Participei recentemente em Lisboa na animação de uma oficina/atelier sobre precariedade laboral e ação
sindical. A iniciativa foi da BASE-FUT e contou com vários trabalhadores que tiveram experiências de precariedade, alguns dos quais nunca conheceram outro tipo de relação laboral! O relato das experiências foram extremamente ricas e as conclusões muito interessantes. Saliento em particular um ponto da reflexão que focava a questão de
muitos trabalhadores viverem hoje uma espécie de «carrocel laboral» em que entram num emprego precário que dura meses e depois caem no desemprego e após algum tempo voltam a mais um trabalho precário e assim vão passando os anos sem a mínima estabilidade de vida profissional e de rendimentos. Hoje a precariedade é transversal e ameaça todos os trabalhadores, ou seja, se tu cais no desemprego será muito difícil teres depois mais algum emprego estável!
Claro que os
empresários e os seus ideólogos (neoliberais) defendem as vantagens da precariedade que tem várias
vantagens imediatas para os negócios! Todavia também tem
muitas desvantagens em particular para os trabalhadores e suas famílias. O trabalhador que vive na precariedade laboral
tem menos formação,menos auto-estima e menor empenhamento na empresa. Por outro lado
nunca pode planificar a prazo a sua vida e constituir uma família com estabilidade em particular
se a sociedade tiver uma alta taxa de desemprego.
Hoje está bem estudada a
relação entre precariedade laboral e saúde do trabalhador. Mais
stresse diário, mais
exposição ao assédio moral e sexual, melhores condições para a
doença, quer física quer psicológica.
A
precariedade e o desemprego são os grandes inimigos dos trabalhadores modernos.
Mas o que podem fazer os
sindicatos para combater a precariedade laboral? Organizar os trabalhadores precários como um grupo específico de trabalhadores que exige uma ação particular. Dentro de cada sindicato devem existir
grupos organizados de trabalhadores precários com ações específicas, com apoio aos delegados sindicais que sejam
discriminados e despedidos por serem delegados, com apoio juurídico e psicológico. Uma ação sindical nos locais de trabalho, sendo possível, e no espaço público através de ações simbólicas de
informação dos consumidores, denúncia de práticas esclavagistas, etc. O
capital utiliza a precariedade para desvalorizar o trabalho, ter mais lucros e destruir os sindicatos. É uma
guerra declarada cujo objetivo final é a inteira
submissão e exploração dos trabalhadores à lógica do capital. Os trabalhadores precários são um novo e importante ator de resistência e transformação social!