Segunda-feira, 1 de Junho de 2015

Tsipras no Le Monde: “A Europa está numa encruzilhada” 

O infoGrécia traduziu o artigo de Alexis Tsipras, publicado este domingo no jornal Le Monde, em que o primeiro-ministro grego diz que a decisão sobre o acordo terá grande influência no futuro da Europa.

     « No dia 25 de janeiro, a Europa tomou uma decisão corajosa. Ousou contestar o caminho de sentido único da austeridade rigorosa do Memorando, para reivindicar um novo acordo. Um novo acordo que permita à Grécia reencontrar o caminho do crescimento dentro do euro com um programa económico viável e sem repetir os erros do passado.    Esses erros foram pagos muito caro pelo povo grego. Em cinco anos, o desemprego subiu para 28% (60% para os jovens) e o rendimento médio diminuiu 40%, enquanto a Grécia, como mostram as estatísticas do Eurostat, tornou-se o Estado da União Europeia com os maiores indicadores de desigualdade social.     Pior ainda, apesar dos duros golpes que atingiram o tecido social, esse programa não conseguiu devolver competitividade à economia grega. A dívida pública disparou de 124% para 180% do PIB.     A economia grega, apesar dos grandes sacrifícios do seu povo, continua prisioneira de um clima de incerteza contínua, gerada pelos objetivos não exequíveis da doutrina do equilíbrio financeiro, que a obrigam a ficar num círculo vicioso de austeridade e de recessão

