17 comentários:
De Liberdade, segurança, religião, economia a 8 de Janeiro de 2015 às 10:54
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/
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Editorial do Figaro:
«Não nos iludamos. Se a França está hoje na mira dos loucos de Alá, isso já aconteceu noutros países livres e amanhã sucederá o mesmo noutros ainda.
No fundo, sob ataque não se encontra esta ou aquela nação:
encontra-se um certo modo de vida, um conjunto de determinados valores, uma civilização - a nossa -
que estabelece a plena igualdade entre a mulher e o homem, que faz do direito de consciência uma exigência não sujeita a negociação e elege a liberdade de expressão como imperativo absoluto
(...) Quando estamos numa guerra é preciso ganhá-la.»

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Mais inseguros e menos livres
por Pedro Correia, em 07.01.15

Este é o maior problema da Europa actual: a liberdade seriamente condicionada pelos seus mais encarniçados inimigos. Paris, outrora Cidade-Luz, é hoje cidade ensanguentada pelo fanatismo mais extremista.

Somos todos, a partir de agora, um pouco menos livres. E trocaremos cada vez mais parcelas de liberdade em troca de segurança. Dilema ilusório. Porque nos alicerces da nossa civilização - que o terrorismo islâmico combate sem tréguas - liberdade e segurança são conceitos indissociáveis. Um não faz sentido sem o outro.

Hoje estamos todos mais inseguros e menos livres. É um dia de júbilo para os cultores da barbárie, que não estão algures em parte incerta.

Estão aqui, no meio de nós.
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O dilema da liberdade
por Luís Naves, em 07.01.15

O atentado de Paris onde foi chacinada a redacção do Charlie Hebdo só pode provocar nos espíritos um imenso repúdio. Os terroristas atingiram o coração do mundo moderno, pois a ideia de liberdade fica associada ao medo. As sociedades ocidentais não têm solução fácil para ataques como este: podem evitar futuros atentados se criarem Estados mais securitários, tal como já acontece nos aeroportos (ninguém aceitaria viajar de avião sem passar pelos complexos procedimentos de segurança); as comunidades islâmicas serão vigiadas mais de perto e, um dia, os imãs perderão a liberdade de radicalizar crentes, com os sermões alterados e a doutrina censurada. Soa mal, mas para as sociedades ocidentais defenderem as liberdades, haverá redução da liberdade religiosa.

Sem políticas de imigração mais restritivas, os islamitas serão reforçados e isso implica menos tolerância com o actual estilo de vida dos europeus. Portugal não tem um problema de imigração e as pessoas aqui desconhecem a tensão que existe nos bairros franceses, sobretudo com o aparecimento de uma geração de jovens radicais islâmicos (tão franceses como os outros) que não têm qualquer intenção de viver numa sociedade liberal ou de aceitar a república secular. Os partidos populistas, como a Frente Nacional, estão a aproveitar a insegurança das pessoas, como aliás escrevi ontem, a propósito de um movimento espontâneo na Alemanha. Isto não tem nada a ver com a crise financeira, mas com religião e choque de culturas. As vítimas de Charlie Hebdo mostram que em muitos aspectos os terroristas já ganharam, pois a intolerância e o silêncio têm garras bem fundas.
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Soldados do Califado
por Luís Naves, em 08.01.15

O atentado de Paris contra o jornal satírico Charlie Hebdo foi também um ataque brutal às elites intelectuais francesas. A emoção da frase “somos Charlie” será inconsequente se não for acompanhada de uma reflexão. Os dois primeiros suspeitos do tiroteio chamam-se Cherif e Said Kouachi (à hora a que escrevo ainda não foram capturados). Os dois irmãos franceses de origem magrebina estavam referenciados pelas autoridades policiais, combateram na Síria e, no entanto, estes soldados do Califado regressaram tranquilamente a França, onde aparentemente obtiveram armamento de guerra. A ser verdade, como é que isto foi possível?

O ataque não visou exactamente a liberdade de expressão, pois os terroristas estão-se nas tintas para quem criticar a República ou o presidente Hollande. O ataque foi contra o direito de criticar o Islão, norma que não sabemos exactamente onde começa, embora seja nítido onde acaba. Os dois terroristas simbolizam o desprezo que o Islão radical tem pelo Ocidente, mas também a forma benevolente como a elite intelectual francesa (à excepção porventura de jornais como Charlie) tem tratado esse mesmo Islão ...


De Contra Xenofobia, Fanatismo, políticos.. a 8 de Janeiro de 2015 às 11:52
----- O fascismo da intolerância, 7/1/2015
(-por Carlos Roque, Maio de 2014)

comentário de ------andagulha 07/01/2015:

“as (famílias, cidadãos, empresas, comunidades de imigrantes) que vingam são as mais organizadas, habitualmente radicais e intolerantes”
isto é baseado nalgum estudo económico, ou é tirado do rabo?

“legislação da UE, superprotectora das minorias”
como assim? em que é que um cidadão de uma “minoria” (o que quer que isso seja) é beneficiado em relação a um cidadão de uma “maioria”.

“O cidadão comum europeu sente-se agredido por isto”
generalizar a tua opinião para a do “cidadão comum europeu” dá jeito, mas vale tanto como dizer eu dizer que “o cidadão comum europeu não concorda com este post”.

“muitos desses emigrantes serem crónicos desempregados”
não há europeus desempregados crónicos? é o que mais há por aí.
(acho que querias dizer “imigrantes”, mas estudar Português, está visto, não é o teu forte..)

“sustentados pelos regimes de rendimento mínimo e pensões”
“sustentados” pelos descontos que fizeram, se trabalharam para patrões que lhes deram contratos de trabalho e fizeram os descontos devidos.

