10 comentários:
De Farsa eleitoral, sondagens e uninominais a 12 de Maio de 2015 às 10:58


--------- A farsa eleitoral

(Tiago M.Saraiva, 11/5/2015, http://www.ionline.pt/artigo/391402/a-farsa-eleitoral?seccao=Opiniao_i )

Uma amiga jornalista com residência no Reino Unido disse-me estar com enormes esperanças de que o seu partido, os Verdes, pudesse alcançar um excelente resultado nas eleições de sexta-feira.
No dia das eleições perguntei-lhe como corriam as coisas e confessou-me ter votado nos trabalhistas porque, na sua zona, os ecologistas não tinham hipótese de eleger.
Bem-vindos à doce deturpação da democracia a que chamam círculos uninominais:
o voto no menos mau.

Por cá, papagueia-se que aproximaria os eleitores dos eleitos mas,
na verdade, circunscreve a disputa eleitoral a dois ou três candidatos com capacidade financeira e mediática para chegar ao eleitorado.

Apesar da aparente diversidade e abertura do sistema, que permite ter um enorme rol de listas e partidos a concorrer – no Reino Unido até havia uma lista “Vote Elmo” (a personagem da “Rua Sésamo”) –,
são as sondagens e os media que decidem quem são, de facto, os elegíveis.

Agora que o circo mediático levanta arraiais, percebe-se que conservadores e trabalhistas estavam longe de ter a disputa renhida que todas as sondagens anunciavam e que terá condicionado o voto de tanta gente.

O sistema uninominal do Reino Unido DETURPA de uma forma tão ESCANDALOSA que permite aos conservadores obter uma maioria absoluta confortável (331 eleitos) com apenas 36,9% dos votos
e esconde os vergonhosos resultados alcançados pela perigosa direita nacionalista do UKIP ao conferir-lhe apenas 1 eleito, apesar dos quase quatro milhões de votos, que correspondem a 12,6%.
Com um sistema que condicionou o voto da minha amiga e, provavelmente, de milhões de eleitores, as duas faces da austeridade – Conservadores e Trabalhistas –,
com 67,3% dos votos, obtiveram 86,6% dos lugares em disputa.

Na verdade, estas radicais deturpações dos sistemas eleitorais, feitas de diferentes formas pela Europa fora,
são um inteligente meio de transformar a decisão soberana do povo
numa decisão CONDICIONADA pelo PODER FINANCEIRO – sem ter de deixar de haver eleições, como outrora.
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Denúncias:

Some ballot boxes contained more ballot papers than verified as having been issued, involving a total of 36 votes. 24 of the votes were a result of voters putting their ballot paper in the wrong box at a polling station where there were multiple boxes. In another polling station there was an excess of 8 votes; the Judges rejected claims that they had been surreptitiously added, and decided that they had not been accurately recorded. Another box had missed a single vote, so there were only 3 unaccounted additional votes; there were innocent explanations which could explain them. Connor had not identified four votes which he contended ought not to have been counted for Gildernew, so the challenge could not be sustained. Two votes claimed to be on poor quality paper and therefore counterfeit could not be traced. When the third recount produced the same result as the second recount, the Returning Officer was right to refuse a fourth recount. As the 3 unaccounted additional votes were less than Gildernew's majority, the result would not have been affected.
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Leaflets issued by Woolas claimed that Watkins sought the support of Muslims who advocated violence, that Watkins had refused to condemn death threats against Woolas, and that Watkins had reneged on a promise to live in the constituency. All three statements were false statements of fact about Watkins which attacked his personal character, and Woolas did not believe them to be true. A rhetorical question asking whether Watkins' campaign had been funded by illegal and undeclared foreign donations was also a false statement of fact attacking Watkins' personal character, but Woolas may have had reasonable grounds for believing it to be true. Woolas subsequently sought a judicial review of the findings, and was granted permission to bring the action; the High Court ruled that the statement that Watkins had reneged on a promise to live in the constituency concerned his political actions and did not therefore come under the Act, but upheld the other two statements and the avoidance of the election.


De Como Roubar uma Eleição.'democraticam.' a 12 de Maio de 2015 às 11:03
Uma religião chamada Inglaterra

(11/05/2015 por João José Cardoso, Aventar)

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Experimentem pisar a vaca a um hindu, desenhar Maomé em frente de um crente, ou dissecar o sistema eleitoral britânico estando ao alcance das direitas: a reacção será a mesma.

