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Ahmed Merabet
Ahmed Merabet
Quando voltarem a ler a palavra muçulmano (ou islão) referindo os assassinos wahabitas / fanáticos islamitas, honrem o nome deste (polícia francês) muçulmano que à queima-roupa também caiu pela liberdade.
---- Era isto que os assassinos queriam:
Vários ataques a locais de culto muçulmano em França. Conseguiram, porque o filhodaputa não tem lado, é omnipresente.
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------ Do Charlie Hebdo ao Syriza: o regime contra-ataca
(08/01/2015 por Iohannes Maurus*, Aventar)
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... As justificações “objectivas” do racismo são produtos duma violência racista sobre os corpos e as mentes que cria a raça inferior,
assim como a relação social de escravidão criava o “escravo por natureza”.
O racismo é sempre um discurso performativo, um discurso que cria os seus próprios objectos.
O mesmo deve ser dito do “terrorista islâmico”:
também é um produto duma relação e dum olhar, o resultado dum cruzamento atroz de olhares.
Não estão aqui em jogo nem o Islão, nem o Cristianismo, nem um suposto enfrentamento de civilizações, antes uma relação colonial que produz os seus próprios sujeitos.
Isto não torna bons nem de modo nenhum justifica os assassinos torvos e obscurantistas que assassinaram ontem alguns dos melhores humoristas gráficos da Europa,
antes pretende situar no seu contexto real o que ontem aconteceu, convidando-nos a sair do círculo vicioso e a nos submetermos ao ditado dum poder colonial que quer continuar a reproduzir uma fractura entre um Nós e um Eles.
O beneficiário directo destes crimes não será directamente o FASCISMO (e a xenofobia), mas o conjunto do regime NEOLIBERAL e as suas relações neocoloniais tanto internas como externas.
O primeiro a abrir a boca para se aproveitar do sangue derramado foi, não Marine Le Pen, mas o infame primeiro-ministro da Troika na Grécia, Samarás, que
afirmou que este atentado é o resultado do “laxismo” em matéria de imigração proposto pelo Syriza e pelas esquerdas europeias.
De certo modo, o atentado de ontem, como o dum já remoto 11 de Setembro, fala, através dos corpos dos humoristas ontem assassinados, ao conjunto das forças sociais que hoje na Europa, de forma cada vez mais potente, questionam este horror.
Há que deter os assassinos, mas sobretudo há que deter a máquina que os produz.
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E já que falamos de LIBERDADE de imprensa (e JORNALISTAS) – e parece que a maioria de nós não tem dúvidas sobre quanto precisamos dela –
aproveitemos para falar também dos DESPEDIMENTOS massivos de jornalistas – entre eles os mais experientes, os mais qualificados, os mais incómodos – ,
dos cronistas silenciados pela VOZ do DONO, das agendas obedientes aos interesses FINANCEIROS, da situação precária de tantos profissionais.
Falemos de tudo isto agora, que o tempo já não é não muito, ou não fosse tudo isto também Charlie.
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------- Dos cinismos
O pessoal político que se reuniu em Paris para fazer o boneco e desfilar alguns cinquenta metros que proporcionassem, em nome da “liberdade de informação”,
imagens de arquivo que possibilitem ao Presidente francês falar de “Paris, a capital do Mundo”
e dar-lhe, à boleia do massacre feito aos cartoonistas, polícias e uma mão cheia de gente que estava no local errado à hora errada,
deve estar a fazer a sesta que antecederá a fotografia de família a realizar no Eliseu, ou em qualquer outro espaço acético longe da populaça que enche a rua.
Por outro lado, os aproveitamentos políticos feitos pelas extremas com vista a levarem a cabo o retrocesso civilizacional que há uma década pretendem para a Europa fazem o seu caminho.
As vítimas de tudo isto pouco mais são do que utilidades para que assim seja.
E, já agora, façam o favor de serem mais correctos. O que está em causa é a liberdade de expressão e não a liberdade de informação.
Aliás sobre a liberdade de informação há muito que estamos conversados.
Basta ver as políticas que neste mesmo caso existiram sobre o período de embargo de informações, incluindo o que foi feito a entrevistas realizadas com os selvagens que levaram a acção a cabo.
É que confundir essas duas liberdades é cometer um erro básico.
LNT
------ É o que temos
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É isso, e a memória curta que permite a essa gente repetir incessantemente que estamos perante um dos mais sangrentos ataques terroristas ocorridos na Europa enquanto fazem por esquecer terrorismo de sinal contrário,
p.e., o que um Anders Behring Breivik há dois anos executou e em que, depois de ter feito explodir 8 pessoas e vários edifícios, andou a caçar sessenta e tal jovens numa ilha Norueguesa.
Sim, sei que a Breivik chamaram de “serial killer”.
LNT, 11/1/2015
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. Não SPA, tu não és Charlie
por jonasnuts, em 09.01.15
Sociedade Portuguesa de Autores.jpg
Deixa-me explicar-te, SPA, porque é que tu não tens o direito de ter "Somos Charlie" no cabeçalho da tua página. O "Somos Charlie" ou, como a maior parte das pessoas diz "Je suis Charlie" é uma afirmação contra os terroristas, a favor da liberdade de expressão.
E, a não ser que tu sejas como o outro que diz, olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço, não podes ter essa imagem no cabeçalho da tua página.
Uma entidade que manda um dos seus directores falar com alguém com poder para pressionar um blogger ou, suponhamos, uma blogger, e ameaçá-lo (ou ameaçá-la), porque ele (ou ela) escreve coisas de que a SPA não gosta, não é uma entidade que possa ter um "Somos Charlie" no seu cabeçalho.
Porque, cara SPA, ou há moralidade, ou comem todos.
E isto não é um post de alegadamente, de ouvir dizer, ou de diz-se que. Isto é um post de eu sei.
Ganha vergonha na cara SPA, senão por outros motivos, pelo menos por este.
"Somos Charlie" o tanas (que a minha mãe não gosta que eu diga palavrões, embora me apeteça muito).
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(-por: Helena, conversa2, 8/1/2015)
a Marie Le Pen já se está a aproveitar desta tragédia.
E já fala em reintroduzir a pena de morte em França. ( em 'controlar' fronteiras aos imigrantes/estrangeiros e alterar o Acordo de Schengen ).
Os ataques aos nossos valores mais importantes somam e seguem, e nem todos são perpetrados por terroristas muçulmanos. Temos de permanecer vigilantes.
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Ahmed Merabet
Escolhendo ser Charlie, junto-me à onda global de repúdio pelo ataque ao Charlie Hebdo.
Escolhendo ser Ahmed, dou mais visibilidade ao grupo imenso de muçulmanos que partilham os meus valores.
A carga simbólica deste "je suis Ahmed" é extraordinária:
um muçulmano que era cidadão francês, que escolheu como profissão tornar o meu mundo mais seguro, e que perdeu a vida nessa missão.
Se é para falar em mártires, este é um deles - e espero que no céu haja recompensa para ele.
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