Sexta-feira, 4 de Julho de 2014

      10  argumentos  a favor da  nacionalização da  banca   (-por oJumento, 2/7/2014)

Esta combinação de capitalismo europeu de inspiração asiática, com a overdose de (neo)liberalismo promovida por economistas ambiciosos como Gaspar, com a corrupção, o oportunismo e uma democracia refém de manipulações da opinião pública feita com os orçamentos publicitários de grandes grupos está a conduzir a uma grave crise do sistema. O que se passa com a banca portuguesa é um bom exemplo, quando o PCP defende a nacionalização da banca tem toda a razão.
    O país teria mais a ganhar com a nacionalização da banca do que manter um sistema bancário gerido por incompetentes, corruptos e selvagens. Aqui ficam dez boas razões em favor de uma nacionalização da banca:
1. Os bancos privados têm sido pior geridos do que sucedida com a banca nacionalizada.
   A banca portuguesa é um bom exemplo de má gestão e bastaria deduzir dos seus resultados os juros abusivos conseguidos num mercado que durante muito tempo foi protegido da concorrência, os montantes de impostos que ficam por pagar por via da evasão ou dos favores políticos ou os ganhos com a especulação em dívida soberana para se perceber que os lucros da banca não são o resultado de uma boa gestão como muitas vezes se tentou fazer crer. A banca não é o caso de sucesso de que Cavaco tanto gostava de referir.
2. Tendo absorvido uma boa parte dos prejuízos financeiros do BPN.
   Ao mesmo tempo que se elogia a boa gestão dos bancos privados usa-se a CGD para apoiar os seus negócios ou para se associar aos negócios de outros bancos, como é o caso do agora badalado BES. Os defensores da iniciativa privada não se dispensam de usar um banco público para ajudar os bancos privados.
3. Os bancos privados têm sido geridos contra o interesse da economia nacional
    Os mesmos bancos que hoje apoiam a política de empobrecimento e concordam com o governo na tese de que os portugueses consomem em excesso são os bancos que antes da crise penalizavam e dificultavam o crédito às empresas para concentrar os seus recursos financeiros no sector mais lucrativo do crédito ao consumo. Mais do que as políticas públicas têm sido as estratégias de lucro fácil da banca a orientar a economia portuguesa no sentido do consumo e do endividamento.
4. Os bancos privados favorecem a evasão fiscal
    A banca privada não só tem comprado políticos para a favorecer com esquemas de fuga aos impostos como colabora activamente com os seus clientes em esquemas de reengenharia financeira que visam apenas a evasão fiscal.
4. Os banco privados têm estado envolvidos na fraude fiscal
   Em todos os grandes processos envolvendo fraudes fiscais a banca tem estado presente, é o caso, a título de exemplo, da «operação furacão».
6. A banca privada colabora com a fuga de capitais através de operações nas suas off shores.
    Os capitais que abandonam o país fazem-no com a colaboração da banca privada.
7. A banca é uma fonte de corrupção na sociedade portuguesa.
    A máxima do antigo patriarca do BES era que "o BES é como as putas, está sempre ao lado do poder" e tem sido esta a prática dos bancos. O caso do BES é emblemático, o BES está no poder e o poder está no BES, mas a generalidade dos bancos conta nos seus quadros de administração com políticos que servem apenas para gerir influências. Esta prática não se limita aos políticos, as relações com a banca generalizam-se a altos quadros do Estado. A banca é hoje uma verdadeira central de corrupção da vida pública portuguesa.
8. A banca usa os seus recursos para manipular a opinião pública
    Nenhum órgão de comunicação social ousou criticar a banca privada nas últimas das décadas e isso explica-se pelo recurso à chantagem dos bancos sobre os jornais e televisões. O caso mais evidente foi o do «mensalão», quando Ricardo Salgado ameaçou o Expresso de cortar a publicidade ao grupo Impresa. O Expresso deixou de noticiar o mensalão.
9. Os prejuízos que a banca privada provoca ao Estado cobriria uma parte dos custos da nacionalização
    O custo do caso BPN, as perdas em receitas fiscais aos bancos, as perdas de capitais privados, a perdas de impostos sobre a actividade económica destruída pelos bancos seria suficiente para pagar uma boa parte do valor da banca em bolsa.
10. A banca privada põe em causa a democracia e a soberania nacional
     Os acontecimentos dos últimos anos provam que a banca privada gerida por gente sem escrúpulos e estando na posse de empresários sem princípios é inimiga do interesse nacional, põe em causa a soberania nacional e destrói a democracia, argumentos só por si suficientes para se decidir a sua nacionalização, senão mesmo a expropriação.
         Os bancos e os seus gestores têm-se comportado como inimigos do país e da democracia, promovendo a distorção da economia, a corrupção, a evasão e a fraude fiscais e a fuga de capitais. Já nem vale a pena recordar as velhas denúncias vindas dos EUA em relação ao branqueamento de capitais. Os banqueiros portugueses e os gestores da banca, incluindo os políticos envolvidos, têm-se comportado de forma criminosa e como tal deviam ser tratados.
-------------
PS.- O que se refere acima deve ser entendido, não como um exclusivo do Estado (do público) no sector da banca, mas sim como desejável e necessária uma forte presença pública em sectores chave da economia, recursos e infra-estruturas em Portugal, para competir e influenciar positivamente o "mercado", diminuir as fortes desigualdades  e evitar oligarquias, monopólios e carteis que capturam o Estado (através de governantes/ administradores corruptos e/ou incompetentes), e exploram os pequenos e médios produtores, os consumidores, os trabalhadores e os cidadãos em geral.


