José Pacheco Pereira (JPP), 23/11/2015, http://abrupto.blogspot.pt/
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--DIÁRIO DE UM TEMPO DIFERENTE (23)
Que condições de "uma solução governativa estável, duradoura e credível" foram exigidas a Passos Coelho antes de ser indigitado (para 1ºMin. do XX governo, PSD-CDS / PàF)?
Olhem bem para as condições colocadas pelo Presidente ao PS e vejam bem quais o governo Passos Coelho podia mesmo garantir, tanto mais que algumas nem com maioria absoluta garantiu:
a) aprovação de moções de confiança; [um governo minoritário não o podia garantir]
b) aprovação dos Orçamentos do Estado, em particular o Orçamento para 2016; [um governo minoritário não o podia garantir]
c) cumprimento das regras de disciplina orçamental aplicadas a todos os países da Zona Euro e subscritas pelo Estado Português,
nomeadamente as que resultam do Pacto de Estabilidade e Crescimento, do Tratado Orçamental, do Mecanismo Europeu de Estabilidade e da participação de Portugal na União Económica e Monetária e na União Bancária;
[o último défice foi de 7%, e o memorando só foi "cumprido" pela complacência política da troika que o aceitou rever]
(a França não cumpriu e já disse que não ia cumprir pois tinha outras prioridades: combater o terrorismo Daesh)
d) respeito pelos compromissos internacionais de Portugal no âmbito das organizações de defesa colectiva;
[este foi o governo que vendeu sectores estratégicos de Portugal a fundos estatais chineses,
no caso da REN obrigando a adiar a publicação da respectiva lei]
e) papel do Conselho Permanente de Concertação Social,
dada a relevância do seu contributo para a coesão social e o desenvolvimento do País;
[ver nota 22 anterior ]
f) estabilidade do sistema financeiro, dado o seu papel fulcral no financiamento da economia portuguesa.
[deve querer significar continuar a apoiar a banca com dinheiro dos contribuintes]
-- DIÁRIO DE UM TEMPO DIFERENTE (22)
(PR, PSD/CDS e a concertação social)
Ah! a falta de memória!
Este amor pela "concertação social" é mais uma das revisões do passado que se faz nestes dias.
Depois de quatro anos de decidir quase tudo o que era relevante antes da concertação social e apresentá-lo como facto consumado,
ou de usar na propaganda a concertação social quando lhe convinha,
e de atacar muitos dos seus documentos e posições, assim como o seu Presidente Silva Peneda,
agora são os seus maiores defensores, como se vê no documento presidencial.
-- DIÁRIO DE UM TEMPO DIFERENTE (21)
(José Sócrates e má fama)
Pouca gente prejudica mais nos dias de hoje o PS, e por arrastamento a esquerda, do que José Sócrates.
O tipo de sessões públicas que tem patrocinado, com a cumplicidade de muita gente do PS, serve apenas para dar má fama ao partido que delas não se demarca.
Sócrates está acusado de graves crimes, e só se saberá em tribunal se está inocente ou culpado dos crimes de que é acusado.
Porém, conhecem-se suficientes pormenores do seu comportamento cívico, que nem ele, nem os seus advogados contestam, apenas "interpretam",
que o torna exactamente aquele tipo de pessoas de que os partidos se deveriam afastar a milhas.
Disse sempre isto em relação a pessoas do meu partido que lhe deram e dão má fama por razões que podem não ser crimes mas que são eticamente inaceitáveis na vida pública,
para o poder dizer à vontade, e com todo o à vontade, de José Sócrates.
E não é só de agora.