Sexta-feira, 25 de Abril de 2014
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
1974 – O mural de 48 artistas (-por Joana Lopes)
----- Agora, na Av. 24 Julho, Lisboa (e também por toda a cidade e país) podemos apreciar novos murais relativos ao 25 de Abril e de intervenção cívica e política. A visitar, lembrar e ... motivar.
Salgueiro Maia
Amanhã, no Largo do Carmo, será evocado Salgueiro Maia. As referências ao «capitão» Salgueiro Maia costumam enfatizar o papel decisivo que assumiu no 25 de Abril, mas sobre a sua carreira militar após o PREC cai um manto de silêncio.
Tendo igualmente tido um papel relevante no 25 de Novembro, não pode apontar-se a Salgueiro Maia nada em seu desabono — a não ser a defesa intransigente da democracia: manteve-se fiel à condição militar, não alinhou com extremismos de direita ou de esquerda, não se deslumbrou pelos holofotes da política, recusou ocupar quaisquer cargos (mesmo de natureza político-militar, como integrar o Conselho da Revolução).
Tal não obstou a que a direita militar, que, entretanto, reassumira as chefias das Forças Armadas, o perseguisse logo em 1976, tendo Salgueiro Maia sido afastado do comando militar para tarefas administrativas, primeiro chamado a Lisboa, depois enviado para os Açores, antes de ser atirado para a chefia da secção prisional do Presídio Militar de Santarém.
Alguns dos que desempenharam cargos de chefia por esses tempos não sentiram necessidade de também dizerem alguma coisa sobre as perseguições de que Salgueiro Maia foi alvo, ainda que fosse para se justificarem.
Acresce que, com a multiplicidade de historiadores que apareceram recentemente a debitar sobre o 25 de Abril, é surpreendente que ninguém — que eu me tenha apercebido — se tenha detido no que representa a perseguição que foi movida a Salgueiro Maia a partir de 1976.
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Leituras sobre Salgueiro Maia:
• Biografia de Salgueiro Maia
• Salgueiro Maia, O Insigne Capitão
De oportunistas, burlões e farsantes a 28 de Abril de 2014 às 10:45
Viva o 25 de Abril
Honra à memória de Salgueiro Maia.
Lembro aqui a entrevista que Salgueiro Maia deu a Francisco Assis Pacheco no Jornal a 29.04.1988.
'É um facto que me sinto orgulhoso pela acção desenvolvida em prol do meu ideal de liberdade e democracia.(...)
À margem disso deploro que, tendo nós realizado um acto ímpar- pela primeira vez na História da Humanidade uma força militar realiza uma acção de destruição de um poder sem se apropriar desse poder- isto que em todos os países é relevante,
passa aqui pura e simplesmente desapercebido ou então, ao contrário, serve de base para sermos marginalizados, quando não tratados como traidores à Pátria.
Mas tenho outros sentimentos. Tenho um sentimento de gozo em especial nas comemorações do 25 de Abril por ver o comportamento de muita gente que é anti-25 de Abril mas que depois tem que ir lá pelas funções que o 25 de Abril lhe deu,e até tem que dizer coisas a favor do 25 de Abril'
Eu vou ao Largo do Carmo.
27.4.14
«Declaração de Entrega dos Ex-Membros do Governo»
Este documento é magnífico! (ver no http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/2014/04/declaracao-de-entrega-dos-ex-membros-do.html )
No dia 26 de Abril de 1974, «foram entregues» no Funchal, pelo comandante do avião que as levou de Lisboa, as «seguintes entidades»: Américo Tomás, Marcelo Caetano, Silva Cunha e Moreira Baptista.
O governador militar assina a aceitação da «mercadoria» e o Chefe do Estado Maior / CTIM autentica. Tudo ordeiramente, na maior das legalidades – estranho ou não, mas foi assim.
Posted by Joana Lopes : 1974
comments:
Victor Nogueira :
1. - Em 25 de Abril de 1974 a farsa entre spínola e marcelo para que o poder não caísse na rua foi pela RTP anunciada deste modo:
São já quase 20 horas e um novo comunicado informa que "Sua Excelência o ex-Presidente do Conselho de Ministros se rendeu incondicionalmente a Sua Excelência o General António de Spínola, juntamente com os ex-Ministros do Interior e dos Negócios Estrangeiros". Ainda era o tempo das “Excelências” e do respeitinho.
E no dia 27 em Caxias ainda se discutia à porta do Forte se era ou não legal libertar os presos políticos, enquanto o Governo era entregue a um conjunto de Generais alguns que se vieram a revelar claramente defensores da (des)ordem derrubada e tenha sido lançado um apelo para evitar os excessos que possam por em causa “o poder que o General Spínola vos oferece”.
2. - Durante a guerra colonial e nos arredores de Luanda havia um Quartel – o Grafanil – espécie de albergue ou placa giratória das tropas em trânsito entre o mato e a cidade ou o Puto (Portugal) onde existia um enorme barracão, que se via da estrada, onde letras garrafais identificavam como “Depósito de Convalescentes”. Era um dos muitos depósitos do material de guerra, este de soldados convalescentes.
27 de Abril de 2014 às 12:33
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