Exportar propaganda rasca não é fácil (-N.Serra, 4/8/2015, Ladrões de B.)
«
Bruno Maçães (BM): Mais uma prova de como os países em crise da zona euro estão a deixar os seus problemas para trás. Os riscos estão a tornar-se irrelevantes.Philippe Legrain (PhL): Sim, a economia portuguesa encolheu 7,5% em sete anos. É a isso que chamas deixar os problemas para trás?BM: Philippe, farias melhor em reconhecer que as tuas previsões estavam erradas. Portugal está pela primeira vez, nos últimos 40 anos, a crescer sem endividamento.PhL: Portugal está num buraco terrível. Crescimento débil, uma dívida esmagadora, desemprego muito elevado, emigração em massa. Foi ultrapassado pela Polónia e outros países semelhantes.BM: Estás enganado. A ideologia cega-te perante os factos. Eu acredito que a maior parte das pessoas prefere prestar atenção aos factos.PhL: Eu dei-te precisamente os factos. Ou pões em causa os dados do PIB português?BM: Como eu disse antes, o debate torna-se impossível se as pessoas ficam zangadas quando se lhes demonstra que estão enganadas.PhL: Adoro isto. Não me apresentas um único facto. Estou-me a rir com a tua falta de argumentos :-))»
Depois de
tentar convencer o
Wall Street Journal de que o desemprego em Portugal se situa hoje «
em níveis idênticos aos registados antes do resgate» (
sic), o secretário de Estado dos Assuntos Europeus,
Bruno Maçães, socorreu-se de uma reportagem do mesmo
WSJ para afiançar que os países da zona euro estão a ultrapassar os seus problemas.
O azar desta vez foi cruzar-se, também no
twitter, com
Philippe Legrain (economista e antigo consultor de Durão Barroso na Comissão Europeia).
Para efeitos de consumo
interno, a propaganda rasca do governo em torno do «sucesso do ajustamento», da «viragem da economia» e da «redução do desemprego», entre outras gloriosas conquistas, ainda vai passando, com a
prestimosa ajuda da generalidade
da comunicação social. Exportar essa «narrativa» é que é mais complicado.
Vale tudo ? (manipulação por 'jornalistas'
...)
Alinhamento de uma entrevista na RTP
(Tentativa de manipulação, distorção, desvio/fuga ao tema «Eleições Legislativas Portuguesas 2015», ... enfim: 'jornalismo' ao serviço de quem manda !!) - http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/09/alinhamento-de-uma-entrevista-na-rtp.html#more
Eu sei que nem sempre uma entrevista se alinha de acordo com a importância dos temas que se quer debater ou ouvir ou "sacar" de um entrevistado.
Mas estando o país numa encruzilhada apertada, em que não se sabe como vai Portugal crescer no futuro,
em que não se sabe como se vai absorver centenas de milhares de desempregados,
como se vai atrair de novo os emigrados recentes,
como se vai equilibrar o envelhecimento da população,
como vamos nos integrar no mundo do ponto de vista produtivo,
como dar a volta à economia sem cair de novo em desequilíbrios externos,
dizia eu, havendo toda esta situação de complicadas questões para as quais deve haver uma ideia clara - ou no mínimo um debate aprofundado -
e as perguntas que o jornalista Vítor Gonçalves achou por bem fazer são as que se vêem em baixo. (!!)
1) Um eleitor de esquerda que queira mudar de governo pode correr o risco de votar no Bloco?
2) Catarina, mas não acha que vai passar pela cabeça dos eleitores de esquerda esta ideia: "De que vale votar no Bloco ou no PCP se essa minha decisão pode pôr em risco a vitória do PS nestas eleições e a continuidade de um Governo PSD/CDS"?
3) Ontem, no debate com Jerónimo de Sousa, a Catarina Martins explicou por que é que é muito difícil haver uma coligação no Governo do Bloco com o PS. Se essa hipótese é remota, que possibilidade existe de acordos com o PS em determinadas matérias, caso seja necessário para viabilizar a governação?
4) Nessas áreas, o PS poderá contar com o Bloco no Parlamento?
5) Na análise que foi feita no debate de ontem com o Jerónimo, a maior parte dos comentadores considerou que havia uma grande proximidade entre as duas forças políticas, quase que não se distinguiam. Houve mesmo quem achasse que mais pareciam duas personagens do Tintin - Dupont e Dupond. Pergunto: acha que esta proximidade entre os dois partidos pode levar a uma ligação a médio prazo, à esquerda, de modo a fazer uma frente mais forte?
