a Grécia; a proposta do governo grego prevê a cobertura das necessidades financeiras do país para três anos e um caminho para a reestruturação da dívida.
A proposta de Juncker inseria-se no quadro da troika; a proposta do governo grego transfere tudo para o Mecanismo Europeu de Estabilidade. Traduzido por miúdos, o FMI fica de fora, a Grécia volta aos mercados, o BCE volta a poder comprar títulos de dívida, há uma transformação ao nível das maturidades da dívida detida pelo BCE, transformando dívida de curto prazo em dívida de longo prazo e com juros mais baixos. Esta transformação é de uma importância profunda e não a ver é, no mínimo, má vontade ou má fé. A proposta de Juncker mantinha o já decretado fim da negociação colectiva; a proposta do governo grego volta a introduzir a negociação colectiva, inclui a abolição do lay-off e remove a cláusula contratual que dá vantagem aos empregadores. Mais, mantém a possibilidade de não privatizar o IPP (electricidade), suspende a condição do “défice zero”, prevê um aumento de impostos e o fim dos privilégios fiscais para os famosos armadores gregos, inclui um imposto sobre bens de luxo e o aumento do IRC. Coloco estes aumentos de impostos do lado das coisas positivas porque, convenhamos, há uma clara diferença entre o aumento de imposto na electricidade, que afecta sobretudo os mais pobres, ou um aumento de imposto num sector privilegiado, que contribui para uma maior justiça fiscal e para uma redistribuição mais justa do fardo. O aumento do IVA nos sectores em que provoca mais injustiça social fica ainda sujeito a uma cláusula de revisão no final de 2016, podendo voltar aos valores inicialmente propostos pelo governo grego se a receita resultante do combate à evasão fiscal cobrir a receita obtida por estes aumentos. Há ainda uma medida de que ninguém fala, mas que não é irrelevante: a proposta do governo grego prevê um corte no IVA aplicado aos medicamentos, aos livros e aos bilhetes de teatro, baixando-o para 6%. Sei bem que estas são minudências aos olhos de muitos nos tempos que correm, mas não aos meus.
A juntar a estas medidas, ...
Sobre o “acordo” grego: e as razões pelas quais não corri a tirar o tapete ao Syriza
( 2015-07-12 by Marisa Matias, Pauzinho-na-engrenagem.net/ ; BE no Parlam.Europeu)
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...A juntar a estas medidas, há um pacote de reformas no combate à fraude e à evasão fiscal, coisa sempre rejeitada pela troika que, como se sabe, defendia que os cortes na despesa (por eles entendidos como receita) só eram válidos se atacassem os mais pobres. E há ainda um pacote de investimentos de 35 mil milhões de euros de “dinheiro velho”, o dinheiro dos fundos estruturais que os governos anteriores não executaram, e o acesso ao novo plano europeu de investimentos, do qual a Grécia estava excluída.
Na zona cinzenta fica o famoso EKAS (o complemento solidário de pensões), que estava fora da proposta inicial grega e que entra agora novamente, prevendo-se a sua eliminação até 2020 (sendo que efectivamente até 2020 seria “apenas” eliminado nos 20% de pensões mais elevadas), e a abolição do IVA reduzido nas ilhas até 2020 (sendo que até 2020 ficariam sempre de fora as ilhas mais pobres, que são a esmagadora maioria). Chamo-lhe ‘zona cinzenta’ porque falamos de medidas a aplicar em 2020 num programa que vai de 2015 a 2018…
A direita não sabe se deve insistir mais na ‘capitulação’ ou na ‘falta de confiança’ neste governo. Aliás, o que sobra em falta de confiança é mais ou menos equivalente ao nível de confiança total que tinha nos governos anteriores, os das familías políticas da grande coligação, que “tão bem” fizeram ao país e o deixaram numa situação insustentável, com uma dívida gigante e com a corrupção intacta.
A existir, este acordo não é o que eu queria, mas muito mais relevante do que isso, que a minha opinião aqui não tem importância nenhuma, não é o que o governo grego queria. É preciso fazer muito e em condições extraordinárias para ir conseguindo libertar espaço de manobra e, caso o consiga, ir matando lentamente a austeridade. Mas, ainda assim, este é ainda bem menos o acordo que a Sra. Merkel, o Sr. Schauble ou o Sr. Dijsselbloem queriam. A reunião de hoje veio comprová-lo.
Para usar uma expressão clássica, é de luta de classes a sério que estamos a falar. O Syriza já decidiu que queria ter relevância. Talvez também tenha sido por isso que ganhou as eleições e o referendo. Numa altura em que a história teima em correr à nossa frente, o governo grego não procura muito: apenas a esperança do país num futuro. Aquilo, afinal, que prometeu desde o início.
Tudo isto é muito incerto e “impuro”. Pois com certeza que é. Mas antes a incerteza arriscada que a certeza cobarde.