Publicado por Xa2 às 07:44 | link do post | comentar

5 comentários:
De .BES e Polvo dos donos de Portugal. a 4 de Julho de 2014 às 13:04

Marcelo, Miguel, o BES e nós

(-por JOÃO MIGUEL TAVARES, Público, 01/07/2014 )

É destes pequenos segredos que vive o regime que nos trouxe até aqui.
Pergunta do milhão de euros: como é possível que um caso com a dimensão do BES só se conheça agora?
Como é possível que nós, gente dos jornais e da comunicação social, tenhamos tido ao longo dos anos notícia de tantas pontas soltas – basta ver o número de casos em que o banco esteve envolvido –, mas ninguém tenha sido capaz de unir as várias pontas e perceber aquilo que realmente se estava a passar?
A resposta é óbvia:
porque a família Espírito Santo é demasiado grande (poderosa) e o país demasiado pequeno (com fracos Cidadãos e um Estado fraco).

Enquanto a família esteve unida, formou um bloco inexpugnável, pela simples razão de que o seu longo braço chegava a todo o lado,
incluindo partidos (alguém já ouviu António José Seguro, sempre tão lesto a dar palpites sobre tudo, comentar o caso BES?),
comunicação social (quem não se recorda do corte de relações com o grupo Impresa em 2005, na sequência de notícias sobre o envolvimento do BES no caso Mensalão?)
e até aos próprios comentadores, por via das relações pessoais que Ricardo Salgado mantém com gente tão influente quanto Marcelo Rebelo de Sousa ou Miguel Sousa Tavares.

Ora, ninguém à face da terra possui uma independência inexpugnável.
Isso não significa que todos tenhamos um preço – significa apenas que somos condicionados por relações de amizade ou de sangue
e que nesse campo uma família de 300 membros, que há décadas se move na alta sociedade portuguesa como peixe na água, acaba por chegar a quase toda a gente que interessa. (via NEPOTISMO e corrupção)
O próprio Sousa Tavares referiu essas ligações há um ano, numa entrevista à Sábado:
“O Ricardo Salgado é sogro da minha filha e avô de netos meus. Além disso, somos amigos há muitos anos, porque eu fui casado com uma prima direita dele.
Nunca o critiquei e nunca o elogiei, porque acho que não se fala da família em público.”
Pode apontar-se a Miguel Sousa Tavares muita coisa – eu já o fiz –, mas não falta de independência ou coragem.
Simplesmente, quando o caso BES atinge esta dimensão, o silêncio de alguém com a sua importância torna-se efectivamente um FAVOR a Salgado.
Não há como fugir a isso.
Mas se Sousa Tavares não fala sobre o tema e já justificou porquê, o mais influente comentador português – Marcelo Rebelo de Sousa – necessita urgentemente de aproveitar algum do seu tempo dominical para fazer a sua declaração de INTERESSES em relação aos Espírito Santo.
E essa declaração é tanto mais premente quanto nas últimas semanas tem vindo a defender a solução Morais Pires, considerando até que a impressionante queda das acções do BES na passada semana era coisa “inevitável”, visto estarmos perante “um novo ciclo”.
Que essa queda tenha acontecido exactamente por não estarmos perante um novo ciclo parece não ter passado pela sua cabeça, habitualmente tão veloz e atenta.

Não admira, pois, que Nicolau Santos tenha chamado a atenção no Expresso para o facto de Marcelo e Ricardo Salgado já terem passado juntos “várias vezes férias no Mediterrâneo”.
E já agora – acrescento eu – que Rita Amaral Cabral, há longuíssimos anos companheira de Marcelo, como é público, seja actualmente administradora não executiva do BES, e, entre 2008 e 2012, um dos três membros da comissão de vencimentos do banco.
Marcelo, como todos sabemos, nunca teve quaisquer problemas em criticar aqueles que lhe são próximos.
Mas há factos que devem ser verbalizados – porque é precisamente destes pequenos SEGREDOS que vive o regime que nos trouxe até aqui.


