Adeus esquerda, adeus direita ... E amanhã, uma ditadura neo-fascista camuflada ?
Jérôme Leroy, Adieu la gauche, adieu la droite… Et demain, Le Pen présidente? Le Causeur, 1/9/2014
Política em França (e Grécia, Portugal, ... União Europeia)
É necessário ter sempre em atenção os grandes títulos do Libération. Estes indicam-nos muito bem qual o sentido de humor desta esquerda de quem o eleitorado é suposto ter votado maioritariamente em François Hollande em 2012. A 20 de Agosto, o diário tinha como grande “caixa” “a indecência” para falar do aumento de 30% dos dividendos pagos aos accionistas dos grandes grupos no momento em que, infeliz coincidência, começavam a ser pagas as ajudas públicas, ou seja as ajudas pagas por nós para ajudar os patrões a contratarem-nos. Daí esta dupla penalização: pagar para trabalhar. Por este lado também temos o aspecto muito francês do patronato em celebrar o (neo)liberalismo ficando com o dinheiro dos contribuintes a fim de privatizar os lucros até ao dia em que seja necessário socializar as perdas.
Gostaria de lembrar que isto foi no dia 20 de Agosto, antes da saída de Montebourg e Hamon. O que é interessante com a palavra “saída”, em francês, é a sua polissemia. Uma saída, não é simplesmente deixar um lugar, é também um movimento de raiva e, em termos militares, uma tentativa mais ou menos desesperada para quebrar um cerco. Eu preciso bem a data desta caixa do jornal porque foi uma semana praticamente antes da nomeação do governo II Valls e da chegada de Emmanuel Macron ao Ministério da Economia a substituir Montebourg, o que soa como a substituição de Caius Marius por Sylla, isto é do tribuno dos “populares” pelo queridinho do “optimates”, um “optimate” bem francês ele também enarca que se meteu rapidamente na banca , ou seja, um alto-funcionário de que os nossos impostos pagaram os seus estudos para melhor o ajudar a ganhar dinheiro no Rothschild. Acrescentemos a isto que ele é um não-eleito e, portanto, medir-se-á assim a sua legitimidade para pedir o sangue e as lágrimas aos franceses, uma legitimidade que ele possui apenas dada por um complexo político-mediático (como se fala do complexo militar-industrial) que destila em todas as TVs, todas as rádios e em praticamente todos os jornais a vulgata neoliberal desde há trinta anos.
No entanto, quanto a esta “caixa” do dia 20 de Agosto, voltei a pensar nela quando no dia seguinte pela manhã se deu a nomeação do governo, o discurso ovacionado de Valls pelos homens do Medef e o anúncio da semana de 35 horas de Macron, enquanto já só se conseguiam ouvir os patrões loucos de alegria em todas as antenas, eu tive a impressão que nós tínhamos acabado de fazer cair um novo muro de Berlim e que a França, atolada por décadas de uma ditadura crypto-comunista conseguiu finalmente fazer saltar todas as suas correntes. Faltavam apenas os carros blindados em cortejo, a Marselhesa e as raparigas em lágrimas que atirariam flores sobre os nossos novos salvadores, estes sociais-liberais assumidos e estes patrões modernos, necessariamente bem modernos. Sim, voltei a pensar nesta “caixa” do Libération de 20 de Agosto, se não era mesmo uma “caixa” do Huma, para me convencer de que assisti a uma bela operação de desinformação, uma vez que o mutismo social-liberal do PS, tinha começado bem antes, desde a conferência de imprensa de Hollande em Janeiro de 2014 .
O problema, desta vez, é o cinismo aliado á brutalidade. A brutalidade, é sempre um sinal de fraqueza. Quando se é forte, não é preciso bater e voltar a bater. Aqui novamente se levanta a questão da legitimidade. Hollande Presidente foi eleito na base de um programa. Este programa é um contrato com as pessoas, com o povo que o elegeu. Que haja tiros sobre as canelas neste contrato, isto não é a primeira vez, infelizmente. Recordemos o caso de Chirac de 95, eleito na base da fractura social e indicando alguns meses mais tarde que não haveria nenhuma ruptura. Mas isto não é em nada comparável ao que acaba de acontecer. Ainda aqui, não se trata de nenhuma facada no contrato, foi o próprio contrato que foi rasgado em pedaços.
O espírito do quinta República exige que o Presidente se demita para que o povo possa validar as suas novas direcções ou, pelo menos, dissolver a Assembleia Nacional. Mas não, o que acaba de acontecer faz pensar, irresistivelmente, na forma como a Itália e a Grécia, no auge da crise, foram encarregadas pela Troika para designar os não-eleitos governos ‘técnicos’. Nós, não há nenhuma necessidade de relembrar tudo isto. Vai-se fazer de todos nós, franceses, uns gregos como os outros, como os da Grécia, isto é, na melhor das hipóteses, vamos encontrar um vago equilíbrio financeiro à custa de sacrifícios sem nome em todas as áreas do Estado-Providência. Também é o preço a pagar por esta absurda lógica neoliberal de competitividade que, se pensarmos nisto, só será restaurada no dia em que o trabalhador francês tiver o nível de remuneração e protecção social do trabalhador romeno ou bengali.
