Domingo, 10 de Maio de 2015

-----  Sistemas  Proporcionais     (-J.Vasco, 18/1/2016, EsquerdaRepublicana)

    No que diz respeito à democracia representativa, os sistemas proporcionais (quando os partidos têm um número de deputados proporcional ou próximo de um valor proporcional à sua votação) são os mais democráticos e justos, e isso só por si justifica que sejam preferidos. 
     O sistema eleitoral português não é muito proporcional, mas os sistemas uninominais conseguem ser bem piores. Mesmo que os sistemas proporcionais fossem menos funcionais do ponto de vista prático, deveriam ser escolhidos como se essa menor funcionalidade fosse um custo adequado a pagar pela obtenção de soluções mais justas e representativas
     No entanto, além da democracia e da justiça, existem duas outras importantes vantagens dos sistemas proporcionais:
   - diminuem o grau de conflitualidade por facilitarem o compromisso entre diferentes sectores da sociedade (ver um exemplo extremo aqui);
   - conduzem a um crescimento económico superior.
    Ou seja:    além de serem mais justos e democráticos, os sistemas proporcionais conseguem ser também mais práticos/funcionais.
    Não há nenhuma boa razão para não mudar o sistema eleitoral no sentido de reforçar a proporcionalidade, a não ser a inconveniência aos partidos que recebem as vantagens injustas que advêm da distorção da proporcionalidade.  Infelizmente, são precisamente esses que têm o poder de manter um sistema mais injusto e menos funcional...

    ----- Democracia (mais ou menos) verdadeira (II)    (Nuno Serra, 8/5/2015, Ladrões de B.)

 The Waterboys, Old England
      «No Reino Unido, os Conservadores ganharam claramente as eleições de ontem e estão, quando se contam os últimos votos, à beira da maioria absoluta. Conseguem mais 90 deputados do que os Trabalhistas. No entanto, em termos de percentagem de votos, a nível nacional, Conservadores e Trabalhistas estão separados por 1% (33% e 32% do número de votos expressos). Opta-se por sistemas eleitorais cujos resultados finais não representam a vontade dos eleitores, mas a procura da estabilidade governativa. (proporção directa% vs. circulos uninominais e/ou ...).  É assim na Grécia, onde o partido mais votado recebe como prenda 50 deputados. Vai passar a ser assim, mais coisa menos coisa, na Itália, a partir de 2016.  Na Hungria (pró-fascista) nem é bom falar. É a democracia cada vez mais afunilada neste velho continente.»
            Tomás Vasques, Sistemas eleitorais e democracia (facebook)
     «Declaração de interesses:  quanto mais conheço outros sistemas eleitorais mais gosto do português. Não estará feito para potenciar maiorias estáveis nem para "responsabilizar" individualmente cada deputado eleito, é certo, mas permite uma muito maior pluralidade de representação, e esta fica muito próxima da verdade dos números (a distorção que existe seria facilmente anulável com um círculo único mas isso, por outro lado, afastaria ainda mais os representantes dos representados).
    Adiante... habituada como estou ao sistema português reajo sempre com alguma estranheza quando, ao observar eleições de outros países, constato uma enorme diferença entre a percentagem de votos nas urnas e a constituição do parlamento que resulta das eleições.»
              Shyznogud, Eu e os meus botões
    A propósito das disfuncionalidades democráticas dos sistemas eleitorais, uma discussão que os resultados de ontem no Reino Unido voltam a suscitar, lembrei-me dos cálculos que o Alexandre Abreu fez, para diferentes cenários (círculos distritais, círculo único nacional e proporcionalidade estrita), a partir dos resultados das eleições legislativas de 2011.    A Shyznogud tem razão:  com tudo o que possa e deva ser feito para melhorar o sistema eleitoral português, não nos encontramos nos patamares de degradação funcional da democracia representativa que outros países exibem.
 
---- Como roubar uma eleição: sistema uninominal, sondagens, mídia e poder financeiro.

How_to_Steal_an_Election_-_Gerrymandering.svg  ... Compreende-se a defesa de um regime que apenas permite a vitória de dois partidos, repito, a seu tempo foi dos mais avançados do mundo, dois partidos sempre é melhor que nenhum. É o sonho húmido de quem se esforça por torturar a Grécia para não perder no estado espanhol. Mas não lhe chamem democracia . ...    (-por J.J. Cardoso, Aventar)