PROTECTORADO
(13/7/2015, E.Pitta, http://daliteratura.blogspot.pt/ )
Dezassete horas de reuniões (ontem) serviram apenas para deixar claro que Atenas não tem alternativa. Ou dança conforme Schäuble impõe, ou vai dar uma volta ao jardim da Celeste.
Aconteça o que acontecer, a humilhação não decorre do anunciado veto finlandês.
A humilhação suprema vem da “bondade” de Hollande, que mandou para Atenas uma equipa de técnicos, chefiados por um alto-funcionário do Eliseu. Esse petit comité vai redigir as leis que a UE quer ver aprovadas, no Governo e no Parlamento da Grécia, até ao meio-dia de quarta-feira. Isto tem um nome: colonialismo.
E um significado: Hollande não acredita na capacidade técnica dos funcionários gregos. Vindo de ondem vem, não admira. A França nunca disfarçou a sua vocação imperial.
A solidariedade (evitar um rombo nos bancos franceses) põe a Grécia ao nível do Mali.
É isto que os gregos querem?
Ninguém pede contas a Tsipras por ter virado o referendo do avesso?
ESTALOU
Um dia acontecia: a fina camada de verniz quebrou. Uma dezena de ministros das Finanças disse em voz alta o que pensava da Grécia, da cambalhota de Tsipras (o desrespeito pelo resultado do referendo), da inutilidade da reunião que os juntou. A Finlândia foi peremptória: vetará qualquer tipo de auxílio à Grécia. A Eslováquia foi curta e grossa: a Grécia ultrapassou o prazo de validade. A França foi convidada a pagar sozinha, do seu bolso, o terceiro resgate. Parlamentos de seis países fizeram saber que chumbariam novo auxílio. Já ninguém discute a veracidade do paper, teoricamente apócrifo, com a proposta de Grexit durante cinco anos. Neste clima, a reunião cessou pouco antes da meia-noite. Será retomada hoje, quando forem 10 da manhã em Lisboa. Após duas semanas de corralito, amanhã começa o corralón na Grécia. Neste ínterim, Varoufakis está a banhos na Austrália (saudades da filha, disse). Os 61% de votantes do NÃO entraram em estado catatónico?
CINCO ANOS OUT
A notícia foi desmentida por algumas fontes, confirmada por outras, mas já toda a gente percebeu que é uma forma de pôr o assunto em agenda de forma “oficiosa”. Escrevendo no Twitter, Varoufakis dá-lhe crédito.
Segundo o Frankfurter Allgemeine, que não é um jornal qualquer, Schäuble propõe a saída da Grécia do euro durante cinco anos. Ou isso, ou a imediata alienação de património da Grécia no valor de 50 mil milhões de euros. O ministro das Finanças alemão teria reagido desse modo à proposta que Tsakalotos levou ao Eurogrupo, considerando-a insuficiente. Clique na imagem.
------ Uma dúzia de balanços e perspectivas
(J.Rodrigues, 13/7/2015)
1. Estava totalmente errado sobre o significado político da viragem referendária na Grécia, que pareceu iniciar um caminho alternativo liderado por Tsipras. Desculpem, mas foi o optimismo da vontade a falar. Voltará a acontecer, claro.
2. Quem afinal de contas nunca teve um plano B, técnico e político, que teria de ser o A num contexto de fusão da questão social com a questão nacional, tem de se sujeitar à austeridade, a privatizações, a ataques de difícil reversibilidade ao salário directo e indirecto, e a ver a dívida a ser usada pelos credores, nos seus tempos e interesses, como instrumento de conformação com uma ordem pós-democrática: do absurdo à tragédia continua ser um bom resumo grego destes dias negros, negros.
3. A ideia de expulsar a Grécia do Euro, que é sempre anunciada, mas que nunca será concretizada por iniciativa de quem manda e de quem beneficia com este arranjo, teve e terá por objectivo obter a rendição dentro do Euro, o que, numa certa óptica imperialista inerente à Zona, fez ainda mais sentido político depois da última proposta apresentada pelo governo grego e que anulava politicamente o efeito de um referendo tão custoso quanto corajoso.
4. Enquanto certa esquerda luta por mínimos, já longe dos que foram fixados programaticamente, neste quadro estrutural sem instrumentos até para esses mínimos, as direitas sabem o que querem e, mais importante, têm os instrumentos máximos do Euro.
5. Neste contexto, Francisco Louçã tem obviamente toda a razão quando escreve: “enganam-se os que escrevem, na Grécia e noutros países, que estamos a assistir à surpresa de um golpe: de facto, o golpe já está inscrito nos tratados e está simplesmente a ser aplicado.” Euro-imperialismo, de facto.
6. Entretanto, o papel desempenhado pelo governo “socialista” francês na semana que passou é absolutamente coerente com a trajetória desta gente desde a trágica capitulação de 1983. Têm conhecimento e experiência, de facto. A França ajuda a que todos fiquem trancados num arranjo, que não é só cambial, e que ajuda na dominação económica, e logo política, alemã.