Então, o quê? Então esta ausência de legitimidade para efectuar uma tal política pode conduzir à tragédia. Entendo por tragédia uma nova subida da FN que poderia chegar às portas do poder a partir logo da primeira volta de uma eleição presidencial. Por uma razão simples: é o último partido em ordem de marcha e que pretende encarnar uma alternativa. O PS está dividido em dois e por muito tempo, a UMP está numa situação de plena guerra civil de baixo ruído e diz a mesma coisa que o PS em economia, o centro está órfão de Borloo e a Frente de esquerda reencontra esta tendência à fissiparidade grupuscular desde que Mélenchon esteja em baixa.
Resumidamente, a FN de que toda a gente gostaria que fosse o primeiro partido da França a fim de se inventar um inimigo fantasmagórico, poderia bem escapar a esta instrumentalização. Em face da incrível traição que acaba de ter lugar e que prepara igualmente uma incrível regressão social, a FN poderia mesmo ganhar as próximas eleições. Repitamos: não por causa da imigração ou da insegurança mas por causa deste desrespeito absoluto por um povo que se obstina em não querer morrer sobre a linha azul dos défices em nome de interesses que não são os seus, deste povo que não tem mais nenhuma razão de ter medo do carácter eventualmente antidemocrático da FN dado que a sua soberania nunca foi tão espezinhada como agora.
Então, será sempre tempo de chorar. Ou não: a plasticidade quase demoníaca da ideologia liberal adaptou-se um pouco mais ou menos a todos os regimes, mesmo dos piores.
Balanços
«Em Portugal estamos pior do que estávamos há três anos, com uma carga fiscal esmagadora, a consolidação orçamental por conseguir, uma dívida pública superior a 130% do PIB, uma taxa de desemprego a rondar os 15%, um crescimento quase nulo, os benefícios do "european way of life", designadamente a segurança social, em equilíbrio muito instável, uma crise institucional quase generalizada. Resta-nos a falsa vitória do regresso aos mercados, apresentado como uma grande conquista, que afinal nada tem a ver com a bondade da situação portuguesa, mas com a procura de segurança dos capitais que circulam livremente e que, em conjunturas menos favoráveis noutras geografias, procuram nas economias amadurecidas um porto de abrigo mais fiável.
De resto, a situação da Europa é de stress e de crise: na defensiva quanto à Ucrânia, sem uma estratégia diplomática que vá para além das sanções económicas sobre a Rússia; o "day after" do referendo da Escócia e a necessidade de repensar a posição do Reino Unido na UE; as réplicas que alguns nacionalismos, há séculos postos em surdina, podem provocar, a cada vez mais visível existência de duas Europas e a falta de capacidade de liderança demonstrada pela Alemanha, encapsulada nos seus preconceitos e atavismos, vai gerindo os seus equilíbrios sem conseguir perceber que a Europa é plural e que esse pluralismo constitui a sua maior força.
Não se trata de uma Europa a várias velocidades, mas verdadeiramente da existência suicidária de duas Europas na Zona Euro: uma a Norte onde o crescimento já vai dando provas de enfraquecimento, mas o estado social resiste e o desemprego se mantém a taxas aceitáveis e outra a Sul, onde as políticas de austeridade e as reformas estruturais, envolvendo a redução violenta do sector público e a privatização de sectores estratégicos, acentuam as desigualdades, e vão minando o crescimento económico. O efeito combinado destas divisões está a corroer os alicerces da União Europeia e a reacender nacionalismos e populismos.»
(José Maria Brandão de Brito, 25/9/2014, Entre as brumas da memória)
SABIA QUE PORTUGAL VIVE NUMA DITADURA?
Não acredita? Consulte os factos em baixo e acorde para a verdade que o rodeia. Ajude Portugal inteiro a acordar, partilhe, divulgue... comente, fale...
Todos os portugueses gritam a sete ventos que...
Votar é um direito
Votar é um dever
Fascismo nunca mais
Ditadura nunca mais
Democracia sempre!!!
E se os governos decidirem manter a ditadura, fingindo que é uma democracia, se eles o dizem o povo acredita!?
Acha que votar e não mudar nada com isso, é democrático? Votar e continuar a ser enganado e roubado? Democracia é votar e ter o poder de mudar. A democracia é falsa, foi desenvolvida para benefício e perpetuação dos partidos políticos, de forma a evitar que as pessoas possam escolher pessoas livres e com vontade de desenvolver Portugal.
Acha que ter a liberdade de se expressar e ser desprezado é democracia? Democracia é expressar-se e ser ouvido.
Não existe prisão mais eficaz e duradoura, que a falsa ilusão de liberdade.
Parecemos uns tontos com o cadafalso à frente, a caminhar para ele, a defender e a eleger os carrascos e a jurar a pés juntos, que não, jamais!! Não queremos a ditadura dos que nos chacinam.
No entanto fazemos de conta que não vemos... que não sabemos... que não está à vista de todos na Constituição da República Portuguesa, a impotência do povo, a nulidade da vontade popular, a inércia da justiça.