           Pôr fim ao círculo vicioso
O principal objetivo do novo governo grego nestes últimos quatro meses foi o de acabar com o círculo vicioso dessa incerteza. Um acordo mutuamente benéfico, que irá fixar objetivos realistas em relação aos excedentes orçamentais, reintroduzindo uma agenda de desenvolvimento e de investimentos – uma solução definitiva para o caso grego – é agora mais necessário que nunca.    Além disso, um tal acordo irá marcar o fim da crise económica europeia que rebentou há sete anos, pondo fim ao ciclo de incerteza para a zona euro.   Hoje, a Europa está prestes a tomar decisões que irão desencadear uma forte retoma da economia grega e europeia, acabando com os cenários de um “Grexit” (saída Grega do Euro).   Estes cenários impedem a estabilização a longo prazo da economia europeia e são suscetíveis de minar a todo o momento a confiança quer dos cidadãos, quer dos investidores na nossa moeda comum.  No entanto, alguns defendem que o lado grego nada fez para ir nessa direção porque se apresentou às negociações com intransigência e sem propostas. Será mesmo assim? 
    Dado o momento crítico, mesmo histórico, em que vivemos, não só para o futuro da Grécia mas também para o da Europa, gostaria de aproveitar esta mensagem para repor a verdade e informar de forma responsável a opinião pública europeia e mundial sobre as intenções e as verdadeiras posições assumidas pelo novo governo grego.  Depois da decisão do Eurogrupo de 20 de fevereiro, o nosso governo apresentou um grande pacote de propostas de reformas visando um acordo que ligue o respeito pelo veredito do povo grego ao respeito pelas regras que regem o funcionamento da zona euro.  Ao abrigo das nossas propostas, comprometemo-nos a realizar excedentes orçamentais primários mais baixos em 2015 e 2016 e mais altos nos anos seguintes, dado que esperamos um aumento correspondente da taxa de crescimento da economia grega.   Outro elemento de grande importância nas nossas propostas é o compromisso a aumentar as receitas públicas através da redistribuição da carga fiscal sobre os cidadãos com médio e baixo rendimento para aqueles que têm rendimento elevado mas que até agora se têm abstido de pagar a sua parte para fazer face à crise, dado que no meu país eles estavam protegidos mui eficazmente tanto pela elite política como pela troika, que “fechava os olhos”.   Inclusivamente, desde o primeiro dia o novo governo mostrou as suas intenções e a sua determinação através da introdução de uma medida legislativa para enfrentar a fraude das transações triangulares, intensificando os controlos aduaneiros e fiscais para limitar de forma considerável o contrabando e a evasão fiscal.   Paralelamente, pela primeira vez em muitos anos, as dívidas dos proprietários dos média foram-lhes imputadas pelo Estado grego.   A mudança de clima no país é bem clara. Também ficou provada pelo facto dos tribunais acelerarem o andamento dos processos para que os julgamentos aconteçam nos prazos mais curtos quando se trata de grande evasão fiscal.   Por outras palavras, os oligarcas que estavam habituados a ser protegidos pelo sistema político têm todas as razões para perder o sono.   Não houve apenas orientações gerais, há também propostas específicas que submetemos no quadro das discussões com as instituições (troika) e que cobriram uma boa parte da distância que nos separava há alguns meses.   Precisamente, o lado grego aceitou pôr em marcha uma série de reformas institucionais, tais como o reforço da independência da Agência grega de estatísticas (ELSTAT), intervenções visando acelerar a administração da justiça, bem como as intervenções nos mercados de produtos para eliminar as distorções e os privilégios.    Além disso, embora nos oponhamos frontalmente ao modelo de privatizações preconizado pelas instituições, pois não oferece nenhuma perspetiva de desenvolvimento e não conduz a nenhuma transferência de recursos para a economia real, mas sim para a dívida – que de qualquer forma não é sustentável – aceitámos prosseguir com algumas pequenas alterações o programa de privatizações, dando mais uma prova da nossa intenção de ir ao encontro de uma aproximação.  Também chegámos a um acordo sobre uma grande reforma do IVA, simplificando o sistema e reforçando a dimensão de redistribuição do imposto, para conseguir aumentar quer a taxa de recuperação quer as receitas.  
     Entregámos propostas concretas para medidas que conduzirão a um aumento suplementar das receitas (contribuição excecional sobre os lucros mais elevados, taxa sobre apostas online, intensificação dos controlos sobre grandes depositantes – fraudulentos, medidas para recuperar dívidas ao Estado, imposto especial sobre produtos de luxo, concurso público para concessões de frequência de radiotelevisão – que ficaram esquecidas, como que por acaso, pela troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) durante cinco anos.    Estas medidas visam o aumento da receita pública evitando por outro lado contribuir para a recessão, uma vez que não diminuem a procura efetiva e não impõem nova carga sobre os rendimentos médios e mais fracos.   Chegámos a um acordo para avançar com uma grande reforma do sistema de segurança social, com a unificação das caixas de previdência, o fim das disposições que autorizavam indevidamente a passagem às reformas antecipadas, aumentando assim a idade real de reforma.   Devemos ter em conta o facto de que os prejuízos das caixas de previdência, que levaram a questionar a sua viabilidade a médio prazo, se deveram sobretudo às escolhas políticas cuja responsabilidade deve ser atribuída aos anteriores governos gregos e sobretudo à troika (a diminuição do fundo de reserva das caixas em 25 mil milhões de euros por causa do “Private sector involvement” em 2012 e sobretudo uma taxa de desemprego muito elevada, devido quase em exclusivo ao programa de austeridade extrema aplicado na Grécia desde 2010).   Finalmente, apesar do nosso empenho em restabelecer imediatamente as regras europeias em matéria de direito do trabalho, que foi completamente desfeito durante os últimos cinco anos a pretexto da competitividade, aceitámos pôr em marcha uma reforma do mercado de trabalho após consulta à Organização Internacional do Trabalho, e por ela validada. 
