Terça-feira, 13 de Dezembro de 2016

---- O  que  desconhecemos    ( -por Leonel Moura, via Entre as brumas..., 11/12/2016)

  «A edição desta semana da revista Newsweek tem um robô na capa e a frase: "Esqueçam os imigrantes. São estes (Robôs) que vos vão substituir?" O número é dedicado à nova economia assente na robótica e na inteligência artificial.
   Descreve as profundas transformações em curso, os enormes investimentos e, como não podia deixar de ser, dá alguns exemplos dos efeitos no desemprego humano. Destaco um. Os carros sem condutor, que já são uma realidade, irão ter nos próximos anos um enorme impacto no setor dos transportes de mercadorias e em geral em todo o tipo de transporte. O motorista é uma profissão em vias de extinção. São milhões. A maioria não sabe fazer mais nada.
    Mas esta Newsweek é interessante noutra perspetiva. A da ignorância.
Ignorância do que está a acontecer. A maioria das pessoas não se dá conta da evolução tecnológica e das suas implicações. (…) Ignorância também na responsabilização da crise económica. A Newsweek refere os emigrantes, na linha do pensamento primitivo de Donald Trump, mas o mesmo se pode dizer da Europa onde o emigrante é o culpado de tudo. No entanto, além das práticas catastróficas, não-produtivas e especulativas do sistema financeiro; além também de uma política capturada pelos muito ricos contra a maioria, cabe à evolução tecnológica a maior responsabilidade pela crise económica. (…)
    A maioria dos media convencionais não está preparada, nem interessada, em tratar deste tipo de temas, preferindo consumir o seu e o nosso tempo com assuntos conjunturais. Entre outras coisas, como futebol e casos de polícia, dá-se uma excessiva relevância ao conflito político, aos partidos, aos políticos individualmente. Todos os dias, a todas as horas, ouvimos e vemos declarações, intrigas, trocas de insultos, na maioria dos casos sem o mínimo de interesse que não seja passar o tempo. É um evidente desperdício. (…)
    Enfim, continuamos na estupidez natural enquanto a inteligência artificial se vai desenvolvendo.»
------ Dica (453)     (-via J.Lopes, 10/12/2016, Entre as brumas)
 Stop worrying about fake news. What comes next will be much worse. (Jonathan Albright) 
    «In the not too distant future, technology giants will decide what news sources we are allowed to consult, and alternative voices will be silenced. (…)
    The filters in the future won’t be programmed to ban pornographic content, or prevent user harassment and abuse. The next era of the infowars is likely to result in the most pervasive filter yet: it’s likely to normalise the weeding out of viewpoints that are in conflict with established interests
-------- O mundo perigoso
 «Ninguém sabe ao certo se existem leis que determinam o destino histórico dos povos ou da humanidade no seu conjunto e o debate entre os que acreditavam nesse destino e os que o contestavam ocupou uma parte importante dos últimos dois séculos.
    Porém, seja qual for a nossa posição nesse debate, a verdade é que, devido à invenção da ciência moderna e ao desenvolvimento das tecnologias que ela permitiu, a maioria dos habitantes do planeta habituou-se a acreditar no progresso e a pensar que os seus filhos iriam viver melhor do que eles próprios. Fomos todos educados na esperança de que o conhecimento da Natureza e o seu crescente domínio pelo homem nos garantiriam cada vez melhores dias.
     A primeira metade do século XX, com a sua explosão de violência e totalitarismos, que a ciência e a tecnologia não só não evitou como potenciou, pareceu contrariar a tese do progresso, mas o bem-estar económico que sucedeu à segunda Guerra Mundial numa grande parte do mundo (OCDE) permitiu pensar que a barbárie das primeiras décadas do século poderia ter afinal constituído uma vacina que iria garantir o nascimento de uma sociedade mais sustentável e mais justa no futuro. (…)
     Mas algo mudou ao longo destes anos de aparente progresso. No espaço de poucas décadas, enquanto se ia impondo, em nome do progresso económico, uma ideologia que erigia como único valor a eficiência da produção e como única medida desse progresso o dinheiro, os pobres foram-se tornando excedentários. De factores de produção, problemáticos mas necessários, os trabalhadores começaram a tornar-se despesa, peso morto. E essa ideologia, o neoliberalismo, conseguiu ir injectando esse pensamento iníquo e anti-humanista por excelência no discurso político.
     No mundo em que vivemos hoje, que descobrimos com surpresa e horror, a guerra aparece de novo como a solução possível para todos os conflitos, a tortura e o racismo readquirem direito de cidade, o discurso político abandona a racionalidade, os compromissos para com o planeta que deixamos aos nossos filhos parecem ser abandonados. (…) Não é apenas o mundo da pós-verdade na política, é o mundo da pós-moral e da pós-racionalidade. António Guterres diz que o caos pode ser a nova ordem internacional. Temos hoje de voltar a empunhar bandeiras que pensávamos arrumadas para sempre.» -- José Vítor Malheiros  (via Entre as brumas, 14/12/2016)


Publicado por Xa2 às 07:50 | link do post | comentar

2 comentários:
De UE e o Mundo estão perigosos a 14 de Dezembro de 2016 às 16:17
E agora, António?

António Guterres foi ontem entronizado como novo secretário-geral das Nações Unidas, cargo em que assumirá funções no primeiro dia de 2017. É o cume da carreira extraordinária deste engenheiro eletrotécnico que, sem nunca ter sido secretário de Estado ou ministro, chegou um dia à chefia do governo em Portugal, onde ficou por mais de seis anos.