A ditadura moderna não usa a violência física, é mais sofisticada, abusa da repressão, da exploração, da censura, da manipulação, e usa como ferramenta mais eficaz, os órgãos de informação, para manter o rebanho manso., crente que é livre.
Todos deveriam saber, mas poucos sabem, que em 1974 conquistou-se a liberdade, mas em 1976, voltamos à ditadura, disfarçada.
Como e quando afastaram o povo do poder.
O Grande Golpe terá estado nos números 1 dos artigos 285 e 286, a seguir transcritos: que colocaram todo o poder na mão dos políticos e afastaram o povo, para sempre, desde 1976.
Artigo 285.º - 1. A iniciativa da revisão compete aos Deputados.
Artigo 286.º - 1. As alterações da Constituição são aprovadas por maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções.
Ou seja, o voto popular foi, afastado para sempre, das revisões e das decisões constitucionais, permitindo que 2/3 dos deputados a ajeitem, como entendam conveniente, na defesa dos interesses da classe, maquilhando-os de “interesse nacional”.
Veja-se que o próprio povo português não pode sequer referendar a Constituição, portanto pronunciar-se sobre o texto legal máximo do país, nem sequer pode pronunciar-se ou fazer-se ouvir publicamente com as suas próprias propostas de alteração, ou propor revisões, da Constituição, o que é um poder exclusivo e único dos partidos políticos. Mas é assim que melhor se compreende a designação de Assembleia da República e não Parlamento, porque, definitivamente aquela não é uma casa da democracia, nem sequer é a expressão livre e genuína do povo.
É sim a casa dos partidos e a expressão do regime político e constitucional partidocrático. Por outro lado, a lei eleitoral para a Assembleia da República, que é a mesma de 1979, mantém-se refém do espírito que presidiu às leis eleitorais originais de 1975 e de 1976, em que o povo ficou afastado de aí se poder se fazer representar.
O centralismo partidário na vida política portuguesa abafa democracia.
E não tem que admirar o facto que os partidos se tenham transformado em aparelhos retrógrados, mafiosos e maçónicos, e desfrutem só para si das riquezas e dos recursos do país e que deste modo levem o povo português à miséria e à pobreza gerais.
O referendo e a nulidade
"Aprisionado por capatazes políticos ao serviço duma monarquia bancária.
Lançando mão a mecanismos - abjectos, porém eficazes - de manipulação de massas, com destaque para o controlo dos media, a estrutura de poder em Portugal assemelha-se, demasiado, a uma cleptocracia.
O povo ainda tentou uma abrir uma brecha, no circulo cerrado e ditatorial, para ter acesso ao poder, mas eles souberam, novamente fazer dessa brecha, uma falsa cedência.
Por forte pressão popular, já depois de 1976, "os deputados concederam" aos seus eleitores - a figura do referendo.
Porém, como o referendo poderia tornar-se perigoso para o seu teatro democrático, o nº3 ...
O arquitecto do novo consenso
Estive a seguir a conferência de imprensa de Mario Draghi - um homem a quem hoje se associa uma imagem de adversário da austeridade à la Merkel.
Ele mostra-se elástico na política monetária e promete biliões em empréstimos de longo prazo e compras de dívida titularizadaà banca,
sugere flexibilidade nas políticas orçamentais, mas,
em contrapartida, exige reformas estruturais.
E repete dezenas de vezes: reformas estruturais, reformas estruturais, reformas estruturais.
«Reformas estruturais»? De que é que ele está a falar? Ele responde:
- mais cortes na despesa pública para baixar impostos e (agora) financiar investimento público,
- mais e mais “flexibilização” do mercado de trabalho,
- mais medidas “amigas” dos negócios.
Em suma, chamemos as coisas pelos seus nomes,
- menos saúde e educação públicas,
- mais saúde e educação paga por quem pode,
- menos pensões, mais PPRs,
- menor protecção do emprego e do desemprego,
- menos salário, menos medidas de protecção social e ambiental
- e tudo privatizado.
Afinal isto é o que sempre esteve em causa. Transformar a crise numa oportunidade para varrer da face da Europa todos os traços de democracia social. (do «estado social», e da social-democracia)
O mesmo Draghi que em Fevereiro de 2012 teve a franqueza de declarar que
“o modelo social europeu já foi”
paira agora sob a forma de pomba, propondo os termos de um novo pacto:
alguma flexibilidade orçamental (inevitável dada a depressão da procura)
em troca das ditas reformas estruturais.
Em breve surgirá a proposta de um novo tratado, que amarre todos os governos às "reformas estruturais", isto é,
ao estrito cumprimento da agenda política e ideológica da DIREITA (neoliberal e capitalismo selvagem), em troca de dinheiro do BCE e de tolerância orçamental da Comissão.
O pior é que abundam os sinais de que a social-democracia europeia já firmou o pacto de que Draghi é porta-voz. Mario Draghi e Vitor Constâncio lado a lado. Simbólico. E deprimente.
(- por José M. Castro Caldas às 2.10.14 , Ladrões de B.)
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