“eles são agressivos no quotidiano”
“eles”? quem? todos os muçulmanos? todos os imigrantes? todos os estrangeiros? todos os que não pensam como tu?
outra vez a generalizar..

“A Europa em termos legais está manietada para lidar com esta ameaça de forma eficaz”
sim? e um link para a Decisão da Comissão em que se baseia esta decisão? um link para um decretozinho-lei?

“só o cidadão vulgar, que tem cada vez menos filhos, o sente na pele, pela proximidade com estas comunidades que cada vez mais se multiplicam”
hahaha!

“um problema que, para os cidadãos europeus, talvez seja o mais importante e assustador”
outra vez a generalizar a tua opinião para a opinião dos “cidadãos europeus”. neste momento o maior problema da Europa é o seu destino ser decidido pela alta finança, para quem o bem-estar dos cidadãos não é uma variável a maximizar.

“Os únicos que mostram toda a vontade de mexer na legislação (pelo menos…), são os da extrema-direita.”
sempre foram! sempre mostraram vontade de a mexer directamente para o lixo, em particular tudo o que tenha a ver com a liberdade dos cidadãos (a que chamas “fascismo da tolerância”).
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De 'jornalistas charlatados' ou caniches... a 12 de Janeiro de 2015 às 14:57
peu «Charlie»
(- http://jumento.blogspot.pt/2015/01/ils-sont-quand-meme-un-peu-charlie.html#disqus_thread )


Foi bonita a festa pá! Foi bonito de ver a festa do 1.º de Maio de 1974 na versão exclusiva para os jornalistas portugueses,
foi bonito de ver todas as redacções dos jornais portugueses reunidos para uma selfie colectiva depressa (ou nem tanto como sucedeu com CM) publicada na edição online.
É sempre bonito ver gente encher-se de bons valores como a solidariedade, a coragem, a defesa da democracia reunida para cantar ou para tirar um fotografia. Já todos cantámos o “We are the World”, em todas as redações se assistiu à instalação de palcos mundiais e todos combatemos a fome rindo e cantando.

Mas será que são mesmo todos Charlie ou o são um tanto ou quanto, um pouco de "Charlie", principalmente quando lhes convém aparecer na fotografia?

Os jornalistas que estão à porta do Estabelecimento Prisional de Évora massacrando todos os que tocam à campainha e quase quando apanham um visitante de Sócrates vão a correr procurar a ficha do visitante.
O marido da ministra, um rapazola que era jornalista do DN e agora se e que depois teve um emprego falhado na EDP e cujo passatempo é mandar mensagens SMS aos colegas que criticam a esposa será mesmo “Charlie”?

Será mesmo “Charlie” um conhecido jornalista que em tempos denunciou no jornal “i” o nome do autor deste blogue alegando que era procurado pela polícia, curiosamente na sequência de uma queixa do paulo macedo e de um "sócio" do Dias Loureiro, transformando aquela publicação num dazibao de bufaria?

São mesmo “Charlies” os muitos jornalistas que á primeira oportunidade abandonam a profissão para se instalarem em gabinetes ministeriais a troco de uma gorjeta e da promessa de altos cargos no futuro?
Será "Charlie" um jornalista que no DN acusa paulo Macedo de fuga ao fisco e hoje é aceesor económico do primeiro-ministro de um governo onde o mesmo Paulo Macedo (que no passado perseguiu gente por causa dessa notícia) é ministro da Saúde?

Serão "Charlies" os jornalistas que fizeram reportagens sobre jovens que se tinham convertido em terroristas do Estado Islâmico como jovens bem sucedidos
que viviam em bons apartamentos n Síria e compravam as melhores melhores guloseimas ocidentais com as metralhadoras à tiracolo, passando a outros jovens a imagem de sucesso num paraíso terreno?

Serão mesmo “Charlie” os jornalistas que em ruas escuras recebem de agentes da justiça cópias processuais com que
depois queimam arguidos em processos duvidosos destruindo-lhes o bom nome e condenados-na praça pública sem direita a julgamento e impedidos pela defesa por zelosos magistrados?

Serão mesmo “Charlie” os jornalistas que não perdem uma oportunidade para se venderem ou para lamber o traseiro aos empresários e gestores que dispõem de grandes orçamentos publicitários?

Serão mesmo “Charlie” os jornalistas que no passado davam graxa ao Ricardo Salgado comportando-se como caniches a lamber o dono e hoje são os primeiros a condená-lo?

Serão mesmo “Charlies” os jornalistas que no passado destruíram ou tentaram destruir a reputação de muitos políticos com falsas acusações e hoje aparecem como salvadores da pátria?

Quantos dos nossos “Charlies” de aviário seriam capazes de assinar um único cartoon do Charlie Hebdo,
quantos dos nossos “Charlies” se recusam a publicar as peças processuais de processos violando o segredo de justiça ao mesmo tempo que
ajudam as polícias a julgar fora dos tribunais, quantos dos nossos “Charlies” assinavam o famoso cartoon onde o António apresentava o papa polaco com um preservativo no nariz?

É fácil ser “Charlie” quando os corajosos são os outros, quando os que não se vendem são os outros, quando os que dão a cara em defesa dos valores da democracia são os outros,
quando os que não se vendem são os outros, quando os que não se oferecem para ajudar a polícia são os outros.
Quantos destes "Charlies" de ocasião correria o mais pequeno risco para defender valores ou em defesa de valores?


