De .Liquidaram o nosso país. a 24 de Novembro de 2016 às 09:21
“A Vida e a Morte dos Nossos Bancos, Como os banqueiros usaram o nosso dinheiro e ele desapareceu”
é o título do livro que a Helena Garrido, uma grande senhora do jornalismo económico português, lançou na semana passada. Ainda não li, mas sabendo da competência da Helena e da precisão e cuidado com que faz o seu trabalho não tenho dúvidas que é um documento que traz seguramente mais alguma luz a muitos aspetos sombrios da derrocada da banca nacional. A Helena tem uma longa e brilhante carreira profissional, que a levou a passar por pelo menos duas direções editoriais (Diário de Notícias e Jornal de Negócios) e várias redações. Sempre dispôs de uma invejável carteira de contactos no mundo económico. Foi a ela que em 2011 o então ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, entendeu dar a informação de que Portugal tinha pedido ajuda internacional. Por tudo isso, este livro é de leitura obrigatória.
Hoje, às 18.30, na Bucholz em Lisboa, é lançado um livro de duas outras fantásticas jornalistas. Anabela Campos e Isabel Vicente, minhas camaradas de redação no Expresso, assinam “Negócios da China”,
que tive o privilégio de ler ainda no prelo porque me pediram para fazer o prefácio, uma distinção que seguramente não mereço. A Anabela e a Isabel são duas das mais corajosas jornalistas que conheço.
Os cidadãos comuns podem não ter essa ideia, mas o mundo económico pode ser muito violento para os jornalistas.
É preciso ter coragem para insistir nas perguntas, para querer saber a verdade, para não recuar perante as dificuldades, para manter a persistência quando seria mais fácil desistir.
A Anabela e a Isabel são isso tudo e muito mais. Nunca quiseram transformar a profissão de jornalista numa carreira burocrática. Vão para a frente dos touros, olham-nos nos olhos e pegam-nos de caras. Em “Negócios da China” estão muitas das investigações que as duas conduziram nos últimos anos ao serviço do Expresso, mas também factos novos relacionados com
a economia chinesa e a estratégia dos seus dirigentes para Portugal.
O ajustamento entre 2011 e 2015 conduziu à venda de quase todas as grandes empresas portuguesas e ao controlo da banca nacional por capitais estrangeiros.
O investimento chinês foi quem levou a parte de leão nestas vendas a saldo que foram as privatizações durante aquele período.
Mas também há espaço para os pormenores indecorosos que levaram ao desmantelamento do BES, da PT e da Cimpor, bem como ao caso BPN.
Ou seja, este é outro livro imperdível para quem se interessa por temas económicos – ou por quem quer perceber como chegámos ao ponto onde nos encontramos, e cada vez mais de olhos em bico.
Um país que secou
(24/11/2016 por j. manuel cordeiro, Aventar)
A propósito dos chineses que passaram a controlar o BCP, Nicolau Santos faz uma análise daquilo em que se tornou o país em meros 5 anos. É um retrato desolador, de uma nação que deixou de ter controlo sobre os seus mais sensíveis e estruturais elementos. Ilustra, ainda, como estavam profundamente errados aqueles que defenderam (e defendem) um Estado minimizado, vendido ao sector privado.
reucaliptização
A reeucaliptização da banca
O cronista do Expresso aponta o mandato de Passos Coelho e Paulo Portas como a causa do problema. Foram anos de completa reviravolta, é verdade, mas não chega para explicar onde chegámos. Apesar do fanatismo ideológico que atingiu o expoente máximo com o anterior governo, a loucura já vem de trás. É anterior a Sócrates, o mal do mundo, veja-se só.
Podemos sempre recuar mais, mas há um marco, a adesão à CEE, que divide dois momentos. Um antes de pobreza e um depois de abundância. Foi nesse tempo de vacas gordas que o país cresceu sem par, mas também foi então que as grandes clientelas se encostaram ao Estado. Viveram durante muito tempo dos fundos comunitários, com Cavaco Silva como primeiro-ministro. Findos estes, era preciso continuar com a sua rica vidinha a que estavam habituados. A duplicação do Estado (lembram-se das Empresas Municipais, por exemplo?) e as PPP, foram o o meio de o conseguir, com Guterres como chefe do governo. Foi também este quem iniciou a onda de privatizações, continuada por Sócrates, a qual foi mais uma forma de alimentar os negócios. Chegados a Sócrates e a Passos Coelho, já não havia dinheiro para obras e a maior parte das empresas do Estado tinham sido privatizadas. Como continuar, então, a alimentar a multidão que vive dos negócios trazidos pelos partidos? Sobravam os sectores estratégicos e os sectores centrais do Estado, como a Educação, a Saúde e a Segurança Social. Foi nestes que o ataque se deu e ainda vai ser nestes que vai continuar até que haja um corte radical com a forma como se ganham eleições em Portugal.
divida
Fundos comunitários, Saldo Orçamental e Dívida Pública
Mesmo assim, o maior dos ataques ao país veio do sector financeiro. Desde 2008 que tem sido uma torneira aberta a enterrar dinheiro na banca e nos juros da dívida. Repare-se que o dinheiro não se evapora. Ele tem que ir para algum lado e as centenas de milhares de milhões de euros que nos saíram do bolso estão, neste momento, na posse de alguém. A concentração de poder e riqueza atingiram valores em que há pessoas com mais poder do que um país inteiro.
Portugal perdeu quase tudo sem dar por isso, tal foi a cacetada que levámos. Mas tivemos a raposa no meio das galinhas durante décadas, fazendo de conta que ela não estava lá. Mas estava.