7. Os termos fixados ainda antes da vitória do Syriza – saída ou capitulação – são os que sobrevivem e também foram reafirmados por um documento apresentado pela Plataforma de Esquerda do Syriza na semana passada. Não se desiste.
8. O método de análise que deverá ser seguido consiste em comparar o que o governo grego aceitou para os próximos anos com o que estava escrito no programa de Salónica. A verdade é que este exercício só nos levará à conclusão de que nesse programa havia uma contradicção insanável. Ela foi por agora resolvida pela pressão estrutural.
9. À esquerda portuguesa que se mantiver na contradicção de Salónica terá de ser dito: o vosso programa não vale o papel.
10. O europeísmo, entendido como a prioridade à reforma institucional na escala da moeda, morreu hoje à esquerda da antiga social-democracia.
11. A saída do Euro faz hoje parte do adquirido estratégico da esquerda portuguesa que quiser aprender com as lições gregas.
12. Não há atalhos políticos. Só um trabalho de construção programática e de acumulação de forças poderá fazer a prazo a diferença no contexto português.
--por João Rodrigues
-----O heroísmo dos outros
(Tsipras:)
«Pedimos desculpa por não estar hoje a fazer a revolução internacional que tanto desejam. Bem sabemos que vocês já estavam todos na rua armados até aos dentes para mudar o mundo,
mas nós não conseguimos mais do que colocar efectivamente em cima da mesa a insustentabilidade da dívida e alguns mínimos de justiça social que estavam dados como esquecidos.
Somos fracos e cobardes e achamos que devemos respeitar a vontade popular.»
Pedro Rodrigues (facebook)
----por Nuno Serra, Ladrões de B., 13/7/2015
----- aGreekment
(13/07/2015 por António de Almeida , Aventar)
Alex Tsipras resumiu numa frase,
“a situação é má, mas a alternativa seria pior”.
Isto é um aviso à navegação, o referendo acabou por ser uma vitória de Pirro que retirou qualquer margem negocial ao governo grego, após recusar as propostas da U.E.,
acabou por ser obrigado a apresentar propostas e ceder em toda a linha. Importa agora acompanhar os próximos dias em Atenas, havendo já quem avance com a possibilidade de antecipar eleições.
A conclusão a retirar é que a melhor alternativa à austeridade é manter as contas em dia, evitando políticas economicamente expansionistas que levem ao endividamento excessivo.
-----Leituras imprescindíveis nestes tempos tão antiquadamente modernos
"O caracterizava o velho capitalismo, no qual dominava a livre concorrência, era a exportação de mercadorias.
O que caracteriza o capitalismo moderno, no qual impera o monopólio, é a exportação de capitais. (...)
Enquanto o capitalismo for capitalismo, o excedente de capital não se consagra à elevação do nível de vida das massas do país, pois isso significa a diminuição dos lucros dos capitalistas, mas ao fomento desses lucros através da exportação de capitais para o estrangeiro para os países mais atrasados. (...)
A necessidade de exportação de capitais deve-se ao facto de que em alguns países o capitalismo 'amadureceu excessivamente' e o capital carece de campo para a sua colocação 'lucrativa'. (...)
As exportações de capitais influenciam o desenvolvimento do capitalismo nos países para que são dirigidos, acelerando-os extraordinariamente. (...)
A exportação de capitais passa a ser um meio de estimular a exportação de mercadorias. (...)
Os países exportadores de capitais dividiram, no sentido figurado da palavra, o mundo entre si. Mas o capital financeiro conduziu também à partilha directa do globo".
V.I Lenine, O imperialismo fase final do capitalismo
--por João Ramos de Almeida
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--- Com que então era uma questão de confiança
“Eurogrupo quer transferir activos gregos para banco de Schäuble e Gabriel”, lê-se no ionline.
Soma-se a ganância à sede de poder que imaginei.
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...Como se tem percebido pelas posições públicas dos países europeus, muito se tem apostado na vitória política, até mais do que na resolução dos problemas. Governos como o português teriam muito a explicar se outro país encontrasse uma solução que fugisse à austeridade e os governos do norte, com a Alemanha à cabeça, venderam aos seus eleitorados que a crise existia devido aos preguiçosos países do sul. Neste contexto, é insustentável eleitoralmente para estes governos que um país tenha conseguido uma vitória de Pirro, mesmo conscientes que iriam pagar caro ter ousado demonstrar que não se haviam rebaixado à Alemanha.
