6 comentários:
De Eficiência, gestão, privado, público,... a 16 de Janeiro de 2015 às 18:34
Os privados são mais eficientes

A definição de Eficiência da wikipedia ensina-nos que "Eficiência refere-se à relação entre os resultados obtidos e os recursos empregados." As licenciaturas de economia ensinam-nos que os privados são mais eficientes. Portanto, a fazer fé ..., os privados são quem consegue melhores resultados com os mesmos recursos, ou os mesmos resultados com menos recursos, ou melhores resultados com menos recursos.

Afinal é simples a economia. Mas imaginemos que chega um ladrão de bicicletas e pergunta se os resultados (e os recursos) pretendidos de uma empresa pública e de uma empresa privada são os mesmos. E se são comparáveis. Aí entramos num debate interessantíssimo, que podemos empreender pensando na inserção de uma empresa como a PT no contexto de uma economia como a portuguesa.

A esquerda passa a vida a falar sobre o sectores estratégicos, mas o que quer isso dizer? Uma das formas de definir o que é um sector estratégico é avaliar o seu impacto no resto da economia. O sector das comunicações fornece serviços a um conjunto de consumidores finais e empresas que tem crescido e vai continuar a crescer. Isso quer dizer que o preço e a qualidade dos serviços de uma empresa como a PT são um factor de competitividade (ou falta dela) de muitas outras empresas e sectores inteiros da economia. Os preços da PT afetam os preços de muitas outras empresas. A qualidade dos serviços da PT afeta a qualidade dos serviços ou produtos de muitas outras empresas. É por isso (e por outras coisas) que a PT é uma empresa estratégica.

Antes da sua privatização, a PT era uma empresa altamente lucrativa, mas, para além disso, era um pólo de investigação e inovação e um factor de modernização da economia portuguesa. Muitas destas actividades repercutiam-se negativamente nos resultados da empresa, pelo menos no curto prazo. E o seu contributo para o país, embora indiscutivelmente importante, é difícil de medir ou comparar. É isso, aliás, que permite que muitos dos méritos da actividade da PT nesse período sejam atribuídos à liberalização do sector das comunicações, apresentado como o caso de sucesso das privatizações portuguesas.

Por outro lado, desde a sua privatização, a empresa distribuiu montantes recorde em dividendos aos seus accionistas. Desde 2000, a PT distribuiu aos seus accionistas mais de 800 milhões de euros por ano, em média. Mais de 70% dos quais para fora do país (sim, isso é relevante). No total, cerca de 130% do seu próprio valor accionista. Quando avaliada através do indicador preferido dos liberais, RoE (Return on equity), a privatização da PT e a sua vida privada, que neste momento se afigura curta, só podem ser descritos como um sucesso formidável. Numa lógica completamente diferente da que poderíamos utilizar para o seu papel enquanto empresa pública, como é bom de ver.

Este processo de descapitalização acelerada, somado a alguns negócios, tão ruinosos como pouco claros, terá como desfecho, qual cereja em cima do bolo, a venda a um fundo abutre, para desmembramento e venda à peça. Assim, num período relativamente curto, uma empresa pública sólida, capitalizada, inovadora, será reduzida a escombros, depois de ter sido previamente drenada, no que só pode ser qualificado como vampirismo financeiro.

Deste Governo não se poderá, obviamente, esperar qualquer iniciativa a este nível. Da regulação, sempre invocada nos processos de privatização como a garantia eterna do interesse público, é melhor nem falar. Tudo isto se passou e continua a passar no livre funcionamento dos mercados, perante a placidez de governo e reguladores. Com um certo tipo de "eficiência", em que "os mercados" são, de facto, imbatíveis. Para o interesse público, será uma tragédia, mas isso já não cabe no conceito de eficiência, tal como ele continua a ser ensinado.