De Liberdade vs neoliberais a 8 de Janeiro de 2015 às 11:13
A extrema-direita portuguesa não está minimamente preocupada com um atentado à liberdade de expressão, que vitimou hoje vários dos seus heróis.
É uma guerra que não lhes assiste, a deles é económica e santa
(a dos neoliberais e sacrossantos mercados, privatizações, austeritarismo, destruição do Estado Social Europeu, globalização desregulada, paraísos fiscais, ...).

Assim a indignação virou-se contra esta afirmação de Ana Gomes :

#CharlieHebdo – Horror! Também o resultado de políticas anti-europeias de austeritarismo: desemprego, xenofobia, injustiça, extremismo, terrorismo.


De Religião, barbárie e política de Direita a 8 de Janeiro de 2015 às 11:32
Evitar confundir religião com bárbara escumalha…

07/01/2015 por António de Almeida

Questões de fé, neste caso o Islão, nada têm a ver com a barbárie ocorrida hoje em França.
Segundo a própria doutrina, a prática religiosa deve ser livre e não contempla os actos de violência
que algumas bestas teimam utilizar em prol do fanatismo, visando o condicionamento das sociedades, buscando o confronto de valores, graças à visão distorcida dos livros sagrados.

O ódio ao muçulmano será a pior resposta que a civilização ocidental pode optar.
Nesta matéria há que continuar afirmando e praticando os valores da Liberdade,
sem atender a raça, convicções políticas ou religiosas e outras,
nem descurar naturalmente a acção policial na prevenção, repressão e severa punição judicial dos vermes que praticam hediondos atentados terroristas.

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Charlie Hebdo – a barbárie mora ao lado

07/01/2015 por Fernando Moreira de Sá

... ... O problema é grave. Por força do comportamento extremista alucinado de uma minoria no seio das centenas de milhar de muçulmanos que vivem e trabalham na Europa, os partidos radicais estão a ganhar votos e poder. A Frente Nacional está a um passo de vencer as eleições legislativas francesas. É fundamental que a comunidade muçulmana na Europa lidere a batalha contra o terrorismo. É a única forma de evitar a escalada vitoriosa do radicalismo oposto. É sintomático que hoje, em França (e na Alemanha, na Bélgica, na Holanda, etc.) sejam outras comunidades outrora olhadas de lado (africanos, asiáticos, etc.) a apoiarem os partidos que defendem medidas radicais contra as comunidades muçulmanas.

Uma coisa é certa, por este andar vamos todos ser derrotados pelos radicais de um e outro lado. E o dia seguinte será negro…
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Para começar, deus não existe

07/01/2015 por João José Cardoso

E para continuar, essa que é a pior invenção de sempre da humanidade não pode continuar a ter fanáticos.
A bem, mas de preferência a mal.

Sois merda, abaixo de cão 1000 vezes, e não temos medo.
Mais vale morrer de pé do que viver de joelhos ou de cu para o ar.
E ficai sabendo, ó canalhas, que Charb, Cabu, Tignous e Wolinsky é que foram hoje directamente para o paraíso da imortalidade.


De fanatismo vs securitismo a 8 de Janeiro de 2015 às 12:26
----- Admito perfeitamente que o Charlie Hebdo irrite muita gente muitas vezes.
Também me irrita a mim muitas vezes:
irritam-me publicações do tipo do Charlie Hebdo.
Irrita-me o engraçadismo em geral, para usar a expressão de Pacheco Pereira.
Também frequentemente me irritam o DN, o Público, o Expresso, A Bola, o Record, o Jogo e, menos frequentemente (porque não os levo tão a sério), o Correio da Manhã e o Sol.
Mas isto é um problema meu. Só meu.
... ...

------- L.Lavoura:

Em Portugal o Charlie nunca teria sido destruído à bomba nem os seus caricaturistas mortos.
Teria sido destruído por sucessivos processos em tribunais e os seus caricaturistas arruinados por pedidos de indemnizações.
É a liberdade de imprensa à portuguesa.
Com a concordância do Filipe.

Liberdade, anonimato e crítica não podem ser crimes !

Nós rejeitamos esta criminalização kafkiana dos movimentos sociais, das manifestações pacíficas, da crítica em jornais ou em redes sociais,
e a implicação ridícula e extremamente alarmante de que proteger a sua privacidade na internet seja equivalente a terrorismo.
--por Riseup


De USA e Europeus fomentaram extremistas... a 8 de Janeiro de 2015 às 12:38
A "linda Primavera Árabe" chegou a Paris

(-por OJumento, 7/1/2015)


Recordo-me de quando os russos enfrentavam os extremistas islâmicos na Chechênia ouvir muita gente clamar contra o ditador russo
e fazer referências elogiosas aos defensores da democracia que lutavam contra o opressor russo.

Mais tarde voltei a ver o Ocidente empenhado naquilo a que designaram por Primavera árabe, depois da Tunísia e da Líbia, a Primavera instalou-se na Praça Tahrir, que atraiu os jornalistas de todo o mundo
até ao dia em que uma jornalista americana se sentiu violada com tanta apalpadela no rabo.

Hoje os tais democratas chechenos executam ocidentais
muito provavelmente com armas provenientes os arsenais da Líbia, os mesmos arsenais que deverão estar servindo para raptar centenas de crianças na Nigéria.

Aliás, até ao dia em que o "Estado Islâmico"/Califado ... degolou um americano e se aproximou de Bagdade, era tratado na imprensa ocidental como um dos movimentos que lutavam heroicamente contra o ditador sírio.

Mas bastou o Estado Islâmico cometer o erro de degolar americanos e ingleses, para que a Europa reparasse nos crimes daqueles que durante anos foram libertadores, democratas e anunciadores de primaveras,
só faltou mesmo apresentarem um soldado do EI com um cravo no cano de uma AK47,
a mesma AK que hoje matou 12 franceses em Paris.