A questão da confiança traduz-se, na verdade, na titularidade da vitória política. Antes do referendo, o acordo que estava em cima da mesa representava a capitulação grega ao incluir praticamente todas as medidas que os credores exigiam e forçava o Syriza a ultrapassar as suas linhas vermelhas. Para governos como o alemão e o português era fácil ostentar a bandeira da vitória. Mas o referendo alterou o fiel da balança política. Se o presente acordo fosse aceite os gregos continuariam a poder dizer que tiveram voto na matéria e é isso que os opositores ao acordo não aceitam. Para poder ostentar claramente a bandeira da vitória, a Alemanha e os seus satélites precisam de quebrar os gregos. Por isso vão continuar a fazer de conta que negociam até que o governo grego saia de cena, mesmo que isso represente a completa destruição de um país.
Muitos acusaram a Grécia de traição ao trazer um referendo quando o acordo estava quase conseguido. Mas esta mesma traição foi o que fez agora a Alemanha ao fazer circular anonimamente uma proposta de grexit quando o acordo estava novamente prestes a ser conseguido.
Nesta luta pela hegemonia, as brechas já são públicas. A França já percebeu há muito tempo que o eixo franco-alemão deixou de existir e tomou o lado da Grécia. Os governos português e espanhol preocupam-se com as eleições à porta e colam-se a quem lhe impôs a austeridade. Os italianos deram um murro na mesa para se fazerem ouvir. Os finlandeses conf
De Europa a estilhaçar... -hoje sabemos... a 13 de Julho de 2015 às 18:48
A Europa não é uma sinfonia
(13/7/2015, OJumento)
Agora que a Europa chegou a um acordo, que aprendi cos sucessivos discursos de Tsipras que em grego se diz sinfonia, ficou evidente que apesar da unanimidade esta Europa conduzida pela senhora Merkel mais os seus paus mandados é tudo menos uma sinfonia.
Afinal não foi por causa dos gaiatos que a reunião do Eurogrupo foi interrompida ou que nem foi o programa radical do Syriza que defendia uma saída da Grécia do Euro e uma provável crise financeira internacional.
Hoje sabemos que a intenção da Alemanha desde o início de todo este processo era fazer com que a Grécia saísse do Euro, agora percebemos que a impossibilidade de um acordo durante cinco meses não resultou apenas do toca e foge permanente do Varoufakis.
A Alemanha sempre teve a intenção de dificultar qualquer acordo com o governo grego e para isso contou alguns governos mais germanófilos.
A este propósito convém lembrar que o governo português tem merecido da parte da senhora Merkel e do seu ministro das Finanças gestos muito simpáticos, ainda há poucos meses a ministra das Finanças apareceu num simulacro de seminário ocorrido nas instalações do ministério das Finanças alemão, ao lado do ministro, o mesmo que chegou a convidar Vítor Gaspar a escrever um artigo publicado no site do ministério das Finanças alemão.
Ficou óbvio que a Alemanha impediu um acordo ao nível do Eurogrupo e que partiu para a cimeira dos chefes de estado e de governo com a proposta de saída da Grécia da zona euro.
Isso era possível porque a Alemanha tinha aliados firmes que a apoiariam nessa posição e ninguém acredita que era apenas a Finlândia ou os estados bálticos.
A Grécia ficou no Euro porque vários países se opuseram frontalmente ao projecto alemão, foi o caso da Itália e da França que finalmente tomaram uma posição.
Finalmente a Europa admite que há dois problemas nos países que foram sujeitos a intervenções da troika,
a dívida aumentou e consome as poupanças que seriam necessárias para o seu crescimento económico e que
os programas ignoraram a importância da promoção do crescimento para superar a crise.
Apenas a Alemanha e Portugal estão firmes na defesa da austeridade extrema, um porque foi quem impôs a austeridade e
o outro porque tem uma fidelidade canina ao dono.
É óbvio que a Grécia precisava de reformas que até aqui recusava e que sem as quais dificilmente invertia um processo económico que conduziu a esta crise.
A origem da crise grega é anterior à austeridade e não se explica apenas pela crise financeira de 2008.
Seria impossível superar esta crise financeira e manter um sistema de pensões que se financiava com impostos num país onde a administração tributária é de uma total ineficácia.
Mas também é óbvio que os erros da troika conduziram a Grécia à beira do precipício,
tanto a Grécia como Portugal forma vítimas de experiência falhadas que foram conduzidas por economista incompetentes, como é o caso do nosso Gaspar.
Em Portugal a realidade foi disfarçada com uma suposta saída limpa, mas
o descalabro grego foi de tal forma grande que se tornou impossível recorrer a qualquer disfarce.
TENHO UMA FORTE SUSPEITA
TENHO UMA FORTE SUSPEITA. A suspeita de que vai passar a haver, histórica e politicamente duas Uniões Europeias. A UE ANTES e a UE DEPOIS do governo do Syriza.
E se assim for não deixará de ser paradigmático que o sujeito da mudança seja a GRÉCIA com tudo o que tem de simbólico para a história da Europa e a história da democracia.