      Repor as convenções coletivas e não mexer nas reformas
Tendo em conta tudo isto, podemos questionar-nos porque é que os representantes das instituições persistem em dizer que a Grécia não apresenta propostas?    Porquê continuar a negar a liquidez monetária à economia grega, se a Grécia já mostrou que quer respeitar as suas obrigações externas, com o pagamento desde agosto de 2014 de mais de 17 mil milhões de euros em montantes e juros (cerca de 10% do seu PIB), sem nenhum financiamento externo?   Por fim, qual é o interesse dos que lançam fugas de informação na imprensa a dizer que não estamos próximos de um acordo, quando este permitirá pôr fim à incerteza política e económica sentida ao nível europeu e mundial, e que se prolonga por causa da questão grega?    A resposta não oficial por parte de alguns é que não estamos próximos de um acordo porque os gregos mantêm as suas posições para repor as convenções coletivas e recusa cortar mais nas reformas.    Sobre estes pontos, devo dar algumas explicações:  no que respeita ao primeiro, a posição da Grécia é que a legislação do trabalho deve corresponder às normas europeias e não pode violar de forma flagrante a legislação europeia. Não pedimos mais do que aquilo que está em vigor em todos os países da zona euro.   Com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, fizemos uma declaração nesse sentido.   No que diz respeito ao segundo ponto, o das reformas, a posição do governo grego é claramente fundamentada e lógica. O corte acumulado das reformas na Grécia durante os anos do Memorando foi de 20% a 48%: hoje em dia 44.5% dos reformados recebem uma reforma inferior ao limiar da pobreza relativa, de acordo com dados do Eurostat.   23.1% dos reformados vivem em condições de risco de pobreza e exclusão social.   Esta situação resultante da política do Memorando não pode ser tolerável nem na Grécia nem em nenhum país civilizado.  
    É preciso dizer as coisas como elas são:  se ainda não chegámos a um acordo com os nossos parceiros, não é por causa da nossa intransigência ou de posições incompreensíveis.   Será mais por causa da obsessão de alguns representantes institucionais que insistem em soluções nada razoáveis, mostrando-se indiferentes face ao resultado democrático das recentes eleições legislativas na Grécia, bem como das posições das instituições europeias e internacionais que se dizem prontas a mostrarem flexibilidade para respeitar o veredito das urnas.    Qual a razão desta obsessão?  Uma explicação fácil seria dizer que ela resulta da intenção de alguns representantes institucionais (troika) em tentar esconder o fracasso do seu programa e obter de qualquer forma a sua confirmação.   Por outro lado, não nos podemos esquecer que o FMI reconheceu publicamente há alguns anos que se enganou sobre os efeitos devastadores dos múltiplos cortes orçamentais impostos à Grécia.  Julgo que esta resposta não chega para explicar o que se passa. Não acredito que o futuro da Europa pudesse depender desta obsessão por parte de alguns intervenientes. 
      As duas estratégias em confronto na Europa
  Chego à conclusão que a questão grega não diz exclusivamente respeito à Grécia, mas está no centro de um conflito entre duas estratégias em confronto sobre o futuro da integração europeia.   A procura o aprofundamento da integração europeia num contexto de igualdade e solidariedade entre os seus povos e os seus cidadãos. Os que apoiam esta estratégia partem do princípio de que é inadmissível obrigar o novo governo grego a aplicar as mesmas políticas que os anteriores, que fracassaram.   Caso contrário, seríamos obrigados a acabar com as eleições em todos os países submetidos a um programa de austeridade.   Seríamos assim forçados a aceitar que os primeiros-ministros e os governos seriam impostos pela instituições europeias e internacionais e os cidadãos seriam privados do seu direito de voto até ao fim do programa.   Eles estão conscientes de que isso seria o equivalente à abolição da democracia na Europa e o início de uma rotura inadmissível no seio da União Europeia.   Tudo isto acabaria por criar um monstro tecnocrático e ao afastamento da Europa em relação aos seus valores fundadores.   A   estratégia conduz à rotura e à divisão da zona euro e portanto da UE.  O primeiro passo nesta direção será a formação de uma zona euro a duas velocidades, em que o núcleo central imporia regras duras de austeridade e ajustamento. Este núcleo central imporia assim um superministro das finanças para a zona euro, que teria um poder imenso com o direito a recusar os orçamentos nacionais dos Estados soberanos que não estivessem conformes às doutrinas do neoliberalismo extremo.   Para todos os países que se recusassem a ceder a este novo poder, a solução seria muito simples, a punição severa:  aplicação obrigatória da austeridade, e ainda por cima de restrições aos movimentos de capitais, sanções disciplinares, multas e até a criação de uma moeda paralela ao euro. 
      É dessa forma que o novo poder europeu procura construir-se.  A Grécia é a sua primeira vítima.  Já foi apresentada como o mau exemplo que os outros Estados e povos europeus desobedientes não devem seguir.   Mas o problema fundamental é que esta segunda estratégia acarreta grandes riscos e os que a apoiam não parecem dar-se conta disso.  Esta segunda estratégia arrisca a ser o início do fim, já que ela transforma a zona euro de uma união monetária em simples zona de taxa de câmbio.   Mas para além disso, ela inaugura um processo de incerteza económica e política que podia também transformar profundamente os equilíbrios no conjunto do mundo ocidental.     Hoje em dia, a Europa encontra-se numa encruzilhada.   Depois das concessões importantes feitas pelo governo grego, a decisão repousa já não está nas mãos das instituições que, à exceção da Comissão Europeia, não são eleitas e não prestam contas aos povos, mas está nas mãos dos líderes da Europa.  Que estratégia poderá levar a melhor?  A de uma Europa da solidariedade, da igualdade e da fraternidade ou aquela da rotura e, finalmente, da divisão?  Se alguns pensam ou querem acreditar que a decisão que esperamos só afetará a Grécia, enganam-se.  A estes, remeto-os para a obra-prima de Ernest Hemingway, Por quem os sinos dobram. »


