Carta muito franca e aberta às militantes anti-aborto
(26/06/2015 por João José Cardoso, Aventar)
Sexo é bom. Fazê-lo bem feitinho ainda é o melhor que levamos desta vida.
Compreendo que cada um é em boa parte a vida sexual que teve, ou no vosso caso não tem. Já não percebo como a ejaculação precoce, a frigidez, ou muito simplesmente a coisa mal feita pode levar alguém a militar numa causa de invejosas, sendo a inveja um pecado.
Sabeis, ó isildas, que o prazer obtido numa relação sexual não reprodutiva, vulgo queca, depende sobretudo dos vossos parceiros?
Homem que é homem tem cinco órgãos sexuais activos, por esta ordem: o cérebro, que trata dos outros, as mãos, que excitando nos excitam, a língua que opera milagres, a pele toda, excluindo talvez os calcanhares, e aquele que não sabeis denominar, seja ele pénis ou pila ou pixota, a tal parte que ejacula e reproduz a espécie. Falta um? falta: a alma, a paixão, o amor, ajudam, mas não são indispensáveis.
Também compreendo que quem nunca teve não sabe, logo inveja e persegue. A vida marital, o sexo reprodutivo, o compromisso assumido de quem mesmo não gostando é com quem casou que vai copular, mal e porcamente, o resto da vida, provoca distúrbios, e toca de sublimar a frustração caindo em cima (salvo seja embora nalguns casos não vos falte vontade) de quem teve outra opção, e por alguma circunstância engravidou.
É aqui que abusais da paciência terrena, e nem aceito nem compreendo. Não tem uma mal fornicada qualquer direito de se meter com o corpo das outras. Já sei que ides falar do direito à vida, mas como não vos vi a caminho do Vaticano em fervoroso protesto quando o Catecismo legitimava a pena de morte, e ainda proclama uma aberração contra natura chamada castidade como virtude, ide pregar para outra freguesia.
É sexo que vos falta. Do bom. Tenho uma novidade para vos contar: nem é preciso procurar muito, há pela net fora muitas páginas que se dedicam ao encontro de amantes. Procurai o próximo, tende orgasmos, e não nos forniqueis mais o juízo.
PS – A quem achar este texto obsceno ou provocatório, tenho a dizer que foi inspirado pela peregrina ideia de obrigar uma mulher que quer abortar a assinar uma ecografia. Ao pé disto, sodomia forçada é brincadeira de crianças.