Ou muito me engano ou a Carochinha da Mota-Engil é capaz de ter mais respostas para dar do que aquelas que apresenta. Não basta mentir para esconder a verdade. Até para isso é preciso alguma competência.
Começa a ficar definitivamente claro o que move os estivadores e o que defendem os patrões. Os primeiros estão em luta pelo trabalho digno e com direitos, pela reintegração dos estivadores despedidos e contra a negociata que está a levar à sua progressiva substituição por trabalhadores precários. Os segundos estão em luta pelos lucros da Mota-Engil e dos seus enteados, pela exploração de um negócio que se agiganta à conta da relação promiscua entre os governantes e os representantes dos interesses económicos em jogo. Os primeiros pela produtividade nos portos, pela segurança dos trabalhadores e das cargas e, consequentemente pelo interesse nacional. Os segundos pela transferência dos salários de centenas de trabalhadores para a fortuna e subida no ranking de bilionários deste país.
Joana N.Coelho, a porta voz dos patrões e a mulher de mão da Mota-Engil, que acusa o sindicato pela quebra da produção, devia era dizer qual tem sido a produtividade dos trabalhadores precários, que não têm nem experiência nem a devida formação, e cuja inépcia e baixa produtividade tem mais responsabilidades na quebra de produção do que a greve ao primeiro turno.
Será que agora são as empresas que querem escolher as direcções dos sindicatos? (tal como no salazarismo!/fascismo!) O que pretendem com mais esta calúnia no dia em que aceitaram reunir-se à mesa com os sindicalistas, pressionados pela recusa dos armadores em aceitar que os seus navios sejam operados por equipas de fura-greves inexperientes? Porque não reconhecem que andam a provocar a falência da actual empresa de trabalho portuário?
É sabido que aqueles que só respondem às perguntas que colocam, normalmente não estão a dizer a verdade. Esperamos para ver se vão continuar a insistir na história ou se, face à enormidade dos dados que têm vindo a público e à incapacidade de continuarem a esconder a verdade, os seus últimos refúgios são o silêncio e as falácias.
Mente, e mente com todos os dentes. 1º, porque diz, que os actuais trabalhadores não serão preteridos. Então vejamos o que estes grupos económicos fizeram em Aveiro, e prepararam o mesmo cenário para Lisboa. Em Aveiro, depois de conduzirem a ETP à insolvência (desviando as cargas para o porto de leixões, onde também operam), seguiu-se a demissão na gestão da empresa(ETP). Os Trabalhadores como principais credores, conseguiram e decidiram pela recuperação da empresa. Entretanto, ao lado (50 metros), as empresa de estiva (dos grupos mota e engil e E.T.E.) abriram uma nova empresa de trabalho portuário (GPA). De seguida, essa GPA, vai recrutar trabalhadores a uma ETT. Tudo para que possam colocar os trabalhadores temporários, prioritariamente ao serviço. E é isso que temos, trabalhadores temporários, a trabalhar, e trabalhadores efectivos, a aguardar que haja eventualmente um volume de trabalho que justifique a sua requisição. Note-se, que a especificidade das (ETT´S), sendo de trabalho temporário, seria só de elas mesmo, acudirem temporariamente a picos de maior trabalho, o que não acontece. Tudo isto se passa, perante uma errada interpretação da lei 3/2013 (contra a qual lutámos e muito), e com total inércia do governo e do instituto que regula o sector. Esta senhora, Joana Coelho,efectivamente oculta a realidade e a verdadeira intenção. - A. Júlio, Trabalhador Portuário (Aveiro).