Publicado por Xa2 às 07:37 | link do post | comentar

7 comentários:
De Mudar de Regras ou de 'União'. a 1 de Junho de 2015 às 11:51

Grécia mais perto de aderir ao banco dos BRICS

(infogrecia, 30 Maio, 2015 ; governo,
gasoduto, brics, rússia, lafazanis )

O ministro da Energia grego foi a Moscovo discutir os trâmites da candidatura grega e o apoio da Rússia à entrada no banco dos BRICS.
A construção do gasoduto para abastecer a Europa através da Grécia foi outro dos pontos da agenda.

“No meu encontro com o vice-ministro das Finanças Sergey Storchak, assegurámos o apoio decisivo à candidatura da Grécia para participar no novo banco de desenvolvimento dos BRICS.
A participação será simbólica e em prestações e mal comece funcionar poderemos aceder a apoio financeiro”, explicou Panagiotis Lafazanis na sexta-feira à imprensa.

Na agenda do encontro também estiveram os apoios russos para a construção do gasoduto a partir da fronteira da Turquia, que permitirá abastecer a Europa do gás russo que atualmente passa pela Ucrânia.
“O pagamento do empréstimo russo será feito com os lucros da operação do gasoduto e é um dispositivo que não está relacionado com empréstimos ou assistência económica entre Estados”, acrescentou Lafazanis.

Em declarações à agência governamental Sputnik, Lafazanis lamentou a oposição que os Estados Unidos exprimiram oficialmente sobre a construção deste gasoduto e defendeu que será muito positivo para a Europa e para a segurança energética a existência de uma nova rota de abastecimento.

Nos cálculos de Moscovo e Atenas, a construção do gasoduto na Grécia vai custar cerca de dois mil milhões de euros e criar vinte mil postos de trabalho na Grécia.
Alexis Tsipras e Lafazanis vão participar em junho no Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, onde as conversações sobre o projeto do gasoduto e o acordo do seu financiamento poderão ter desenvolvimentos.

-----------JCPCoelho:

O que os alemães e a europa nega aos gregos a Rússia concede-lhes,
para que hão-de os gregos estarem a esfalfar-se a pedinchar uma tranche,
ainda vamos ver a europa a pedir mas é aos gregos para não aderirem ao banco dos BRICS...
e esta do gasoduto é uma arma estupenda que os helénico não vão deixar passar,
cuida-te europa das humilhações aos povos do sul!

