Novo normal ?
Hoje a notícia é a diminuição do défice conseguida pelo governo em 2013.
Manipulação contabilística (Banif não conta) e receitas extraordinárias contribuem para um sucesso que seguramente será usado ad nauseam pelo governo.
Mas a festa não ficará por aqui. A estabilização da actividade económica actual, o crescimento homólogo que aí vem (o último trimestre de 2012 e o primeiro de 2013 foram particularmente maus),
o provável regresso aos mercados com emissão de dívida a dez anos e a possível estabilização ou mesmo diminuição da dívida face ao PIB
(graças ao crescimento contabilístico do último) criam uma combinação perfeita para este governo até meados deste ano, altura de eleições e fim do programa da troika.
Sabemos que a austeridade permanente instalada não permitirá grandes voos à economia portuguesa.
Todavia, se a retoma internacional se mantiver, poderemos estar a entrar num novo período para a economia portuguesa.
Crescimento anémico, elevadas taxas de desemprego, baixos salários, aumento das desigualdades, relações laborais desestruturadas e o Estado-social em fanicos, mas sem a continuação da depressão económica.
Este modelo será sempre frágil e provisório, dado o endividamento público e externo, mas o panorama político transformar-se-á necessariamente.
A esquerda tem de estar à altura desta nova realidade e trabalhar neste quadro exigente.
Com a experiência dos últimos anos, confesso a minha angústia. Dois caminhos afiguram-se como prováveis.
--Por um lado, a capitulação perante a austeridade, com esta a servir de permanente pano de fundo no debate político.
A discussão política colocar-se-ia neste campo sobretudo na distribuição dos custos da austeridade na sociedade.
--Por outro lado, o estado de negação, num discurso de continuidade em relação ao passado recente.
Ambos se inscrevem no que tem sido, grosso modo, a prática recente, onde a contínua queda do PIB e aumento do desemprego permitiram estratégias políticas razoavelmente bem-sucedidas em torno da "austeridade inteligente" e da "agit-prop contestatária".
A análise profunda dos mecanismos por detrás da actual crise, onde a relação entre Portugal e a UE é central, ficou arredada, tendo as alternativas daí decorrente ficado nas margens do debate.
a esquerda não conseguir superar a actual modorra, receio que estejamos a caminhar para um "novo normal" de declínio social e político da democracia portuguesa.
Aliás, e como sublinhou o João Rodrigues [ http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/01/a-austeridade-e-para-sempre-e-derrota.html ],
não é por acaso que Passos Coelho, na sua moção, sublinha a emergência de uma “nova normalidade.”
Postado por Nuno Teles , 23/1/2014, Ladrões de B.
-----P.Silveira:
..."um governo, uma maioria e um presidente" bloquearam politicamente qualquer solução que não passe por uma
fortíssima manifestação popular contra a corrupção, o compadrio e a política de ruína da generalidade das pessoas, em proveito dos grandes especuladores e parasitas.
E este tipo de acções tem que se generalizar, para já, por toda a Europa!
É que a teia de procedimentos que esta gente foi criando ao longo dos anos faz com que grandes crimes (dos ricos e poderosos) tenham penas simbólicas o que os torna praticamente impunes!
Exemplo
"A Comissão Europeia (CE) aplicou multas a uma dezena de grandes bancos por manipulação na fixação de taxas de juro, como a Euribor, a Libor e a Yen Libor. Essas taxas servem de referência a incontáveis contratos no mundo".
Por aqui podemos imaginar os biliões de lucros que estes crimes (agora branqueados com uma coima enorme mas simbólica em relação aos valores envolvidos e que não deixa cadastro).
É este estado de coisas que é necessário acabar.
E com muita urgência!
----- De facto é angustiante que na europa e em Portugal, a esquerda não consiga contrariar e desmascarar estes saqueadores.