O governo grego lutou denodadamente pelos interesses do seu povo (não estou a falar dos Onassis e outros oligarcas gregos) e por estranho que a alguns pareça,
pelos interesses da Europa dos Cidadãos, aquela Europa que nunca chegou a existir mas que
este governo da Grécia, com a sua denodada luta, revelou como uma Europa pronta, a cada momento, a ser uma Europa CONTRA os cidadãos,
se isso puser em causa os interesses do capital financeiro ou contrariar a renovada e agoirenta vertigem imperial da Alemanha.
Perante a NOVA ORDEM europeia em construção, sob a liderança de Schauble/Merkel, ergueu-se patrioticamente um governo de esquerda que, naturalmente aos olhos neoliberais parece uma assombração esquerdista.
Perante grandes dificuldades negociais o Governo grego consultou o povo o que enraiveceu, em particular, governos como o português por tal revelar o seu comportamento de alegre capataz da Berlim e dos mercados em geral.
O Governo grego negociou, fez cedências, foi vergado quase até ao chão.
Para mim não foi completa surpresa, em 26 de Junho, no Facebook, disse que
"a relação de forças [entre a UE e a Grécia] é a que a imagem mostra. De modo que, apesar do receio de indigestão, o mais provável é o cinzento engolir o verde.”
A Grécia e o Syriza tiveram o grande mérito de expor às escâncaras o crescente deslizar antidemocrático das Instituições da UE e a paulatina tutela germânica.
E o acordo que a Grécia acabou por aceitar (não conheço ainda com rigor todo o seu conteúdo) só foi possível porque,
contra a arrogância alemã, de duvidosa estratégia e duvidoso futuro, se levantou o habitualmente agachado François Hollande, à custa de
telefonemas de Washington, a falar de geoestratégia, a lembrar que os EUA e a NATO têm uma base militar na Grécia e a humilhação da Grécia
pode, ao contrário do "humilhado" Portugal, ter consequências desagradáveis com uma eventual aproximação à Rússia e, sabe-se lá, se à China também.
Etiquetas: Grécia, Passos Coelho., Syrisa, Tsipras, UE, União Europeia
(Raimundo Pedro Narciso, PuxaPalavra, 13/7/2015)
Somos a próxima Grécia
(Nicolau Santos, in Expresso, 11/07/2015)
https://rcag1991.wordpress.com/2015/07/11/somos-a-proxima-grecia/
Não vai acontecer já amanhã, mesmo que a Grécia venha a sair do euro.
Nem é responsabilidade específica do atual Governo ou dos anteriores, apesar dos erros próprios e da má fortuna.
A verdade nua e crua é que o euro, da forma como está construído, leva inevitavelmente ou ao enorme endividamento dos países periféricos, colocando-os numa situação insustentável,
ou só se pode permanecer nele pagando durante décadas com elevadas taxas de desemprego, reduções drásticas dos custos de trabalho e empobrecimento das famílias,
venda de ativos, esmagamento do Estado social e forte emigração dos quadros qualificados.
A Grécia pode ser salva in extremis, mas não tem salvação.
Portugal só se manterá no euro se continuar mansamente a definhar económica, social e culturalmente, vendo degradar inexoravelmente os seus índices de bem-estar.
E Espanha e Itália também sentirão enormes problemas para se manterem na Eurolândia.
E tudo isto porque as condições essenciais para a existência de uma moeda comum implicavam a livre circulação de trabalhadores e capitais, a flexibilidade de preços e salários, a coordenação dos ciclos económicos e um mecanismo federal que compensasse os choques assimétricos.
Contudo, nunca o pensamento dominante na Europa admitiu alguma vez a existência de fundos que permitissem compensar os tais choques assimétricos.
Pelo contrário, a Alemanha e os que alinham com Angela Merkel e Wolfgang Schäuble sempre entenderam isso como uma forma de premiar os Estados gastadores do sul, sendo a alternativa aplicar-lhes programas punitivos de austeridade.
Esta visão não é compatível com uma zona económica integrada, onde há diferentes estruturas produtivas e onde os choques externos têm consequências completamente diferentes
que ou são compensadas por via de transferências ou agravam cada vez mais as desigualdades no interior da União.
Este euro só pode produzir, para os países do sul, ou a expulsão da moeda única ou um lento mas inexorável definhamento
Acresce que o pensamento neoliberal que domina a Europa é extremamente generoso para os movimentos de capitais.
Daí que tenha sistematicamente fechado os olhos à existência de paraísos fiscais no interior da zona euro, permitindo a Estados-membros fazerem concorrência desleal por via fiscal.
O resultado disto vê-se, por exemplo, no facto de a quase totalidade das empresas do PSI-20, as maiores de Portugal, terem a sua sede noutros países,
onde pagam os impostos resultantes de lucros que obtiveram no nosso país — o que fragiliza ainda mais, agora do ponto de vista fiscal, os países periféricos.
Estas falhas, involuntárias ou intencionais, na construção do euro, têm outras consequências.
Um país com menos receitas tem de reduzir os apoios sociais e as verbas para a investigação e desenvolvimento.