De um dia para o outro a Europa que andou a ajudar os extremistas,
chegando ao ponto de usar os seus bombardeiros na Líbia
acordou para um novo pesadelo, as suas cidades estão cheios de jihadistas.
Já não são células da Al Qaeda em comunicação com o Afeganistão e mandando os seus membros para treino no Paquistão.

E nem sequer são apenas filhos de emigrantes muçulmanos,
são também cristãos que se convertem a islamismo de um dia para o outro e há mesmo registo da adesão (na internet) ao Estado Islâmico. ...

Estes jihadistas não recebem comunicações nem treinos,
convertem-se ou radicalizam-se, como agora se diz, Vêem as mensagens religiosas no Youtube e obedecem a um apelo generalizados para atacarem onde quer que estejam.
Não há sistema de escutas ou de infiltração que valha aos serviços secretos ocidentais
contra os milhares de “lobos solitários”, o termo usado na revista do EI, a “Dabiq”, onde recebem a ordem de atacar nos países ocidentais.

Bush promoveu a destruição do Estado iraquiano,
Obama promoveu a destruição dos Estados sírio e Libío
com a ajuda de idiotas como o François Holland, Merkel, PM inglês, ... isto é, destruíram os maiores adversários do extremismo islâmico,
agora pagam o preço da irresponsabilidade e incompetência.
Um novo terrorismo acabou de entrar na Europa, a Primavera Árabe chegou a Paris e logo no primeiro dia morreram tantos franceses quantos os extremistas islâmicos que o EI perdeu ontem na batalha de Kobani.

Em pouco tempo os imbecis que governam os EUA e uma boa parte da Europa
destruíram um modelo social, conduziram as economias para um beco
e agora abriram a porta ao terrorismo a uma escala nunca vista,
já só falta esperar por ataques generalizados dos extremistas admiradores do EI a atacar por toda a Europa
e desta vez nem Portugal se escapa desse ódio, pois o Al Andaluz está no centro das reivindicações extremistas.


De Somos todos cidadãos... a 9 de Janeiro de 2015 às 09:13
Hoje em Lisboa: Somos Todos Charlie! ...


(uma pistola-metralhadora não é uma religião. )


Hoje, em Lisboa, celebrámos um minuto de silêncio pelos jornalistas/cartoonistas (e 2 polícias)assassinados do jornal "Charlie Hebdo" e

levantámos a voz pela
Liberdade, a Democracia, a Tolerância, a Liberdade Religiosa, a Igualdade e a Liberdade de Expressão! ...
porque não podemos pactuar com a eliminação dos Direitos Humanos e
a redução do exercício de uma Cidadania Livre e Plural em nome do medo, do terror, do ódio, da morte e dos fundamentalismos!

Hoje, Todos Juntos!, dissemos: Eu Sou Charlie! Eu Sou Ahmed!... Hoje: Somos Todos Charlie!

(-por Ana Paula Fitas, A nossa candeia, 8/1/2015)


De Deter a máquina assassina. a 9 de Janeiro de 2015 às 09:47
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Ahmed Merabet

Ahmed Merabet

Quando voltarem a ler a palavra muçulmano (ou islão) referindo os assassinos wahabitas / fanáticos islamitas, honrem o nome deste (polícia francês) muçulmano que à queima-roupa também caiu pela liberdade.

---- Era isto que os assassinos queriam:

Vários ataques a locais de culto muçulmano em França. Conseguiram, porque o filhodaputa não tem lado, é omnipresente.
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------ Do Charlie Hebdo ao Syriza: o regime contra-ataca
(08/01/2015 por Iohannes Maurus*, Aventar)
...
... As justificações “objectivas” do racismo são produtos duma violência racista sobre os corpos e as mentes que cria a raça inferior,
assim como a relação social de escravidão criava o “escravo por natureza”.
O racismo é sempre um discurso performativo, um discurso que cria os seus próprios objectos.

O mesmo deve ser dito do “terrorista islâmico”:
também é um produto duma relação e dum olhar, o resultado dum cruzamento atroz de olhares.
Não estão aqui em jogo nem o Islão, nem o Cristianismo, nem um suposto enfrentamento de civilizações, antes uma relação colonial que produz os seus próprios sujeitos.
Isto não torna bons nem de modo nenhum justifica os assassinos torvos e obscurantistas que assassinaram ontem alguns dos melhores humoristas gráficos da Europa,
antes pretende situar no seu contexto real o que ontem aconteceu, convidando-nos a sair do círculo vicioso e a nos submetermos ao ditado dum poder colonial que quer continuar a reproduzir uma fractura entre um Nós e um Eles.

O beneficiário directo destes crimes não será directamente o FASCISMO (e a xenofobia), mas o conjunto do regime NEOLIBERAL e as suas relações neocoloniais tanto internas como externas.
O primeiro a abrir a boca para se aproveitar do sangue derramado foi, não Marine Le Pen, mas o infame primeiro-ministro da Troika na Grécia, Samarás, que
afirmou que este atentado é o resultado do “laxismo” em matéria de imigração proposto pelo Syriza e pelas esquerdas europeias.

De certo modo, o atentado de ontem, como o dum já remoto 11 de Setembro, fala, através dos corpos dos humoristas ontem assassinados, ao conjunto das forças sociais que hoje na Europa, de forma cada vez mais potente, questionam este horror.

Há que deter os assassinos, mas sobretudo há que deter a máquina que os produz.

