Estudo a estudo confirma-se o falhanço estrondoso da estratégia da Direita
As eleições legislativas de 2011 serviram de ensejo para que a Direita levasse por diante o seu projeto há tanto tempo acalentado:
aumentar a exploração de quem trabalha garantindo que o patronato usufruísse de superlativas mais valias.
A seu ver resolveria à sua maneira os problemas estruturais padecidos pela economia portuguesa desde a viragem do milénio.
Na ótica neoliberal ao reduzir o custo da mão-de-obra conseguiria aumentar a produtividade e tornar mais competitivos os bens transacionáveis destinados à exportação.
A primeira tentativa para levar por diante esse projeto foi em 2012 com a célebre TSU, que visava transferir milhões de euros dos bolsos dos trabalhadores para os dos patrões.
A resposta dada a 15 de setembro na inesquecível manifestação, que inundou Lisboa de uma multidão de indignados, travou momentaneamente essa estratégia.
Nessa altura a Direita percebeu que teria de ser mais inteligente e não poderia impor os seus desígnios completamente à bruta.
Foi através da revisão do Código do Trabalho que conseguiu o mesmo resultado, como o demonstra um relatório do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, acabado de publicar.
Intitulado Austeridade, Reformas Laborais e Desvalorização do Trabalho esse relatório dá o exemplo de quanto terá perdido por ano um trabalhador cujo rendimento correspondesse à média nacional de 964,2 euros e concluiu que seria um valor entre 351,4 e 466 euros.
Bastou para tal que se alterassem as regras de retribuição pelo salário complementar, se mudassem as condições da isenção de horário, se eliminassem quatro feriados e se reduzissem três dias de férias.
O estudo sublinha que, ainda assim, se trata de uma estimativa quantificada por baixo por não incluir os cortes salariais e o aumento de impostos entretanto verificados.
Graças a essas políticas as empresas passaram a contar com mais 2,3 mil milhões de euros anuais, no que constituiu, segundo os autores do relatório, “uma apropriação gratuita de tempo de lazer dos trabalhadores, transformando-o em tempo de produção e, no caso do trabalho em feriados, na imposição mesmo de trabalho não-remunerado”.
Dois anos depois dessas alterações na legislação laboral está mais do que evidenciado quão erradas estavam as previsões dos seus promotores:
· as exportações não cresceram senão à conta da refinaria de Sines (que fora aprovada pelo governo de José Sócrates) e da Autoeuropa.
· o investimento estrangeiro continua a ser uma miragem, que nem a mudança do responsável da AICEP, nem os suspeitos cartões gold, nem os enfáticos anúncios de paulo portas conseguem iludir;
· os índices internacionais de produtividade e de competitividade agravaram-se em vez de aproximarem Portugal dos países, que pretendia imitar.
É fácil concluir que toda a fundamentação ideológica, que sustentava a estratégia de passos coelho faliu completamente e, como diz António Costa, ele não sabe nem quer aprender outra receita que não sejam os cortes nos rendimentos dos reformados e dos funcionários públicos ou o aumento de impostos.
Falhou estrondosamente a receita segundo a qual a solução para a economia portuguesa passaria pela destruição da classe média e pelo generalizado empobrecimento de quem trabalha ou de quem se julgava digno de respeito por uma vida inteira de descontos para usufruir uma reforma justa.
É por isso que urge a alternativa através de um modelo de crescimento e de desenvolvimento do país, para o qual se consigam mobilizar quem o deve protagonizar: as pessoas. Que definitivamente não são números em folhas de excel!
(-por Jorge Rocha , 18/6/2014, http://ventossemeados.blogspot.pt/ )
Breve retrato da clique que nos desgoverna
[Carlos Costa, do BdP, defende reformas antecipadas para modernizar empresas ]
Anda o governo a fazer constante campanha contra as reformas antecipadas e a até a penalizá-las duramente
e agora vem o Governador do Banco de Portugal, em geral unha com carne com o governo, dizer isto.
Muito mais do que o compreensível desabafo « vejam lá se se entendem», o que importa é reparar no confessado objectivo :
Empresas ganhariam (mais) com «TRABALHADORES jovens, mais BARATOS, mais FLEXÍVEIS» e produtivos (mais precários e sobre-explorados).
(-por vasco morais , 26/6/2014, http://sempunhosderenda.blogspot.pt/ )
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