Tráfico de morte e indiferença
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Como em 2013, a expressão "nunca mais" volta a ser repetida. Como em 2013, quando morreram mais de 360 pessoas ao largo de Lampedusa, espera-se que algo seja feito, depressa, para minimizar o drama quotidiano das mortes no Mediterrâneo, a fronteira em paz onde mais se morre no mundo. O problema é que o que foi feito em 2013, a missão de resgate e salvamento Mare Nostrum, só durou até Outubro de 2014, quando a Itália pôs ponto final a operações que envolviam gastos de 9 milhões de euros por mês e que os parceiros europeus recusavam partilhar. Depois deste domingo, dia em que perto de 700 emigrantes se terão afogado no "Nosso Mar", já terão sido ultrapassados os 1600 mortos em 2015. (...) Um dos motivos invocados para não apoiar a Mare Nostrum, nomeadamente pelo governo de Londres, é a ideia de que uma operação que salva vidas encoraja o aumento da imigração. Algo que só quem não vê para lá das suas próprias fronteiras pode defender.» -- (- Sofia Lorena,
O «nosso mar» é um cemitério , a ler na íntegra)
A
indiferença continuada das instituições europeias perante a insuportável tragédia do Mediterrâneo não se distingue - na sua essência - da
indiferença continuada perante o sofrimento induzido pela austeridade, nos países em que a mesma é imposta e aplicada. Como se a Europa fizesse questão de dizer, e reiterar a todo o momento, que
as dívidas e as fronteiras estão sempre primeiro. (as
Pessoas e os
Direitos Humanos são retórica...) --
(-por Nuno Serra, 21/4/2015, Ladrões de B.) Há imigrantes ilegais ? (-Henrique Monteiro, no
Expresso, 20.04.2015: )
Todo o planeta TERRA é a nossa casa, é habitat de toda a Humanidade.
"Não sou ateniense, nem grego, mas cidadão do mundo"- Sócrates.
Crise no Mediterrâneo: a hipocrisia do Conselho Europeu
(- por AG, 29/4/2015, http://causa-nossa.blogspot.pt/2015/04/crise-no-mediterraneo-hipocrisia-do.html )
"Se a UE tem uma missão militar contra a pirataria no Oceano Indico, porque não mobiliza marinhas, guardas costeiras e forças aéreas dos Estados Membros para buscar e salvar vidas no Mediterrâneo?
para capturar e levar a julgamento os traficantes de pessoas e destruir-lhes os barcos?
Porque não tem políticas de migração e de asilo comuns, com vias legais para a imigração, que retire às redes esclavagistas o lucro da sua empresa assassina?
E que distribua os migrantes e refugiados equitativamente entre Estados Membros?
Porque é que o Conselho Europeu, indecentemente, deixa Estados Membros vender residência e nacionalidade em vistos dourados para estrangeiros ricos
e quer recambiar os pobres, que fogem da guerra, da opressão e da miséria?
E porque é que o Conselho Europeu não assegura que políticas externas coerentes, incluindo a política de desenvolvimento, que ajudem a resolver conflitos em vez de os agravar,
como na Síria e na Líbia, ou na Etiópia e na Eritreia, abandonando os povos à sua sorte?"
Quando é que a Europa pede ao Conselho de Segurança da ONU uma missão de paz que ajude a livrar a Líbia do terrorismo, da "proxy war" e a retornar à transição democrática?"
..(Minha intervenção no debate plenário desta manhã no Parlamento Europeu, sobre a resposta da UE à crise humanitária no Mediterrâneo)
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Conselho Europeu: nem sequer a face da Europa salva...
(por AG, 28/4/2015, http://aba-da-causa.blogspot.com/2015/04/a-ue-nao-salva-sequer-face-no.html )
Os Chefes de Estado e de governo da União Europeia que se reuniram em Bruxelas na semana passada, de emergência, deram uma resposta curta, insuficente e decepcionante para impedir que o Mar Mediterrâneo continue a tornar-se num monumental cemitério.
(...) Isto quer dizer que novos refugiados, a fugir da guerra na Síria, Somália, no Iémen, da opressão na Etiópia, Eritreia, no Sudão, em Gaza, do terrorismo na Nigéria e na Líbia, vão continuar a morrer perante a inacção dos governos europeus.