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E já que falamos de LIBERDADE de imprensa (e JORNALISTAS) – e parece que a maioria de nós não tem dúvidas sobre quanto precisamos dela –
aproveitemos para falar também dos DESPEDIMENTOS massivos de jornalistas – entre eles os mais experientes, os mais qualificados, os mais incómodos – ,
dos cronistas silenciados pela VOZ do DONO, das agendas obedientes aos interesses FINANCEIROS, da situação precária de tantos profissionais.

Falemos de tudo isto agora, que o tempo já não é não muito, ou não fosse tudo isto também Charlie.

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De Liberdade de expressão e ... aproveitame a 12 de Janeiro de 2015 às 10:03
------- Dos cinismos

O pessoal político que se reuniu em Paris para fazer o boneco e desfilar alguns cinquenta metros que proporcionassem, em nome da “liberdade de informação”,
imagens de arquivo que possibilitem ao Presidente francês falar de “Paris, a capital do Mundo”
e dar-lhe, à boleia do massacre feito aos cartoonistas, polícias e uma mão cheia de gente que estava no local errado à hora errada,
deve estar a fazer a sesta que antecederá a fotografia de família a realizar no Eliseu, ou em qualquer outro espaço acético longe da populaça que enche a rua.

Por outro lado, os aproveitamentos políticos feitos pelas extremas com vista a levarem a cabo o retrocesso civilizacional que há uma década pretendem para a Europa fazem o seu caminho.

As vítimas de tudo isto pouco mais são do que utilidades para que assim seja.

E, já agora, façam o favor de serem mais correctos. O que está em causa é a liberdade de expressão e não a liberdade de informação.
Aliás sobre a liberdade de informação há muito que estamos conversados.
Basta ver as políticas que neste mesmo caso existiram sobre o período de embargo de informações, incluindo o que foi feito a entrevistas realizadas com os selvagens que levaram a acção a cabo.

É que confundir essas duas liberdades é cometer um erro básico.
LNT

------ É o que temos
... ...
É isso, e a memória curta que permite a essa gente repetir incessantemente que estamos perante um dos mais sangrentos ataques terroristas ocorridos na Europa enquanto fazem por esquecer terrorismo de sinal contrário,
p.e., o que um Anders Behring Breivik há dois anos executou e em que, depois de ter feito explodir 8 pessoas e vários edifícios, andou a caçar sessenta e tal jovens numa ilha Norueguesa.

Sim, sei que a Breivik chamaram de “serial killer”.
LNT, 11/1/2015
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. Não SPA, tu não és Charlie
por jonasnuts, em 09.01.15

Sociedade Portuguesa de Autores.jpg

Deixa-me explicar-te, SPA, porque é que tu não tens o direito de ter "Somos Charlie" no cabeçalho da tua página. O "Somos Charlie" ou, como a maior parte das pessoas diz "Je suis Charlie" é uma afirmação contra os terroristas, a favor da liberdade de expressão.

E, a não ser que tu sejas como o outro que diz, olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço, não podes ter essa imagem no cabeçalho da tua página.

Uma entidade que manda um dos seus directores falar com alguém com poder para pressionar um blogger ou, suponhamos, uma blogger, e ameaçá-lo (ou ameaçá-la), porque ele (ou ela) escreve coisas de que a SPA não gosta, não é uma entidade que possa ter um "Somos Charlie" no seu cabeçalho.

Porque, cara SPA, ou há moralidade, ou comem todos.

E isto não é um post de alegadamente, de ouvir dizer, ou de diz-se que. Isto é um post de eu sei.

Ganha vergonha na cara SPA, senão por outros motivos, pelo menos por este.

"Somos Charlie" o tanas (que a minha mãe não gosta que eu diga palavrões, embora me apeteça muito).
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(-por: Helena, conversa2, 8/1/2015)

a Marie Le Pen já se está a aproveitar desta tragédia.
E já fala em reintroduzir a pena de morte em França. ( em 'controlar' fronteiras aos imigrantes/estrangeiros e alterar o Acordo de Schengen ).
Os ataques aos nossos valores mais importantes somam e seguem, e nem todos são perpetrados por terroristas muçulmanos. Temos de permanecer vigilantes.

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Ahmed Merabet

Escolhendo ser Charlie, junto-me à onda global de repúdio pelo ataque ao Charlie Hebdo.
Escolhendo ser Ahmed, dou mais visibilidade ao grupo imenso de muçulmanos que partilham os meus valores.
A carga simbólica deste "je suis Ahmed" é extraordinária:
um muçulmano que era cidadão francês, que escolheu como profissão tornar o meu mundo mais seguro, e que perdeu a vida nessa missão.
Se é para falar em mártires, este é um deles - e espero que no céu haja recompensa para ele.


De "Je suis Zé T." -Humor TITANIC. a 12 de Janeiro de 2015 às 10:19

je suis Titanic

(-Helena, 10/1/2015,

Em jeito de entrada: como comentou M.Sonneborn, eurodeputado e antigo chefe da revista satírica alemã Titanic, a tragédia do Charlie Hebdo?
- Isto na Titanic nunca teria acontecido - só temos 6 redactores.