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« 300 € chega para viver na Grécia» , disse o enviado do FMI aos patrões do comércio

A comissão de inquérito aos memorandos da troika ouviu o ex-líder dos patrões do comércio fazer um relato impressionante de uma reunião com o enviado do FMI.

Vassilis Korkidis liderava os patrões do comércio quando o governo assinou os memorandos com a troika. Hoje revelou aos deputados um episódio ocorrido num encontro com Poul Thomsen, representante do FMI e Klaus Mazouch, do Banco Central Europeu, em dezembro de 2011.

Nesse encontro na sede da Confederação Nacional do Comércio, ouviram a exigência dos homens da troika para um corte no salário dos trabalhadores gregos. Korkidis diz ter defendido que o país tinha pouca margem para cortar salários, fazendo uma comparação dos salários de então com os praticados noutros países europeus, para mostrar que já eram dos mais baixos.

A resposta de Poul Thomsen deixou-o perplexo: “– Você está enganado, tem de comparar é com os salários dos países do sudeste europeu e dos Balcãs, que é onde pertencem”. Prossegue Korkidis: “E quando lhe perguntei a opinião sobre quanto deveria ser o salário, respondeu-me: ‘– 300 euros chega para viver na Grécia’. Aí tive de lhe perguntar quanto é que ele ganhava…”, relatou o ex-lider do patronato do comércio aos deputados da comissão.

Vassilis Korkidis reconheceu que “foram cometidos erros trágicos” na negociação e aplicação do memorando. Mas embora critique os políticos no poder por “terem ido a correr assinar o memorando”, disse não acreditar “que algum político queira fazer mal ao seu país”.

A comissão de inquérito aos memorandos da troika tem por objetivo apurar as circunstâncias e as responsabilidades sobre a forma como foi ditada ao anterior governo uma política que arrasou a economia e a sociedade grega desde o início da década.
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Estes VAMPIROS fazem tudo para manterem os privilégios e modos de vida que levam, e sugerem que 300€ chegam para viver... .
Por causa da nossa desunião e inércia é q. eles nos DESGOVERNAM e sobre EXPLORAM.


De Devíamos 'torcer' pela Grécia a 3 de Junho de 2015 às 16:26
Os gregos são os nossos vizinhos


«É provável que haja um acordo qualquer de última hora que impeça a Grécia de falir nos próximos dias. É evidente que as coisas nunca acabarão em bem (o voto do povo grego é incompatível com a linha dura da zona euro), mas podem acabar em mais ou menos. (...)

Talvez Tsipras tenha sido eleito com um mandato impossível:
acabar com a austeridade numa Europa em que a austeridade foi sufragada pela maioria dos que se sentam nos conselhos europeus, e não apenas por Merkel.
Mas a derrota de Tsipras provará que não há caminhos alternativos fora da “linha justa” da Europa que expulsou a social-democracia enquanto ideologia de governo.

Uma ruptura da Grécia com a Europa – um cenário com consequências imprevisíveis – daria, à partida, razão ao governo português, que aproveitou estes anos para provar que “era bom aluno”.
Seria a vitória do TINA (There is No Alternatives, como a ideologia vigente na Europa ficou conhecida)
e um soco no PS, que promete genericamente que um novo governo socialista faria um corte com a política de austeridade, por muito que Costa se tenha empenhado em se afastar do Syriza nos tempos recentes.
Mas, independentemente de qual dos discursos seria mais favorecido no worst case scenario, na realidade a fragilidade de Portugal deixaria o país acorrentado à derrota grega.
Se se abrir a caixa de Pandora, é provável que os juros da dívida de Portugal disparem como no auge da crise do euro.
Portugal devia estar a torcer pela Grécia – infelizmente não está.
O PSD percebe-se porquê, o PS entende-se mais dificilmente.»