Compreende-se, porque a suposta superioridade da democracia inglesa quando tropeça lhes estraga todo um enredo, o da superioridade de um país que continua a colonizar outros, onde o princípio elementar de que todos os homens nascem livres e iguais ainda esbarra na persistência da nobreza, a pátria dos tablóides e de Alan Turing,

Vamos a factos: o sistema pode ser antigo, e foi muito avançado em seu tempo. Não o é hoje, porque invoca a criação de maiorias em detrimento da representatividade, fazendo do parlamento uma anedota (e vá lá, a Câmara dos Lordes, esse supremo exemplo da autoridade aristocrática, já não é o que foi). E porque há sondagens, que condicionam a votação.

Vamos a evidências: a contagem de votos na Venezuela é supervisionada por observadores internacionais:


O processo eleitoral na Venezuela é considerado o melhor do mundo pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, que coordena uma instituição de monitoramento de eleições ao redor do mundo há mais de uma década.

Gostava de o ver na Inglaterra, onde os eleitores não são identificados, se vota com um lápis, e um pénis (não confundir com a moeda britânica) bem desenhado é voto aceite. Para justificar isto, ouvimos a tradição, a confiança no homo britanicus, um ser extra-terrestre de suprema bondade e honestidade, o homem novo estalinista, portanto. Mas claro, a Venezuela é a Venezuela, e porque é que é a Venezuela? porque é a Venezuela, aquele país onde quando a oligarquia ganhava eleições ninguém reparava no seu sistema eleitoral, direitos, liberdades e garantias.

A Inglaterra? nem pensar nisso. Esta listagem de denúncias de possíveis fraudes nunca existiu.

Posto isto, há um último argumento que não o sendo parece: o de que se ataca o sistema por causa dos resultados destas últimas eleições. Por acaso até posso localizar quando me comecei a escandalizar com o sistema britânico de voto: 1989, onde os Verdes com 15% de votos não elegeram ninguém para ao Parlamento Europeu.

Mas não precisava. Porque, também em resultado de um sistema que só permite dois partidos, desde a passagem da amiga de Pinochet pelo poder que a diferença entre Conservadores e Trabalhistas é meramente folclórica, existindo apenas na cabeça do professor Vital Moreira. Um partido que não expulsa um criminoso de guerra chamado Blair é tanto de esquerda como eu sou de direita. Os sindicatos (de onde vinha a força de esquerda dos Trabalhistas) foram arrasados, o pensamento único em modo TINA institucionalizou-se, exactamente o que a direita acusa os bolivarianos de terem feito na Venezuela.

De resto os resultados destas eleições são históricos para a esquerda: os seus únicos candidatos obtiveram bons resultados, fruto precisamente de um sistema eleitoral que algum dia teria de falhar: os escoceses deram uma abada aos partidos do sistema.

O problema é pertinente, em Portugal, porque António Costa defende círculos uninominais. E no estado actual da Europa os partidos que acham o poder monopólio seu farão todas as mudanças eleitorais para o conservarem. Pese que um círculo nacional pode compensar o absurdo à moda inglesa (tal como o sistema francês de segunda volta não deixando de ser mau é menos mau), toda a cantilena que lhe está associada é mentirosa e perigosa. É mentira que tal aproxime o deputado dos eleitores: a mim representa-me quem recebe o meu voto, e no caso de não ser eleito, representa-me o respectivo partido. Em eleições fulanizadas parte em vantagem quem tem mais meios financeiros. E é perigoso porque tenta fingir que os partidos não representam ideologias e não têm programas, que é precisamente onde votamos. Se os partidos a quem se pretende oferecer a eternidade têm maus candidatos de segunda linha, o problema é de quem vota neles, não é meu.

E depois há a engenharia eleitoral, tão americana, tão portuguesa no séc. XIX (sim, já tivemos círculos uninominais) e também inglesa, pois claro, esperem pelo que vai acontecer à Escócia.

... mas Não lhe chamem democracia


De Sondagens: metodo, análise e ... a 7 de Julho de 2015 às 16:10
SONDAGENS: PREVISÕES E RESULTADOS

6/2/2006,Púb.
análise objectiva de algumas questões.