Esta história serve, no entanto, para ensinar a quem não tenha aprendido com o sector financeiro, a EDP, a Galp, etc., uma coisa muito simples. Se um país quer ter uma estratégia de desenvolvimento económico, tem de ter instrumentos para essa estratégia. Para isso, precisa de ter empresas públicas, pelo menos dominantes, em todos os sectores decisivos para essa estratégia. E quando digo "ter", quero dizer ser dono e controlar. O resto são intenções ... ou corrupç


De CEOs, gestores, acionistas e público a 16 de Janeiro de 2015 às 18:50
(Comentário a :
«Mais coisas cuja lógica me escapa...», a idolatria dos Administradores/ dirigentes... - por Rita Carreira, em 15/1/2015, Destreza das dúvidas)
Rita,

Penso que não há idolatria pelos CEO´s. O que há é RAPINA dos CEO´s, mais notória nos EUA mas em expansão na Europa. O Thomas Piketty faz uma análise muito aprofundada do assunto em "O Capital no Sec XXI".
A acumulação de riqueza, que não cedeu com a crise, porque se acentuou, está a observar-se nos
managers, que se apoderam do governo das grandes empresas e fazem o que entendem em proveito próprio.

Sabe, certamente, o que se passa com a enorme batota (digo batota para evitar adjectivo mais contundente, embora mais adequado) que engloba o BES, o GES , a PT e a Oi.
É um caso típico:
o sr. Ricardo Salgado pagava o que fosse preciso ao sr. Zeinal Bava e aos seus companheiros da alegria;
em troca, estes entregavam ao sr. Ricardo Salgado a liquidez que ele precisasse, e precisava de muita.
Um dia rebentou a bolha, e a Rioforte, do GES, a quem a PT emprestava milhões desde o começo do século, não pagou 900 milhões que devia à PT.

E, disseram então eles, os managers, excepto o presidente da PT, Henrique Granadeiro, apanhado com o rabo na boca, não sabemos que havia esse empréstimo...
Uma ninharia de 900 milhões de euros, um valor que representaria metade do valor da PT na altura.

Hoje mesmo, o Granadeiro, sabe-se lá porquê veio dizer que todos sabiam,
inclusivamente os brasileiros da OI, com quem a PT se fusionou. Entretanto, a PT vale agora em bolsa menos de 1/10 do que já valeu.

Há remédio para este tipo de situações, que cada vez são mais e quase por toda a parte?
Haverá há, mas eles não deixam.
Ou não têm deixado, se preferir.


De a Direita, o Fisco e as Famílias. a 16 de Janeiro de 2015 às 18:37
Um Robin dos Bosques ao contrário: a direita, o fisco e as famílias

«Se há coisa que esta reforma fiscal garante é que um filho de um rico vale mais do que o filho de um pobre. Olhemos para a política de natalidade desta maioria, que começou em 2011. É a emigração, o aumento do desemprego, o corte dos salários, o aumento do horário de trabalho, o corte dos feriados, a diminuição dos direitos laborais, a dificuldade do acesso à saúde, a degradação do acesso à educação... Tudo isto, senhora deputada, afecta as famílias portuguesas.
(...) O CDS e o PSD degradaram objectivamente a vida das famílias portuguesas nestes três anos e não é com pequenas migalhas, que são sobretudo para as famílias de mais altos rendimentos, que vão corrigir o mal que fizeram. (...) O que é que o CDS diz às mais de 30 mil famílias que perderam acesso ao Rendimento Social de Inserção? O que é que o CDS diz às mais de 40 mil crianças que perderam o acesso ao RSI? (...) Diz que vai continuar a piorar a vida dessas famílias. Porque neste orçamento dizem que vão cortar mais 100 milhões de euros em prestações sociais, que vão afectar sobretudo crianças e famílias.
(...) Quando nós olhamos para o IRS, senhora deputada, há mais de 50% de portugueses que não pagam IRS. E portanto uma política de natalidade centrada no IRS logo à cabeça exclui 50% das famílias. E dos 50% dos portugueses que pagam IRS, o que o CDS lhe tem a dizer é: nós apoiaremos tanto mais quanto mais dinheiro tiverem.»

