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Editorial do Figaro:
«Não nos iludamos. Se a França está hoje na mira dos loucos de Alá, isso já aconteceu noutros países livres e amanhã sucederá o mesmo noutros ainda.
No fundo, sob ataque não se encontra esta ou aquela nação:
encontra-se um certo modo de vida, um conjunto de determinados valores, uma civilização - a nossa -
que estabelece a plena igualdade entre a mulher e o homem, que faz do direito de consciência uma exigência não sujeita a negociação e elege a liberdade de expressão como imperativo absoluto
(...) Quando estamos numa guerra é preciso ganhá-la.»
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Mais inseguros e menos livres
por Pedro Correia, em 07.01.15
Este é o maior problema da Europa actual: a liberdade seriamente condicionada pelos seus mais encarniçados inimigos. Paris, outrora Cidade-Luz, é hoje cidade ensanguentada pelo fanatismo mais extremista.
Somos todos, a partir de agora, um pouco menos livres. E trocaremos cada vez mais parcelas de liberdade em troca de segurança. Dilema ilusório. Porque nos alicerces da nossa civilização - que o terrorismo islâmico combate sem tréguas - liberdade e segurança são conceitos indissociáveis. Um não faz sentido sem o outro.
Hoje estamos todos mais inseguros e menos livres. É um dia de júbilo para os cultores da barbárie, que não estão algures em parte incerta.
Estão aqui, no meio de nós.
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O dilema da liberdade
por Luís Naves, em 07.01.15
O atentado de Paris onde foi chacinada a redacção do Charlie Hebdo só pode provocar nos espíritos um imenso repúdio. Os terroristas atingiram o coração do mundo moderno, pois a ideia de liberdade fica associada ao medo. As sociedades ocidentais não têm solução fácil para ataques como este: podem evitar futuros atentados se criarem Estados mais securitários, tal como já acontece nos aeroportos (ninguém aceitaria viajar de avião sem passar pelos complexos procedimentos de segurança); as comunidades islâmicas serão vigiadas mais de perto e, um dia, os imãs perderão a liberdade de radicalizar crentes, com os sermões alterados e a doutrina censurada. Soa mal, mas para as sociedades ocidentais defenderem as liberdades, haverá redução da liberdade religiosa.
Sem políticas de imigração mais restritivas, os islamitas serão reforçados e isso implica menos tolerância com o actual estilo de vida dos europeus. Portugal não tem um problema de imigração e as pessoas aqui desconhecem a tensão que existe nos bairros franceses, sobretudo com o aparecimento de uma geração de jovens radicais islâmicos (tão franceses como os outros) que não têm qualquer intenção de viver numa sociedade liberal ou de aceitar a república secular. Os partidos populistas, como a Frente Nacional, estão a aproveitar a insegurança das pessoas, como aliás escrevi ontem, a propósito de um movimento espontâneo na Alemanha. Isto não tem nada a ver com a crise financeira, mas com religião e choque de culturas. As vítimas de Charlie Hebdo mostram que em muitos aspectos os terroristas já ganharam, pois a intolerância e o silêncio têm garras bem fundas.
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Soldados do Califado
por Luís Naves, em 08.01.15
O atentado de Paris contra o jornal satírico Charlie Hebdo foi também um ataque brutal às elites intelectuais francesas. A emoção da frase “somos Charlie” será inconsequente se não for acompanhada de uma reflexão. Os dois primeiros suspeitos do tiroteio chamam-se Cherif e Said Kouachi (à hora a que escrevo ainda não foram capturados). Os dois irmãos franceses de origem magrebina estavam referenciados pelas autoridades policiais, combateram na Síria e, no entanto, estes soldados do Califado regressaram tranquilamente a França, onde aparentemente obtiveram armamento de guerra. A ser verdade, como é que isto foi possível?
O ataque não visou exactamente a liberdade de expressão, pois os terroristas estão-se nas tintas para quem criticar a República ou o presidente Hollande. O ataque foi contra o direito de criticar o Islão, norma que não sabemos exactamente onde começa, embora seja nítido onde acaba. Os dois terroristas simbolizam o desprezo que o Islão radical tem pelo Ocidente, mas também a forma benevolente como a elite intelectual francesa (à excepção porventura de jornais como Charlie) tem tratado esse mesmo Islão ...
----- O fascismo da intolerância, 7/1/2015
(-por Carlos Roque, Maio de 2014)
comentário de ------andagulha 07/01/2015:
“as (famílias, cidadãos, empresas, comunidades de imigrantes) que vingam são as mais organizadas, habitualmente radicais e intolerantes”
isto é baseado nalgum estudo económico, ou é tirado do rabo?
“legislação da UE, superprotectora das minorias”
como assim? em que é que um cidadão de uma “minoria” (o que quer que isso seja) é beneficiado em relação a um cidadão de uma “maioria”.
“O cidadão comum europeu sente-se agredido por isto”
generalizar a tua opinião para a do “cidadão comum europeu” dá jeito, mas vale tanto como dizer eu dizer que “o cidadão comum europeu não concorda com este post”.
“muitos desses emigrantes serem crónicos desempregados”
não há europeus desempregados crónicos? é o que mais há por aí.
(acho que querias dizer “imigrantes”, mas estudar Português, está visto, não é o teu forte..)
“sustentados pelos regimes de rendimento mínimo e pensões”
“sustentados” pelos descontos que fizeram, se trabalharam para patrões que lhes deram contratos de trabalho e fizeram os descontos devidos.
