Sexta-feira, 3 de Outubro de 2014
Hong Kong no 65º aniversário da República Popular da China
Celebra-se hoje o 65º aniversário da proclamação, em Pequim, da República Popular da China por Mao Tsé-Tung. É pena que, do seu mausoléu na tristemente célebre Praça de Tiananmen, não possa ver o que está a acontecer nas ruas de Hong Kong, a quase 2.000 quilómetros de distância. Porque uma coisa é certa: a maioria esmagadora dos que nestas permanecem pensa certamente em Mao e na praça que assistiu, há 25 anos, à resistência e morte de outros jovens como eles.
Sobre Hong Kong, que o mundo segue com a maior das atenções, fica uma nota pictoricamente curiosa e provavelmente inovadora:
muitas imagens mostram que os manifestantes usam chapéus de chuva para se protegerem do gás lacrimogénio (e canhões de água) lançado pela polícia anti-motim.
Que nada disto acabe em (nova) tragédia – é o mínimo que podemos esperar.
O último fôlego ?
(Estudantes e activistas de HongKong, RPChina, lutam por Democracia na sua terra ... sob ameaça de bastonadas, prisão, exílio e/ou morte ! )
Na sexta-feira, depois da detenção de dezenas de activistas, tudo indicava que as coisas tinham serenado e a onda de protestos estava prestes a esvaziar-se.
Durante o fim de semana, porém, recrudesceram os protestos e geraram-se cenas de violência, num crescendo preocupante.
Os governos de Hong-Kong e Pequim parecem estar a perder a paciência e, à distância, começo a temer o pior.
Ninguém parece querer ceder e, nestas circunstâncias, é previsível que a corda rebente para o lado do mais forte.
Ninguém em HK, ou Pequim, deseja que a violência culmine num banho de sangue, porque isso fragilizaria não só o governo do Território mas, principalmente, a liderança de Pequim.
As próximas horas poderão ser decisivas.
Num último (?) fôlego, os activistas tentam obrigar Pequim a ceder, mas ninguém acredita que isso aconteça.
Pequim não quer perder a face, porque seria dar força a outros movimentos de contestação noutras regiões do país.
As próximas horas são decisivas e espero que Washington, Bruxelas e Berlim se mantenham à margem dos acontecimentos,
pois qualquer manifestação de apoio aos activistas pode provocar a ira de Pequim e precipitar os acontecimentos de forma trágica.
Pequim não hesitará em usar a força para manter a ordem em HK,
mas isso trará custos incalculáveis para a economia do Território e abalará a credibilidade do governo de Pequim.
(-por Carlos Barbosa de Oliveira , Crónicas do rochedo, 1/12/2014)
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