Roma e Pavia não se fizeram num dia (-Joana Lopes, EntreAsBrumasDaM.)
Todas as previsões apontam para um dia 25 cheio de Sol e há um prognóstico que pode ser feito antes do fim deste jogo: a abstenção dos portugueses será certamente muito elevada nas próximas eleições europeias, vai ser de novo menosprezado um dever elementar de cidadania.
Seria no entanto bem importante que acontecesse exactamente o contrário e que vivêssemos um dia de luta activa por uma Europa diferente daquela que infelizmente hoje temos, com uma votação, em massa, contra os três partidos nacionais comprometidos com a via austeritária corporizada no Tratado Orçamental, em Portugal e nos grupos a que pertencem no Parlamento Europeu. Sem visões calculistas com as legislativas no horizonte e projectos de consensos à esquerda, ilusórios e ineficazes, nem com antieuropeísmos de pacotilha, mas sim com o objectivo muito claro de «desobedecer à Europa da austeridade», em conjunto com todos aqueles que, por esse continente fora, partilham esse mesmo objectivo.
Pare-se com o discurso de falta de alternativas deste tipo, porque elas existem e virão a ser concretizadas. Depois destes dias, melhores dias virão, Roma e Pavia não se fizeram num dia.
Europeias sem discutir a Europa
«Nas eleições europeias não se discute a Europa porque a Europa que existe não interessa aos seus apoiantes que seja discutida. E a discussão da Europa que se pretende fazer, nas candidaturas do “arco da governação”, na comunicação social ainda mais europeísta, nos meios dos negócios, no “arco dos fundos”, não tem objecto, nem existe, é uma fábula. É a Europa virtual do wishfull thinking para os bem-aventadados e aquela cuja retórica serve os empregos e os negócios dos que estão “por dentro”. (...)
Hoje, a União Europeia é um monstro híbrido e perigoso, controlado por uma burocracia que detesta a democracia e que acha que “ela” é que sabe como se deve “governar” a Europa e cada país em particular. Os parlamentos nacionais são para esses burocratas o local da irracionalidade da política produzida pelos “incompetentes” dos políticos. A troika foi uma das faces dessa burocracia, que em Bruxelas, Frankfurt, e no Luxemburgo, está encostada ao poder do dia, como sempre esteve. Neste caso, o poder do dia começou por ser um directório França-Alemanha, hoje é só alemão. Se amanhã, por absurdo, fosse inglês ou russo, a mesma burocracia lá estaria encostada a legislar sobre tudo e todos, com uma única racionalidade: a Lei de Parkinson. (...)
Esta Europa, disforme e perigosa, não é de todo discutida nas actuais eleições europeias, que são em si mesmas um claro sintoma de tudo o que está mal por essa Europa fora, e pior em Portugal. À tentativa, na qual se gastam milhões de euros, de fazer com que as pessoas se interessem pela Europa e pelas eleições, soma-se o facto de não haver substância nem diferenças nas candidaturas principais. PS, PSD e CDS são hoje Dupont e Dupond.»
Entretanto, na Grécia
--- « acordo de livre comércio entre os EUA e a UE, também conhecido por T T I T »
(acordo patrocinado pelas Multinacionais para sua maior "independência e defesa legal" na exploração e comercio global, sem controlo ou regulação pelos Estados)
-- "se não quisermos ter no nosso mercado frangos de cloro, vamos ter de indemnizar as empresas americanas que os vendem"
(-josé simões,
«Exemplo 1:
O governo do Uruguai emite leis antitabagistas mais rigorosas.
Com base na cláusula do acordo que protege os investimentos, a empresa Philip Morris está a processar o Estado, devido aos lucros que perde.
O valor em causa atinge 14% do PIB do Uruguai.
Exemplo 2:
Devido a preocupações ambientais, a província canadiana Quebec decide não autorizar o fracking.
A empresa americana Lone Pine processa o Estado canadiano em 250 milhões de dólares, devido à quebra de lucros esperados, com base no NAFTA de 1994 (acordo de livre comércio entre o México, o EUA e o Canadá).
Exemplo 3:
A Alemanha decide abandonar a energia nuclear.
O grupo Vattenfall processa o Estado em 3,5 mil milhões de euros (para comparação: a cidade de Lübeck não tem dinheiro para consertar os telhados das suas escolas primárias), com base na "Carta Energética Europeia".»
Isto não é verdade, pois não?
(Ai é, é !! ... é Pior do que possam pensar e o nome ENGANA bem) !
http://conversa2.blogspot.pt/2014/05/ttit-por-favor-digam-me-que-isto-e.html
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--- no pouco que vi na Euronews
(com tradução em português, a melhor estação de noticias em português by far)
do debate entre os lideres dos partidos europeus só a Ska Keller se referiu a este acordo.
Alias foi a líder mais assertiva e com quem me identifiquei mais (bem... tambem era a mais bonita) nos temas abordados.
Joe Strummer a 16 de Maio de 2014
--- Viva o CDS viva, pim !