Ana Sá Lopes (via http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/, 3/6/2015)
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Acrescente-se que a eventual saída da Grécia será o início da queda do 'castelo de cartas', dando força aos eurocépticos que querem a saída do RU/Inglaterra
(ou a troca desta ameaça por mais privilégios para os Ingleses e em especial para o seu sistema financeiro geminado com a máfia da City/offshores/ oligarcas, ... - que dominam o neoliberal governo do RU mas tb da UE etc), ...


De UE e ...: Neoliberal+ ultras+ hidraFinan a 3 de Junho de 2015 às 16:47
--------A Goldman Sachs ilumina o caminho

(-por jose guinote, 2/6/2015, http://viasfacto.blogspot.pt/ )

As condições para a rendição do governo Grego lavradas pelos apóstolos da Goldman Sachs, essa santa casa do neoconservadorismo global.

"Not only is it possible that we may need to see sovereign technical default and/or blocked Greek bank deposits in order to come to an accommodation between Greece and its official creditors, it may be necessary to do so in order to break the current impasse in negotiations." (aqui)
http://www.theguardian.com/business/live/2015/jun/01/greece-crunch-month-bailout-creditors-manufacturing-pmi-live#block-556c5ab3e4b095e09a51bce4
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Greece's creditors urge more intensity after mini-summit - live updates


Angela Merkel, Francois Hollande, Mario Draghi, Christine Lagarde and Jean-Claude Juncker have discussed the Greek crisis in Berlin
Latest: Intensive work needed, says spokesman
Merkel looking to defuse the crisis
Introduction: Unexpected meeting in Berlin tonight
Die Welt: Greece might compromise on pensions

Lunchtime Summary: Goldman fears default

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Uma nova Hungria? (regime ditatorial, neoliberal de extrema direita) para o R.U. e maioria dos países da UE.?!!

(por Miguel Madeira, 1/6/2015)


- David Cameron backs plans for Ofcom to block 'extremist messages' on TV

- "Significant changes to strike law"

- Election results were barely in when the home secretary indicated the Tories will increase state surveillance powers

- Michael Gove to proceed with Tories' plans to scrap human rights act


De Dignidade vs neoLib financeiriz global a 5 de Junho de 2015 às 09:52

Grécia antiga (17)
(por Pedro Correia, em 04.06.15, http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/grecia-antiga-17-7431181#comentarios )

«O problema deste governo de colaboracionistas é que, se o Syriza provar que ter dignidade
dá melhores resultados económicos que
andar a lamber os pés da chanceler Merkel,
a irracionalidade dos sacrifícios imbecis que nos obrigaram a fazer vai ficar completamente visível,
até para o menos esclarecido habitante do Cavaquistão.»

Nuno Ramos de Almeida, no i (4 de Fevereiro de 2015)

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Tb gostava dessa prova de dignidade vitoriosa ...
infelizmente, a realidade actual dominante
(neoliberalismo e financeirização global),
indica que o estoico povo grego vai perder mais ainda ...
e, com eles, nós portugueses, europeus e trabalhadores de todo o mundo.


De Para continuar a Saquear Povos a 8 de Junho de 2015 às 10:22

Zona euro, regras e ideologia
(neoliberal e financeira global roubalheira)

Numa entrevista ao semanário Wirtschaftswoche, na passada quarta-feira, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, afirmou que o Syriza terá ganho as eleições por «convencer os gregos que existia uma forma simples para permanecer na zona euro», lamentando que essa promessa tenha sido feita ao povo grego.

O processo de negociações, contudo, foi deixando cada vez mais claro que o pomo da discórdia, que impede um acordo entre o governo grego e as «instituições», é apenas um:
«a exigência de mais austeridade por parte dos credores», como assinala Yanis Varoufakis em artigo de opinião publicado pelo Project Syndicate.
Ou seja, não está em causa a tão propalada incapacidade de implementação de reformas económicas por parte da Grécia,
nem sequer uma divergência substantiva ao nível das metas orçamentais propostas pelas partes, que divergem por décimas.

