Os gregos são os nossos vizinhos
«É provável que haja um acordo qualquer de última hora que impeça a Grécia de falir nos próximos dias. É evidente que as coisas nunca acabarão em bem (o voto do povo grego é incompatível com a linha dura da zona euro), mas podem acabar em mais ou menos. (...)
Talvez Tsipras tenha sido eleito com um mandato impossível:
acabar com a austeridade numa Europa em que a austeridade foi sufragada pela maioria dos que se sentam nos conselhos europeus, e não apenas por Merkel.
Mas a derrota de Tsipras provará que não há caminhos alternativos fora da “linha justa” da Europa que expulsou a social-democracia enquanto ideologia de governo.
Uma ruptura da Grécia com a Europa – um cenário com consequências imprevisíveis – daria, à partida, razão ao governo português, que aproveitou estes anos para provar que “era bom aluno”.
Seria a vitória do TINA (There is No Alternatives, como a ideologia vigente na Europa ficou conhecida)
e um soco no PS, que promete genericamente que um novo governo socialista faria um corte com a política de austeridade, por muito que Costa se tenha empenhado em se afastar do Syriza nos tempos recentes.
Mas, independentemente de qual dos discursos seria mais favorecido no worst case scenario, na realidade a fragilidade de Portugal deixaria o país acorrentado à derrota grega.
Se se abrir a caixa de Pandora, é provável que os juros da dívida de Portugal disparem como no auge da crise do euro.
Portugal devia estar a torcer pela Grécia – infelizmente não está.
O PSD percebe-se porquê, o PS entende-se mais dificilmente.»
Ana Sá Lopes (via http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/, 3/6/2015)
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Acrescente-se que a eventual saída da Grécia será o início da queda do 'castelo de cartas', dando força aos eurocépticos que querem a saída do RU/Inglaterra
(ou a troca desta ameaça por mais privilégios para os Ingleses e em especial para o seu sistema financeiro geminado com a máfia da City/offshores/ oligarcas, ... - que dominam o neoliberal governo do RU mas tb da UE etc), ...
--------A Goldman Sachs ilumina o caminho
(-por jose guinote, 2/6/2015, http://viasfacto.blogspot.pt/ )
As condições para a rendição do governo Grego lavradas pelos apóstolos da Goldman Sachs, essa santa casa do neoconservadorismo global.
"Not only is it possible that we may need to see sovereign technical default and/or blocked Greek bank deposits in order to come to an accommodation between Greece and its official creditors, it may be necessary to do so in order to break the current impasse in negotiations." (aqui)
http://www.theguardian.com/business/live/2015/jun/01/greece-crunch-month-bailout-creditors-manufacturing-pmi-live#block-556c5ab3e4b095e09a51bce4
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Greece's creditors urge more intensity after mini-summit - live updates
Angela Merkel, Francois Hollande, Mario Draghi, Christine Lagarde and Jean-Claude Juncker have discussed the Greek crisis in Berlin
Latest: Intensive work needed, says spokesman
Merkel looking to defuse the crisis
Introduction: Unexpected meeting in Berlin tonight
Die Welt: Greece might compromise on pensions
Lunchtime Summary: Goldman fears default
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Uma nova Hungria? (regime ditatorial, neoliberal de extrema direita) para o R.U. e maioria dos países da UE.?!!
(por Miguel Madeira, 1/6/2015)
- David Cameron backs plans for Ofcom to block 'extremist messages' on TV
- "Significant changes to strike law"
- Election results were barely in when the home secretary indicated the Tories will increase state surveillance powers
- Michael Gove to proceed with Tories' plans to scrap human rights act
Grécia antiga (17)
(por Pedro Correia, em 04.06.15, http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/grecia-antiga-17-7431181#comentarios )
«O problema deste governo de colaboracionistas é que, se o Syriza provar que ter dignidade
dá melhores resultados económicos que
andar a lamber os pés da chanceler Merkel,
a irracionalidade dos sacrifícios imbecis que nos obrigaram a fazer vai ficar completamente visível,
até para o menos esclarecido habitante do Cavaquistão.»
Nuno Ramos de Almeida, no i (4 de Fevereiro de 2015)
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Tb gostava dessa prova de dignidade vitoriosa ...
infelizmente, a realidade actual dominante
(neoliberalismo e financeirização global),
indica que o estoico povo grego vai perder mais ainda ...
e, com eles, nós portugueses, europeus e trabalhadores de todo o mundo.
Zona euro, regras e ideologia
(neoliberal e financeira global roubalheira)
Numa entrevista ao semanário Wirtschaftswoche, na passada quarta-feira, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, afirmou que o Syriza terá ganho as eleições por «convencer os gregos que existia uma forma simples para permanecer na zona euro», lamentando que essa promessa tenha sido feita ao povo grego.
O processo de negociações, contudo, foi deixando cada vez mais claro que o pomo da discórdia, que impede um acordo entre o governo grego e as «instituições», é apenas um:
«a exigência de mais austeridade por parte dos credores», como assinala Yanis Varoufakis em artigo de opinião publicado pelo Project Syndicate.
Ou seja, não está em causa a tão propalada incapacidade de implementação de reformas económicas por parte da Grécia,
nem sequer uma divergência substantiva ao nível das metas orçamentais propostas pelas partes, que divergem por décimas.
No documento entregue pelas «instituições» ao governo grego,
conhecido na sequência da divulgação da proposta apresentada pela Grécia aos credores,
tornou-se evidente que o impasse é exclusivamente ideológico.
Entre as exigências dos credores constam medidas como a subida do IVA em medicamentos e na electricidade, a redução gradual do rendimento mínimo garantido e de outros apoios sociais, o corte em salários e pensões e a revisão da legislação laboral.
A continuação do fracasso da austeridade, portanto.
Ora, não estando propriamente em causa o cumprimento de objectivos orçamentais
- mas apenas a estratégia, as escolhas políticas e económicas para os cumprir -
seria bom que Schaeuble demonstrasse em que medida as regras para «permanecer na zona euro» obrigam à adopção de um tipo específico de medidas,
como cortes nos serviços públicos e em salários e pensões.
(-por Nuno Serra, 5.6.15 , Ladrões de B.)
---- JL Ferreira disse...
Precisamente porque o impasse é ideológico é que os credores não se podem dar ao luxo de ceder.
Uma solução que pusesse em causa o viés ideológico
dos normativos para-constitucionais e dos tratados europeus
iniciaria o deslaçar de toda essa construção.
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