Uma breve observação aos diversos «estudos de opinião» revela uma «realidade» bem diferente da que acabou por acontecer no dia 22 de Janeiro. Mudança repentina das escolhas dos eleitores? Falta de rigor? Incompetência? Manipulação? Ou…?

--História
Recorde-se que a importância das sondagens como fonte de informação para os media é um fenómeno relativamente recente. Só a partir dos anos trinta do século XX, G. Gallup e E. Roper iniciaram um novo tipo de sondagens, com amostras estruturadas. O aperfeiçoamento do método de auscultação levou à expansão das sondagens “científicas” a partir de 1936.

Os avanços técnicos, científicos e tecnológicos vieram tornar mais fácil a auscultação da opinião pública, nomeadamente, através da entrevista telefónica.

...
Os diferentes meios de comunicação noticiosos estabeleceram parcerias entre si. Partilhando os custos e rentabilizando os resultados através de processos combinados de divulgação na TV, na rádio e nos jornais. As sondagens institucionalizaram-se como fonte de informação.

--Teoria
Pedro Magalhães nas páginas do “Público” e Carlos Gonçalves, Jorge Cordeiro e Vítor Dias no “Avante!”, entre outros, fornecem-nos importantes elementos de reflexão.

Importa, desde logo, lembrar que as sondagens só permitem uma previsão aproximada da realidade eleitoral, ou outra.
Em todos os casos no intervalo de valores determinado pela margem de erro.
E isto se for utilizado o método aleatório, amostras estratificadas, criteriosamente seleccionadas e de dimensão adequada.
E métodos de inquirição fiáveis.
E se os procedimentos de estimação complementares – relativos à abstenção e à distribuição dos não respondentes e indecisos – estiverem conforme à realidade em análise.

--Divulgação
O tratamento jornalístico de sondagens requer conhecimentos específicos e reveste-se de bastante sensibilidade.

Os seus resultados prestam-se a várias interpretações.
Uma análise incompleta e pouco rigorosa dos dados de uma sondagem pode ter consequências graves e imprevisíveis, para a imagem das pessoas, ou instituições, submetidas a escrutínio.
Além de enganar ou confundir aqueles que não tenham a curiosidade de verificar, em pormenor, esses dados.

--Prática
A esmagadora maioria das sondagens relacionadas com as eleições para a Presidência da República, vindas a público entre 28 de Outubro e 22 de Janeiro, não preenchiam estes requisitos.

Não os cumpriam quanto aos parâmetros elementares de credibilidade.
Nem quanto ao critério das amostras consideradas.
Nem quanto à fiabilidade dos métodos de inquirição.
Nem quanto aos procedimentos complementares de estimação.
Nem finalmente quanto à forma como foram apresentadas por quase todos os meios de comunicação.

--Realidade
Foram as sondagens e a comunicação social, que as encomenda, quem manteve acesa a chama da candidatura de Cavaco Silva, durante os quase dez anos que o ex-primeiro-ministro esteve «retirado da vida política».
Foram umas e outra quem o catapultou para a posição de, mais que favorito, vencedor antecipado.

--Estatística
Analisemos duma forma objectiva dois casos.
Por um lado, a sequência das 24 sondagens registadas, entre 27 de Outubro e 20 de Janeiro, no âmbito das eleições presidenciais.
Por outro, o caso particular representado durante 12 dias pela sondagem da Marktest.

Sobre a primeira, sublinhem-se três constatações:

Em primeiro lugar, o facto de nas 24 sondagens publicadas ter sido sempre atribuído a Cavaco Silva valores bem superiores ao seu resultado.
Sendo que em 17 delas as previsões estiveram sempre mais de 5 pontos percentuais acima do que obteve.

Depois, o pormenor de em 15 destas 24 sondagens Francisco Louçã aparecer sempre com valores superiores (alguns bem superiores) àquilo que mostrou valer nas eleições.

Finalmente, a proeza de em 24 das 24 sondagens Jerónimo de Sousa aparecer sempre com valores inferiores ao que os que decidem lhe quiseram dar.
...

Notas finais
Não se pense que estas questões se restringem ao âmbito político-eleitoral. Também nas audiências televisivas e radiofónicas, por exemplo, se manifesta a imprecisão, a falta de rigor e profissionalismo, a incompetência, a manipulaç...