6) (a interromper) Mas a minha pergunta ia um pouco mais longe, do que votar no mesmo sentido no Parlamento. Era: havendo essa identificação, qual a razão da existência dos dois partidos em separado?
7) Até que ponto acha que a entrada em cena de partidos que resultaram de dissidência no Bloco - como o Agir ou o Partido Livre - pode ter danos graves na votação do seu partido?
8) Não está preocupada com o desvio de alguma votação dos partidos tradicionais para estas duas novas forças políticas?
9) Nos anos da sua existência em Portugal, o Bloco liderou o debate político de temas como a defesa dos direitos das minorias, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o aborto. Hoje é capaz de identificar duas ou três ideias específicas que façam a diferença no discurso de ideias com os outros partidos?
10) (a interromper) Achas que é isso que faz a diferença do Bloco?
11) Catarina Martins, gostava que me dissesse que ilações é que devem ser retiradas da experiência da Grécia dos últimos 8 meses, basicamente sobre aquele que foi o percurso do Syriza, aquilo que foram as suas promessas que o levaram à vitória em Janeiro de 2015 e o que foi a sua prática concreta, nomeadamente o discurso relativamente à austeridade, que a austeridade ia acabar e na prática foi muito diferente. Que ilações é que se deve tirar nessa experiência?
12) (a interromper a frase de Catarina Martins em que dizia que “aprendemos uma lição muito dura sobre a Europa”) Só sobre a Europa?
13) (a interromper quando Catarina Martins falava de que a Europa achava que a austeridade era o único caminho) Mas a Catarina Martins acha que 18 países da zona euro que estão de acordo sobre uma determinada matéria, estão todos errados, que o caminho certo está do outro lado?
14) (a interromper quando Catarina Martins dizia que não se respeitou a vontade de um povo) Mas não acha que não se devia respeitar a vontade dos povos dos outros países que pensam de outra forma?
15) (a tentar interromper a Catarina Martins) ...
Alinhamento de uma entrevista na RTP
...
...
...15) (a tentar interromper a Catarina Martins) Mas eu gostava ainda sobre a questão grega, depois das imagens que nós assistimos neste verão – de filas nos multibancos, com a falta de dinheiro – se o Bloco pode sair prejudicado por associação, quando os portugueses forem votar e pensar que as propostas que o Syriza promoveu na Grécia são muito idênticas com as que o Bloco defende em Portugal?
É aquilo que nós queremos? Não acha que essa ideia vai passar pela cabeça...?
16) (a interromper a Catarina Martins quando dizia que para não ser uma colónia alemã tem de se ter sempre um plano B preparado...) A Alemanha não esteve sozinha nas decisões em relação à Grécia, havia 18 países de acordo...
17) (a interromper) Se a Catarina Martins fosse grega, votaria Syriza ou naquele partido de dissidentes do Syriza que estão muito... ahh... cépticos em relação ao percurso do partido?
18) Vamos falar dos refugiados que é uma questão fundamental neste momento e muito preocupante, naquela que é considerada a maior crise de emigrantes desde a II Guerra Mundial. Pergunto-lhe, tenho duas questões sobre esta matéria. Parece-lhe correcta, parece-lhe bem, a decisão de atribuir uma quota de 1500 refugiados a Portugal, se acha que é esse valor com que Portugal deve corresponder e pode corresponder?
19) A intervenção do ministro Poiares Maduro – com uma perspectiva diferente daquela que está a dizer, considerando que Portugal deveria receber um número alargado de refugiados e que isso não era um custo, que não deveria ser entendido como um custo, mas como uma oportunidade receber aquelas pessoas. Concorda com a forma como a chanceler Merkel – que tem liderado este processo – nomeadamente aquela proposta de receber 800 mil refugiados na Alemanha?
20) Esse elogio (?) no Bloco de Esquerda...
21) (a interromper Catarina Martins quando falava do ISIS...) a Catarina Martins defende uma intervenção militar da NATO para pôr cobro à acção do ISIS?
22) (a interromper a Catarina Martins quando disse que tinha sido a intervenção da NATO a aumentar a acção do ISIS) Mas não houve intervenção da NATO no terreno...
23) (a interromper a Catarina Martins quando dizia que tinha havia outras). Mas perante o caso concreto do Estado Islâmico, qual acha que deve ser a resposta internacional, não só da NATO, mas internacional?
24) Uma outra matéria sobre a qual gostava de ouvia a sua opinião tem a ver com a ver com a venda do Novo Banco. Como é que o Bloco se posiciona perante a determinação do Banco de Portugal em resolver rapidamente este problema?