------ Alt says:
24/11/2016
Minha cara, o problema não é do Estado, são das pessoas eleitas por todos nós para tomar decisões políticas,
as quais tomam decisões quase sempre em função de interesses de uma pequena parte dos cidadãos(por sinal todos eles a comer à mesa do orçamento directa ou indirectamente ).
Aliás, esta escumalha floresceu exactamente por incutirem em anónimos como a minha cara, a ideia que o Estado é mau e o que interessa é que se fosse privado era melhor para todos.
O privado só é melhor quando está em ambiente de competição e em bens transaccionáveis.
De resto, por esse mundo fora, não faltam maus e bons exemplos, mas são muito maiores os maus do que os bons.
--------EMVR:
...
... É, de facto, surpreendente a cegueira do votante. Ou será inconsciência … ignorância … incultura? (iliteracia, alienação, ...)
Seja por que razão seja, é isto que explica porque chegamos onde chegamos: “Iniciador” e “continuadores”, goste-se ou não da política seguida.
Há, quer se queira ou não, de facto, um terrível “Arco da Governação” (PSD/CDS +PS) que nos tolhe, pois é um opositor ao contraditório e um contínuo agente lixiviador.
De
[FV] a 24 de Novembro de 2016 às 17:20
Este blog tem, desde o seu início, sido um espaço de opinião livre e de denúncia das políticas que os seus postantes consideram relevante na vida nacional e internacional, isto independentemente de nem sempre terem razão (mas quase sempre) e muitas vezes por antecipação a factos que se vêm, infelizmente, mais tarde confirmados.
Nem sempre as opiniões dos diversos intervenientes são alinhadas, o que a meu ver, é bom sinal, pois mostra a liberdade de pensamento e de expressão de cada um. É essa diferença que nos separa e nos une simultaneamente. Mas o que ainda me espanta é a apatia com que a grande maioria dos cidadãos do meu país se alheia da vida política nacional dos diversos (des)governos e a indiferença perante a perda de soberania nacional, seja ela para a "mão dos "alemães" ou para a China, Angola ou outros. Dizem que cada um tem o que merece e se calhar com razão, mas quando toca a todos (ao portugueses e a Portugal) custa-me muito.
Mas como diria o meu pai: Cá se fazem, cá paga. E o que não se pagou cá, leva-se lá! Espero que seja verdade e ele tivesse razão.
Contudo não deixa de ser muito triste e preocupante esta fase que o país atravessa: mediocridade política, social e sobretudo, intelectual.
De « 'isto' está tudo ligado !!» a 28 de Novembro de 2016 às 10:40
FV tem razão ...
mas não é só em Portugal, é global ... «isto está tudo ligado!»:
neoliberalismo, transnacionais, tratados TTIP/CETA/... UMonetária/Euro, finança/banca offshores, ... media (mídia: TVs, jornais, jornalistas atemorizados ou comprados, ...), academia / 'thinktanks', partidos políticos do centrão de interesses, ... iliteracia, novilíngua, marketing, ...
Parabéns pela vossa persistência em continuar este blog de política (mesmo/ também desalinhada) !!.
Zé T.
De .a teia dos media, q. saca e manipula... a 24 de Novembro de 2016 às 09:28
---- GRUPO COFINA : A TEIA de cumplicidades, que vive à custa do contribuinte !...
Ora, aqui está a reacção, nunca mais vinha ao de cima…
Se estavam à espera de ler isto no Correio da manha, orgão do PPD/PSD, também conhecido por "Correio das Mentiras", (desenganem-se.
GRUPO COFINA
Até ao fecho desta notícia, a Autoridade Tributária (AT) ainda não esclareceu o que pretende fazer para garantir que a Cofina pague a parte dos 20 Milhões de Euros que deve ao Estado desde 2013.
E por ironia do destino, foi uma iniciativa do Governo Passos Coelho que perdoou 5 Milhões de Euros ao Grupo detentor do Correio da Manhã.
Em 2013, a Cofina somava 20 Milhões de Euros em fugas ao fisco e à Segurança Social.
Através da Ministra Maria Luís Albuquerque, ao abrigo do Regime de Regularização de Dividas Fiscais e à Segurança Social (RERD ’13),
o grupo Correio da Manhã pagou 2,5 Milhões, sendo-lhe imediatamente perdoados 5 Milhões de Euros.
No entanto, “ainda” falta pagar 12,5 Milhões aos cofres dos contribuintes.
O grupo Cofina não esclarece nada sobre este grande negócio que, essencialmente, significa que é o ERÁRIO PÚBLICO que patrocina toda a panóplia de jornais (CM, Record e Jornal de Negócios),
revistas (Sábado, TV Guia, Flash!, Máxima, Vogue e Semana Informática) e uma televisão.
A tal que, de acordo com o seu diretor, chega em meia hora a qualquer parte do território nacional, tais são os recursos humanos e técnicos disponíveis. Pudera…
A falta de esclarecimento por parte das entidades oficiais e dos responsáveis deste negócio da China representa um verdadeiro muro de silêncio, uma teia de cumplicidades que não se sabe onde começa e acaba.
É que, apesar de já existir uma penhora ao grupo empresarial, nada afecta a luxuosa vida dos seus acionistas, como é o caso do responsável número um, Paulo Fernandes, que contínua a habitar tranquilamente na Quinta da Marinha, à grande e à francesa.
Tudo à custa do contribuinte e com a colaboração do desleixe das entidades, que perseguem os cidadãos por dívidas de valor residual, mas não conseguem cobrar anos e anos desta mega-fraude.
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