O Verdadeiro Artista
(-por josé simões, 24/6/2014, http://derterrorist.blogs.sapo.pt/ )
As empresas alemãs, "que apostam numa cultura de compromisso social, [que] geralmente não fazem greves, e [onde] existe uma grande disponibilidade dos trabalhadores para cumprirem os objectivos que foram estabelecidos" são um exemplo a seguir, segundo o ministro da Economia do Governo
que aumenta o horário de trabalho,
retira dias de férias e de descanso,
baixa salários e o preço a pagar pelas horas extraordinárias aos trabalhadores,
sem que se verifique o retorno da riqueza, acumulada pelos patrões e accionistas com estas benesses, para a economia real,
põe o dinheiro dos contribuintes a pagar estágios profissionais nas empresas
para mascarar o aumento do desemprego e a falta de emprego jovem,
aumenta o IRS aos trabalhadores
e aumenta a mais-valia a patrões e accionistas
por via da diminuição do IRC.
"Quando as administrações dão o exemplo, se preocupam com as pessoas, e as envolvem na gestão, é mais fácil chegar a acordos, é mais fácil ter trabalhadores motivados, produtivos.”
Que nome se dá a alguém que papagueia exactamente o contrário daquilo que faz?
De ShareAction: Combater salários indignos. a 26 de Junho de 2014 às 16:59
Por um salário digno – uma campanha bem esgalhada
(-por António Paço , 5dias, 25/6/2014)
O salário, do ponto de vista do capital, deveria garantir apenas a manutenção e a reprodução da força de trabalho.
Mas hoje nem sequer esses mínimos cumpre,
levando ao esgotamento dos trabalhadores, que são empurrados para situações de endividamento e dependência de esquemas assistencialistas.
No Reino Unido, um grupo militante encetou uma campanha simples que poderia e deveria ser imitada noutras paragens.
Portugal, por que não?
Modificando slogans de propaganda da cadeia de supermercados Tesco,
ShareAction, um grupo que combate os baixos salários no Reino Unido alterou etiquetas de preços da Tesco e colocou-as nas lojas.
(por ex:)
«Apenas 8,80 libras por hora. Uau! 1,39 mil milhões de libras de lucro!», diz o exemplo na foto.
Com 310 mil trabalhadores, a cadeia de supermercados Tesco é o maior empregador do sector privado do Reino Unido.
Mas nem todos os trabalhadores são pagos acima do salário mínimo, actualmente fixado em £ 6,31 por hora.
O salário mínimo vital corresponde a um cálculo do mínimo necessário para pagar habitação, alimentação e outras necessidades básicas.
Em Londres, está calculado em £ 8,80 por hora e no resto do país em £ 7,65.
O grupo ShareAction também pede às pessoas que protestem tirando uma foto à entrada de uma loja Tesco, segurando um pequeno cartaz que exorta a empresa a «valorizar os seus trabalhadores».
Depois de tirarem a foto, os clientes são incentivados a publicá-la nas redes sociais, como o Facebook e o Twitter.
Um inquérito independente constatou que os trabalhadores mal pagos
ficam cada vez mais endividados,
são forçados a recorrer a bancos alimentares e
a prestações sociais para sobreviver.
Cerca de 5,24 milhões de trabalhadores na Grã-Bretanha – mais de um quinto da força de trabalho – recebem abaixo de um salário digno.
A natalidade que não temos
No Negócios de hoje, João Taborda da Gama fala de natalidade, mais exactamente de «Procriação fiscalmente assistida», e destaco este parágrafo porque há anos que defendo o que nele é dito: «A baixa fecundidade lusa não é coisa que me preocupe muito. No grande esquema das coisas, tanto valor tem uma criança nascida em Cantanhede como em Cantão, e não parece que a população do mundo, que não termina ali em Gibraltar nem nos Urais, esteja para acabar». Escrevi em tempos um texto em que imaginava o Alentejo desertificado cheio de famílias cambojanas e hei-de repescá-lo um dia.
Pretender aumentar a natalidade com medidas fiscais é não só ineficaz como absurdo, quando, simultaneamente, se constroem toda a espécie de muros para que só circulem nativos europeus ou candidatos a vistos gold. A Europa (e Portugal por tabela) já não é, e nunca mais será, terra de gente branca com olhos azuis. Se estes não se multiplicam... azar – venham outros.
O texto de JTG merece ser lido na íntegra, mas pode só estar disponível um pouco mais tarde. Ficam alguns excertos.
«Há agora uma obsessão europeia com políticas de fomento natalista que incluem medidas fiscais. E Portugal está em último quanto a número de filhos – aliás, somos também o país com menor actividade física, e não parece que as coisas andem desligadas. (...)
Em matéria de família, cada uma sabe de si; já vi céus e infernos em famílias grandes e em famílias pequenas, em famílias com pai e mãe, só com pai, só com mãe, só com mães, só com pais. Liberalismo selvagem é a minha filosofia sobre natalidade. Quanto menos controlo, melhor. Desse, do Estado e da sociedade. O futuro a Deus pertence e quando estiver a morrer só me hei-de arrepender dos filhos que não tive e, enquanto cá estiver, gosto pouco que me digam que tenho filhos a mais ou a menos. Pratico em relação aos outros uma feroz abstinência proselitista natalista, e a última coisa que quero é o IRS a piscar-me o olho para ir ao sexto filho. (...)
Ter filhos por causa de um benefício fiscal é comprar uma casa no Algarve por causa da Nespresso de oferta, e o povo é mais esperto do que isso. (...)
Se o quociente familiar é uma medida de justiça fiscal que repõe a igualdade entre famílias grandes e pequenas, há ainda uma proposta que ajuda à tranquilidade de alguns lares: a possibilidade de declaração separada. O argumento para a declaração tributária separada é o de que havendo liberdade quanto a finanças conjugais separadas (o princípio "uma cama, duas contas"), não pode o Fisco impor um momento anual de intimidade conjugal patrimonial. Admito uma visão de conjugalidade ultrapassada e minoritária que passa pela partilha quer de contas bancárias, quer de wc (há agora a moda dos dois lavatórios), e sobretudo não compreendo o que pode levar um casal a querer preencher duas, e não uma, declarações de IRS. Mas também aqui é preciso afastar preconceitos pessoais. A possibilidade de declaração separada era necessária à luz do princípio da maior neutralidade possível da lei fiscal. Felizes esses lares onde a 31 de maio não haverá angústias ("Zé Manel, marcelopresidente2016 está-me a dar erro, e já só tenho uma tentativa. Qual era o raio da senha? – Tenta santana, deve dar, mas não juro") nem recriminações (mas deitaste fora os recibos todos da farmácia como, Maria?!?!").»
- por Joana Lopes, http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.pt/ 2014/8/27
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