Terça-feira, 21 de Abril de 2015

Tráfico  de  morte  e  indiferença

     RefugiadosAs mortes no Mediterrâneo sucedem-se e deixam-nos sem capacidade de entender como é que um homem, que foi Presidente da Comissão Europeia nos últimos dez anos, só fala de helicópteros e outros meios bélicos ou de salvamento quando a questão tem de ser resolvida com meios de prevenção.
     Se a Europa (que só por engano continua a ser uma miragem para gente que prefere arriscar a morrer no mar do que morrer na sua terra onde tudo lhes falta) investisse no desenvolvimento e na paz dos países de origem desses imigrantes, provavelmente não andaria agora a discutir se o problema da imigração deve ser uma questão nacional ou europeia, porque apostaria na vida e não na morte.
      Se a Europa combatesse, à partida, o embarque para a morte feito por traficantes de seres humanos, por esclavagistas, não teria de chorar as despesas feitas com cada saco negro que faz descer à terra, ou com os subsídios de exílio atribuídos aos sobreviventes.
     Se a Europa liderasse o processo mundial contra a desumanidade e a indiferença, faria bem melhor do que andar nesta contabilidade de saber quanto vai ter de desembolsar para manter na miséria os que da miséria (e da guerra) tentam fugir.  -- (LNT  [0.206/2015])
           Mare  nostrum,  mare  mortis
 

  «Como em 2013, a expressão "nunca mais" volta a ser repetida. Como em 2013, quando morreram mais de 360 pessoas ao largo de Lampedusa, espera-se que algo seja feito, depressa, para minimizar o drama quotidiano das mortes no Mediterrâneo, a fronteira em paz onde mais se morre no mundo.     O problema é que o que foi feito em 2013, a missão de resgate e salvamento Mare Nostrum, só durou até Outubro de 2014, quando a Itália pôs ponto final a operações que envolviam gastos de 9 milhões de euros por mês e que os parceiros europeus recusavam partilhar.   Depois deste domingo, dia em que perto de 700 emigrantes se terão afogado no "Nosso Mar", já terão sido ultrapassados os 1600 mortos em 2015. (...)   Um dos motivos invocados para não apoiar a Mare Nostrum, nomeadamente pelo governo de Londres, é a ideia de que uma operação que salva vidas encoraja o aumento da imigração.    Algo que só quem não vê para lá das suas próprias fronteiras pode defender.»  -- (- Sofia Lorena, O «nosso mar» é um cemitério , a ler na íntegra)
     A indiferença continuada das instituições europeias perante a insuportável tragédia do Mediterrâneo não se distingue - na sua essência - da indiferença continuada perante o sofrimento induzido pela austeridade, nos países em que a mesma é imposta e aplicada.    Como se a Europa fizesse questão de dizer, e reiterar a todo o momento, que as dívidas e as fronteiras estão sempre primeiro. (as Pessoas e os Direitos Humanos são retórica...) --
Henrique Monteiro, no Expresso, 20.04.2015: )
(...)
(...)
(...)
     Todo o planeta TERRA é a nossa casa, é habitat de toda a Humanidade.
   "Não sou ateniense, nem grego, mas cidadão do mundo"- Sócrates.


Publicado por Xa2 às 07:44 | link do post | comentar

14 comentários:
De Migrações, morte ... até quando?! a 21 de Abril de 2015 às 09:52
APOCALIPSE

Não podemos continuar a fingir que não vemos.
O naufrágio da madrugada de domingo, a 70 milhas da costa líbia, foi uma tragédia de proporções dantescas.
Serem 700 os ocupantes da embarcação naufragada, como diz a generalidade da imprensa, ou 950 (número que inclui duzentas mulheres e cinquenta crianças), como garantem os 28 sobreviventes, pouco muda.
Se tivesse caído um avião com uma dúzia de estudantes Erasmus, louros e de olho azul, a Europa entrava em transe.
A Itália não pode arcar sozinha com um problema que é de todos nós.