No documento entregue pelas «instituições» ao governo grego,
conhecido na sequência da divulgação da proposta apresentada pela Grécia aos credores,
tornou-se evidente que o impasse é exclusivamente ideológico.
Entre as exigências dos credores constam medidas como a subida do IVA em medicamentos e na electricidade, a redução gradual do rendimento mínimo garantido e de outros apoios sociais, o corte em salários e pensões e a revisão da legislação laboral.
A continuação do fracasso da austeridade, portanto.

Ora, não estando propriamente em causa o cumprimento de objectivos orçamentais
- mas apenas a estratégia, as escolhas políticas e económicas para os cumprir -
seria bom que Schaeuble demonstrasse em que medida as regras para «permanecer na zona euro» obrigam à adopção de um tipo específico de medidas,
como cortes nos serviços públicos e em salários e pensões.

(-por Nuno Serra, 5.6.15 , Ladrões de B.)

---- JL Ferreira disse...
Precisamente porque o impasse é ideológico é que os credores não se podem dar ao luxo de ceder.
Uma solução que pusesse em causa o viés ideológico
dos normativos para-constitucionais e dos tratados europeus
iniciaria o deslaçar de toda essa construção.


De Eurocracia, fantoches e burlões. a 2 de Junho de 2015 às 18:04
Previsões à distância de um mês: da Europa vem aí mais do MESMO


No final deste mês, a 25 e 26 de Junho, vai ter lugar em Bruxelas uma CIMEIRA histórica da UE. Mais uma.

Depois de uma pausa de dois anos e meio (ver isto e isto), os principais dirigentes europeus vão novamente reconhecer que a União Económica e Monetária (UEM) apresenta insuficiências graves que têm de ser reparadas. Anunciarão, assim, o compromisso de aprofundar a integração europeia, dando passos decisivos na direcção de uma maior união política.

Os representantes dos partidos socialistas europeus irão congratular-se com estas decisões, vendo nelas avanços há muito esperados (há mais de 20 anos…) no sentido de uma Europa mais social e mais democrática, onde o rigor orçamental surja a par com o crescimento económico na lista de prioridades.

Os federalistas e europeístas mais crédulos irão rejubilar, acreditando que estamos a caminho da desejada democracia de escala continental.

Os comentadores de serviço interpretarão estas decisões como uma cedência por parte da Alemanha e dos sectores mais conservadores, tendo em vista conter os danos da crise grega e contrariar a tendência para o crescimento do eurocepticismo na UE.

E, no entanto, quando olharmos com atenção para as decisões que serão tomadas, a cimeira vai produzir mais do mesmo:

• Será posta de lado qualquer alteração aos Tratados que definem a arquitectura da UEM, cujas deficiências todos começaram por reconhecer.

• Será prometido um maior esforço de coordenação das políticas fiscais dos Estados Membros, não questionando porém a possibilidade de cada país fixar o seu nível de impostos sobre as empresas (mantendo assim a tendência para a concorrência fiscal, entre países, que delapida os recursos públicos, aumenta as desigualdades e põe em causa a viabilidade do Estado Social).

• Será defendida a necessidade de criar mecanismos que ajudem a lidar com a ocorrência de choques assimétricos nas economias de cada Estado Membro (um problema cada vez mais premente, desde que os países que integram o euro perderam os instrumentos monetário, cambial e alfandegário para esse efeito), mas será posto de lado qualquer aumento substancial do orçamento comunitário (quando muito, haverá uma promessa indefinida de um reforço futuro).

• Talvez seja até anunciado o aprofundamento da união bancária, através da futura mutualização das garantias de depósitos (que será apresentado como o exemplo máximo de solidariedade entre Estados Membros), mas manter-se-á o princípio de que cada país é responsável pelos custos de eventuais falências bancárias (apesar da regulação e supervisão do sistema financeiro estarem cada vez mais centralizadas em instituições europeias).

