É bom lembrar Critério dos salários é curto (-por V.Dias, tempo das cerejas2)
Não é que estes dados só por si, já não digam muito mas, perante eles, convém lembrar que o que verdadeiramente dá a medida da situação criada aos trabalhadores portugueses não são apenas a queda nos salários mas sim a queda do rendimento disponível como resultado designadamente dos agravamentos fiscais.
(O Castendo, 12/1/2015)
Poder de compra cai em Portugal e custos do trabalho e salários muito inferiores aos da União Europeia
•As remunerações e os custos do trabalho em Portugal e na U.E. e a falsa justificação para a reduzida competitividade
«Um dos argumentos mais utilizados pelo governo, pela "troika", pelo patronato e pelos seus defensores nos media para justificar uma maior desregulamentação das leis do trabalho em Portugal (uma das chamadas "reformas estruturais")
é que os custos do trabalho no nosso país seriam demasiadamente elevados, o que determinaria a baixa competitividade das empresas portuguesas.
Este argumento de tão repetido pode acabar por passar para muitos como verdadeiro. Por isso interessa analisá-lo com atenção.
Utilizando os dados divulgados pelo Ministério da Economia (quadro 1), entre 2011 e 2014, a remuneração média líquida nominal (não considerando o efeito da subida de preços) dos trabalhadores do setor privado diminuiu 5,7%,
mas se se entrar em conta com efeito da subida preços conclui-se que, neste período, registou-se uma redução do poder de compra destes trabalhadores em 11,5%.
Em relação aos trabalhadores da Função Pública (quadro 2) a evolução verificada ainda foi mais grave, já que a perda de poder de compra sofrida por estes trabalhadores foi o dobro da verificada no setor privado.
Entre 2010 e 2014, como consequência do efeito conjugado do corte das remunerações nominais, do aumento enorme de impostos e dos descontos para a ADSE, o poder de compra dos trabalhadores da Administração Pública reduziu-se em 22,1%.
E em 2015, apesar da redução em 20% no corte das remunerações, mesmo assim o poder de compra destes trabalhadores continuará inferior ao que tinham em 2010 em 21,4%.»
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PSA Peugeot-Citröen - Está muito mais em causa do que os despedimentos
Então porque se propõem consumar, para além dos 80 despedimentos,
a redução em 5% dos salários dos trabalhadores, o corte dos prémios de assiduidade e produtividade,
a utilização indiscriminada e sem limites da bolsa de horas, com o consequente não pagamento do trabalho extraordinário pelos valores legais?
É óbvio, se não for preciso pagar salários aos trabalhadores, se a regra for o trabalho escravo e sem direitos,
os custos de produção serão imensamente mais baixos e os lucros imensamente maiores.
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13/1/2015
Quem tinha razão?
1. Quando o PCP dizia que, se o BCE interviesse, era possível baixar as taxas de juro aos empréstimos das dívidas públicas, os governos do PS e do PSD/CDS disseram que não.
Afinal, como agora se vê, sempre era possível.
Bastou o BCE intervir e ameaçar.
Mas, durante estes anos, os mercados (grandes bancos, companhias de seguros e fundos financeiros) ganharam milhões à custa dos povos português, grego, espanhol, irlandês...
E, sendo isto hoje uma evidência, a pergunta a fazer é se os responsáveis por deixarem a especulação à solta, designadamente o BCE e a Alemanha, não deveriam ser pressionados politicamente a compensar estes povos pela política seguida.
2. Quando o PCP dizia que a política dita de austeridade levava à concentração da riqueza e à deflação, PS, PSD, CDS diziam que não, que a política seguida era a única possível.
Hoje, o PS já dá o dito por não dito, e o PSD/CDS fazem de conta, perante a evidência de que Portugal e agora o Chipre estão em deflação.
Afinal o PCP tinha razão quando falava na «japonização» da União Europeia.
A deflação aí está.
E não se diga que é o preço do petróleo, pois a tendência já vem de longe!
3. Dizer que a economia do País está melhor é um refinado embuste.
No entanto, foi o que disseram Cavaco, Passos e a corte de comentadores do sistema na passagem do ano
Desde a troika, o PIB caiu 6%. Mas este ano, dizem eles, o PIB crescerá um glorioso 1 e tal %.