Etiquetas: UE, Vala comum mediterrânica
(. Eduardo Pitta, DaLiteratura , 20/4/2015)


De A "Europa" e a MORTE, cobarde, negócios, a 21 de Abril de 2015 às 10:12

Visto e revisto

(-por CRG, 365forte)

"In this world, shipmates, sin that pays its way can travel freely, and without passport; whereas Virtue, if a pauper, is stopped at all frontiers." - Herman Melville

Enquanto que Espanha, Portugal, Grécia e Chipre "oferecem" visas a estrangeiros que invistam no mercado imobiliário,
a Amnistia Internacional acusa os "os países europeus de se assemelharem a uma "fortaleza" para se proteger dos refugiados sírios (e líbios, etíopes, sudaneses, ... - que fogem à guerra, à escravatura, à miséria, à morte nos seus países "intervencionados" e barbarizados!),
que apenas estão a receber "em números lamentavelmente baixos."
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A "Europa" e a morte

Já não sei quem escreveu que há duas coisas que o homem não consegue encarar de frente: o sol e a morte. Esta última é particularmente verdadeira para o homem ocidental e europeu, em especial.
As tragédias consecutivas que têm lugar no Mediterrâneo, às portas da mirífica Europa, dizem muito sobre a impotência em que esta "União" caiu.
No meio desta catástrofe - e a antecedê-la - está um pouco de tudo:
negócios, medo, esperança, cobardia.
O recalcado triunfa sobre a retórica judaico-cristã que, por exemplo, o Papa fez questão de "terrenizar" indo a Lampedusa.
Também lá foi a burocracia europeia de Bruxelas, encabeçada ainda por Barroso, o cretino, para nada.

A verdade é que a "Europa" não (quer e/ou não)sabe o que fazer com estes milhares de pessoas que sonham com ela.
Transformada numa gigantesca secção de contabilidade e de negocismo político rasca, a "Europa" apenas consegue aparentemente patrulhar a morte.
A sua e a dos outros.

tags: europa, sociedade,
(-João Gonçalves , Portugal dos pequeninos)
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e
Abril é poder escolher

LIBERDADE é diferente de imposição.
EMIGRAR por opção sim, por imposição (política ou económica) NÃO.


De Defender a Vida e a Dignidade. a 27 de Abril de 2015 às 11:32
A História impõe à Europa que receba, acolha e integre estes imigrantes


Nas últimas décadas terão morrido em várias rotas migratórias para a Europa mais de 25 mil pessoas.

A Europa carrega a importância moral deste fenómeno.
Os colonizadores europeus em África despojaram os povos de vários países de condições mínimas de dignidade enquanto lhe saqueavam matérias primas, deixando de lado investimentos de desenvolvimento até à descolonização.

Mais recentemente as "Primaveras" árabes em países do Mediterrâneo fizeram implodir estados que ofereciam garantias desenvolvimento e coexistência de diversas tribos e nações.

Ficaram no seu lugar bandos de malfeitores que, entre outras coisas, traficam imigrantes para a Europa, sabendo que milhares deles irão morrer depois de lhes cobrar elevadas quantias.
Há rotas particulares de tráfico humano para o trabalho ilegal escravo e a prostituição na Europa.

A agressão pela NATO em vários países do Médio Oriente pioram esta situação.
O envio por Israel e a Arabia Saudita, com o silêncio cúmplice dos EUA e UE,
de estruturas do Estado Islâmico e Al Qaeda para zonas problemáticas para os seus interesses agravam a selvajaria da guerra.

Segundo a jornalista Lúcia Müzzel, no ano passado, a União Europeia pediu o encerramento da operação de salvamento Mare Nostrum, que, segundo a Amnistia Internacional, permitiu resgatar 170 mil pessoas.
Os europeus avaliaram que, ao propor um sistema de resgate, acabaram estimulando mais viagens de embarcações ilegais.