Oriundo de famílias de meios limitados, estudante sem mácula, profissional de excelência no Gabinete da Área de Sines, Guterres é talvez a prova de que a meritocracia funciona, em Portugal, mais vezes do que se pensa.
Militante católico fervoroso, humanista por vocação, dialogante por convicção, procurou transmitir na sua governação um choque de modernidade à sociedade portuguesa, conduzindo habilmente o país no plano europeu e internacional.
Um dia, sob o cansaço do impasse político, cumulado por questões familiares, pôs fim definitivo à experiência política nacional, a que se dedicara por décadas.

Remeteu-se a partir de então à dignidade de um quase inquebrantável silêncio e, com o empenhamento total que está nos seus genes, enveredou por uma desafiante experiência internacional, numa área que casava bem com as suas preocupações sociais.
Teve sucesso, ganhou prestígio e, aproveitando muito bem uma conjuntura que acabou por sorrir-lhe, viu as suas raras qualidades reconhecidas, na escolha para o lugar mais relevante na maquinaria internacional para a defesa da paz e da segurança.

Guterres chega à ONU num momento muito complexo.
A potência (USA) que um dia estimulou o desenho da ordem internacional que tem as Nações Unidas no seu centro acaba de eleger, para a chefiar, a pessoa menos propensa a aceitar uma ordem global equilibrada e solidária.
Ao "America first" somam-se uma Rússia em pleno curso de recuperação estratégica da humilhação da Guerra Fria,
uma China que vive um tempo de afirmação política para sustentar o seu crescente peso económico,
um projeto europeu declinante, dividido e sem entusiasmo, que vive um dia-a-dia de mera sobrevivência, com o risco de crise ao virar da esquina.
O Médio Oriente está inflamado como nunca nas suas tensões, com efeitos colaterais que desestabilizam largos espaços geopolíticos.

A pobreza e a desigualdade continuam a marcar várias regiões do mundo e a liberalização comercial global está em claro refluxo, com o nacionalismo protecionista a ganhar um novo ciclo de popularidade. O mundo está perigoso.

A fé move montanhas, diz-se. Não será por falta dela que esta nova montanha em frente de António Guterres se não moverá.

(-por Francisco Seixas da Costa , 2ou3coisas, 13/12/2016)


De Tecnologia e Riscos p. Humanidade... a 5 de Janeiro de 2017 às 12:36

Artificial intelligence and nanotechnology 'threaten civilisation'

Technologies join nuclear war, ecological catastrophe, super-volcanoes and asteroid impacts in Global Challenges Foundation’s risk report

Empathetic robot Pepper isn't a threat to humanity, but more advanced AI in the future could be, claims a new report.
Empathetic robot Pepper isn’t a threat to humanity, but more advanced AI in the future could be, claims a new report. Photograph: Koji Sasahara/AP ,Stuart Dredge, 18/2/2015


Artificial intelligence and nanotechnology have been named alongside nuclear war, ecological catastrophe and super-volcano eruptions as “risks that threaten human civilisation” in a report by the Global Challenges Foundation.

In the case of AI, the report suggests that future machines and software with “human-level intelligence” could create new, dangerous challenges for humanity – although they could also help to combat many of the other risks cited in the report.

“Such extreme intelligences could not easily be controlled (either by the groups creating them, or by some international regulatory regime), and would probably act to boost their own intelligence and acquire maximal resources for almost all initial AI motivations,” suggest authors Dennis Pamlin and Stuart Armstrong.

Artificial intelligence: can scientists stop ‘negative’ outcomes?

“And if these motivations do not detail the survival and value of humanity, the intelligence will be driven to construct a world without humans. This makes extremely intelligent AIs a unique risk, in that extinction is more likely than lesser impacts.”

The report also warns of the risk that “economic collapse may follow from mass unemployment as humans are replaced by copyable human capital”, and expresses concern at the prospect of AI being used for warfare: “An AI arms race could result in AIs being constructed with pernicious goals or lack of safety precautions.”

In the case of nanotechnology, the report notes that “atomically precise manufacturing” could have a range of benefits for humans. It could help to tackle challenges including depletion of natural resources, pollution and climate change. But it foresees risks too.

“It could create new products – such as smart or extremely resilient materials – and would allow many different groups or even individuals to manufacture a wide range of things,” suggests the report. “This could lead to the easy construction of large arsenals of conventional or more novel weapons made possible by atomically precise manufacturing.”

The foundation was set up in 2011 with the aim of funding research into risks that could threaten humanity, and encouraging more collaboration between governments, scientists and companies to combat them.

That is why its report presents worst-case scenarios for its 12 chosen risks, albeit alongside suggestions for avoiding them and acknowledgements of the positive potential for the technologies involved.

In the case of artificial intelligence, though, Global Challenges Foundation’s report is part of a wider debate about possible risks as AI gets more powerful in the future.

In January, former Microsoft boss Bill Gates said that he is “in the camp that is concerned about super intelligence”, even if in the short term, machines doing more jobs for humans should be a positive trend if managed well.

-- Analysis/ Rise of the robots:
how long do we have until they take our jobs?

Google’s Ray Kurzweil predicts robots will reach human levels of intelligence by 2029 – if they overcome current limitations

“A few decades after that though the intelligence is strong enough to be a concern. I agree with Elon Musk and some others on this and don’t understand why some people are not concerned.”

Tesla and SpaceX boss Musk had spoken out in October 2014, suggesting that “we should be very careful about artificial intelligence. If I had to guess at what our biggest existential threat is, it’s probably that”.

...development of full artificial intelligence could spell the end of the human race.”

The full list of “risks that threaten human civilisation, according to Global Challenges Foundation:
Extreme climate change
Nuclear war
Global pandemic
Ecological catastrophe
Global system collaps


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