Balanços
«Em Portugal estamos pior do que estávamos há três anos, com uma carga fiscal esmagadora, a consolidação orçamental por conseguir, uma dívida pública superior a 130% do PIB, uma taxa de desemprego a rondar os 15%, um crescimento quase nulo, os benefícios do "european way of life", designadamente a segurança social, em equilíbrio muito instável, uma crise institucional quase generalizada. Resta-nos a falsa vitória do regresso aos mercados, apresentado como uma grande conquista, que afinal nada tem a ver com a bondade da situação portuguesa, mas com a procura de segurança dos capitais que circulam livremente e que, em conjunturas menos favoráveis noutras geografias, procuram nas economias amadurecidas um porto de abrigo mais fiável.
De resto, a situação da Europa é de stress e de crise: na defensiva quanto à Ucrânia, sem uma estratégia diplomática que vá para além das sanções económicas sobre a Rússia; o "day after" do referendo da Escócia e a necessidade de repensar a posição do Reino Unido na UE; as réplicas que alguns nacionalismos, há séculos postos em surdina, podem provocar, a cada vez mais visível existência de duas Europas e a falta de capacidade de liderança demonstrada pela Alemanha, encapsulada nos seus preconceitos e atavismos, vai gerindo os seus equilíbrios sem conseguir perceber que a Europa é plural e que esse pluralismo constitui a sua maior força.
Não se trata de uma Europa a várias velocidades, mas verdadeiramente da existência suicidária de duas Europas na Zona Euro: uma a Norte onde o crescimento já vai dando provas de enfraquecimento, mas o estado social resiste e o desemprego se mantém a taxas aceitáveis e outra a Sul, onde as políticas de austeridade e as reformas estruturais, envolvendo a redução violenta do sector público e a privatização de sectores estratégicos, acentuam as desigualdades, e vão minando o crescimento económico. O efeito combinado destas divisões está a corroer os alicerces da União Europeia e a reacender nacionalismos e populismos.»
(José Maria Brandão de Brito, 25/9/2014, Entre as brumas da memória)
SABIA QUE PORTUGAL VIVE NUMA DITADURA?
Não acredita? Consulte os factos em baixo e acorde para a verdade que o rodeia. Ajude Portugal inteiro a acordar, partilhe, divulgue... comente, fale...
Todos os portugueses gritam a sete ventos que...
Votar é um direito
Votar é um dever
Fascismo nunca mais
Ditadura nunca mais
Democracia sempre!!!
E se os governos decidirem manter a ditadura, fingindo que é uma democracia, se eles o dizem o povo acredita!?
Acha que votar e não mudar nada com isso, é democrático? Votar e continuar a ser enganado e roubado? Democracia é votar e ter o poder de mudar. A democracia é falsa, foi desenvolvida para benefício e perpetuação dos partidos políticos, de forma a evitar que as pessoas possam escolher pessoas livres e com vontade de desenvolver Portugal.
Acha que ter a liberdade de se expressar e ser desprezado é democracia? Democracia é expressar-se e ser ouvido.
Não existe prisão mais eficaz e duradoura, que a falsa ilusão de liberdade.
Parecemos uns tontos com o cadafalso à frente, a caminhar para ele, a defender e a eleger os carrascos e a jurar a pés juntos, que não, jamais!! Não queremos a ditadura dos que nos chacinam.
No entanto fazemos de conta que não vemos... que não sabemos... que não está à vista de todos na Constituição da República Portuguesa, a impotência do povo, a nulidade da vontade popular, a inércia da justiça.
A ditadura moderna não usa a violência física, é mais sofisticada, abusa da repressão, da exploração, da censura, da manipulação, e usa como ferramenta mais eficaz, os órgãos de informação, para manter o rebanho manso., crente que é livre.
Todos deveriam saber, mas poucos sabem, que em 1974 conquistou-se a liberdade, mas em 1976, voltamos à ditadura, disfarçada.
Como e quando afastaram o povo do poder.
O Grande Golpe terá estado nos números 1 dos artigos 285 e 286, a seguir transcritos: que colocaram todo o poder na mão dos políticos e afastaram o povo, para sempre, desde 1976.
Artigo 285.º - 1. A iniciativa da revisão compete aos Deputados.
Artigo 286.º - 1. As alterações da Constituição são aprovadas por maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções.