Agora, a operação Triton apenas monitoriza o mar, mas não tem o objetivo de socorrer barcos em dificuldade.
“A proporção dos salvamentos é muito reduzida, porque as operações não cobrem toda a parte central do Mediterrâneo e ainda menos as águas internacionais em alto mar, onde acontece a maioria dos naufrágios.
Ou seja:
sim, a União Europeia tem consciência do fato de que as pessoas estão perdendo vidas, mas por razões de controle do fluxo migratório e de gestão da imigração, e não para salvar vidas”, ressalta Jean-Fraçois Dubost, membro da Amnistia Internacional na França.
“A Europa está comprometida com operações que não salvam ninguém.”

A União Europeia tem que tomar medidas para a defesa destes imigrantes, o seu encaminhamento para situações de vida legais que os defenda um pouco da exploração patronal.

(-António Abreu , antreus, 20/4/2015)


De UE 'anti-terroristas' MATA cidadãos a 21 de Abril de 2015 às 11:06
A Fortaleza Europa declara Guerra aos Passadores

(-21/4/2015, https://oeconomistaport.wordpress.com/ )

Os imigrantes clandestinos estão sobretudo no Mediterrâneo central e, a seguir, no sudeste continental da União Europeia (Fonte: Le Figaro).

--Desorientação e incompetência foi o que revelou ontem a reunião dos ministros do interior e dos negócios estrangeiros e da administração interna da União Europeia (UE) para tratarem dos naufrágios no Mediterrâneo de imigrantes clandestinos destinados ao Velho Continente.
Não havia nem há nenhum plano nem nenhuma política, mas um simples conjunto de medidas improvisadas e mal amanhadas.
A falta de luz vem do alto.
«A raiz do problema», afirmou Matteo Renzi, o chefe do executivo italiano, está em destruir os passadores de emigrantes, esses novos «esclavagistas».
O Presidente francês Hollande cantou ontem a mesma canção, só diferindo em qualificar os passadores de «terroristas».
A UE prepara-se para os BOMBARDEAR na Líbia – porque o controle do mar obriga a salvar as vidas em perigo no oceano, o que, sempre boa e humanitária, a UE prefere não concretizar.

Se os transportes da Líbia para a Europa são tão assassinos é porque a UE não os quer melhores, para evitar mais imigrantes africanos e médio orientais.
A raiz do problema é a guerra e a miséria na África do norte e no Médio Oriente, não são os passadores.
Os passadores são apenas a consequência do problema. Os dirigentes europeus confundem o efeito com a causa. Por isso condenam-se a agravar o problema.
É o que têm conseguido, graças à sua política de «Fortaleza Europa».
Em vez de fortalecerem os Estados do Maghreb, os países europeus (com a honrosa exceção da Alemanha) aceitaram a incitação do Presidente Obama
para destruírem à bomba o seu aliado Kadhafi, o chefe da Líbia, e assim tiraram a tampa que continha a emigração,
entregando a África sahariana e subsahariana a grupos fundamentalistas islâmicos e aos restos do kadhafismo.
O ex-presidente francês Sarkozy, um dos mentores desta extraordinária estratégia, voltou hoje a ser um dos políticos mais populares de França, o que diz bem da educação política dos europeus em geral e dos franceses em particular.
Aliás, basta ouvirmos um curioso serzinho que dá pelo nome de Exmª Srª D. Filipa Mogherini, que certamente por tiragem à sorte foi escolhida entre 350 milhões de europeus como chefe da diplomacia da UE,
para logo nos darmos conta dos abismos de irresponsabilidade a que desceu a produção da política externa europeia.

A reunião ministerial de ontem mostrou também que a UE está isolada dos Estados do Maghreb e do Médio Oriente. Aliás, ontem mesmo, o Presidente sírio, Bachar Al-Assad, acusou a França de apoiar os terroristas, numa entrevista à televisão francesa. Infelizmente tem razão.