25) (a interromper a Catarina Martins quando dizia que o Governo tinha mentido sobre o custo para os contribuintes) o Governo tem esclarecido que é custo indirecto por ser a CGD uma das participantes no Fundo de Resolução...
26) (a interromper Catarina Martins quando dizia que era preocupante ser a Fosun a comprar o Novo Banco) Por serem chineses?
27) Estamos a falar das eleições legislativas, mas logo a seguir vêm as presidenciais. Pergunto-lhe se o Bloco de Esquerda pode apoiar um candidato como Sampaio da Nóvoa?
28) E defende que haja, digamos, uma entrada em cena de candidatos vindos de diferentes partidos como houve nas últimas eleições? Francisco Louçã chegou a ser candidato ou entende que seria útil, para a esquerda, haver um candidato único?
29) Também é esse o perfil do candidato que deseja e que será apoiado pelo Bloco?
30) Quanto é que vai custar a campanha do Bloco de Esquerda?
31) É mais ou menos do que foi na anterior campanha? Quanto menos do que foi há de 4 anos?
32) E como é que é financiada?
33) Não vão fazer nenhum crédito bancário para a campanha?
34) A Catarina Martins era actriz, era essa a sua profissão antes de entrar na política. Acha que há bons actores na vida política portuguesa?
Esperemos que haja reajustamentos nas futuras entrevistas.
(-Postado por João Ramos de Almeida, 3.9.15, Ladrões de B.)
Extractos de comentários de
https://www.blogger.com/comment.g?blogID=4018985866499281301&postID=5491668779030609239
...
--Não sei qual é o espanto pelo alinhamento da entrevista de Vítor Gonçalves. Os nossos "media" (seria uma redundância apodá-los de "mainstream") jogam sempre com triplas apostas no que ao totobola eleitoral diz respeito. No jogo dos dois "grandes" - PSD e PS - e no do eterno candidato ao segundo lugar - o CDS - não entram intrusos tomba-gigantes. É o "pluralismo" dos grandes aglomerados informativos em acção.
...--alguém vê em Victor Gonçalves mais do que um comissário partidário, um desses mandaretes que para aí andam?
...-- mandarete. Como em geral os jornalistas não o são. Os défices são outros.
Aliás, muito haveria muito a dizer sobre as lógicas de pensamento jornalístico, vistas de quem está fora e dentro do processo de produção informativa.
Os défices em geral:
1) tempo para apreender, ler, estudar;
2) tempo para pensar, ter um pensamento próprio;
3) espaço: espaço para escrever, espaço para desenvolver pensamentos, para aprofundar (na televisão é mais espaço/tempo).
4) aplicando 1), 2) e 3) tende-se a repetir lugares comuns e falsos sensos comuns e "o que parece". Tudo misturado com a intenção de ser "equilibrado"...
O resultado pode ser fatal para democracia!
...
--VG é um mandarete, mesmo que o faça por vontade própria. Por isso está dentro e sempre tão bem colocado. As coisas não são o que são por acaso.
O que nos fode muito é continuarmos com este tipo de justificação corporativa, e continuarmos a ignorar que boa parte dos nossos camaradas não são apenas inocentes úteis, mas gente tão criticável e cúmplice como muitos políticos e empresários.
VG não tem tempo, é burro, não pensa, não lê, não estuda? Então pq está lá ele e não tu, que não és burro e tens tempo para isso tudo? Ou quando estavas no Público fazias fretes destes?
...-- O "equilíbrio", caro João Ramos de Almeida, só neste país pode aparecer como característica desejável no jornalismo, pois o grande jornalismo é sempre desequilibrado: ele inclina-se, sempre,mas mesmo sempre, para um só lado - o da descoberta da verdade.
Concordo plenamente consigo quando afirma que não há estudo, não há pesquisa, não há profundidade, não há pensamento na esmagadora maioria do jornalismo nacional. Contudo isso não é algo que aconteça por acaso: aos grandes conglomerados informativos não interessa quem saiba do que fala e que problematize inteligentemente as questões; o que verdadeiramente lhes interessa é a manutenção do "status quo" com o qual lucram eles e os amigos.E para desempenhar tal tarefa mercenária, meu caro João Ramos de Almeida, qualquer ignorante pé-de-microfone serve, com o agradável acréscimo para os seus patrões de trabalhar por um prato de lentilhas.
"Jornalismo" que se portou como portou no Caso Casa Pia, e que se porta como agora se porta no "Caso Sócrates" é a caricatura lamentável do verdadeiro e digno jornalismo.