 ------------  Eleições  britânicas  (4)    (-por Vital moreira)
 Este quadro das eleições britânicas revela exuberantemente as impressionantes distorções da representação política causadas pelo sistema de maioria simples em círculos uninominais de pequena dimensão, ou seja,     (i) o "prémio de maioria" ao partido mais votado e o     (ii) "prémio de concentração territorial das preferências eleitorais" dos partidos regionais.
     Quanto à primeira, o Partido Conservador consegue maioria parlamentar (mais de metade dos deputados) com menos de 37% dos votos, ou seja, um prémio de 13 pp (em Portugal é cerca de 5 pp).     Quanto à segunda, enquanto cada deputado do DUP na Irlanda do Norte "custou" apenas 23 000 votos (e os do SNP escocês, somente 25 000 votos), o único deputado do UKIP custou 3 900 000 (ou seja, 170 vezes mais)!
Chamar a isto democracia representativa é um tanto forçado.
--------  Dilema trabalhista, e não só       (-
Há quem ache, como M. Alegre, que o Labour foi derrotado por não ter um discurso suficientemente à esquerda e ter cedido ao "centrismo".
   O problema é que muita gente acha, pelo contrário, que o Labour perdeu as eleições justamente porque insistiu no discurso trabalhista tradicional (mais despesa pública, mais impostos e mais défice orçamental), alienando o eleitorado centrista, que prefere a segurança e a estabilidade económica.   Não foram os conservadores que arrastaram o centro com uma suposta dinâmica de vitória (que simplesmente não existia), foram os trabalhistas que o assustaram com a incerteza política e económica que resultaria da sua eventual vitória.
     Como Blair advertiu antes das eleições, pertinentemente, quando a esquerda tradicional enfrenta a direita tradicional o resultado é a tradicional derrota da primeira.   A direita conservadora pode ser conservadora;  a esquerda, não.
     Desde os anos 70 do século passado que o Labour só ganhou eleições justamente com Blair e o seu refrescamento do discurso e das posições trabalhistas. Sem uma modernização semelhante o Labour não volta a Downing Street daqui a cinco anos.
    Como é evidente, o dilema do Labor não se resume às ilhas britânicas. Quem acha que esta história nada tem a ver com a social-democracia europeia em geral (e ibérica...) engana-se. Como diziam os clássicos, de te fabula narratur.
 ---  A vitória conservadora revela duas coisas:   (i) que a austeridade orçamental não é fatal para quem a adota, desde que ela tenha começado a produzir os seus efeitos (crescimento e descida do desemprego);    e (ii) que os eleitores preferem a segurança económica às promessas incertas. Ninguém ganha eleições alienando o eleitorado do centro. 
--- Logo após o referendo escocês no ano passado defendi aqui uma Grã-Bretanha federal  ('Federal Kingdom of Britain') como meio de resolver o problema do Estado britânico.    Timothy Garton Ash  também defende a mesma solução. Vale a pena ler. 
 ------------------ Santana pôde e Theresa "may"    (FSCosta, 2ou3coisas, 13/7/2016)
     (...)    Para quem não saiba, o sistema decisório do Partido Conservador britânico tem regras muito próprias. Quem dirige o partido é o grupo parlamentar (e não um Secretariado ou Conselho Nacional). É exclusivamente no seio deste que as decisões sobre a liderança são tomadas. O partido, à escala nacional, "não existe" como poder permanente de direção política. Às "constituencies" locais (=distritais e concelhias) cabe apenas organizar o Congresso anual (sob controlo discreto do "central office") e escolher os deputados, mas estes, depois de eleitos, ficam de mãos livres, embora respondam permanentemente na defesa dos interesses locais, sendo julgados no final do mandato. (Uma curiosidade: muitas "constituencies" conservadoras preferem designar deputados sem ligações locais, para evitar caciquismos: os candidatos às vagas (de deputados e ...), não importando a sua origem, são-lhes propostos pelo "central office" e depois escolhidos através de um exame oral. É verdade!)
     É por virtude dessa dependência parlamentar que, quando a vontade maioritária dos deputados começa a apontar numa determinada direção para a definição da liderança partidária, os contendores potenciais se afastam logo. 
     Veja-se o que aconteceu a Boris Johnson ou a Michael Gove, os quais, não obstante terem sido os "vencedores" do Brexit, desapareceram quase sem combate (e a candidata, deputada e ministra, Theresa May passou a 1ªMinistra, julho 2016). Já assim tinha sido em 1990, quando Michael Heseltine não conseguiu substituir Margareth Thatcher e John Major ascendeu a primeiro-ministro.  (...)


Publicado por Xa2 às 20:16 | link do post | comentar

10 comentários:
De Eleições e Abstenção na GB. e TAP. a 11 de Maio de 2015 às 15:50
Falta de assunto (eleições na GB)

( http://derterrorist.blogs.sapo.pt/ 7/5/2015)

... A segunda categoria "a mulher do outro é sempre melhor que a minha",
caladinha, quase sem respirar para não mexer os lábios não vá alguém pensar que querem dizer alguma coisa,
a esfregar as mãos de satisfação dentro dos bolsos, contentinha da silva por a ABSTENÇÃO ter sido de tal forma ELEVADA que BENEFICIOU o partido (Conservador) que convinha beneficiar,
para a próxima fazemos as eleições a uma segunda-feira a seguir a um fim-de-semana de 3 dias com feriado na sexta.


Porque é que nós não temos um Guardian, um Independent ou um Telegraph? Falta de assunto é isto.
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«[...] um dia se perceberá porque é que
"esta legislatura tem sido devidamente esticada para que este Governo, à última da hora,
possa fazer tudo aquilo que em desespero está a procurar fazer"».

«Quanto mais tarde melhor». Já somos dois.

--- TAP : greve contra Privatização

http://www.publico.pt/politica/noticia/costa-diz-que-a-legislatura-tem-sido-esticada-para-permitir-privatizar-a-tap-1695024

António Costa falava aos jornalistas à margem da visita ao Centro Tecnológico do Calçado de São João da Madeira, tendo sido questionado pelos jornalistas sobre a situação da TAP e o facto da venda da transportadora aérea se poder concretizar ainda nesta legislatura.
"Porventura alguém um dia perceberá porque é que esta legislatura tem sido devidamente esticada para que este Governo, à última da hora, possa fazer tudo aquilo que em desespero está a procurar fazer", disse.