(...) Precisam estes governantes de que se lhes atire em cara o que disse o Papa Francisco no Parlamento Europeu:
"a dignidade da vida dos migrantes não pode ser encarada como mercadoria ou objecto de comércio".
Crimes contra o património cultural da Humanidade
(-por AG, 29/4/2015, http://causa-nossa.blogspot.pt/)
"A destruição de património cultural da Humanidade no Iraque, na Síria, na Líbia e no Mali, pelo barbarismo de bandos terroristas como o Daesh (/ ISIS / 'Estado Islâmico' ou AlQaeda ou ...),
constitui crime de guerra e contra a Humanidade.
É por isso alarmante que a comunidade internacional não se tenha ainda organizado para travar os terroristas do Daesh.
É alarmante que a própria UE não consiga fazer a diferença para travar os criminosos do Daesh nos países em que operam. Nem sequer no Iraque, onde alguns Estados membros estão envolvidos na assistência militar às forças curdas e outras que os combatem. Pois se nem se os europeus não se coordenam entre si! nem no plano militar, nem na ajuda humanitária, nem sequer no apoio as vítimas - incluindo mulheres e crianças yazidis, cristãs e de outras minorias que conseguiram escapar aos criminosos do Daesh.
O desígnio dos terroristas é apagar vestígios de culturas milenares pré-islâmicas no Médio Oriente. Se os líderes europeus persistem na descoordenação autista, preparemo-nos para pagar o preço também na Europa, com um crescendo de actividade terrorista e mais fanatismo, intolerância e radicalização nas nossas sociedades"
(Minha intervenção no debate em plenário do PE esta tarde, sobre "a destruição de património cultural perpetrada pelo ISIS/Daesh")
Falta-nos Europa no Mediterrâneo!
(- por AG , 12/52015, http://causa-nossa.blogspot.pt/ )
"Foi aqui dito pelo representante da Amnistia Internacional o que a UE precisa de fazer urgentemente para assumir obrigações legais e morais e travar a crise humanitária que está a transformar o nosso Mar Mediterrâneo num cemitério.
1o. - Abrir rotas seguras e legais para requerentes de asilo e migrantes económicos: é essencial, também, retirar o lucro às mafias traficantes de seres humanos.
2o. - Financiar e por em prática uma política comum de "resettlement" para refugiados e migrantes, reconhecendo até que vários países europeus, envelhecidos e em declínio demográfico - como Portugal - precisam deles. Tal como precisam dos seus próprios cidadãos, forçados também a emigrar, por políticas austeritárias desastrosas.
3o. - Atacar as redes traficantes, prendendo e levando a julgamento os seus agentes - se a UE tem uma missão de Política Comum de Segurança e Defesa no Índico contra a pirataria, como explicar que não tenha ainda accionado nenhuma no Mediterrâneo, coordenando marinhas, guardas costeiras, forças aéreas e outros meios para salvar vidas e combater as redes esclavagistas?
Na verdade, como poderemos vencer este desafio civilizacional, ou combater o terrorismo, ou ajudar a criar o Estado Palestino ou a resolver conflitos na Síria, no Iraque, na Somália, na Líbia e mais além, se não actuarmos na política externa europeia para que seja inteligente, coordenada, coerente e estratégica e não continue a negligenciar, ou a apoiar, regimes opressivos que forçam os seus cidadãos a fugir, como a Eritreia, Etiopia, os Sudões?
Precisamos de coordenação europeia e de coordenação com os nossos parceiros mediterrânicos para não continuarmos a agir de forma fragmentada e contraproducente, como foi frisado pela Sra. Farida Allaghi, com o exemplo do que fizemos, e do que não fizemos, na Líbia - onde descuramos a reforma do sector de segurança e o desarmamento das milícias, abrindo caminho a que fossem infiltradas por redes terroristas e criminosas.
Se não acorrermos hoje a ajudar a Libia, não haverá segurança na região para a Europa, nem para ninguém. Para isso precisamos de mais coordenação estratégica, de mais União Europeia, com mais solidariedade e sentido estratégico - que é o que não temos tido".
(Notas da minha intervenção, esta manhã, na Assembleia Parlamentar Euro-Mediterrânica a desenrolar-se na AR, em Lisboa)
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