Substituindo a política por novos bombardeamentos, a UE afundar-se-á moralmente e isolar-se-á estrategicamente, só conseguindo agravar o problema.
Mas os nossos dirigentes deitar-se-ão com a mesma tranquilidade com que mataram o coronel Kadhfi, convencidos que derrotam a extrema direita aplicando aos imigrantes uma política de extrema-direita.

A UE tem que definir uma política humanista para o problema da imigração, assente num plano Marshall para a África sahariana, a subsahariana e o próximo Médio Oriente,
procurar aliados entre os estados da região, recusando o fascínio do bunker solitário.
Só neste contexto deve ser convocada a força militar.
O nosso governo tem que conseguir que não nos obriguem a engolir uma quota de refugiados e imigrantes, que nos tornará parte de um problema que só em parte mínima é nosso.


De Ocid. instala TERROR p. Lucrar a 21 de Abril de 2015 às 13:09

Lágrimas de crocodilo


As Primaveras árabes sonhadas/... pelos EUA e encorajadas, apoiadas e fomentadas pela Europa, redundaram num mar de sangue na Síria, no Egipto, no Iraque, ou na Líbia.
Derrubaram-se ditadores e favoreceu-se a instalação da Lei da Selva.
Pior do que dar um tiro no pé, foi abrir mais uma caixa de Pandora de consequências imprevisíveis

A invasão da Líbia ( a pretexto do cumprimento de uma resolução da ONU) foi um dos maiores erros políticos e estratégicos da UE.
No tempo de Kadhaffi a Líbia era um tampão que diariamente impedia a entrada na Europa de milhares de emigrantes.

Derrubado Kadhaffi, instalada a Lei da Selva em toda a região,
consumadas as PERSEGUIÇÕES étnicas e religiosas, milhares de homens, mulheres e crianças fogem do TERROR que o Ocidente instalou no norte de África (e próximo oriente, e ...)
e demandam a Europa - já não apenas em busca de melhores condições de vida, mas tentando salvar as suas vidas.

O Mediterrâneo transformou-se num gigantesco cemitério.
A invasão de imigrantes e refugiados provenientes dos países do Norte de África está a criar graves problemas à Europa e
a pôr a nu a HIPOCRISIA e desumanidade dos líderes europeus que nos governam.

Durante muitos anos a Europa não só tolerou as ditaduras de Ben Ali, Mubarak e Kadhaffi ( para não falar de muitas outras…) como as apoiou.
E ganhou muito DINHEIRO com elas.
Só em 2010, vendeu aos DITADORES africanos quase 400 milhões de euros em ARMAMENTO,
que hoje está em grande parte nas mãos do ISIS, por causa da tragicomédia da Primavera Árabe.

Hoje, os líderes europeus dizem-se muito chocados com a CHACINA que está a ocorrer no mediterrâneo
mas, como já aconteceu anteriormente, as medidas para impedir este MASSACRE reduzir-se-ão a atirar dinheiro para cima do problema
e, quiçá, a mais um pacote de medidas securitárias visando COARCTAR mais um pouco a LIBERDADE dos cidadãos europeus.
Entretanto, o problema vai agravar-se nos próximos tempos, perante a inércia da UE.
Aberta a caixa de Pandora, os lideres europeus não sabem como reagir, porque não sabem o que se está a passar.
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~ ~ Urgem medidas eficazes. ~ ~
Os que não morrem no mar, morrem em terra!!
A UE não pode continuar com a cabeça enterrada na areia...
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Um horror e as vítimas,como de costume, são o elo mais fraco.
Se ficam nas suas terras arriscam-se a morrer em guerras que nem entendem,
se partem arriscam-se ao naufrágio no mar.
E mesmo os que chegam a terra só sabem que nada sabem sobre o que lhes reserva o futuro... e nada de muito bom se augura!

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Carlos concordo inteiramente com este texto.
Permita-me apenas comentar uma passagem do mesmo:
«Durante muitos anos a Europa não só tolerou as ditaduras de Ben Ali, Mubarak e Kadhaffi ( para não falar de muitas outras…) como as apoiou».