O Governo PSD/CDS-PP tomou posse a 21 de Junho de 2011 - na sequência de legislativas antecipadas, por demissão do primeiro-ministro José Sócrates -
e manter-se-á em funções até a posse do executivo que sair das próximas eleições, que se deverão realizar em Outubro, de acordo com o prazo constitucional, totalizando mais de quatro anos de legislatura.

Para o líder socialista, "tudo o que se passa com a TAP desde o princípio é mau",
acusando o Governo liderado por Passos Coelho por "à última da hora" ter acordado "mal" para um problema".

"O próximo Governo do PS tudo fará que esteja ao seu alcance e que ainda seja possível fazer para assegurar que a TAP não tenha a maioria do capital privatizado", garantiu, considerando que a TAP "é a empresa estratégica fundamental para garantir a soberania nacional".

António Costa insistiu na ideia de que "é um enorme risco se o Governo privatizar mais do que 50% do capital da TAP", considerando que esta opção do executivo "é errada".

Sobre o facto de Pedro Passos Coelho ter colocado em causa, quarta-feira à noite, no aniversário do PSD, a credibilidade do plano macroeconómico do PS, o líder socialista foi peremptório: "Ele não conhece o plano".

"O dr. Pedro Passos Coelho fazia bem em ler os documentos do PS em vez de ler as autobiografias que se escreve a seu respeito", afirmou apenas, perante a insistência dos jornalistas.

António Costa foi ainda questionado sobre a promessa feita quarta-feira de que iria mexer nos escalões do IRS para diminuir a carga fiscal sobre o trabalho caso vença as legislativas deste ano, explicando que se trata de uma "correção estruturada dos escalões do IRS de forma a aumentar a sua progressividade e de forma a assegurar uma regra fundamental da justiça fiscal: quem tem maior capacidade pagará mais, quem tem menor capacidade pagará menos".

"Não quero assumir neste momento nenhum compromisso relativamente a essa matéria [para quantos escalões passará] porque só trabalhando por dentro com a máquina fiscal é possível ter um acertado desenho de escalões", disse apenas.


De Contra Neoliberais e Vampiros. a 11 de Maio de 2015 às 17:17

CANDIDATOS A EMPREGO

É este panorama que se está a construir para os vindouros.

O caso do rapaz espanhol que foi a uma entrevista para emprego, é bem um paradigma do que se passa com os jovens portugueses nessas condições e espelha bem o resultado das políticas de liberalismo económico,
de que a direita do PPD/PSD e CDS/PP tanto gostam, com as privatizações de sectores produtivos que produziam bons lucros para Estado (agora para privados, 'desnaturados' e estrangeiros),
a cada vez maior concentração de capital nas mãos de uns poucos, fazendo-nos depender deles, com os carteis, monopólios, etc.

Antes de votar, pensem bem em vós, nos vossos filhos, no futuro!
VOTEM, MAS VOTEM TODOS
( PORQUE AO CONTRÁRIO DO QUE DIZ A PROPAGANDA,
OS PARTIDOS NÃO SÃO TODOS IGUAIS ) !

VOTEM CONTRA AS POLÍTICAS DA DIREITA DO PPD/PSD E CDS/PP !!!

Reencaminhem para todos os vossos contactos...


De Democracias estão doentes a 11 de Maio de 2015 às 15:54

Apesar de ser um crítico feroz da forma como as democracias ocidentais representam os cidadãos, Manuel Arriaga vota sempre e recusa o pessimismo. Foi, aliás, por isso que o professor visitante de Gestão das universidades de Nova Iorque e Cambridge escreveu o livro Reinventar a Democracia, editado em Portugal no início deste mês. A criação de um “parlamento de cidadãos”, escolhidos por sorteio, é apenas uma das propostas. Apesar de dizer que as “democracias estão doentes”, acredita que é possível uma mudança.

Sempre se interessou por política, mas nunca militou em nenhum partido. “Aos 17 ou 18 anos fui a duas ou três reuniões, quando o BE foi formado e quando Miguel Portas se candidatou pela primeira vez pelo BE ao Parlamento Europeu. Mas nunca fui do BE nem nunca tive qualquer envolvimento posterior com qualquer partido”, garante. A motivação para escrever o livro foi outra.

Manuel Arriaga tem 34 anos e vive entre Lisboa, Cambridge e Nova Iorque. Formou-se em Economia na Universidade Nova e é doutorado em Gestão pela Universidade de Nova Iorque. Foi precisamente quando terminou o doutoramento que decidiu avançar para a obra Reinventar a Democracia, 5 ideias para um futuro diferente: “Em 2010, quando concluí o doutoramento, regressei à Europa, a Inglaterra e comecei a vir com mais regularidade a Portugal. Isto coincidiu com a austeridade na sua versão mais virulenta e tornou-se claro para mim que não estávamos em controlo das políticas que eram implementadas ostensivamente em nosso nome”, diz.