Partindo de uma base tão baixa, e de factores favoráveis como o preço do petróleo, a baixa da taxa de juro, a depreciação do euro, um tão modesto crescimento só revela o estado de destruição do aparelho produtivo do País.
Com as taxas de crescimento previstas, nem em 2017 alcançaremos o nível do PIB que tínhamos quando entrou a troika!
Mas não foi só o PIB. Destruíram meio milhão de empregos e o investimento caiu cerca de 30%.
... e a dívida aumentou !!
...
Sindicatos criticam colaboração entre agências privadas e centros de emprego
(Raquel Martins 27/01/2015 ,Público )
CGTP diz que medida cria negócio para os privados “à custa de dinheiros públicos”.
Actividade dos centros de emprego também poderá ser desenvolvida por privados.
Agências privadas vão gerir dez mil desempregados em Lisboa e no Porto
A intenção de contratualizar com agências privadas de emprego a colocação de 10 mil desempregados nas áreas de Lisboa e do Porto é, para os sindicatos, uma forma de transferir competências dos serviços públicos de emprego para os privados.
O alerta não é de agora e já tinha sido dado quando o Governo discutiu com os parceiros sociais o diploma que torna clara esta colaboração e que foi publicado na segunda-feira em Diário da República.
Joaquim Dionísio, dirigente da CGTP, não tem dúvidas de que esta colaboração vai levar o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP)
“a deslocar dinheiro dos seus serviços para os bolsos dos privados.
Vamos fragilizar os serviços públicos de emprego e não vamos resolver o problema dos desempregados”.
“Está-se a criar um espaço de negócios para os privados à custa de dinheiros públicos”, critica.
Para este dirigente, o Governo quer fazer crer que o problema da integração dos desempregados “tem a ver com a falta de capacidade dos centros de emprego”, quando
na realidade o problema “está na ausência de crescimento económico e com a inexistência de postos de trabalho em número suficiente”.
A UGT entende que o essencial “é garantir” que os serviços públicos de emprego têm “os recursos humanos, financeiros e técnicos suficientes para responder às necessidades das pessoas e do mercado de emprego”,
receando que “a abertura à colaboração com empresas privadas neste domínio se possa traduzir num desinvestimento no serviço público de emprego e numa transferência de competências para o sector privado”.
A central sindical liderada por Carlos Silva garante que “rejeitará qualquer tentativa de privatização dos serviços públicos”.
E lembra que têm de ser acautelados os DIREITOS dos DESEMPREGADOS, “nomeadamente no que respeita ao ACESSO a determinadas informações e DADOS PESSOAIS”.
O Governo confirmou na terça-feira que quer pôr no terreno dois projectos-piloto, nas áreas de Lisboa e do Porto, em que a colocação de um máximo de 10 mil desempregados possa ser
contratualizada com agências privadas de empego ou com empresas de trabalho temporário que desenvolvam também a actividade das agências.
Apenas nove agências registadas
No final de Novembro, o registo efectuado pelo IEFP dava conta de nove agências privadas de emprego. Três em Lisboa e no Porto e uma em Braga, Lagos e Estoril. Já empresas de trabalho temporário estão registadas 209, mas não se sabe quantas têm também actividade equivalente às agências.
De acordo com Afonso Carvalho, presidente da Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego (APESPE), das dez maiores empresas do sector, “entre 60% a 70% terão feito a alteração” da sua actividade passando a desempenhar funções de agência de colocação e a restantes “estão a proceder a essa alteração”.
Nas respostas que enviou na terça-feira ao PÚBLICO, fonte oficial do Ministério do Emprego e da Segurança Social fez questão de sublinhar as diferenças entre agências e empresas de trabalho temporário.
“É muito importante perceber as substanciais diferenças entre a actividade de agências privadas de colocação,
que intermedeiam a procura e oferta de emprego e promovem a colocação no mercado de trabalho, com o estabelecimento de relações de trabalho entre trabalhadores e empregadores;
e a actividade de empresas de trabalho temporário que desenvolvem relações de trabalho temporário, com base numa relação de trabalho entre as próprias e os trabalhadores, para uma cedência a outras empresas”, referiu.
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