O Carlos sabia que por ex. Sarkozy resolveu informar a aviação americana do paradeiro de Kadhafi para esta o aniquilar?
Sabe porquê?
Porque o Kadhafi pagou-lhe a campanha presidencial e era uma pedra no sapato de Sarkozy.
E devem existir histórias iguais a estas com outros ex-líderes europeus e ex-ditadores norte-africanos.
Isso também explica a bagunça em que se tornou o Norte de África.
---------
O cinismo e a indiferença reinantes no mundo dito desenvolvido acabarão por trazer problemas gravissimos a esse mesmo mundo, sem dúvida.

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líderes Vão reunir quinta-feira,
Ao que percebo, para criar tampões à entrada na Europa,
não para combater as origens do problema. !!



De UE / ocid. ajuda Terroristas e a Morte a 22 de Abril de 2015 às 12:19
A UE face à tragédia no Mediterrâneo
(- Publicado por AG )

A União Europeia sabe o que tem a fazer para parar a tragédia, mas continua dividida, sem solidariedade, sem liderança capaz
(...)
Vergados a teses demagógicas e populistas assentes na ilusão de uma Europa fortaleza,
os Chefes de Estado e de Governo da União Europeia acabam por fazer o jogo de redes criminosas e terroristas, alimentando-lhes o negócio da traficância humana:
podiam retirar-lhes a base, o lucro, se abrissem vias legais para a migração.
É o que há muito recomenda o Parlamento Europeu, pedindo uma Política Comum de Imigração -
que, de resto, servirá os interesses da própria Europa, bem necessitada da contribuição rejuvenecedora dos migrantes.
(...)
O PE há muito que recomenda também uma Política Comum de Asilo, como pede o ACNUR
(...)
A UE podia e devia há muito ter uma acção coordenada, articulando as Marinhas e Guardas Costeiras numa operação da Política Comum de Segurança e Defesa para salvar vidas no Mediterrâneo e apanhar e julgar os traficantes.
(...)

As vagas de imigrantes e refugiados estão relacionadas com o crescendo do terrorismo, de conflitos, guerras, opressão e miséria,
por sua vez fomentados pela má governação que políticas europeias sustentam, por acção e omissão.

Por exemplo, na Etiópia (..) em Gaza (..) na Líbia.
Por omissão, por falta de coordenação europeia, a UE ajudou a entregar a Líbia ao caos e aos terroristas.

(...). É preciso que o problema seja encarado como problema europeu,
que respeita a todos e exige resposta solidária, em vez de ser deixado a gerir exclusivamente pelos Estados Membros da UE que, por causa da geografia, estão mais expostos, como Itália, Malta, Grécia.
(...)
O que falta é mobilização e coordenação estratégica:
falta-nos Europa, num problema que nenhum Estado Membro pode resolver sozinho.
Precisamos de mais Europa.
Precisamos de liderança europeia."

(note-se que nos órgãos da UE, a Comissão e o Conselho - mais conservadores/ neoliberais - estão muitas vezes em desacordo com o Parlamento, mais democrático e humanista).

------
(Extracto das notas ...na íntegra na ABA DA CAUSA aqui http://aba-da-causa.blogspot.be/2015/04/a-ue-face-tragedia-no-mediterraneo.html)


De Armas e Muros não servem ... a 23 de Abril de 2015 às 13:00
E se o Mediterrâneo secasse?

Os EUA construíram um muro para impedirem a invasão de emigrantes vindo do México e de todas a América Latina, Israel fez o mesmo para se proteger dos Palestinianos, na Europa já começaram a surgir novos muros para proteger aqueles que dantes estavam do lado de lá de outros muros de emigrantes, só a Europa ainda não precisou de um muro porque tem o Mediterrâneo.