Ressalvando que a ideia da criação de um “parlamento cidadão” não é nova, Manuel Arriaga explica que se trata de escolher por sorteio duas a três centenas de cidadãos “para cumprirem a missão” de “analisar, debater e deliberar” diferentes questões políticas: “No final do seu trabalho, as recomendações formuladas seriam apresentadas à população sob a forma de um referendo”, nota.

A “ideia central” do livro, prossegue, “é esta da deliberação cívica”. “A proposta aglutinadora é haver um parlamento de cidadãos para deliberar sobre que reformas em particular implementar”, precisa o docente.

Mas há outras ideias defendidas na obra, como por exemplo a do sistema de voto preferencial que, segundo o autor, “permitiria uma expressão muito mais rica do resultado eleitoral”. “O nosso sistema actual convida ao voto útil, o que leva a um maior descrédito das instituições políticas”, diagnostica. O autor também entende que “deveria ser possível aos cidadãos, numa situação de oposição generalizada a uma qualquer medida política adoptada, tentar travá-la”, através de referendos.

O docente sublinha ainda que é preciso pensar-se “seriamente sobre os verdadeiros custos da nossa participação em instituições internacionais nos moldes que elas adoptam actualmente”. A União Europeia em causa? “Tomo como indicativo do fraquíssimo carácter democrático dos regimes políticos que temos o facto de que, por toda a Europa continental, questionar-se a participação na União Europeia, e em particular no euro nos moldes em que as instituições actualmente adoptam, ser relegado para partidos das franjas do espectro político. Isto parece-me sintomático de democracias que não estão a funcionar como devem.”

Documentário em marcha
Na introdução do livro, Manuel Arriaga – que defende que a crise europeia não é económica, mas democrática – sublinha que a obra parte da premissa segundo a qual “as nossas democracias não estão a funcionar e precisamos de recuperar o controlo sobre o nosso futuro”.

Na conversa que teve com o PÚBLICO, o autor, para quem “aqueles que nos governam não nos representam”, resume os três factores pelos quais entende que “as nossas democracias estão doentes”. A primeira é que o mundo da política como ele existe actualmente "atrai e selecciona as pessoas erradas, pessoas que buscam o exercício de poder.” Em segundo lugar, enumera, os políticos estão sujeitos a um “processo de formatação” quando se iniciam na vida política ou entram para um partido. Por último, frisa Arriaga, os cidadãos quando votam baseiam-se em pouca informação e consideram que o voto “conta muito pouco”.

Apesar disso, este professor recusa sucumbir ao pessimismo e acredita nas “possibilidades de mudança verdadeira” na “forma como fazemos política”. “A minha visão acerca do si


De UK fora da UE e Fora NeoLiberal/offshors a 11 de Maio de 2015 às 16:32
Entre escolhas
(-por Rui Tavares, Público, 11/5/2015)

...
...temos um Reino Unido que só pensa na na União Europeia para defender os MERCADOS FINANCEIROS
( a 'Bolsa de Londres' é importantíssima e a "City" de Londres é o offshore por excelência e núcleo principal da rede de offshores no mundo ...)
e que combate ativamente o Tribunal Europeu dos direitos Humanos - um insulto à memória de tantos europeus e tantos britânicos que morreram na guerra e nos totalitarismos.
Só por sorte - não conto com sabedoria - as negociações para que o Reino Unido fique nos darão uma União Europeia melhor.
...


De Austeridade + ou - azeda? voto NÃO. a 15 de Maio de 2015 às 09:29
-----Se o Mundo não for de sondagem

Acordei com a sensação de que os ingleses deitaram fora, de vez, os Blair deste Mundo fazendo saber que entre um tory disfarçado de labour e um tory tal e qual, preferem o segundo.

Eles, possivelmente, preferem encarar a possibilidade de ter de referendar a sua permanência na Europa
e equacionar o seu “I want my money back”
a ficar nas meias tintas de pertencerem a uma Europa
(onde nunca estiveram com os dois pés) só porque há quem queira continuar a fazer crer que estar na Europa é uma inevitabilidade.

E não me venham com a conversa de que o sistema eleitoral britânico, por ser anacrónico,
permite estas surpresas porque ele é o mesmo que já permitiu surpresas semelhantes de sinal contrário.

Quando o que é dado a escolher aos eleitores é um ou outro modelo de austeridade (ainda que mais doce) fica provado que os eleitores poderão, apesar das sondagens, optar pelo modelo da austeridade que já conhecem.

Fica a nota aos grandes estrategas académicos que se dedicam às teorias das décadas em vez de se centrarem no que interessa alterar imediatamente na próxima legislatura.

It´s democracy, stupid!
LNT [0.226/2015]

--- Também não somos o Labour (Trabalhista eq. PS da rosa)

É doloroso ler que, se o Reino Unido decidir sair da União Europeia pelo referendo que lá se realizará em 2017 (o referendo foi uma das promessas eleitorais que mais fortemente contribuiu para a estrondosa vitória dos Conservadores),
a Inglaterra perderá o seu peso na Europa e no Mundo.

É principalmente doloroso porque, uma vez mais, são atirados os
papões do caminho único e da inevitabilidade de pertença a uma União Europeia
que há muito o deixou de ser quando optou por se transformar num directório germânico/nórdico
destinado a exercer o controlo que não conseguiu há 70 anos.