Da intervenção de João Galamba na Assembleia da República, na quarta-feira passada, em resposta à declaração política do CDS/PP sobre a reforma do IRS e o apoio à família (via Câmara Corporativa).

(-por Nuno Serra, 16/1/2015, Ladrões de B.)


De Aforro e Estado vs bancos privados a 20 de Janeiro de 2015 às 14:38
Pão partido aos pequeninos ou os Certificados de Aforro, o Estado e a Banca

(15/1/2015,https://oeconomistaport.wordpress.com/2015/01/15/pao-partido-aos-pequeninos-ou-o-as-nossas-poupancas-o-estado-e-a-banca/ )

Como os juros descem, um membro do governo da área das Finanças anunciou que o Estado desceria o juro dos Certificados de Aforro.
Com mais ou menos atraso, foi o que sempre aconteceu: os juros desse instrumento acompanham os juros do mercado comparável.
Só descerão os juros dos novos certificados, e por isso estamos perante um ótimo de Pareto (ninguém perde) e por isso causava dó (ou provocava gargalhadas loucas) uma entrevista a um membro do governo comparando essa descida de juros a um despedimento em massa.

Perante a notícia da baixa de juros do Estado-Banco, o Engº Faria de Oliveira apareceu em nome dos bancos a implorar que o Estado não os concorrenciasse mais na obtenção de poupanças:
como os juros descem, a banca também descerá os seus.
Porque o Governo não diz para que juro descerá os ditos certificados e por isso parece querer algo da banca ou concorrer com ela.

Para transformar a cena num quadro de Salvador Dali, o dito membro do governo achou por bem teorizar sobre a credibilidade financeira dos Estados:
«Também é importante do ponto de vista do Estado, enquanto emitente, poder referir que tem capacidade de captação junto do mercado doméstico. Os investidores estrangeiros valorizam isso».

Já chegámos à finança burkinaBé. Esta teoria burkinabense dispensa o Estado português de conceber e aplicar (implementar, em português vagamente contemporâneo)
um instrumento de poupança financeira a longo prazo para o pequeno aforrador que , sem concorrenciar a banca comercial que financia a dívida pública, aumentasse e segurasse a poupança nacional.
É que este instrumento exigia matemática que os nossos financeiros públicos, treinados no privado, não dominam – e talvez nem saibam que existe.


De Piorar serviço para depois cobrar + !! a 19 de Janeiro de 2015 às 15:44

Taxas e taxinhas
(por CRG,365forte, 13/1/2015)

Segundo a "New Yorker" na última década a principal fonte de receita das companhias áreas americanas é a cobrança de taxas
(ex: bagagem no porão, assentos mais cómodos, wi-fi, embarque mais rápido...),
tendo aumentado 1200% desde 2007.

No entanto, para que as taxas funcionem, continua a reportagem, é necessário que os passageiros considerem essenciais as contrapartidas, isto é,
que o serviço básico sem as taxas fique degradado o suficiente para que os clientes sintam a necessidade de pagar o serviço extra.

Deste modo, as companhias áreas tem um forte incentivo para tornar o serviço básico quase intolerável
- actualmente os lugares mais largos na classe económica nas principais companhias áreas americanas são mais estreitos do que os piores lugares nos anos 90.

Interrogo-me se este incentivo não existe também nos serviços públicos;
se a degradação dos mesmos abaixo do aceitável não será uma forma de empurrar os utentes para o pagamento de taxa "premium" no privado,
quer esta seja na saúde, educação, complementos de reforma ou mesmo na justiça.

------- Neoliberal intenção e prática:
Degradar as empresas e serviços públicos para o privatizar a seguir (vender por tuta e meia, aos amigos e obter chorudas comissões e/ou tachos!)
e aumentar preços. !!