(-POR JOSÉ SIMÕES, DerTerrorist, 21/5/2014)
3 euros à hora, num máximo de 39 horas e meia semanais, para fintar o vínculo laboral e o pagamento de subsídios vários.
A solução para o desemprego jovem em Portugal passa ajustar o part-time e último recurso em full-time e regra atrás do balcão de um centro comercial,
porque o Governo não quer a precarização nem tem um modelo de baixos salários para o país. Viva o CDS viva, pim!
«No "Dia do Emprego" na McDonald’s que aconteceu nesta terça-feira, um dos restaurantes da cadeia de fast food recebeu, em Lisboa, a visita do ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, que assistiu à assinatura de um protocolo entre o Instituto de Emprego e Formação Profissional e a McDonald’s.
A multinacional vai recrutar nos próximos três anos 600 trabalhadores em Portugal e a ideia é o IEFP ajudar na identificação de candidatos.»
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«Podem ainda não estar a ver as coisas à superfície, mas por baixo já está tudo a arder»- Y.B. Mangunwijaya.
Votar - sempre, sempre - votar
(S.L.Santos, defenderoquadrado, 21/5/2014)
É preciso votar.
Nas eleições europeias, nas legislativas, nas autárquicas, nas presidenciais, sempre.
Não podemos deixar que os outros decidam por nós.
A responsabilidade é nossa - de escolher ou de nos demitirmos de ter voz.
Se gostamos do governo, votamos nele.
Se não concordamos com as posições dos ...
Se estamos tão zangados, ...
Se não gostamos do governo, votamos em qualquer dos outros partidos, contra o governo.
Não votar não afirma nem nega, CONSENTE e omite o cidadão, a própria pessoa, o direito e o dever.
Posto isto, tenho pensado madura e persistentemente em quem votar nestas eleições.
Não são eleições legislativas, pois não, mas terá que haver uma leitura nacional do resultado eleitoral,
até porque este governo não se afirmou na Europa como representante de um País soberano
nem lutou por regras diferentes.
...
... o eleitorado é quem tem que lho dizer.
Continuarei a pensar maduramente no assunto, até ao momento do voto.
Mas seja aonde for, no que for, ou sem ser, uma coisa é certa:
No Domingo irei VOTAR !
e votarei sempre que puder .
Ultrapassar pela Esquerda
(-M.Guedes, JN, 20/5/2014)
... seria bom que o discurso político fosse mais claro e transparente. Pedir a reestruturação da dívida não é algo utópico, impossível ou irrazoável: pelo contrário, utópico e quase criminoso é pensar que a economia pode crescer sustentadamente sem que essa reestruturação exista.
A não ser que o voto de pobreza seja uma figura de estilo em franca recuperação histórica. Ao futuro de Portugal não se brinda com o "champagne de estalo" de Nuno Melo numa "mise en scène" bem reveladora do estado a que chegou esta falta de sentido do Estado. "Se não tiveres nojo, podes beber", disse Nuno a Paulo em Lamego, estendendo-lhe a garrafa. Os portugueses não ficaram ébrios pela falta de nojo do coligado Paulo Rangel, após alguns goles. Afinal, "isto é uma coligação", retorquiu Rangel. Ficaram atónitos, gelados e sóbrios até dia 25, espero. Sobriedade, pelo menos, exige-se.
Brindar a quê e porquê, então? Ao puxão de orelhas dos credores que - mal vêem que a troika foi de fim-de-semana a casa - se multiplicam em avisos para nos continuarmos a comportar como um país ocupado, sob ameaça de um programa cautelar ou de um segundo resgate? Ao Tratado Orçamental (TO) que nos impõe limites de défice (5%) e de dívida pública (60%) que são impossíveis de cumprir para Portugal e para outros países da "periferia" europeia? Ao TO que fuzila sem piedade o Estado social em períodos de recessão e que atribui à Comissão Europeia o poder de impor sanções e políticas macroeconómicas aos países não cumpridores das suas metas irrazoáveis? Quanto mais tempo sob o jugo dos especuladores? Quanto mais tempo para que esta batalha pelas coisas óbvias seja ganha? Este TO nada mais é do que um novo memorando da troika, um segundo "take", após simulação de saída: coage-nos a metas impossíveis para continuar a impor a austeridade e já devia ter sido referendado. Como escrevia Bertold Brecht, "que tempos são estes, em que é necessário defender o óbvio?".
A Grécia tem sido, ultimamente, um espelho do que Portugal vai ser, numa espécie de viagem ao futuro com o carimbo da Antiguidade. Atentemos na desagregação grega, com uma taxa de desemprego de mais de 26%, com o desmantelamento do seu sistema de saúde público: na linha de partida, onde as mulheres não saem dos hospitais após darem à luz porque não conseguem pagar as taxas dos hospitais; na linha de chegada, onde se recusa o tratamento e cuidados de saúde a doentes terminais com mais de 75 anos; na linha do caminho, onde se encerram centros de saúde com as pessoas lá dentro e onde não há direito a assistência hospitalar para quem está desempregado. Na Grécia já é possível fazer girar o Mundo ao contrário.