Andamos nisto. Nisto de chamar Europa à União Europeia e de comemorar décadas da queda de um poder de armas que agora se afirmou pelo poder da moeda.
Como se o valor maior não fosse a vontade dos povos dessa Europa,
como se o valor maior conseguido pelo derrube das armas não tivesse sido transformar o voto na arma desses povos.

LNT [0.227/2015] 9/5/2015


De Farsa eleitoral, sondagens e uninominais a 12 de Maio de 2015 às 10:58


--------- A farsa eleitoral

(Tiago M.Saraiva, 11/5/2015, http://www.ionline.pt/artigo/391402/a-farsa-eleitoral?seccao=Opiniao_i )

Uma amiga jornalista com residência no Reino Unido disse-me estar com enormes esperanças de que o seu partido, os Verdes, pudesse alcançar um excelente resultado nas eleições de sexta-feira.
No dia das eleições perguntei-lhe como corriam as coisas e confessou-me ter votado nos trabalhistas porque, na sua zona, os ecologistas não tinham hipótese de eleger.
Bem-vindos à doce deturpação da democracia a que chamam círculos uninominais:
o voto no menos mau.

Por cá, papagueia-se que aproximaria os eleitores dos eleitos mas,
na verdade, circunscreve a disputa eleitoral a dois ou três candidatos com capacidade financeira e mediática para chegar ao eleitorado.

Apesar da aparente diversidade e abertura do sistema, que permite ter um enorme rol de listas e partidos a concorrer – no Reino Unido até havia uma lista “Vote Elmo” (a personagem da “Rua Sésamo”) –,
são as sondagens e os media que decidem quem são, de facto, os elegíveis.

Agora que o circo mediático levanta arraiais, percebe-se que conservadores e trabalhistas estavam longe de ter a disputa renhida que todas as sondagens anunciavam e que terá condicionado o voto de tanta gente.

O sistema uninominal do Reino Unido DETURPA de uma forma tão ESCANDALOSA que permite aos conservadores obter uma maioria absoluta confortável (331 eleitos) com apenas 36,9% dos votos
e esconde os vergonhosos resultados alcançados pela perigosa direita nacionalista do UKIP ao conferir-lhe apenas 1 eleito, apesar dos quase quatro milhões de votos, que correspondem a 12,6%.
Com um sistema que condicionou o voto da minha amiga e, provavelmente, de milhões de eleitores, as duas faces da austeridade – Conservadores e Trabalhistas –,
com 67,3% dos votos, obtiveram 86,6% dos lugares em disputa.

Na verdade, estas radicais deturpações dos sistemas eleitorais, feitas de diferentes formas pela Europa fora,
são um inteligente meio de transformar a decisão soberana do povo
numa decisão CONDICIONADA pelo PODER FINANCEIRO – sem ter de deixar de haver eleições, como outrora.
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Denúncias:

Some ballot boxes contained more ballot papers than verified as having been issued, involving a total of 36 votes. 24 of the votes were a result of voters putting their ballot paper in the wrong box at a polling station where there were multiple boxes. In another polling station there was an excess of 8 votes; the Judges rejected claims that they had been surreptitiously added, and decided that they had not been accurately recorded. Another box had missed a single vote, so there were only 3 unaccounted additional votes; there were innocent explanations which could explain them. Connor had not identified four votes which he contended ought not to have been counted for Gildernew, so the challenge could not be sustained. Two votes claimed to be on poor quality paper and therefore counterfeit could not be traced. When the third recount produced the same result as the second recount, the Returning Officer was right to refuse a fourth recount. As the 3 unaccounted additional votes were less than Gildernew's majority, the result would not have been affected.
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Leaflets issued by Woolas claimed that Watkins sought the support of Muslims who advocated violence, that Watkins had refused to condemn death threats against Woolas, and that Watkins had reneged on a promise to live in the constituency. All three statements were false statements of fact about Watkins which attacked his personal character, and Woolas did not believe them to be true. A rhetorical question asking whether Watkins' campaign had been funded by illegal and undeclared foreign donations was also a false statement of fact attacking Watkins' personal character, but Woolas may have had reasonable grounds for believing it to be true. Woolas subsequently sought a judicial review of the findings, and was granted permission to bring the action; the High Court ruled that the statement that Watkins had reneged on a promise to live in the constituency concerned his political actions and did not therefore come under the Act, but upheld the other two statements and the avoidance of the election.


De Como Roubar uma Eleição.'democraticam.' a 12 de Maio de 2015 às 11:03
Uma religião chamada Inglaterra

(11/05/2015 por João José Cardoso, Aventar)

How_to_Steal_an_Election_-_Gerrymandering.svg

Experimentem pisar a vaca a um hindu, desenhar Maomé em frente de um crente, ou dissecar o sistema eleitoral britânico estando ao alcance das direitas: a reacção será a mesma.

Compreende-se, porque a suposta superioridade da democracia inglesa quando tropeça lhes estraga todo um enredo, o da superioridade de um país que continua a colonizar outros, onde o princípio elementar de que todos os homens nascem livres e iguais ainda esbarra na persistência da nobreza, a pátria dos tablóides e de Alan Turing,

Vamos a factos: o sistema pode ser antigo, e foi muito avançado em seu tempo. Não o é hoje, porque invoca a criação de maiorias em detrimento da representatividade, fazendo do parlamento uma anedota (e vá lá, a Câmara dos Lordes, esse supremo exemplo da autoridade aristocrática, já não é o que foi). E porque há sondagens, que condicionam a votação.