Para ser competitivo tem de baixar os custos salariais, através do aumento do desemprego e do enfraquecimento da contratação coletiva.
Salários mais baixos significam que os melhores quadros, cientistas e investigadores emigram para onde tenham melhores condições.
E tem de vender as suas melhores empresas porque o capital interno escasseia.
Este euro, sem novos mecanismos, só pode produzir, para os países do sul, ou a inevitável expulsão da moeda única ou um lento mas inexorável definhamento.
Um triste sinal dos nossos tempos
por Ricardo Noronha, 12/7/2015, http://viasfacto.blogspot.pt/
Aquilo que se revela tão irritante em Varoufakis não é o seu radicalismo mas a sua humildade pragmática racional – se olharmos de perto as propostas do Syriza, não podemos deixar de reparar que foram em tempos parte do modelo de uma qualquer agenda social-democrata (na Suécia nos anos 60, o programa de governo era bem mais radical). É um triste sinal dos nossos tempos que hoje em dia seja necessário pertencer à esquerda radical para defender essas mesmas medidas – um sinal dos tempos escuros, mas também uma oportunidade para a esquerda ocupar o espaço, que durante décadas, foi do centro-esquerda. [...]
Existe, então, qualquer coisa de hipócrita nas garantias de humildade dos propósitos do Syriza: este quer efectivamente algo que não é possível dentro das coordenadas do actual sistema global. Uma escolha estratégica séria terá de ser feita: e se chegou o momento de deixar cair a máscara da humildade e defender abertamente uma mudança muito mais radical, necessária nem que seja para assegurar uma conquista modesta? Muitos críticos do referendo grego invocaram que este não passava de uma estratégia demagógica, afirmando ironicamente que nem sequer era claro o seu propósito. O referendo não era sobre o euro ou o dracma, sobre a Grécia na UE ou fora dela: o governo grego repetiu enfaticamente o seu desejo de permanecer na UE e na zona Euro. De novo, os críticos transformaram a questão política chave colocada pelo referendo numa mera decisão administrativa sobre medidas económicas específicas. [...]
O Não no referendo da Grécia foi assim muito mais que uma simples escolha entre duas estratégias diferentes à crise económica. O povo grego resistiu heroicamente à vergonhosa campanha de medo que mobilizou os instintos mais baixos de auto-preservação. Foram capazes de ver através da manipulação brutal dos seus adversários que falsamente apresentaram o referendo como uma escolha entre o euro e o dracma, entre a Grécia na Europa e o “Grexit”.
--- Slavoj Žižek, Grécia:uma oportunidade para a Europa acordar
Resistir ao totalitarismo económico [o discurso da Presidente do Parlamento grego]
(14/07/2015 por Sarah Adamopoulos)
«A dívida grega não é um fenómeno meteorológico, antes foi criada pelos governos precedentes, mediante contratos manchados pela corrupção, por comissões, luvas, cláusulas leoninas e juros astronómicos, de que bancos e empresas estrangeiras beneficiaram, fazendo de uma dívida privada uma dívida pública, e assim salvando bancos franceses e alemães, bem como bancos privados gregos, e condenando o povo grego a viver nas actuais condições de crise humanitária, enquanto mobilizando e gratificando os órgãos da corrupção mediática encarregues de aterrorizar e de enganar os cidadãos. Esta dívida, que nem o povo nem o Governo actual criaram ou fizeram aumentar, é desde há cinco anos usada como instrumento de subjugação do povo por forças que agem a partir do interior da Europa, no quadro de um totalitarismo económico.
A Alemanha comporta-se como se a História e o povo grego tivessem contraído dívidas junto dela, como se pretendesse um ajustamento de contas, realizando a sua vingança histórica pelas suas próprias atrocidades, aplicando e impondo uma política que constitui um crime não apenas relativamente ao povo grego mas também contra a própria Humanidade – no sentido penal do termo, pois trata-se aqui de uma agressão sistemática e de grande escala contra uma população, com o objectivo premeditado de produzir a sua destruição parcial ou total.» | Zoe Constantopoulou, ontem [13 de Julho de 2015] no Parlamento grego
«Minhas senhoras e senhores, caros colegas,
Nos momentos como este, devemos agir e falar com sinceridade institucional e coragem política. Devemos assumir, cada um, a responsabilidade que nos cabe.
Protegendo, como a nossa consciência nos obriga, as causas justas e os direitos sagrados, invioláveis e não negociáveis do nosso povo e da nossa sociedade.
Salvaguardando a herança legada por aqueles que deram a sua vida e a sua liberdade para que hoje possamos ser livres.
Preservando a herança das novas gerações e das vindouras, bem como a civilização humana, o mesmo acontecendo com os valores inalienáveis que caracterizam e dão sentido à nossa existência individual e colectiva.