Mas se o Mediterrâneo secasse como um dia terá sucedido ao Mar Vermelho para que Moisés conduzisse o seu povo para Israel a Europa seria invadida por vagas sucessivas de emigrantes e cairia da mesma forma como o império romano caiu às mãos das hordas dos hoje enriquecidos alemães. Mas o Mediterrâneo protege a Europa da miséria humana que promoveu a sul e os nórdicos liderados pela Alemanha pode estar mais preocupados com as disputas imperiais a leste do que com os milhares que morrem afogados no Sul.

A Europa invadiu o Norte de África por mais de uma vez, por ali disputou algumas da maiores batalhas da II Guerra Mundial, desenhou fronteiras e inventou Estados a régua e esquadro, invadiu e depôs governos sempre que os seus interesses estiveram em causa. Ainda há bem pouco anos destruiu o Iraque, promoveu a destruição da Síria, bombardeou a Líbia e ia lançando o Egipto na confusão. A norte do Sahel só Marrocos se escapou desta combinação perigosa entre a estupidez e o oportunismo europeu e americano.

Cada vez que o Ocidente decide “libertar” os países do Norte de África semeia a destruição, a desagregação e a corrupção e ao fim de décadas desta política o resultado está à vista, a Palestina não passa de barracas entre colunatos israelitas, a Síria está sendo assassinada aos poucos, o Líbano já não conta para nada, o Iraque está nas mãos do Estado Islâmico, a Líbia quase desapareceu. Graças à pilhagem dos arsenais na Líbia, Síria e Iraque o extremismo islâmico tem hoje um exército de dimensão mundial e lança o terror desde a Nigéria à Líbia e desde o Afeganistão a Paris. Foi este o resultado das invasões libertadoras e das primaveras promovidas por jornalistas que fugiram espavoridas depois de terem levado uns apalpões no rabo em plena Praça Tahrir.

Escaparam-se o Egipto onde os militares acabaram com as brincadeiras primaveris promovidas por idiotas americanos e franceses e o Egipto onde ingleses e americanos só fizeram asneiras ao longo de anos. Agora as consequências estão à vista, quase todo o norte de África nas mãos de extremistas e vários países totalmente destruídos. Agora o Hollande já não manda bombardear sem pedir a opinião de ninguém e exige reuniões europeias, mas quando quis bombardear Tripoli ajudando os extremistas a tomarem conta da Líbia não precisou da opinião dos seus parceiros.

De asneira em asneira os países do Mediterrâneo caminham para uma crise de grandes dimensões, a norte é a crise económica e financeira, a sul assiste-se a uma crise humanitária. Mas a Alemanha e os países ricos estão mais preocupados com os territórios dos russos da Ucrânia e com a sanções a Putin.


De Gold, Armas, Muralhas e Bárbaros de cá. a 24 de Abril de 2015 às 14:59
A Muralha de Adriano

(-por josé simões, 23/4/2015, derTerrorist)
[ Cawfields-Hadrians-Wall-Mile-castle-42-Northumberl ]

«Europa vai apertar o cerco à imigração ilegal». Ler:
Europa vai normalizar os vistos gold em todo o 'espaço Schengen'.
«Europa junta-se para blindar o Mediterrâneo». Ler:
vão morrer longe! [de preferência onde não haja câmaras de televisão nem telemóveis].

Depois de terem pedido uma acção militar para derrubar o ditador-torcionário-carniceiro al-Gaddafi agora «Roma e Madrid pedem ação militar na Líbia contra tráfico humano»,
vítimas fugidas da 'democracia' instaurada pela acção militar da NATO e dos apoios concedidos pela Europa e pelos Estados Unidos, do Nobel da Paz Obama, a fundamentalistas vários durante a 'primavera árabe'.
Podíamos bombardea-los logo nas praias da Líbia na altura dos embarques, isso sim, era de valor.

Adriano (imperador romano) também construiu uma muralha e morreu sem nunca perceber a razão/ as razões da atracção dos bárbaros pelo império.
Mas como ninguém estuda História e até há já quem proponha a sua erradicação dos programas escolares,
substituída por economias e outras disciplinas mais práticas das contagens de dinheiros e de números e de pessoas-números,
isso agora também não interessa nada.