Vamos a evidências: a contagem de votos na Venezuela é supervisionada por observadores internacionais:


O processo eleitoral na Venezuela é considerado o melhor do mundo pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, que coordena uma instituição de monitoramento de eleições ao redor do mundo há mais de uma década.

Gostava de o ver na Inglaterra, onde os eleitores não são identificados, se vota com um lápis, e um pénis (não confundir com a moeda britânica) bem desenhado é voto aceite. Para justificar isto, ouvimos a tradição, a confiança no homo britanicus, um ser extra-terrestre de suprema bondade e honestidade, o homem novo estalinista, portanto. Mas claro, a Venezuela é a Venezuela, e porque é que é a Venezuela? porque é a Venezuela, aquele país onde quando a oligarquia ganhava eleições ninguém reparava no seu sistema eleitoral, direitos, liberdades e garantias.

A Inglaterra? nem pensar nisso. Esta listagem de denúncias de possíveis fraudes nunca existiu.

Posto isto, há um último argumento que não o sendo parece: o de que se ataca o sistema por causa dos resultados destas últimas eleições. Por acaso até posso localizar quando me comecei a escandalizar com o sistema britânico de voto: 1989, onde os Verdes com 15% de votos não elegeram ninguém para ao Parlamento Europeu.

Mas não precisava. Porque, também em resultado de um sistema que só permite dois partidos, desde a passagem da amiga de Pinochet pelo poder que a diferença entre Conservadores e Trabalhistas é meramente folclórica, existindo apenas na cabeça do professor Vital Moreira. Um partido que não expulsa um criminoso de guerra chamado Blair é tanto de esquerda como eu sou de direita. Os sindicatos (de onde vinha a força de esquerda dos Trabalhistas) foram arrasados, o pensamento único em modo TINA institucionalizou-se, exactamente o que a direita acusa os bolivarianos de terem feito na Venezuela.

De resto os resultados destas eleições são históricos para a esquerda: os seus únicos candidatos obtiveram bons resultados, fruto precisamente de um sistema eleitoral que algum dia teria de falhar: os escoceses deram uma abada aos partidos do sistema.

O problema é pertinente, em Portugal, porque António Costa defende círculos uninominais. E no estado actual da Europa os partidos que acham o poder monopólio seu farão todas as mudanças eleitorais para o conservarem. Pese que um círculo nacional pode compensar o absurdo à moda inglesa (tal como o sistema francês de segunda volta não deixando de ser mau é menos mau), toda a cantilena que lhe está associada é mentirosa e perigosa. É mentira que tal aproxime o deputado dos eleitores: a mim representa-me quem recebe o meu voto, e no caso de não ser eleito, representa-me o respectivo partido. Em eleições fulanizadas parte em vantagem quem tem mais meios financeiros. E é perigoso porque tenta fingir que os partidos não representam ideologias e não têm programas, que é precisamente onde votamos. Se os partidos a quem se pretende oferecer a eternidade têm maus candidatos de segunda linha, o problema é de quem vota neles, não é meu.

E depois há a engenharia eleitoral, tão americana, tão portuguesa no séc. XIX (sim, já tivemos círculos uninominais) e também inglesa, pois claro, esperem pelo que vai acontecer à Escócia.

... mas Não lhe chamem democracia


De Sondagens: metodo, análise e ... a 7 de Julho de 2015 às 16:10
SONDAGENS: PREVISÕES E RESULTADOS

6/2/2006,Púb.
análise objectiva de algumas questões.

Uma breve observação aos diversos «estudos de opinião» revela uma «realidade» bem diferente da que acabou por acontecer no dia 22 de Janeiro. Mudança repentina das escolhas dos eleitores? Falta de rigor? Incompetência? Manipulação? Ou…?

--História
Recorde-se que a importância das sondagens como fonte de informação para os media é um fenómeno relativamente recente. Só a partir dos anos trinta do século XX, G. Gallup e E. Roper iniciaram um novo tipo de sondagens, com amostras estruturadas. O aperfeiçoamento do método de auscultação levou à expansão das sondagens “científicas” a partir de 1936.

Os avanços técnicos, científicos e tecnológicos vieram tornar mais fácil a auscultação da opinião pública, nomeadamente, através da entrevista telefónica.

...
Os diferentes meios de comunicação noticiosos estabeleceram parcerias entre si. Partilhando os custos e rentabilizando os resultados através de processos combinados de divulgação na TV, na rádio e nos jornais. As sondagens institucionalizaram-se como fonte de informação.

--Teoria
Pedro Magalhães nas páginas do “Público” e Carlos Gonçalves, Jorge Cordeiro e Vítor Dias no “Avante!”, entre outros, fornecem-nos importantes elementos de reflexão.

Importa, desde logo, lembrar que as sondagens só permitem uma previsão aproximada da realidade eleitoral, ou outra.
Em todos os casos no intervalo de valores determinado pela margem de erro.
E isto se for utilizado o método aleatório, amostras estratificadas, criteriosamente seleccionadas e de dimensão adequada.
E métodos de inquirição fiáveis.
E se os procedimentos de estimação complementares – relativos à abstenção e à distribuição dos não respondentes e indecisos – estiverem conforme à realidade em análise.

