Para os que andam por aí a dizer que a esquerda não tem
propostas tecnicamente fundamentadas sobre nada e coisa nenhuma, e nada é fundamentado para alguns enquanto não der resultados políticos convencionais, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo colectivo intelectual da
Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida é de leitura indispensável: vejam, por exemplo,
o anexo da sua carta aos deputados que acompanhou a petição.
Na minha modesta opinião, a qualidade do trabalho da IAC vê-se, entre outras dimensões, pelo que é para mim o teste do algodão em matérias de
seriedade intelectual e de coragem política no campo da reestruturação da dívida por iniciativa dos devedores no quadro da zona euro: encarar o cenário da saída do euro como um dos resultados, no mínimo, do
eventual enfrentamento com as instituições europeias. Quem não quiser encarar isto, tem sempre a
alternativa: esperar sentado que algo aconteça entre Bruxelas e Frankfurt e, entretanto, fazer como diz Ulrich
e aguentar, aguentar.
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A renegociação da dívida pública é inadiável. Como se reclama na petição Pobreza Não Paga a Dívida, Renegociação Já, de que somos signatários com mais de seis mil outros cidadãos e cidadãs, é urgente desencadear um processo de renegociação da dívida pública que defenda o interesse nacional e trave o processo de regressão económica e social atualmente em curso. O resto da carta que Eugénia Pires, Isabel Castro, José Castro Caldas, Luísa Teotónio Pereira e Manuel Martins Guerreiro da IAC escreveram aos deputados pode e deve ser lido no
Público.
A petição chegou ao Parlamento. Agora é a vez dos deputados. Estejam atentos.
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