Live ticker em causa própria

+ Na sequência do ataque à revista satírica francesa Charlie Hebdo, a redacção do TITANIC reage com solidariedade ("Ai!") e firmeza ("Continuaremos a fazer piadas – logo a seguir ao almoço!")
+ UPDATE: Já há mutilados, e dores de cabeça devidas a telefonemas irritantes ("Olá, o meu nome é Gamperl, do Tittlinger Wochenblatt, será que nos quer fazer uma declaração?") e à leitura de comentários no facebook ("Seus covardes, porque é que não se deixaram matar?? Estão com medo, ou quê?")
+ UPDATE: A pouco e pouco, na redacção cresce a convicção de que o assassínio "em princípio não é uma boa ideia", e ataques a revistas satíricas são "desagradáveis".
+ AVISO TERRORISMO: está marcada para as quatro da tarde uma reunião na redacção do TITANIC, na qual participarão também media privados e do sistema como RTL, Hessischer Rundfunk, Frankfurter Rundschau e outros. Para os terroristas, esta é uma oportunidade de eliminar não apenas uma redacção satírica, mas também toda a imprensa mentirosa alemã. Haverá sanduíches (no fim)!

o humor!
por Tim Wolff, Chefe de Redacção TITANIC

Perante o horror dos assassínios em Paris é necessário repetir o fundamental sobre a comédia e a sátira. A nossa experiência no Titanic tem mostrado que não são apenas os terroristas islâmicos que desconhecem alguns conceitos essenciais.
A comédia é, antes de mais, um meio de reagir ao peso da vida que nos atinge mesmo quando ninguém está a disparar numa Redacção - na melhor das hipóteses, um meio de continuarmos a ser senhores de nós mesmos. E quanto mais difícil for o momento, mais importante é o humor.
A comédia cria distância em relação a situações opressivas, permite falar de modo pouco sério do que é seriamente insuportável - e assim combater o pavor.
Muitos dos que não entendem a comédia - sejam eles fundamentalistas islâmicos, racistas ou jornalistas alemães medianos - incorrem frequentemente no erro de tentar reduzir uma piada a um núcleo não-cómico, sério (e muitas vezes também baseado num mal-entendido).
Uns, porque querem eliminar a piada; outros, porque acreditam que a sátira e a comédia a propósito de temas sérios só são adequadas se forem "valiosas" ou "espirituosas" ou algo do género.
Naturalmente é mais bonito quando a comédia transporta uma mensagem sábia, mas mesmo quando isso não acontece ela mantém o seu valor.
A maior parte das pessoas devia saber isso, porque o praticam em privado. Muitos dos cerca de cem jornalistas que ontem me contactaram para entrevistas ou comentários, usaram expressões como "não o quero invadir" ou "agora pode disparar em todas as direcções".
Qual foi a sua reacção, quando se deram conta do que estavam a dizer involuntariamente e de modo rotineiro? Riram-se.
Não porque tivessem feito humor à custa dos humoristas assassinados, mas porque descobriam que as suas expressões habituais, num contexto diferente, ganhavam um significado que não deviam ter. Não se trata de uma mensagem valiosa, mas por uns instantes retirou poder à gravidade do momento.
Talvez seja o motivo pelo qual os fanáticos, em especial os religiosos, desprezam a comédia.
Eles representam uma verdade única, eterna e extremamente séria, e o humor - independentemente de quão inteligente ou engraçado possa ser, no caso - ameaça essa verdade.
A religião (e algumas outras crenças) é loucura disfarçada de racionalidade; a comédia e a sátira é racionalidade disfarçada de loucura.
Não se podem entender. É por esse motivo que os representantes da Santa Seriedade enfrentarão sempre a comédia com raiva. E estão no seu direito.
Desde que usem as mesmas armas dos satíricos: palavras e imagens. Em vez de metralhadoras.

A frase "viva o humor!" é cada vez mais importante, nomeadamente a partir dos acontecimentos de ontem. Viva o humor. O inteligente. O pateta. O que fizer rir as pessoas.
E para quem não gostar dele, esta resposta é cada vez mais importante: aguentem ou ignorem. Vocês não se vão tornar donos da comédia !


De Irresponsáveis são certos políticos a 12 de Janeiro de 2015 às 10:43

[08.01.2015]
Depois do atentado: a reacção dos mercados

[Por falta de tempo, não vou traduzir - são piadas sobre a queda do valor das acções da Citroën, e a subida nas empresas (de lápis, canetas, ...) Faber-Castell, Edding, Pelikan e sobretudo no grupo francês BIC. Etc.]

[09.01.2015]
In other news

Futebol: (...)

Grécia: Sem que o mundo se desse conta disso, anteontem os gregos regressaram ao dracma.
À tarde assistiu-se a um milagre económico, ao anoitecer o país soçobrou na decadência, desde esta manhã o Estado-Gyros está oficialmente falido.

Tradição de ano novo: Como todos os anos, ontem Angela Merkel "estendeu-se a fundo no esqui de fundo" (citámos o porta-voz do Governo Steffen Seibert).
Os cidadãos alemães são de novo convidados a ir em peregrinação até à cama da chanceler doente, em Berlim, para esfregar o seu cóccix (2014: fractura da bacia). Em especial os adeptos da CDU acreditam que isso lhes trará sorte para o ano de 2015.

Pegida: Os organizadores dos Ocidentais Preocupados preparam para as manifestações da próxima segunda-feira algo realmente especial:
tendo em conta o que aconteceu em Paris, e para darem um sinal inequívoco sobre a liberdade da imprensa e da sátira,
planeiam fazer um suicídio colectivo no centro de Dresden. Como habitualmente, a imprensa mentirosa não noticia estes factos...
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As 2 versões de Une de Charlie Hebdo: uma "responsável", outra "irresponsável"

http://www.huffingtonpost.fr/2012/09/25/les-unes-charlie-hebdo-responsable-irresponsable_n_1912107.html
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... e agora seriedade s.f.f., para a nova capa (e páginas) do jornal:

[ Fini de Rire !
CHARLIE HEBDO

... Journal RESPONSABLE ... ]

(fica em branco)

------------- por oposição ao :

[ CHARLIE HEBDO
.Journal IRRESPONSABLE.