• Tudo isto, é claro, ficará sujeito a um princípio básico: só terão acesso a estes "avanços" os Estados Membros que implementem as "reformas estruturais" que as instituições europeias "recomendam" (ou seja, impõem), apesar de não terem qualquer legitimidade democrática para o fazer (e também isto não será alterado na cimeira de final de Junho).

Traduzindo: a lógica da UEM continuará a ser a mesma: para que uma economia estruturalmente fraca sobreviva dentro do euro continuará a ter de privatizar tudo o que for vendável, liberalizar o mercado de trabalho e delapidar o Estado Social; e sempre que houver uma crise que afecta apenas algumas economias (normalmente as mais fracas), a desvalorização de salários continuará a ser a resposta esperada, resultando em períodos longos de desemprego elevado e de aprofundamento das assimetrias de desenvolvimento no seio da UE.

Apesar disto tudo, a comunicação social vai falar de um salto qualitativo na integração europeia, dando voz à satisfação dos dirigentes dos partidos do governo (que apresentarão estes resultados como a prova de que os sacrifícios valem a pena), dos dirigentes do PS (que se vêem actualmente aflitos para explicar que não gostam da austeridade, mas que jamais porão em causa a UEM) e, ainda, dos europeístas mais pueris, para quem qualquer desculpa serve para continuarem a fantasiar com uma UE democrática e progressista.

(por Ricardo Paes Mamede, 2.6.2015 , http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/06/previsoes-distancia-de-um-mes-da-europa.html )


De Cimeira UE, Económica e Monetária a 2 de Junho de 2015 às 18:14
------ BCE (e UEM) inimigo do Estado Social
(e dos trabalhadores e cidadãos contribuintes) https://rcag1991.wordpress.com/2015/05/31/bce-inimigo-do-estado-social/

---------Nightwish disse...
Tal qual, já vimos este filme.

-------Daniel Carrapa disse...
É exactamente isso.

Entretanto quem verdadeiramente dita as regras desta Europa segue em frente sem sequer tirar o pé do acelerador.
Dragui, à frente do "apolítico" BCE, dita os termos:

https://rcag1991.wordpress.com/2015/05/31/bce-inimigo-do-estado-social/

Ao mesmo tempo que insufla as reservas bancárias com mais de um milhão de milhões de euros em quantitative easing,
já abre a porta para o seu falhanço
'justificado' pela "rigidez no mercado de trabalho" que importa combater com a aceleração de "reformas estruturais".

É a Europa a prosseguir a passos largos para a sua DESTRUIÇÃO.

------João disse...
Concordo consigo, na generalidade da previsão que faz. Mas em face disso, pergunto-lhe:
E nós, Ricardo, nós os cidadãos mais e menos comuns, que adivinhamos a previsível opera buffa, o que é que vamos fazer?

Qual o nosso grau de envolvimento pessoal e colectivo em vista da promoção do desejável "falhanço" dessas previsões?
A que mudanças aspiramos de facto?
Em que rupturas mobilizadoras estamos dispostos a envolver-nos?
Será que conseguimos marchar lado a lado com uma operária fabril (ou operadora de contact center ou caixa de supermercado, ...),
sem curso de economia e que usa roupas de uma loja de chineses, mas que
apesar disso tem aspirações, vontade e direitos?

É que sem esse compromisso, tudo o mais de nós, por muito importante que seja, nunca passará a fronteira de uma certa inutilidade barroca.
------

Daniel, deixe-me ser repetitivo e dirigir-lhe também as perguntas que dirigi ao autor do artigo:
e nós?
Até onde é que a nossa consciência (já) nos dita que vamos?
É que é também sobre o nosso IMOBILISMO ( e egoísmo) que a BARBÁRIE (desengane-se quem pensa que o termo é exagerado), avança.


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