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De Regionalização ameaça... e pobreza a 20 de Janeiro de 2015 às 13:20
Caça aos Gambuzinos: Rio e Costa unem-se para Ressuscitar a Ameaça da Regionalização
(19/1/ 2015,oeconomistaport)

Um sinal certo e seguro que regressa a caça aos gambuzinos eleitorais é o regresso da ameaça de nos regionalizarem, sempre acompanhada das promessas de bacalhau a pataco, de riqueza sem trabalho. Ontem os Drs Rui Rio e António Costa declararam-se a favor da regionalização política. Ambos a justificam com o argumento extraordinário de pouparmos dinheiro mas, quando escavamos, descobrimos outra realidade. Bem podiam ter-se aliado para proporem medidas que aumentassem a produtividade e o emprego ou nos permitissem enfrentar melhor os nossos credores. Preferiram regionalizar-nos.

Rio, antigo presidente da Câmara do Porto, afirmou que a «regionalização podia ser talvez o maior abanão para alterar o sistema político» e contou-nos a história da Carochinha: .regionalizador prometeu-lhe rejeitar a «criação de novos serviços», propondo-se apenas transferir a tutela deles, e graça a ela «vamos fazer melhor com menos dinheiro».
Enriqueceremos com um simples decreto-lei. ...presume que o Dr. Rio pretenda substituir a nossa Constituição por uma inspirada na da Arábia Saudita, pois, como não dispomos de nenhum órgão político regional eleito por sufrágio direto e universal, a transferência de tutelas administrativas terá que ser operada em benefício de um órgão não eleito que assim passará a ser político.
Rio votara contra a regionalização e a sua metamorfose parece dominada por arroubos místico-eleitorais:
místicos pois considera que abanar-nos é bom em si mesmo, sem explicar como o abanão nos melhorará;
quando afirma «aquilo que achava que era possível sem regionalização manifestamente não só não se fez como se agravou», sem explicações adicionais, está a convidar-nos ao misticismo:
será que acredita que o défice do Estado e o défice externo teriam sido impedidos pela regionalização política?
acreditará ele que a estagnação económica decorre da ausência de regiões politicas?
O arroubo eleitoral decorre de aquelas declarações de Rio serem simultâneas com o anúncio da sua disponibilização para candidato do PSD a Presidente da República.
...
Tal como o seu colega autarca e amigo Rio, que aliás defende uma regionalização de Bloco Central, António Costa também recorreu ao argumento das poupanças para justificar a nova camisola:
«Um euro gasto pela administração local vale três euros da administração central».
Esta frase deveria levá-lo a prometer uma baixa drástica do IRS – mas o novo secretário-geral do PS declarou há dias que não está em condições de apresentar um projeto de orçamento.
... Aliás, todos os argumentos supostamente pró regionalizadores de Costa apenas justificam o reforço dos poderes dos municípios.
O que é mais surpreendente, pois há meses Costa defendeu uma regionalização às escondidas do eleitorado, na base de transferências de competências das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), lançadas por João Salgueiro no tempo de Marcelo Caetano.
Mas as CCDR são rivais dos municípios, que o governo atual parece querer favorecer, sobretudo no ensino.
É duvidoso que a regionalização à socapa ganhe votos e provavelmente fá-los-á perder, pois em geral o maquiavelismo barato é apanhado e punido pelo eleitor.
Costa foi apoiado na corrida para dirigente máximo do PS por Mário Soares, ao qul o nosso país ficou a dever em grande parte o combate vitorioso à regionalização.

O leitor não duvida: a regionalização só dá um benefício certo:
mais emprego remunerado para os dirigentes dos partidos políticos. Todos os outros supostos benefícios são incertos.
Aliás, nem Rio nem Costa se dão ao trabalho de nos explicarem as vantagens da sua regionalização.
Basta-lhes o subtexto da regionalização:
tirarão dinheiro aos ricaços de Lisboa para salvarem da pobreza o resto do país.


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