De Sondagens e seu Enviesament/ Credibi a 9 de Julho de 2015 às 18:23
Os desígnios insondáveis das sondagens

(08/07/2015 por José Gabriel , Aventar)

Tendo recebido um telefonema em que alguém se propunha sondar-me em matéria eleitoral e tendo eu declinado o convite – como sempre fiz – lá fui parar, mais uma vez, à coluna dos que “não sabem/não respondem”.

... Geralmente são jovens a procurar ganhar um parco salário e, por isso, merecem-me, geralmente, simpatia e cordialidade. ... quando lhe perguntam que programas de televisão prefere, estão, de facto, a relacionar os seus dados pessoais com os seus gostos no sentido de escolher espaços de colocação da publicidade televisiva
-, estas agora mais raras, sobretudo desde que as empresas aprenderam a piratear dados das redes informáticas (como esta…)
e desenvolveram métodos mais fiáveis de medição de audiências. ...

Agora que as sondagens – e, quando querem poupar dinheiro, as entrevistas sobre o valor das ditas – estão a ferver, devidamente comentadas por entrevistados conspicuamente parciais, quer sejam assumidamente pertencentes a partidos – quase sempre próximos do poder –
quer sejam jornalistas sabujos e servis, espécie que abunda em todos os canais e jornais, ocorre-me deixar aqui esta nota.
Quanto ao valor e credibilidade das metodologias usadas e dos resultados, se os sucessivos fracassos não vos convencem,
. ..Aí estão elas disparatando em grande – olhem o exemplo da Grécia – e usadas, como é habitual, como arma política grosseira oriunda da ciência da banha da cobra.

Nem vou perder tempo com o valor das amostragens, muitas delas simples e preguiçosos painéis.
Notem, porém, a natureza dos inquéritos: os telefónicos, ... mas os próprios inquéritos por entrevista directa ou presencial. Por muito simples e directas que sejam as questões, a primeira objecção surge logo na forma da entrevista:
é uma série de perguntas em que o entrevistador pergunta e escreve as respostas e o inquirido responde sem conhecer a série de quesitos em causa e sem qualquer controlo sobre os acontecimentos?
Ou um inquérito que é entregue ao entrevistado, que o preenche pessoal e confidencialmente e o coloca numa urna selada?
A diferença entre estes dois métodos, como qualquer pessoa minimamente informada em matéria de psicossociologia sabe, é abissal e as duas vias produzem – mesmo que as perguntas sejam as mesmas! – resultados diferentes.
Tanto, que, por mim, só aceito responder quando é usado o segundo método. ... até porque temos acesso a todas as questões e podemos recusar pura e simplesmente responder, já que o modo como elas são feitas está longe de ser indiferente.

Exemplo? Qualquer de nós é capaz de alinhar quatro perguntas que conduzam, quase inexoravelmente, a uma conclusão e, depois, só publicar essa última questão, omitindo todas as outras.
Claro que muitos dos meus amigos sabem que entre as duas metodologias de inquérito referidas há uma razoável variedade de técnicas intermédias.
Mas penso ter ilustrado o meu ponto.
... abordando a grosseira prática de, em algumas sondagens, aparecerem, não só inúmeras variáveis parasitas mas verdadeira e pornografia sociológica.
Quer procurando indagar de modo simplório sobre atitudes – e as atitudes avaliam-se por escalas, sejam quais forem os autores preferidos de quem inquire, que dão um trabalho que os encomendantes não querem pagar e os encomendados não querem ou não sabem fazer –,
quer tentando indagar o que “ as pessoas” pensam do que os outros pensam, como aconteceu em recente sondagem em que aparece a pergunta sobre qual o partido que os inquiridos pensam que irá ganhar as próximas eleições. Sem surpresa, o resultado desta pergunta é muito diferente dos dados obtidos pelas opções partidárias evidenciadas. O partido em segundo lugar nesta sondagem aparecia com maioria absoluta na convicção dos inquiridos sobre o comportamento alheio. Um disparate, a não ser que a agência – que publicava uma ficha técnica armadilhada, como é habitual – quisesse fazer uma espécie de psicanálise para totós. Porque, bem sabemos pelo velho e bom tio Sigmund, “quando Pedro me fala sobre Paulo, eu fico a saber mais sobre Pedro que sobre Paulo”.


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