O modo como cada um opta por decidir e agir pode variar, mas ninguém tem o direito de zombar, degradar, denegrir ou usar com uma finalidade política as decisões emanadas de um processo e de uma decisão difícil e consciente, intimamente ligados ao cerne da nossa existência.
Seremos todas e todos julgados pelas nossas atitudes e decisões, pelos nossos sim e pelos nossos não, pelos nossos actos e pelas nossas omissões, pela nossa coerência, pelas nossas resistências, pela nossa abnegação e pelo nosso desinteresse.
Desde há cinco meses que o Governo, que tem por tronco a Esquerda e por coração as forças anti-memorando, se entrega a um combate desigual, nas condições de asfixia e de chantagem contra uma Europa que traiu os objectivos inscritos nos seus Estatutos, a saber, o bem-estar dos povos e das sociedades, uma Europa que utiliza uma moeda comum, o euro, não como meio para alcançar o bem-estar social, mas como alavanca e instrumento de subjugação e de humilhação dos povos e dos governos rebeldes, uma Europa que está em vias de se transformar numa prisão de pesadelo para os seus povos, apesar de ter sido construída para ser a sua casa acolhedora comum.
O povo grego confiou a este Governo a grande causa da sua libertação das malhas do memorando, do torno vicioso da sua colocação sob tutela e sob vigilância, impostas à sociedade sob pretexto de uma dívida – uma dívida ilegal, ilegítima, odiosa e insustentável, cuja natureza – tal como o demonstraram as conclusões preliminares da Comissão para o apuramento da Verdade sobre a Dívida Pública – era já do conhecimento dos credores desde 2010.
Uma dívida que não surgiu como um fenómeno meteorológico, antes foi criada pelos governos precedentes, mediante contratos manchados pela corrupção, por comissões, luvas, cláusulas leoninas e juros astronómicos, de que bancos e empresas estrangeiras beneficiaram.
Uma dívida que a Troika, com o beneplácito dos precedentes governos, transformou fraudulentamente, fazendo de uma dívida privada uma dívida pública, salvando assim os bancos ...
http://aventar.eu/2015/07/14/resistir-ao-totalitarismo-economico-o-discurso-da-presidente-do-parlamento-grego/#more-1232158
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...fazendo de uma dívida privada uma dívida pública, salvando assim bancos franceses e alemães, bem como bancos privados gregos, condenando o povo grego a viver nas actuais condições de crise humanitária, enquanto mobilizando e gratificando os órgãos da corrupção mediática encarregues de aterrorizar e de enganar os cidadãos.
Esta dívida, que nem o povo nem o Governo actual criaram ou fizeram aumentar, é desde há cinco anos usada como instrumento de subjugação do povo por forças que agem a partir do interior da Europa, no quadro de um totalitarismo económico.
A despeito da moral e do direito, a Alemanha ainda não honrou até este dia as suas dívidas para com a pequenina Grécia resistente, cuja atitude heróica a História reconheceu. Tratam-se de dívidas de ultrapassam a dívida pública grega e representam um montante de 340 mil milhões de euros, segundo os cálculos emanados da Comissão de Justiça do Tribunal de Contas, que foi criada pelo governo precedente, data em que a alegada dívida pública grega foi estimada em 325 mil milhões de euros.
A Alemanha beneficiou do maior apagamento de dívida do pós-Segunda Grande Guerra, a fim de poder reerguer-se, com o patrocínio generoso da Grécia. Esta mesma Alemanha emprestou protecção a responsáveis por empresas culpadas por actos de corrupção, realizados em parceria com os governos precedentes e os seus partidos políticos, tais como a Siemens, que a Alemanha protegeu, subtraindo-os todos à obrigação de apresentação perante a justiça grega.
Assim, a Alemanha comporta-se como se a História e o povo grego tivesse contraído dívidas junto dela, como se pretendesse um ajustamento de contas, realizando a sua vingança histórica pelas suas próprias atrocidades, aplicando e impondo uma política que constitui um crime não apenas relativamente ao povo grego mas também contra a própria Humanidade – no sentido penal do termo, pois trata-se aqui de uma agressão sistemática e de grande escala contra uma população, com o objectivo premeditado de produzir a sua destruição parcial ou total.
A que infelizmente há que acrescentar, apesar do seu dever de procurar estar à altura das suas responsabilidades e do momento histórico, a cumplicidade dos governos e das instituições perante esta agressão.
Minhas senhoras e meus senhores, caros colegas,
Sujeitar o povo e o Governo a condições de asfixia e à ameaça de uma violenta bancarrota, pela criação artificial e premeditada das condições para uma catástrofe humanitária, constitui uma violação directa de todas as convenções internacionais que protegem os direitos do Homem, da Convenção da ONU, das convenções Europeias, e até mesmo dos próprios Estatutos do Tribunal Penal Internacional.
A chantagem não é uma fatalidade. E a criação e aplicação de condições cuja finalidade é a de suprimir o livre arbítrio, não permite a ninguém poder falar sobre “liberdade de escolha”.