--Divulgação
O tratamento jornalístico de sondagens requer conhecimentos específicos e reveste-se de bastante sensibilidade.

Os seus resultados prestam-se a várias interpretações.
Uma análise incompleta e pouco rigorosa dos dados de uma sondagem pode ter consequências graves e imprevisíveis, para a imagem das pessoas, ou instituições, submetidas a escrutínio.
Além de enganar ou confundir aqueles que não tenham a curiosidade de verificar, em pormenor, esses dados.

--Prática
A esmagadora maioria das sondagens relacionadas com as eleições para a Presidência da República, vindas a público entre 28 de Outubro e 22 de Janeiro, não preenchiam estes requisitos.

Não os cumpriam quanto aos parâmetros elementares de credibilidade.
Nem quanto ao critério das amostras consideradas.
Nem quanto à fiabilidade dos métodos de inquirição.
Nem quanto aos procedimentos complementares de estimação.
Nem finalmente quanto à forma como foram apresentadas por quase todos os meios de comunicação.

--Realidade
Foram as sondagens e a comunicação social, que as encomenda, quem manteve acesa a chama da candidatura de Cavaco Silva, durante os quase dez anos que o ex-primeiro-ministro esteve «retirado da vida política».
Foram umas e outra quem o catapultou para a posição de, mais que favorito, vencedor antecipado.

--Estatística
Analisemos duma forma objectiva dois casos.
Por um lado, a sequência das 24 sondagens registadas, entre 27 de Outubro e 20 de Janeiro, no âmbito das eleições presidenciais.
Por outro, o caso particular representado durante 12 dias pela sondagem da Marktest.

Sobre a primeira, sublinhem-se três constatações:

Em primeiro lugar, o facto de nas 24 sondagens publicadas ter sido sempre atribuído a Cavaco Silva valores bem superiores ao seu resultado.
Sendo que em 17 delas as previsões estiveram sempre mais de 5 pontos percentuais acima do que obteve.

Depois, o pormenor de em 15 destas 24 sondagens Francisco Louçã aparecer sempre com valores superiores (alguns bem superiores) àquilo que mostrou valer nas eleições.

Finalmente, a proeza de em 24 das 24 sondagens Jerónimo de Sousa aparecer sempre com valores inferiores ao que os que decidem lhe quiseram dar.
...

Notas finais
Não se pense que estas questões se restringem ao âmbito político-eleitoral. Também nas audiências televisivas e radiofónicas, por exemplo, se manifesta a imprecisão, a falta de rigor e profissionalismo, a incompetência, a manipulaç...


De Sondagens e seu Enviesament/ Credibi a 9 de Julho de 2015 às 18:23
Os desígnios insondáveis das sondagens

(08/07/2015 por José Gabriel , Aventar)

Tendo recebido um telefonema em que alguém se propunha sondar-me em matéria eleitoral e tendo eu declinado o convite – como sempre fiz – lá fui parar, mais uma vez, à coluna dos que “não sabem/não respondem”.

... Geralmente são jovens a procurar ganhar um parco salário e, por isso, merecem-me, geralmente, simpatia e cordialidade. ... quando lhe perguntam que programas de televisão prefere, estão, de facto, a relacionar os seus dados pessoais com os seus gostos no sentido de escolher espaços de colocação da publicidade televisiva
-, estas agora mais raras, sobretudo desde que as empresas aprenderam a piratear dados das redes informáticas (como esta…)
e desenvolveram métodos mais fiáveis de medição de audiências. ...

Agora que as sondagens – e, quando querem poupar dinheiro, as entrevistas sobre o valor das ditas – estão a ferver, devidamente comentadas por entrevistados conspicuamente parciais, quer sejam assumidamente pertencentes a partidos – quase sempre próximos do poder –
quer sejam jornalistas sabujos e servis, espécie que abunda em todos os canais e jornais, ocorre-me deixar aqui esta nota.
Quanto ao valor e credibilidade das metodologias usadas e dos resultados, se os sucessivos fracassos não vos convencem,
. ..Aí estão elas disparatando em grande – olhem o exemplo da Grécia – e usadas, como é habitual, como arma política grosseira oriunda da ciência da banha da cobra.

Nem vou perder tempo com o valor das amostragens, muitas delas simples e preguiçosos painéis.
Notem, porém, a natureza dos inquéritos: os telefónicos, ... mas os próprios inquéritos por entrevista directa ou presencial. Por muito simples e directas que sejam as questões, a primeira objecção surge logo na forma da entrevista:
é uma série de perguntas em que o entrevistador pergunta e escreve as respostas e o inquirido responde sem conhecer a série de quesitos em causa e sem qualquer controlo sobre os acontecimentos?
Ou um inquérito que é entregue ao entrevistado, que o preenche pessoal e confidencialmente e o coloca numa urna selada?
A diferença entre estes dois métodos, como qualquer pessoa minimamente informada em matéria de psicossociologia sabe, é abissal e as duas vias produzem – mesmo que as perguntas sejam as mesmas! – resultados diferentes.
Tanto, que, por mim, só aceito responder quando é usado o segundo método. ... até porque temos acesso a todas as questões e podemos recusar pura e simplesmente responder, já que o modo como elas são feitas está longe de ser indiferente.