De Estaticídio ou assassinato de Países/Pov a 24 de Abril de 2015 às 16:49

---: Quando o Estado desaparece, resta a barbárie (!!!)

... Ou quando o Estado é substituído pela anarquia das seitas.

(-por Vital Moreira , 24/4/2015, http://causa-nossa.blogspot.pt/ )
http://economico.sapo.pt/noticias/estaticidio_216541.html

--- ESTATICÍDIO
Vital Moreira , 22 Abr 2015

1. O Mediterrâneo está a transformar-se num mar de náufragos que fogem da miséria, da violência e da barbárie que prevalecem em vários países na sua margem sul e da África sub-sariana.

Mas a Europa, que sofre o impacto dessa tragédia, tem muitas culpas no cartório.
Mais do que a ancestral pobreza, o que precipitou a fuga maciça do leste e do sul do Mediterrâneo
foi a insegurança, a violência e o caos económico e social provocados pela desestruturação dos Estados da região,
primeiro no Iraque, depois na Líbia, depois no Egito e na Síria,
sem esquecer a desesperança de um Estado palestiniano, sempre adiado e todos os dias inviabilizado pelo expansionismo israelita.

Sem aprender a trágica lição da intervenção militar dos Estados Unidos no Iraque, que destruiu o Estado laico,
substituindo-o por um conjunto de feudos religiosos, a Europa resolveu seguir o mesmo caminho, com a intervenção franco-britânica na Líbia e com o apoio à destabilização da Síria e do Egito,
na ilusória esperança de uma “primavera árabe” que criasse uma nova fronteira da democracia liberal,
como se esta fosse exportável à força para sociedades onde a identidade religiosa e tribal prevalece ainda sobre qualquer noção de cidadania, que é essencial à própria noção de democracia.

O resultado, porém, foi a destruição do Estado,
que é o único garante da segurança em sociedades divididas em termos étnicos e religiosos.
Desaparecido o Estado, o que restou foram as tribos, as fações e as seitas religiosas, numa luta sem quartel entre si, no meio da violência e da barbárie.
Do vazio criado pelo “estaticídio” emergiu o “Estado islâmico” e as suas crescentes ramificações no próximo oriente e na África.

2. A tragédia dos migrantes que naufragam no Mediterrâneo é uma consequência e um sintoma de um mal maior.
A Europa não deve poupar esforços para minorar a tragédia.
Mas tem o dever de ir à raiz do problema, do qual é em grande parte responsável.
Importa, antes de mais, mobilizar todas as forças para derrotar o Estado islâmico e cortar as suas crescentes extensões pelo mundo árabe.
Em segundo lugar, há que restabelecer o Estado e a sua autoridade
(forças de segurança, exército, administração), lá onde ele foi destruído ou foi debilitado, como no Iraque, na Síria, na Líbia, no Iémen, na Somália, etc.

É evidente que na Síria a Europa e os Estados Unidos têm de optar entre esmagar o Estado islâmico ou mudar o regime de Damasco e que,
do mesmo modo, têm de optar entre a indecente complacência com Israel ou apoiar a criação do prometido Estado palestiniano.
Depois há que cuidar da estabilização económica e social, através do apoio financeiro ao desenvolvimento e do investimento e aprofundamento das relações comerciais.
Sem economia e sem trabalho não há esperança.

A Europa tem de optar decididamente pela garantia da paz, da segurança e da estabilidade económica e social nas margens do Mediterrâneo.
E isso não se faz sem restabelecer os Estados e a segurança de vida que só eles proporcionam.

------------xxx---------------
---: Quando o ESTADO desaparece, resta a BARBÁRIE (!!!)

... Ou quando o Estado é substituído pela anarquia das seitas (religiosas, milicias e/ou ...).

ou
Quando o Estado é reduzido ao Mínimo,
quando é Capturado por transnacionais, grupos Financeiros, oligarcas e Máfias, ...