“eles são agressivos no quotidiano”
“eles”? quem? todos os muçulmanos? todos os imigrantes? todos os estrangeiros? todos os que não pensam como tu?
outra vez a generalizar..
“A Europa em termos legais está manietada para lidar com esta ameaça de forma eficaz”
sim? e um link para a Decisão da Comissão em que se baseia esta decisão? um link para um decretozinho-lei?
“só o cidadão vulgar, que tem cada vez menos filhos, o sente na pele, pela proximidade com estas comunidades que cada vez mais se multiplicam”
hahaha!
“um problema que, para os cidadãos europeus, talvez seja o mais importante e assustador”
outra vez a generalizar a tua opinião para a opinião dos “cidadãos europeus”. neste momento o maior problema da Europa é o seu destino ser decidido pela alta finança, para quem o bem-estar dos cidadãos não é uma variável a maximizar.
“Os únicos que mostram toda a vontade de mexer na legislação (pelo menos…), são os da extrema-direita.”
sempre foram! sempre mostraram vontade de a mexer directamente para o lixo, em particular tudo o que tenha a ver com a liberdade dos cidadãos (a que chamas “fascismo da tolerância”).
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peu «Charlie»
(- http://jumento.blogspot.pt/2015/01/ils-sont-quand-meme-un-peu-charlie.html#disqus_thread )
Foi bonita a festa pá! Foi bonito de ver a festa do 1.º de Maio de 1974 na versão exclusiva para os jornalistas portugueses,
foi bonito de ver todas as redacções dos jornais portugueses reunidos para uma selfie colectiva depressa (ou nem tanto como sucedeu com CM) publicada na edição online.
É sempre bonito ver gente encher-se de bons valores como a solidariedade, a coragem, a defesa da democracia reunida para cantar ou para tirar um fotografia. Já todos cantámos o “We are the World”, em todas as redações se assistiu à instalação de palcos mundiais e todos combatemos a fome rindo e cantando.
Mas será que são mesmo todos Charlie ou o são um tanto ou quanto, um pouco de "Charlie", principalmente quando lhes convém aparecer na fotografia?
Os jornalistas que estão à porta do Estabelecimento Prisional de Évora massacrando todos os que tocam à campainha e quase quando apanham um visitante de Sócrates vão a correr procurar a ficha do visitante.
O marido da ministra, um rapazola que era jornalista do DN e agora se e que depois teve um emprego falhado na EDP e cujo passatempo é mandar mensagens SMS aos colegas que criticam a esposa será mesmo “Charlie”?
Será mesmo “Charlie” um conhecido jornalista que em tempos denunciou no jornal “i” o nome do autor deste blogue alegando que era procurado pela polícia, curiosamente na sequência de uma queixa do paulo macedo e de um "sócio" do Dias Loureiro, transformando aquela publicação num dazibao de bufaria?
São mesmo “Charlies” os muitos jornalistas que á primeira oportunidade abandonam a profissão para se instalarem em gabinetes ministeriais a troco de uma gorjeta e da promessa de altos cargos no futuro?
Será "Charlie" um jornalista que no DN acusa paulo Macedo de fuga ao fisco e hoje é aceesor económico do primeiro-ministro de um governo onde o mesmo Paulo Macedo (que no passado perseguiu gente por causa dessa notícia) é ministro da Saúde?
Serão "Charlies" os jornalistas que fizeram reportagens sobre jovens que se tinham convertido em terroristas do Estado Islâmico como jovens bem sucedidos
que viviam em bons apartamentos n Síria e compravam as melhores melhores guloseimas ocidentais com as metralhadoras à tiracolo, passando a outros jovens a imagem de sucesso num paraíso terreno?
Serão mesmo “Charlie” os jornalistas que em ruas escuras recebem de agentes da justiça cópias processuais com que
depois queimam arguidos em processos duvidosos destruindo-lhes o bom nome e condenados-na praça pública sem direita a julgamento e impedidos pela defesa por zelosos magistrados?
Serão mesmo “Charlie” os jornalistas que não perdem uma oportunidade para se venderem ou para lamber o traseiro aos empresários e gestores que dispõem de grandes orçamentos publicitários?
Serão mesmo “Charlie” os jornalistas que no passado davam graxa ao Ricardo Salgado comportando-se como caniches a lamber o dono e hoje são os primeiros a condená-lo?
Serão mesmo “Charlies” os jornalistas que no passado destruíram ou tentaram destruir a reputação de muitos políticos com falsas acusações e hoje aparecem como salvadores da pátria?
Quantos dos nossos “Charlies” de aviário seriam capazes de assinar um único cartoon do Charlie Hebdo,
quantos dos nossos “Charlies” se recusam a publicar as peças processuais de processos violando o segredo de justiça ao mesmo tempo que
ajudam as polícias a julgar fora dos tribunais, quantos dos nossos “Charlies” assinavam o famoso cartoon onde o António apresentava o papa polaco com um preservativo no nariz?
É fácil ser “Charlie” quando os corajosos são os outros, quando os que não se vendem são os outros, quando os que dão a cara em defesa dos valores da democracia são os outros,
quando os que não se vendem são os outros, quando os que não se oferecem para ajudar a polícia são os outros.
Quantos destes "Charlies" de ocasião correria o mais pequeno risco para defender valores ou em defesa de valores?
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