Se Vítor Gonçalves é ou não um mandarete, isso é irrelevante; o que verdadeiramente interessa é que ele (e outros não poucos) é um dos peões de brega que, por excesso ou por defeito, ajuda a manter em cena o triste filme da suposta liberdade mediática nacional. É o reinado, como dizia o outro, daquilo a que sói chamar-se "O Sistema".
Perguntas em sondagem que são uma
violência sobre muitos inquiridos
Eu não me atrevo a escrever que esta campanha eleitoral decorre, no âmbito das generalidade dos media, com a mais desavergonhada e ilegítima pressão «bipolarizadora» ( entre PS e direita) de sempre,
pela simples razão de que, tendo tido responsabilidades em 35 campanhas eleitorais do PCP, me é impossível reconstituir com forte nitidez as características de cada uma neste ponto.
Se mais não houvesse, e há às carradas, bastaria considerar a última sondagem Expresso - Eurosondagem .
De facto, para além das habituais perguntas sobre intenções de voto e apreciação da actuação dos líderes partidários,
esta sondagem inclui ainda duas perguntas que são um caso escandaloso de violência sobre muitos inquiridos, ao serviço da já referida «bipolarização.
Se não, vejamos essas perguntas (desculpem não ter de momento a imagem real):
«Quem tem tido melhor prestação eleitoral ?
A Coligação PSD-CDS - 42,5%
O PS - 41,6%
Não sabe/não responde - 15,9%
Que propostas eleitorais lhe merecem mais confiança ?
As da Coligação PSD-CDS - 43,1%
As do PS - 37,7%
Não sabe /Não responde - 19,2%
Como devia ser evidente, o inenarrável absurdo está em que , apenas com estas opções de resposta,todos os inquiridos que sejam ou simpatizantes ou potenciais eleitores da CDU e de outras forças não têm a mínima possibilidade de expressarem a sua real opinião, sendo quando muito empurrados para um mentiroso «não sabe/não responde».
Não que isso garantisse todo o pluralismo de resposta, mas deve ficar gravado na pedra que, nas opções de respostas oferecidas pelo Expresso-Eurosondagem, pelo menos faltou mais uma que rezasse assim:
"Nem uma nem outro" ou
"Nem umas nem outras"
Em resumo, é de facto uma pena que nas farmácias próximas de alguns órgãos de comunicação social não se vendam pastilhas de cultura democrática.
(-Publicada por vítor dias, http://otempodascerejas2.blogspot.pt/ 6/9/2015)
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E sondagens cuja amostra é feita a partir de eleitores com telefone fixo ... deixa muito a desejar ... quanto à sua qualidade, representatividade e resultados/ conclusões.
Outro desvio colossal (do desgoverno PSD/CDS...PàF )
Há várias certezas pós eleitorais que sendo ignoradas durante a campanha eleitoral estarão presentes nos dias seguintes, sendo intransponíveis na hora de elaborar o OE para 2016. São elas a necessidade de:
-Regularizar os reembolsos do IVA indevidamente retidos pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais com o fito de criar uma ilusão financeira que sustentou um reembolso manhoso da sobretaxa que não irá suceder.
-Corrigir a despesa dado que desde que foi inventada a saída limpa o país entrou em fase eleitoral e o descontrolo das gorduras do Estado serviu para criar o país virtual que Passos Coelho que que os portugueses imaginem ser o real.
-Aumentar a receita de IRS em 2016 para compensar o aumento dos reembolsos deste imposto em consequência de um aumento artificial da receita de IRS no ano de 2015 através de uma tabela de retenção na fonte manipulada de forma a gerar a ilusão de sucesso na cobrança no ano eleitoral.
-Acomodar as consequências financeiras do desastre da venda do Novo Banco e banco mau do BES.
Tudo junto podemos estar perante mais um “desvio colossal”,
caso da direita vença as eleições servirá para dar o dito pelo não dito, recorrendo a cortes de vencimentos e pensões e ao despedimento de funcionários públicos
para evitar o tal segundo resgate de que a direita tanto se gaba de ter evitado.
A verdade é que o pacto de estabilidade está em vigor, que através do governo Portugal assumiu compromissos assumidos através do Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas, o nome pomposo que Passos Coelho usou para designar o PEC.
Para além de este compromisso já prever um corte de pensões na ordem dos 600 milhões de euros as obrigações decorrentes das metas orçamentais determinará um corte brutal na despesa.
Isto significa que ou o governo está mentindo ou tem uma agenda governamental que em nada corresponde ao inscrito no seu programa.
Os famosos compromissos que assumiu valem tanto como a palavra de Passos Coelho e como sabemos essa palavra há muito que não é confiável.