------
http://economico.sapo.pt/noticias/estaticidio_216541.html


De Responsabilidades da UE, USA, UN e NATO. a 28 de Abril de 2015 às 10:01
Responsabilidades europeias na Líbia

(-por AG , 25/4/2015, Causa nossa)

Incomodando-me a responder, como pede o meu amigo Francisco Seixas da Costa, no seu blog "Duas ou três coisas", aqui http://duas-ou-tres.blogspot.com/2015/04/questoes-incomodas.html:

Os europeus TÊM, de facto, RESPONSABILIDADES pelo CAOS /santuário TERRORISTA em que se tornou a LÍBIA.
Não por terem ajudado a derrubar Kadafi - exercitado em usar desgraçados de refugiados e pressões migratórias como extorsão sobre a UE, além de manter sob terror o seu próprio povo.
Os europeus têm de se culpar não pelo que fizeram na Líbia post-Kadafi, mas pelo que NÃO fizeram:
antes de mais, por negligenciarem as necessidades de reforma do sector de segurança,
incluindo desarmamento e reinserção social das milícias líbias - o básico SSR/DDR.

Desmembrar as milícias e ajudar a criar forças de segurança sob comando central do governo líbio devia ter estado no topo da agenda da ONU e da UE na Líbia post-Kadafi.
Como escrevi e recomendei repetidamente nos relatórios que fiz das minhas visitas regulares à Líbia desde o início da revolução, enquanto relatora do PE para a Líbia (em Maio de 2011 fui a Benghazi e à linha da frente onde os líbios lutavam contra as forças de Kadafi, então em Ajdabia -
a Libia não foi "regime change" imposto de fora para dentro, como no Iraque em 2003..,
o povo líbio estava na rua a lutar contra o opressor).

Era óbvio que as MILÍCIAS seriam INFILTRADAS por organizações CRIMINOSAS e TERRORISTAS.
Era óbvio que os arsenais/ARMAS deixados por Kadafi estavam ao Deus dará, à mercê de ser encaminhados para as mãos de terroristas na Síria, Mali, etc se ninguém cuidasse de os guardar (ninguém na UE cuidou!...).
Era óbvio que não havia forças armadas, polícia ou sistema judicial na Líbia: não havia Estado com Kadafi, ele arrasava quaisquer instituições ou indivíduos que desafiassem o seu poder AUTOCRÁTICO.

A UE nunca sequer tentou organizar uma missão CSDP/Libia (como o PE recomendou) para controlar arsenais e cooperar com outros países (designadamente vizinhos) num programa de SSR/DDR, que UN também nunca lançou...
Apesar do último governo líbio de transição (Ali Zeidan) o ter repetidamente pedido, à UE e depois, já em desespero, à NATO: em vão...

A HR/VP da UE Ashton foi uma calamidade para a Líbia ( e não só...) -
estava às ordens de Cameron.... UK, França e Itália (a Alemanha também, embora menos - mais por omissão, do que por acção...)
têm principais responsabilidades por impedirem de ser lançada uma missão CSDP abrangente,
não apenas focada na segurança das fronteiras -
a EUBAM finalmente enviada não podia funcionar, como não funcionou, sem haver comando nacional das forças armadas ou policiais libias -
elas pura e simplesmente não existiam senão em nome: o que havia no terreno eram milícias...

UK, Itália e França preferiram apostar em colocar "advisers" nos ministérios líbios para assegurar o seu "business as usual"
- CONTRATOS de equipamentos, PETRÓLEO, 'CONSULTADORIA', etc, como faziam com Kadafi.
Competiram (por NEGÓCIOS CHORUDOS) entre si, em vez de COOPERAREM estrategicamente para AJUDAR a capacitar os líbios para a governação, a segurança líbia, regional e a ....segurança europeia.

Faltou-nos e falta-nos Europa, como o agravamento da TRAGÉDIA no Mediterrâneo demonstra.
E o pior é que o impacto do santuário TERRORISTA em que deixaram transformar a Líbia ainda está apenas a fazer-se sentir...


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