2 comentários:
De Não diz-se «Oxi» em Grego. a 30 de Junho de 2015 às 16:21
Não diz-se oxi

Tudo aquilo que o Governo grego fez desde Janeiro até ao dia da convocação do referendo só tem racionalidade se o objectivo for tirar a Grécia do euro, convencendo os gregos que foram os europeus que a empurraram para fora da moeda única (…) Sim, têm sido extraordinariamente inteligentes, frios e manipuladores.

Num editorial de puro ódio, típico de quem não aprendeu nada com esta crise, Helena Garrido até acabou ontem no Negócios por inadvertidamente agigantar a liderança grega. No entanto, Garrido está errada, creio. Eles não deixam de ser políticos com p grande, mas talvez por outras razões.

Quem tenha feito um esforço, por pequeno que seja, para conhecer o Syriza e seus aliados, sabe que a maioria da sua liderança política é (era, tenhamos esperança)
composta por convictos europeístas, dos da euro-keynesiana “modesta proposta”, dos do Plano Marshall para o Sul, dos da superação da austeridade com reestruturação da dívida dentro do Euro, dos de “uma outra Europa é possível”;
sabe igualmente que o Syriza é composto por democratas convictos.
Estes meses representaram um esforço para negociar num espírito de conciliação de princípios irreconciliáveis no quadro institucional do Euro,
bastando ver a última e dolorosa proposta apresentada e rejeitada com vermelho e tudo.

Num partido onde existe uma minoria crescentemente influente, com um diagnóstico bem mais realista da economia política do Euro,
justamente convicta de que a saída é a única solução,
confrontada com a integração europeia realmente existente, com a sua natureza pós-democrática, feita de mil formas de corrupção da democracia,
incluindo a cooptação das elites do poder,
a maioria do Syriza revelou capacidade de aprendizagem, optando pela democracia quando as convicções europeístas se revelaram obstáculos a esta.

Estamos gratos pelos gestos deste fim-de-semana, misturando instinto de sobrevivência política,
ou não fosse o objectivo das instituições europeias derrubar o governo,
fidelidade ao povo e seriedade de propósitos.

Uma liderança assim, que aprende com os erros, que aprende com o isolamento a que foi votada,
com as operações de desestabilização financeira,
com a intransigência dos credores, tem toda a “racionalidade”.
É extraordinariamente “inteligente”, como só podem ser as lideranças que emergem das organizações plurais e forjadas nas lutas sociais.
Espero que seja “fria” e calculista e outras coisas supostamente mais quentes também.
Precisamos mesmo de príncipes modernos, de partidos deste tipo.
Já as “manipulações”, deixo-as para os políticos com p pequeno e para os seus ideólogos.

É que neste processo, o que estamos a ver não é uma manipulação, mas sim uma vontade geral nacional-popular sendo forjada.
Creio, e é mais uma aposta num texto cheio delas, que a vitória do não no referendo é um momento importante deste processo criador do tal nós,
a primeira pessoa do plural de que depende a hegemonia.
Em Portugal, estamos bem mais atrasados, claro, se calhar também porque, como aventava Pacheco Pereira no sábado,
a consciência nacional foi aqui mais erodida do que na Grécia.
Enfim, teremos, e é a última aposta, de queimar etapas...

(por João Rodrigues às 30.6.15 , Ladrões de B.)


De Euro implosão da não democracia a 1 de Julho de 2015 às 16:19
Como se constata, o problema nunca esteve nas diferenças entre as duas propostas.

(30/06/2015 por j. manuel cordeiro, Aventar)

[euro implosão]

Juncker sugere a Tsipras acordo de última hora. Com a condição em que seria preciso “aceitar [por escrito; por escrito?!] a proposta de sábado das três instituições” e, ainda, dar o dito pelo não dito (campanha pelo sim).
Possivelmente, baixar as calças também poderia vir a ser pedido.

Exactamente, o que é que mudou que impedia que o acordo de sábado fosse aceite mas agora já é proposto de novo? Nada.
Ah, não, a Grécia vai referendar uma decisão europeia, algo sucessivamente recusado em anteriores contextos. Quais?

Por exemplo a adesão dos países ao euro, o Tratado de Lisboa, o Tratado de Maastricht e as cotas alfandegárias (estas mesmas que conduziram à destruição da nossa indústria têxtil).
Só para citar alguns exemplos, pois no fundo a União Europeia é um exemplo acabado de ausência de legitimidade democrática.

Agora repare-se no detalhe.
A dita carta que Tsipras deveria enviar dirigir-se-ia a quem?
Ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, à chanceler alemã, Angela Merkel e ao presidente francês, François Hollande.

Parece que há uma coisa, ou se calhar havia, chamada decisões por unanimidade.
Mas assim se percebe que uns mandam e outros lambem migalhas.
Percebe agora, ó sr. Passos, porque é que se está a associar ao lado errado?
Você está a colar-se a um grupo onde nada manda. Alternativamente, poderia ter voz.
E não se esqueça, 18 menos 1 dá 17. O sr. Aníbal que lhe diga.

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Nightwish says:

Os líderes alemães e franceses estão-se a cagar para os seus cidadãos, não se importam nada de lhes continuar a roubar dinheiro para enriquecer a banca lavando o dinheiro pela Grécia, isso não está em negociação.
O que lhes chateia é que haja quem queira deixar de ser escravo e que lhes estrague o negócio dizendo que o rei vai nu e provando que a austeridade é uma treta que nem no excel faz sentido.


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