O que conta são os compromissos assumidos com os credores e esses implicam a correcção de um desvio colossal que resulta do aumento da despesa pública e do empolamento artificial das receitas fiscais.
O programa da direita vai ser mais do mesmo,
cortes de vencimentos e de pensões e muito provavelmente o despedimento de funcionários públicos.
Tanto quanto se sabe são estas as únicas medidas de política económica que os pafiosos apreciam.
(OJumento, 7/9/2015)
Fundamentalismo troikista
(por Vital Moreira, 10/9/2015, http://causa-nossa.blogspot.pt/ )
Um dos mais comprometedores momentos da derrota de Passos Coelho no debate de ontem foi a sua despudorada tentativa de denegar a responsabilidade e o apoio do PSD na vinda da troika.
Ora, é indesmentível que; (i) se não foi o PSD que chamou a troika (ainda foi Sócrates, já depois de demitido), foi o PSD que tornou deliberadamente inevitável a assistência externa, ao rejeitar o PEC IV e ao fazer cair o Governo do PS; (ii) o PSD pediu e saudou publicamente a vinda da troika, participou nas negociações do programa de assistência (e gabou-se publicamente de o ter influenciado decisivamente), concordou com ele e comprometeu-se a cumpri-lo sem reservas caso viesse a ser governo; (iii) depois de ser governo, o PSD não só cumpriu zelosamente o programa como se ufanou publicamente de ir "além da troika" nas medidas de austeridade orçamental (mais corte de despesa e mais aumento de impostos), ao arrepio das suas próprias promessas eleitorais, e provocando o aprofundamento da crise económica e social .
Tudo isto é público e notório. Mas mais do que desmentir factos históricos incontroversos, o que é lamentável na conduta do líder do PDS é a falta de pudor político em tentar denegar a sua anterior afeição pela troika. Há quem tenha aceitado a troika e a austeridade orçamental à contrecoeur como mal necessário; mas há os que, como Passos Coelho, saudaram a sua vinda e seguiram o seu programa (e foram além dele!) com entusiasmo religioso...
Adenda
Como confirma o Público, com factos à mão, «o PSD, e Pedro Passos Coelho, solicitaram, oficialmente, e defenderam a vinda da troika».
Compra de votos
(-por V.Moreira, 10/1/2015, CausaNossa)
O Governo prossegue escandalosamente a compra de votos com dinheiro público em plena campanha eleitoral. Depois de há pouco tempo o Ministro da Educação ter anunciado um pacote de muitos milhões de euros de subsídio aos colégios privados, veio agora a Ministra da Agricultura anunciar mais uns milhões de subsídio aos produtores de leite, a título de dispensa de cobrança da contribuição para a segurança social durante três meses.
A direita não se limita a considerar o Estado como coutada natural sua; acha também que tem o direito de utilizar o dinheiro dos contribuintes na véspera das eleições para cativar os eleitores.
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Comprar votos (2)
Tenho nas mãos uma "edição especial" da Revista Municipal da Câmara Municipal de Tondela (Viseu), acabada de publicar (indisponível online) por ocasião da feira industrial e comercial do município, que decorre por estes dias.
Para além das inúmeras aparições do presidente do executivo municipal (do PSD), o que é norma em publicações do género, o que chama a atenção é quantidade de visitas recentes de membros do Governo, nada menos que 9-nove-9, sendo quatro ministros e cinco secretários de Estado. Entre os ilustres visitantes governamentais conta-se inesperadamente o Ministro de Defesa (seguramente para se inteirar das condições defesa do município contra alguma invasão marciana...). Se a isto se acrescentar uma palestra com Marcelo Rebelo de Sousa, teremos uma ideia do grau de sectarismo e de proselitismo político reinante no poder autárquico "laranja".
Mas o mais grave é a escandalosa falta de escrúpulos na instrumentalização política do poder local pelo Governo PSD/CDS para efeitos eleitorais, já com as eleições parlamentares marcadas e com a pré-campanha em marcha. Imaginando que Tondela não é uma exceção e que a mesma peregrinação governamental se verifica em outros municípios do PSD e do CDS, teremos
centenas de viagens governamentais à custa do erário público ao serviço da propaganda eleitoral da Coligação,
em flagrante violação do princípio da neutralidade eleitoral dos poderes públicos.
Como já disse num post anterior:
a direita não se limita a considerar o Estado como coutada natural sua;
acha também que tem o direito de utilizar o dinheiro dos contribuintes na véspera das eleições para cativar os eleitores.
Adenda
Chamam-me a atenção para que a invasão governamental não poupa os municípios de outras cores políticas, fazendo-se "convidados" para tudo o que seja inauguração ou evento público...
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