De Securitarismo .vs. democracia e liberdad a 20 de Janeiro de 2015 às 14:31

Une citoyenneté réduite à des données biométriques

Comment l’obsession sécuritaire fait muter la démocratie


L’article 20 de la loi de programmation militaire, promulguée le 19 décembre, autorise une surveillance généralisée des données numériques, au point que l’on parle de « Patriot Act à la française ». Erigé en priorité absolue, l’impératif de sécurité change souvent de prétexte (subversion politique, « terrorisme ») mais conserve sa visée : gouverner les populations. Pour comprendre son origine et tenter de le déjouer, il faut remonter au XVIIIe siècle…

par Giorgio Agamben, janvier 2014


La formule « pour raisons de sécurité » (« for security reasons », « per ragioni di sicurezza ») fonctionne comme un argument d’autorité qui, coupant court à toute discussion, permet d’imposer des perspectives et des mesures que l’on n’accepterait pas sans cela. Il faut lui opposer l’analyse d’un concept d’apparence anodine, mais qui semble avoir supplanté toute autre notion politique : la sécurité.

On pourrait penser que le but des politiques de sécurité est simplement de prévenir des dangers, des troubles, voire des catastrophes. Une certaine généalogie fait en effet remonter l’origine du concept au dicton romain Salus publica suprema lex (« Le salut du peuple est la loi suprême »), et l’inscrit ainsi dans le paradigme de l’état d’exception. Pensons au senatus consultum ultimum et à la dictature à Rome (1) ; au principe du droit canon selon lequel Necessitas non habet legem (« Nécessité n’a point de loi ») ; aux comités de salut public (2) pendant la Révolution française ; à la Constitution du 22 frimaire de l’an VIII (1799), évoquant les « troubles qui menaceraient la sûreté de l’Etat » ; ou encore à l’article 48 de la constitution de Weimar (1919), fondement juridique du régime national-socialiste, qui mentionnait également la « sécurité publique ».

Quoique correcte, cette généalogie ne permet pas de comprendre les dispositifs de sécurité contemporains. Les procédures d’exception visent une menace immédiate et réelle qu’il faut éliminer en suspendant pour un temps limité les garanties de la loi ; les « raisons de sécurité » dont on parle aujourd’hui constituent au contraire une technique de gouvernement normale et permanente.

Davantage que dans l’état d’exception, Michel Foucault (3) conseille de chercher l’origine de la sécurité contemporaine dans les débuts de l’économie moderne, chez François Quesnay (1694-1774) et les physiocrates (4). Si, peu après les traités de Westphalie (5), les grands Etats absolutistes ont introduit dans leur discours l’idée que le souverain devait veiller à la sécurité de ses sujets, il fallut attendre Quesnay pour que la sécurité — ou plutôt la « sûreté » — devienne le concept central de la doctrine du gouvernement.
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Une vie politique devenue impossible

Ainsi, le security state est un Etat de police, même si la définition de la police constitue un trou noir dans la doctrine du droit public : lorsqu’au XVIIIe siècle paraissent en France le Traité de la police de Nicolas de La Mare et en Allemagne les Grundsätze der Policey-Wissenschaft de Johann Heinrich Gottlob von Justi, la police est ramenée à son étymologie de politeia et tend à désigner la politique véritable, le terme de « politique » désignant quant à lui la seule politique étrangère. Von Justi nomme ainsi Politik le rapport d’un Etat avec les autres et Polizei le rapport d’un Etat avec lui-même : « La police est le rapport en force d’un Etat avec lui-même. »

En se plaçant sous le signe de la sécurité, l’Etat moderne sort du domaine du politique pour entrer dans un no man’s land dont on perçoit mal la géographie et les frontières et pour lequel la conceptualité nous fait défaut. Cet Etat, dont le nom renvoie étymologiquement à une absence de souci (securus : sine cura), ne peut au contraire que nous rendre plus soucieux des dangers qu’il fait courir à la démocratie, puisqu’une vie politique y est devenue impossible ; or démocratie et vie politique sont — du moins dans notre tradition — synonymes.

Face à un tel Etat, il nous faut repenser les stratégies traditionnelles du conflit politique. Dans le paradigme sécuritaire, tout conflit et toute tentative plus ou moins violente de renverser le pouvoir fournissent à l’Etat l’oc


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