É claro que a resposta também pode estar no voto. Nas eleições municipais/regionais gregas de domingo passado, o Syriza foi o partido mais votado em Ática (a mais populosa região da Grécia, que incorpora Atenas) onde se encontram cerca de um terço dos dez milhões de eleitores do país. Para além da fragilização dos partidos do denominado "arco da governação" (a Nova Democracia e o PASOK), este resultado lança bases para o resultado das eleições europeias, nomeadamente pelo apoio simbólico que é dado pelo Partido da Esquerda Europeia (do qual o Bloco de Esquerda faz parte) a Alexis Tsipras na disputa pela presidência da Comissão Europeia. A derrota do Bloco Central (ou do bloqueio central) na Europa passa pelo crescimento do Partido da Esquerda Europeia, enquanto terceira força política no Parlamento. Na Europa como em Portugal, pela derrota de quem nos conduziu até aqui.
Segundo dados do Eurostat de ontem, Portugal é o país que mais emprego tem destruído na União Europeia e o único que viu a sua taxa de emprego descer continuamente na última década. Sejamos claros:
a mutualização da dívida já não chega, é inevitável reestruturar. Temos, agora, mais dívida do que antes da entrada da troika. Prazos, juros e valores da dívida, tudo tem que estar em cima da mesa. Tenhamos a Alemanha como exemplo e nem queremos tanto: a sua dívida externa da I Guerra Mundial foi paga em 2010, 92 anos depois. Depois, encontrou uns amigos no Sul da Europa que financiaram o seu sistema bancário. Isso ... E para nós os ultrapassarmos de pé, nas urnas.
Não há saída sem reestruturação da dívida
(IAC, 19/5/2014, http://auditoriacidada.info/article/n%C3%A3o-h%C3%A1-sa%C3%ADda-sem-reestrutura%C3%A7%C3%A3o-da-d%C3%ADvida )
A Comissão de Auditoria da Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida (IAC) reuniu a 16 de maio de 2014 para avaliar a sua atividade e a evolução verificada no debate público acerca da necessidade e urgência da reestruturação da dívida e para programar a sua atividade futura. Seguem-se as principais conclusões da reunião.
O momento em que o governo celebra a partida da troika é o momento de relembrar que, com o resgate, Portugal ficou mais endividado, mais pobre e mais desigual e que, se nada mudar, mesmo sem a presença da troika o que está previsto é mais austeridade e mais empobrecimento durante décadas.
Sem reestruturação da dívida não há saída. Isso foi afirmado pela campanha «Pobreza não Paga a Dívida – Renegociação Já!» que culminou com a entrega em janeiro passado de uma petição na Assembleia da República. Essa é a exigência de cada vez mais cidadãos como o mostrou o pronunciamento a favor da reestruturação da dívida por parte de pessoas dos mais diversos quadrantes políticos em manifestos (nacional e internacional) e numa nova petição.
A Assembleia da Republica, a quem milhares de portugueses dirigiram as duas petições, deve encarar o problema da dívida pública, reconhecer a necessidade da sua reestruturação e tomar medidas para a preparação política e técnica do Estado português para o processo de renegociação com os credores privados e oficiais.
A reestruturação da dívida é um processo de enorme complexidade política e técnica. Devendo ocorrer, desejavelmente, no quadro multilateral da União Europeia, não pode ficar dependente de boas vontades de parceiros internacionais ou de credores. A reestruturação, incida ela apenas sobre os juros e prazos de pagamento, ou também sobre os montantes, implica sempre perdas para os credores. Para fazer valer os seus interesses com sucesso, Portugal deve mobilizar-se e preparar-se para, caso a via multilateral falhe, tomar a iniciativa de desencadear a renegociação declarando, se necessário, uma moratória, isto é, suspendendo o pagamento de juros e de amortizações.
O que está em causa é uma escolha entre a dívida e o seu serviço, e a vida de milhões de portugueses. A dívida não pode nem deve ser paga à custa de todo um povo, da democracia e do futuro do país.
Todos os problemas e todas as lutas vão dar à dívida. Por isso mesmo o movimento a favor da reestruturação da dívida deve procurar reunir o maior e mais diversificado número de pessoas e organizações para obter a mobilização necessária da sociedade.
Tendo em vista o alargamento e reforço deste movimento, a Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida (IAC) irá propor a outros movimentos sociais e organizações cívicas a organização de um Fórum de reflexão, debate e formulação de propostas que ajude a tornar ainda mais clara a relação entre a dívida e o agravamento das condições de vida da generalidade da população.
Este Fórum deve servir para mostrar que os mais diversos problemas – desemprego, emigração, precariedade e baixos salários, acesso à saúde, à educação, às pensões dignas, à habitação – todos entroncam na questão da dívida e que não há saída sem a sua reestruturação e muito menos sem o envolvimento da sociedade e a participação ativa dos cidadãos nas tomadas de decisão.
Lisboa, 16 de maio de 2014
A Comissão de Auditoria da Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida (IAC)
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