De [FV] a 4 de Julho de 2014 às 16:41
Excelente postagem e excelente comentário.
Por estarem todos presos por pormenores ou por éticas mais ou menos discutíveis (posso falar da puta da minha vizinha, mas não posso falar da puta da mulher do meu primo...)A teias que o mundo tece ou que nós tecemos. Porque existe sempre uma justificação para tudo, mesmo que o que se faz não tenha justificação possível.
Compadrios desta sociedade pequeno burguesa e intelectualmente mediocre em que muitos dos filhos não saiem aos ~pais ou vice-versa. Porque que é que só gostamos de gabar as qualidades e nunca de reconhecer os defeitos? Triste sina a nossa.


De Assalto do PSD ao BES e... ao país. a 23 de Julho de 2014 às 18:26
O despudorado assalto do PSD ao BES


(-por AG , CausaNossa, 8/7/2014)

"Não alinho na campanha orquestrada por certa imprensa e comentadores avençados para louvar Primeiro Ministro e Ministra das Finanças por terem recusado o pedido de Salgado para o Estado, através da Caixa Geral de Depósitos, lhe facultar um empréstimo que salvasse o Grupo do incumprimento. É que Primeiro Ministro e Ministra não tinham mesmo espaço para aceder: além do furor da população portuguesa, seriam linchados pela Troika post Troika (isto é, as instituições e parceiros da UE), sobretudo depois do BES/GES ter recusado financiamento do resgate para evitar, justamente, a inspecção da saúde financeira do Grupo.
Mas entretanto, nestes últimos dias, Governo e BdP esmeraram-se a dar-me razões para reforçar as minhas críticas: se antes, no mínimo, não fizeram o que era devido, agora reincidem no indevido. Porque é de bradar aos céus o assalto ao BES pelo PSD que engendraram".


Extracto da minha crónica de hoje no "Conselho Superior" Antena 1, que se pode ler na íntegra aqui http://aba-da-causa.blogspot.be/2014/07/o-despudorado-assalto-ao-bes-pelo-psd.html


De Bangsters neoliberais arruinam cidadãos a 24 de Julho de 2014 às 15:57



As raposas do nosso descontentamento


A deriva neoliberal tem como uma das componentes, como uma das suas expressões paradigmáticas, o predomínio do capital financeiro, a proeminência estrutural da banca.

Hoje, torna-se cada vez mais claro que a chamada crise das dívidas soberanas, que conduziu à troikização de Portugal, da Irlanda e da Grécia, pôs a Espanha e Chipre sob tutela e a Itália sob ameaça, desviou as atenções da culpa da banca no desencadear da crise em 2008, tendo protegido as bancas francesa e alemã duma exposição excessiva às dívidas desses países.

Também se torna claro que a banca internacional tem conseguido evitar um acréscimo efectivo de regulação, susceptível de prevenir e evitar a eclosão de novas crises originadas em operações fraudulentas ou especulativas.

Em Portugal, a somar-se a casos anteriores bem conhecidos e de graves consequências para a economia nacional, eclodiu agora o caso Espírito Santo.

Não menosprezo a necessidade de respostas rápidas que travem qualquer evolução excessivamente dramática para o país. Mas parece-me no mínimo ingénuo ou imprudente circunscrever o problema a essa dimensão imediatista. Se o chefe dos chefes da banca portuguesa viu a sua credibilidade derreter-se como manteiga, tudo o que não seja um salto qualitativo no controle da actividade bancária, deixando claro que o Estado não hesitará em assumir o controle efectivo e definitivo dos bancos prevaricadores, se for caso disso, não passará de uma carícia suave ao problema que enfrentamos.

A despeito de muitas promessas e avisos as raposas banqueiras têm vindo a devastar a capoeira da nossa economia. Vamos confiar nas promessas de algumas raposas recicladas, continuando a deixá-las à solta entre nós, para que nos vão delapidando patrimónios e confiscando direitos ?


(-por Rui Namorado, oGrandeZoo, 12/7/2014)


De Terroristas financeiros e suas células. a 24 de Julho de 2014 às 16:07
Ricardo Salgado atrás das grades? Espírito Santo seja louvado!

24/07/2014 por João Mendes, Aventar

(faço votos para que passes a ver o sol neste enquadramento Ricardo. Mas se puder ser pior, fica já aqui a garantia que rezarei 2 tercinhos ao Espírito Santo, ok?)

O mais certo é estar cá fora dentro de algumas horas mas no momento em que escrevo estas palavras, o destacado terrorista financeiro Ricardo Salgado está detido para interrogatório o que, enquanto contribuinte que alimentou parte da actividade criminosa da família deste sujeito, só me pode encher de felicidade. Agora que o império se desmorona, o homem que o DCIAP garantia há um ano e meio não ser suspeito na investigação do caso Monte Branco/Akoya volta a encontrar-se com a justiça no âmbito do mesmo caso. Faço votos que passe lá o resto da vida e, se possível, que alguns dos seus familiares pertencentes à mesma célula terrorista lhe sigam as pisadas.


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