(com caricaturas e comentários Humorístico-Satíricos !) ]

------------- a escolha é sua !!


De Sharia e fanáticos bárbaros a 12 de Janeiro de 2015 às 11:59

Eu sou : Raif Badawi e . Suad-al-Shammari

(-10/1/ 2015 Júlio, http://aspirinab.com/ )

Mais terrorismo religioso, desta vez sem kalashnikov.

Raif Badawi, um blogger saudita que “insultou o islão” recebeu ontem, sexta-feira, numa praça da cidade de Jidá, as primeiras 50 de 1000 chicotadas, que serão escalonadas ao longo de 20 semanas.
O seu crime, pelo qual foi condenado também a 10 anos de prisão, foi ter-se insurgido, no blogue que fundou com a activista dos direitos das mulheres Suad al-Shammari, contra a influência da religião na vida pública do seu país.
Já tinha sido acusado no passado de “renúncia à fé”, um “crime” que pode levar à pena de morte.

. Suad-al-Shammari está presa na Arábia Saudita desde Outubro passado porque tweetou que
a sociedade saudita era masculina e que a religiosidade de um homem não se mede pelo comprimento da barba.
Um “clérico” saudita quer que ela seja condenada a perder uma mão e a vista.


De Laicidade e Liberdade de expressão, ... a 12 de Janeiro de 2015 às 11:26
Da República: Laicidade e Liberdades Religiosa e de Expressão!

A República é Laica e integra, a título de Direitos Fundamentais dos Cidadãos, a Liberdade Religiosa e a Liberdade de Expressão! ...
Portanto, o que está em causa não é a Liberdade Religiosa mas, a Laicidade e a Liberdade de Expressão que, legitimamente, fazem parte dos valores civilizacionais e culturais que defendemos
e que a solidariedade com as vítimas dos assassinatos de Paris e do Charlie Hebdo manifesta.
A Lei que orienta os Estados de Direito é igual para Todos e deve, por isso, ser respeitada por Todos!
Por isso, o que, por estes dias, se julga e se condena não é qualquer pensamento ou prática religiosa mas, a forma criminosa que os atentados terroristas e os assassinatos materializam!
Muitos Estados muçulmanos vivem/viveram sob regimes laicos (Jordânia, Tunísia, Turquia, Iraque, Síria e o próprio Irão, para dar só alguns exemplos)
que o Ocidente não soube ajudar, apenas e só pela defesa dos interesses económico-financeiros imperialistas
e a pretexto (dissimulado!) da defesa do Estado de Israel,
a partir de contra-informação a que a ignorância cultural dos protagonistas políticos não soube responder, com inteligência e justeza (LER AQUI).
De igual modo, condenámos e condenamos, cultural e civilizacionalmente, a pena de morte e a discriminação!
Por isso, há que manter o discernimento, de modo a não acelerarmos o retrocesso social posto em marcha pela referida ignorância cultural que predomina na política contemporânea e que a constante e progressiva perda de Direitos dos Cidadãos, evidencia.
Viva a República!
Viva a Democracia!
Viva a Liberdade!

Das palavras de A. Rimbaud à voz de S. Regianni, fica a sonoridade de um percurso entre a liberdade individual e a ideologia do poder...

(- por Ana Paula Fitas , ANossa candeia, 11/1/2015)


De Charlie Hebdo, 14/1/2015 acesso a 16 de Janeiro de 2015 às 17:09
14.1.15
O número de hoje de Charlie Hebdo – na íntegra


Charlie Hebdo 1178 Du 14 Janvier 2015-1

http://pt.scribd.com/doc/252621854/Charlie-Hebdo-1178-Du-14-Janvier-2015-1

(via: http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/2015/01/o-numero-de-hoje-de-charlie-hebdo-na.html )


De Eu sou apenas ... Humano. a 3 de Fevereiro de 2015 às 12:20
31/01/15

Linhas de esperança. Eu sou Lassana Bathily.
por Jorge Valadas

Como dizia o poeta surrealista belga, o tempo que passa só produz passado (Le temps ne fait que passé). A máquina mediática não tem tempos mortos, mesmo quando se trata da morte, e a actualidade devora a actualidade, o presente apaga o passado num turbilhão que nos impede de pensar o futuro. Como num blog onde os posts se sucedem aos posts…

Umas semanas apenas após os massacres de Paris, o que faz hoje a actualidade é o mundial de andebol, a gravata perdida do Tsipras, os combates na Ucrânia, os assassinatos do general Sissi, a nova lei do socialista Macron (antigo banqueiro de negócios, o que, como se sabe, é compatível com o socialismo moderno) que destrói o Código do Trabalho, o desemprego que continua a subir, a subir…
Nas ruas, em frente das escolas, nos transportes, o cidadão médio vai-se habituando a ver o exército armado. Mais do que antes, menos do que amanhã... É a nova moda, é a guerra que chega a casa.
Só que, com mais de 9 000 soldados em operações externas, não há mercenários que cheguem para os controlos e protecções, se por acaso elas vierem a prolongar-se… Aliás, o presidentezinho fala na possível necessidade de chamar os reservistas, se necessário.
Há também o discurso sobre a necessidade de instaurar um novo Serviço Civil obrigatório, o que juntaria o útil ao agradável, pois seria também uma «solução» para o desemprego dos jovens. Não há que esquecer que está tudo relacionado…

Quero aqui voltar ao passado recente para vos falar do futuro possível.