Ou seja, o voto popular foi, afastado para sempre, das revisões e das decisões constitucionais, permitindo que 2/3 dos deputados a ajeitem, como entendam conveniente, na defesa dos interesses da classe, maquilhando-os de “interesse nacional”.
Veja-se que o próprio povo português não pode sequer referendar a Constituição, portanto pronunciar-se sobre o texto legal máximo do país, nem sequer pode pronunciar-se ou fazer-se ouvir publicamente com as suas próprias propostas de alteração, ou propor revisões, da Constituição, o que é um poder exclusivo e único dos partidos políticos. Mas é assim que melhor se compreende a designação de Assembleia da República e não Parlamento, porque, definitivamente aquela não é uma casa da democracia, nem sequer é a expressão livre e genuína do povo.
É sim a casa dos partidos e a expressão do regime político e constitucional partidocrático. Por outro lado, a lei eleitoral para a Assembleia da República, que é a mesma de 1979, mantém-se refém do espírito que presidiu às leis eleitorais originais de 1975 e de 1976, em que o povo ficou afastado de aí se poder se fazer representar.
O centralismo partidário na vida política portuguesa abafa democracia.
E não tem que admirar o facto que os partidos se tenham transformado em aparelhos retrógrados, mafiosos e maçónicos, e desfrutem só para si das riquezas e dos recursos do país e que deste modo levem o povo português à miséria e à pobreza gerais.
O referendo e a nulidade
"Aprisionado por capatazes políticos ao serviço duma monarquia bancária.
Lançando mão a mecanismos - abjectos, porém eficazes - de manipulação de massas, com destaque para o controlo dos media, a estrutura de poder em Portugal assemelha-se, demasiado, a uma cleptocracia.
O povo ainda tentou uma abrir uma brecha, no circulo cerrado e ditatorial, para ter acesso ao poder, mas eles souberam, novamente fazer dessa brecha, uma falsa cedência.
Por forte pressão popular, já depois de 1976, "os deputados concederam" aos seus eleitores - a figura do referendo.
Porém, como o referendo poderia tornar-se perigoso para o seu teatro democrático, o nº3 ...
O arquitecto do novo consenso
Estive a seguir a conferência de imprensa de Mario Draghi - um homem a quem hoje se associa uma imagem de adversário da austeridade à la Merkel.
Ele mostra-se elástico na política monetária e promete biliões em empréstimos de longo prazo e compras de dívida titularizadaà banca,
sugere flexibilidade nas políticas orçamentais, mas,
em contrapartida, exige reformas estruturais.
E repete dezenas de vezes: reformas estruturais, reformas estruturais, reformas estruturais.
«Reformas estruturais»? De que é que ele está a falar? Ele responde:
- mais cortes na despesa pública para baixar impostos e (agora) financiar investimento público,
- mais e mais “flexibilização” do mercado de trabalho,
- mais medidas “amigas” dos negócios.
Em suma, chamemos as coisas pelos seus nomes,
- menos saúde e educação públicas,
- mais saúde e educação paga por quem pode,
- menos pensões, mais PPRs,
- menor protecção do emprego e do desemprego,
- menos salário, menos medidas de protecção social e ambiental
- e tudo privatizado.
Afinal isto é o que sempre esteve em causa. Transformar a crise numa oportunidade para varrer da face da Europa todos os traços de democracia social. (do «estado social», e da social-democracia)
O mesmo Draghi que em Fevereiro de 2012 teve a franqueza de declarar que
“o modelo social europeu já foi”
paira agora sob a forma de pomba, propondo os termos de um novo pacto:
alguma flexibilidade orçamental (inevitável dada a depressão da procura)
em troca das ditas reformas estruturais.
Em breve surgirá a proposta de um novo tratado, que amarre todos os governos às "reformas estruturais", isto é,
ao estrito cumprimento da agenda política e ideológica da DIREITA (neoliberal e capitalismo selvagem), em troca de dinheiro do BCE e de tolerância orçamental da Comissão.
O pior é que abundam os sinais de que a social-democracia europeia já firmou o pacto de que Draghi é porta-voz. Mario Draghi e Vitor Constâncio lado a lado. Simbólico. E deprimente.
(- por José M. Castro Caldas às 2.10.14 , Ladrões de B.)
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