Os credores chantageam o Governo. Agem fraudulentamente, apesar de saberem desde 2010 que a dívida não é sustentável. Agem conscientemente, uma vez que reconhecem nas suas declarações a necessidade de conceder uma ajuda humanitária à Grécia. Uma ajuda humanitária por que razão? Para alguma catástrofe natural imprevista e inesperada? Um sismo imprevisto, uma inundação, um incêndio?
Não. Uma ajuda humanitária que é a própria consequência das suas escolhas conscientes, calculada para privar o povo dos seus meios de subsistência, fechando a torneira da liquidez, como forma de represália pela decisão democrática do Governo e do Parlamento de organizar um referendo e de dar a voz ao povo para que pudesse ser ele a decidir o seu futuro.
O povo grego honrou o Governo que teve confiança nele, bem como o Parlamento que lhe deu o direito de tomar nas suas mãos a sua vida e o seu destino. E disse um NÃO corajoso e confiável,
NÃO às chantagens,
NÃO aos ultimatos,
NÃO aos memorandos da subjugação,
NÃO ao pagamento de uma dívida que não foi por ele criada e de que não é responsável,
NÃO a mais medidas de miséria e de submissão
Esse NÃO, os credores obstinam-se com persistência a querer transformar num SIM, com a cumplicidade pérfida de todos os que são co-responsáv..
http://aventar.eu/2015/07/14/resistir-ao-totalitarismo-economico-o-discurso-da-presidente-do-parlamento-grego/#more-1232158
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O povo grego honrou o Governo que teve confiança nele, bem como o Parlamento que lhe deu o direito de tomar nas suas mãos a sua vida e o seu destino.
E disse um NÃO corajoso e confiável,
NÃO às chantagens,
NÃO aos ultimatos,
NÃO aos memorandos da subjugação,
NÃO ao pagamento de uma dívida que não foi por ele criada e de que não é responsável,
NÃO a mais medidas de miséria e de submissão
Esse NÃO, os credores obstinam-se com persistência a querer transformar num SIM, com a cumplicidade pérfida de todos os que são co-responsáveis por esses memorandos e que tiraram proventos deles: os que criaram a dívida.
Esse NÃO do povo ultrapassa-nos a todos e obriga-nos a defender o seu direito a lutar pela sua vida, a lutar para que não mais viva uma vida pela metade, ou uma vida de servidão, e para ter orgulho em tudo o que vai deixar aos seus sucessores e à Humanidade.
O Governo é hoje objecto de uma chantagem, a fim de levá-lo a aceitar tudo o que não quer, que emana não de si próprio e que agora combate. O primeiro-ministro falou com sinceridade, com coragem, franqueza e de forma desinteressada. É o mais jovem primeiro-ministro e é também aquele que, ao invés de todos os seus congéneres, mais lutou pelos direitos democráticos e sociais do povo e das novas gerações, que representou e representa a nossa geração e lhe dá esperança. Presto-lhe e continuarei a prestar-lhe a minha homenagem, pela sua atitude e pelas suas escolhas. Mas ao mesmo tempo, posta perante a minha responsabilidade institucional, enquanto Presidente do Parlamento, considero que não posso fechar os olhos e fazer de conta que não percebo a chantagem.
Nunca poderia votar em favor da legitimação do conteúdo do acordo, e penso que isso também é válido para o primeiro-ministro, que é hoje objecto de uma chantagem que usa contra ele a arma da necessidade de sobrevivência do seu povo. E julgo que também o Governo e os grupos parlamentares que o apoiam pensam desta forma.
A minha responsabilidade para com a História desta Instituição, assumo-a respondendo “presente” no debate e na votação de hoje. Penso, assim, ser mais útil ao povo, ao Governo, e ao primeiro-ministro, às gerações futuras e às sociedades europeias, expondo à luz do dia as verdadeiras condições nas quais o parlamento é chamado a tomar decisões, recusando a chantagem, em nome da alínea 4 do Artigo 120 da Constituição grega.
O povo grego é o segundo a ser vítima de uma tal agressão emanada do interior da zona euro. Foi precedido por Chipre, em Março de 2013.
A tentativa de impor medidas que o povo rejeitou em referendo, usando a chantagem do encerramento dos bancos e a ameaça da falência, constitui uma violação brutal da Constituição, ademais de privar o Parlamento dos poderes que lhe são atribuídos por essa mesma Lei Fundamental.
Cada uma e cada um tem o direito e o dever de resistir. Nenhuma resistência na História foi fácil. No entanto, pedimos o voto e a confiança do povo para enfrentar as dificuldades e é face a essas dificuldades que devemos agora ser bem sucedidos. E fazendo-o sem medo.»
Tradução do Grego de Yorgos Mitralias (revisto por Patrick Saurin) e do Francês por Sarah Adamopoulos
Fonte: CADTM
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