Exemplo? Qualquer de nós é capaz de alinhar quatro perguntas que conduzam, quase inexoravelmente, a uma conclusão e, depois, só publicar essa última questão, omitindo todas as outras.
Claro que muitos dos meus amigos sabem que entre as duas metodologias de inquérito referidas há uma razoável variedade de técnicas intermédias.
Mas penso ter ilustrado o meu ponto.
... abordando a grosseira prática de, em algumas sondagens, aparecerem, não só inúmeras variáveis parasitas mas verdadeira e pornografia sociológica.
Quer procurando indagar de modo simplório sobre atitudes – e as atitudes avaliam-se por escalas, sejam quais forem os autores preferidos de quem inquire, que dão um trabalho que os encomendantes não querem pagar e os encomendados não querem ou não sabem fazer –,
quer tentando indagar o que “ as pessoas” pensam do que os outros pensam, como aconteceu em recente sondagem em que aparece a pergunta sobre qual o partido que os inquiridos pensam que irá ganhar as próximas eleições. Sem surpresa, o resultado desta pergunta é muito diferente dos dados obtidos pelas opções partidárias evidenciadas. O partido em segundo lugar nesta sondagem aparecia com maioria absoluta na convicção dos inquiridos sobre o comportamento alheio. Um disparate, a não ser que a agência – que publicava uma ficha técnica armadilhada, como é habitual – quisesse fazer uma espécie de psicanálise para totós. Porque, bem sabemos pelo velho e bom tio Sigmund, “quando Pedro me fala sobre Paulo, eu fico a saber mais sobre Pedro que sobre Paulo”.


De Governabilidade e Falsa Democracia! a 25 de Maio de 2015 às 15:50
Governabilidade e democracia

(-Manuel Loff, no Público , 23/5/2015, http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/ ):


«Por cá, como o sistema eleitoral é – até ver! – proporcional, os lamentos pelos riscos da “ingovernabilidade” já começaram há muito tempo.
É verdade que os RESULTADOS são sempre DISTORCIDOS pelo método de Hondt (quanto menos deputados por distrito, mais os dois maiores partidos são favorecidos por serem os únicos a conseguirem eleger),
mas até Rui Ramos tem razão quando diz que “o nosso sistema eleitoral, ao contrário do inglês, não faz maiorias absolutas a partir de um terço dos votos. (ai não ?!!)
(...) Pois bem, imaginemos:
se a direita tiver um terço dos votos, deve, por acaso, governar?
É legítimo governar-se CONTRA a vontade da MAIORIA sem se dar prioridade à vontade da maioria?
Mesmo que o PS não queira ponderar negociar com os 20% de votos à sua esquerda, deve Passos voltar a governar?

Hoje, governa com os VOTOS (de há quatro anos) de 50,4% dos votantes, que, já então, não eram mais do que 29% dos eleitores INSCRITOS.
Quer esperar governar com o apoio de quantos: 20%?
Só porque ficaria à frente do segundo partido?
E os votos dos outros (inscritos que votaram em partidos mas não elegeram deputados e + os abstencionistas), LIXO ?!!
Mas, afinal, o que são as eleições?
A liga de futebol? A Eurovisão?
Winner takes all?...

Quanto mais o bipartidarismo entrar em crise, quanto mais os socialistas de turno SE PARECEREM parecerem às DIREITAS,
mais eles vão querer obrigar os cidadãos a escolher entre cinzento-escuro e cinzento-claro,
entre um sr. Juncker, à direita, que diz que há que privatizar e um sr. Dijsselbloem, socialista, que diz que PRIVATIZAR é o que há que fazer,
entre uma CDU de Merkel e um SPD que, depois de garantirem em campanha que são ALTERNATIVA um ao outro, acabam a governar JUNTOS.

Quanto mais assim for, mais gente DESISTIRÁ de VOTAR e mais se nos vai querer impor a discussão patética sobre SISTEMAS ELEITORAIS
que, em vez de garantir a REPRESENTABILIDADE democrática, devem garantir a “ESTABILIDADE governativa”.
E suceder-se-ão as propostas alucinadas de ENGENHARIA eleitoral (MANIPULAÇÂO legal, aprovada pela maioria do centrão de interesses !!).

Quanto mais os maiores partidos forem obrigados a CONSIDERAR as opiniões de quem, mesmo não ganhando eleições,
representa uma parte importante da sociedade,
mais eles vão dizer que as coligações não funcionam,
que há que BLINDAR as (mini) vitórias com “prémios de maioria” (à grega ou à italiana),
BARREIRAS de entrada no Parlamento CONTRA os PEQUENOS partidos (à alemã)
ou métodos maioritários que reduzem a pó a representação das MINORIAS
e inflacionam ARTIFICIALmente a representação dos grandes(-cada-vez-mais-pequenos) partidos.

Um sistema que convida cada cidadão a votar – mas, depois, a ter de tolerar governos apoiados por MINORIAS cada vez mais pequenas
com maiorias parlamentares ABSURDAmente fora da realidade.

É representativo um sistema desta natureza?
E é democrático?»

NÃO !!


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