Naquela tarde do dia 9 de Janeiro 2015, Lassana Bathily estava na cave do Supermercado cacher a arrumar os frigoríficos. Na mesma cave onde ele, muçulmano praticante, tinha por hábito estender o seu tapete e fazer as orações. O gerente judeu, também religioso, era um homem tolerante e autorizava o seu empregado a interromper o serviço para agradecer a Deus. Porque o comércio e Deus são coisas compatíveis, qualquer que seja a religião. Como o socialismo e os banqueiros. Eis senão quando, Lassana vê descer para a cave um magote de clientes a fugir dos tiros que já se ouviam no supermercado. Lassana percebe que a situação é grave. Propõe aos fugitivos fazê-los sair para o exterior pelo elevador de serviço. Apavorados, homens, mulheres e crianças, recusam. Então, Lassana abre as camaras frigoríficas e fá-los entrar, corta a electricidade e aconselha-os a abrir umas garrafas para passar o tempo. Ideia subversiva para um muçulmano praticante.

Lassana Bathily chegou ainda jovem do Mali. Sem papéis, faz a sua escolaridade numa escola técnica do norte de Paris, um bairro não muito afastado daquele onde viviam os rapazes perdidos que procuraram resposta ao vazio dos seus espíritos no fanatismo mórbido e que acabaram por cometer o massacre.
Lassana, sempre em risco de ser preso pela polícia e de ser expulso, foi ajudado na escola pelo grupo local da RESF (Réseau education sans frontières) constituído por professores, pais de alunos e alunos.
A RESF é uma rede nacional de grupos de base, independente dos partidos e organizações sindicais burocráticas, que constitui sem dúvida um dos acontecimentos mais luminosos dos últimos anos e que faz um importante trabalho de solidariedade e de apoio junto dos jovens estudantes imigrantes que vivem e estudam sem documentos.
A RESF acabou por obter documentos provisórios para Lassana, que passou a ser um dos membros activos do grupo local.
Com efeito, o princípio de funcionamento solidário da REFS é que, quando somos ajudados, devemos depois ajudar os outros.
Lassana aprende o ofício de pedreiro e de pintor de construção civil, joga futebol, adora a música e é um tipo muito popular na escola. Em 2009, vê-se de novo em perigo de perder o direito de residir em França.
Mas Lassana é um combatente, vai a tribunal, defende-se ele próprio (com a ajuda dos seus camaradas da RESF) e obtém novos documentos. Obrigado a trabalhar para viver, interrompe os estudos mas continua a apoiar o comité local da RESF e os camaradas que precisam da sua ajuda. Depois, acontece o dia 9 de Janeiro de 2015…

Lassana consegue escapulir-se do supermercado. Cá fora, escapa à morte uma segunda vez. Por um triz. Lassana tem uma cor de pele suspeita, ...


De Eu sou. a 3 de Fevereiro de 2015 às 12:24
( http://viasfacto.blogspot.pt/2015/01/linhas-de-esperanca-eu-sou-lassana_31.html )
...
... ... uma cor de pele suspeita, está no momento errado no lugar errado e a máquina policial pensa que ele é um acólito do fanático que ataca o supermercado. Algemado, preso, deve a sua libertação ao facto de os sobreviventes escondidos no frigorífico terem contactado a polícia pelo telefone e a terem informado do papel de Lassana. No interior, o terrorista tinha executado o seu melhor amigo, um colega de trabalho judeu com quem Lassana partilhava o prazer de ouvir musica Africana. Dias depois, foi a recuperação oficial com grande acompanhamento mediático. Lassana é naturalizado com grande pompa pelo Sr. Valls, recebe os seus papéis e o passaporte francês do Sr. Hollande e é apresentado ao país como o herói do momento. Lassana recusa a «Legião de Honra». Os documentos e a naturalização já lhe chegam e ele deve ter uma ideia do que são esses bichos da política! E esclarece: «Não sou um herói, sou o Lassana Bathily!». A um jornaleco insistente diz esta frase enorme que deixa envergonhados os senhores do mundo: «Eu não salvei Judeus, eu salvei Seres Humanos!».

Com Lassana Bathily passamos dos valores deste sistema aos valores da humanidade. A solidariedade e a fraternidade. Não a da República podre e corrupta e dos frontões das escolas e das câmaras, mas da vida real dos explorados e marginalizados. Os que recusam fecharem-se no ódio e na morte do fanatismo, os que se elevam à dignidade humana. E que nos elevam assim também. Lassana já não é notícia. Está de férias no Mali para visitar a família e quando voltar vai procurar trabalho como pedreiro. Não vai ser fácil. Mas ele tem a força do que é, do que fez. Vai provavelmente continuar a fazer as sua rezas e a ouvir música. E continuar com os seus amigos da RESF, os quais têm cada vez mais gente para ajudar, jovens estudantes sem papéis, alguns agora a dormir na rua… aos quais não chega a fraternidade e a solidariedade do Estado e dos senhores da sociedade.

Esta é uma história rica de esperança. Que mostra que a sociedade francesa tem muita energia de resistência a oferecer e a opor à morte e ao ódio, às falsas respostas do fanatismo religioso e do nacionalismo e da união nacional. Formas opostas de um mesmo desejo de poder opressivo num sistema em decomposição lenta.

Lassana Bathily é um grande Senhor ! Um desses seres que nos mostram que é na luta e na oposição ao mundo, tal qual ele é, que reside a vida; que mesmo no meio do horror os sinais de generosidade e de humanidade se podem manifestar; que um mundo diferente, com valores diferentes, é possível.

E é por isso que somos todos Lassana Bathily!


Pode-se ler um texto (em Francês) sobre Lassana Bathily escrito por um dos seus professores e camaradas do grupo local da RESF:

http://www.bastamag.net/Lassana-lyceen-sans-papiers-devenu


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