12 comentários:
De Cães do desGoverno e candidatos PSD/CDS a 12 de Março de 2014 às 12:13
PSD/CDS: 101 Dálmatas. Quem faz de Cruella de Vil?

101 frases sinteticas compõem o Manifesto da coligação PSD/CDS para as eleições europeias. 101 banalidades que o Dr. Paulo Rangel apresentou...

A analogia com os 101 Dálmatas, que o Deputado Rangel tratou também de estabelecer, no entanto, parece apropriada:
a cachorrada esmera-se em lambidelas viscosas mas com pouca aderência à realidade, como por exemplo o número 79 que jura que
"A coligação Aliança Portugal estará atenta e será exigente relativamente à defesa de sectores estratégicos da economia portuguesa...".

A gente lembra-se dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, ou da EDP e da REN vendidas aos chineses,
ou da ANA que privatizada embaratecia custos e já vai no terceiro aumento de taxas,
nos CTTs que davam lucro, na TAP e das Águas de Portugal a empandeirar proximamente - e fica logo a ver o filme Disney todo:
é fartar vilanagem, é arrebanhar tudo o que mexa e seja rentável no sector público e deixar o Estado no estado a que o país chegou!!!

Resta apenas apurar quem faz nesta comédia de Cruella de Vil, a malvada que quer roubar e esfolar os malhados dalmatinhos.
Não, desta vez não é a Senhora Merkel. Posicionam-se à frente vários figurantes nacionais:

Primeiro, o Presidente Cavaco Silva, que veio do alto da sua cátedra em levar o carro a rodagem e facturar com o BPN,
avisar que o austericidio é para nos empobrecer por décadas mais e defender que por isso mais vale aprecatar-nos à sombra de um programa cautelar quando acabar a troika.
Assim, de uma penada, "cruelamente", estilhaça o relógio que punha a salivar o Vice Primeiro Ministro Portas.
E "devilmente" passa por cima do facto de que não tem programa cautelar quem quer, só quando, como e se Berlim autorizar...
E os elogios que jorram do Eurogrupo, da Alemanha, do BCE e até da CE por cambalhota do equlibrista Barroso, não são de molde a abrir os cordões à condescendência teutónica

Em segundo lugar, perfila-se o Banco de Portugal, que jura á troika e aos potenciais investidores que já está completa, completinha, a reforma da justiça.
Enquanto, por golpe de prestidigitação, a faz deixar prescrever a multa de um milhão que fingiu aplicar ao banqueiro Jardim Gonçalves,
desconta que absolva réus nos submarinos que na Alemanha foram condenados por corrupção em Portugal,
não mexe um dedinho para que os arguidos das operações Furacão, Monte Branco, BPN, BPP e quejandos,
incluindo o Dr. Ricardo e outra rapaziada da pesada do GES/ESCOM e dos pingos doces e salgados beneficiam de amnistias e de isenções ficais,
enquanto os portugueses cumpridores alancam com aumentos brutais de impostos e cortes em salários e pensões...
E a deixa que jorre dinheiro sujo da Guiné Equatorial e de outras ditaduras para lavar no Banif e no BCP e sabe se lá onde mais...

Mas na linha da frente deste corso destacam-se irrevogável e indissociavelmente dois singulares personagens:
Paulo Portas e Pedro Passos Coelho, ambos travestidos a rigor:
Pedro vai de Cruella, mata velhinhos, derruba funcionários públicos, expulsa jovens e distribui canelada ao PS com lancinantes apelos ao consenso e a confissão de que os cortes provisórios afinal vão ser definitivos.

E Paulo vai, tal qual como é, de Vil, a acenar com 1640s, amanhãs cantantes com descidas de impostos e exportações ao alto, enquanto à sorrelfa afia a faca para retalhar mais dois mil milhões de euros no que resta as famílias e à economia nacional.
Depois da campanha das eleições europeias, claro.

Pedro e Paulo vão de binómio, Cruella um lado, de Vil do outro, imbativeis a raptar e esfolar cachorrinhos: os aristocráticos 101 Dálmatas são brincalhotices para entreter os brincalhões da Aliança abrilhantada pelo Dr. Rangel.

Porque quem sai roubado, ofendido e esfolado pelos aliados farsantes são os rafeiros dos portugueses.
Até que se voltem a eles e os ferrem!"

NOTA - texto que escrevi de suporte à minha intervenção no Conselho Superior da ANTENA 1 de esta manhã
[Publicado por AG


De Reestruturação: Manifesto moderado a 12 de Março de 2014 às 12:37
Um manifesto mais moderado do que parecia

Li no Expresso online o manifesto das 70 personalidades. Pareceu-me muito mais moderado do que as primeiras notícias sugeriam,
situado no quadro das opções possíveis para o Euro sem rupturas institucionais,
nem sequer abertamente desafiador do Tratado Orçamental,
em linha com reflexões em curso no "bloco central" realista e na tecnocracia europeia.

Fiquei a perguntar-me porque o hostilizará Pedro Passos Coelho e dele se distanciará a direcção do PS.
Há sempre aquela dúvida aborrecida:
terão os que se distanciam e alguns dos que o assinam lido o manifesto
ou apenas reagido por instinto a um posicionamento simbólico?


Publicada por Paulo Pedroso,11/3/2014 , http://bancocorrido.blogspot.pt/


De Personalidades e Pessoas relev./ irrelev a 12 de Março de 2014 às 12:58

Relevantes e irrelevantes

-por Rui Silva em 11 Março 2014, http://manifesto74.blogspot.pt/2014/03/relevantes-e-irrelevantes.html#more

Quando o país já percebeu que a verdade-verdadinha sobre a "saída do resgate" é que
- não haverá saída alguma [enquanto não houver uma real mudança de política, coisa para a qual jamais contribuirão PS, PSD e CDS, os partidos do arco da bancarrota]
os principais protagonistas da desgraça económica, social, política, cultural e ambiental que se abateu sobre o país
parecem entretidos em lançar sobre os portugueses uma nuvem de poeira que desvia a atenção das pessoas daquilo que é essencial:
por vontade de PS, PSD e CDS, com a benção do actual presidente da República,
as caras poderão mudar mas o essencial da política é para manter.

Há em todo caso, nas palavras dos protagonistas da desgraça, pormaiores que nos elucidam acerca da forma como olham para o país e para as suas gentes.
Maria Luís Albuquerque referiu ontem que "o governo tem de ter em consideração as opiniões do senhor Presidente da República e de muitas outras pessoas relevantes para o país".
Ouvi-a e perguntei-me quais serão, no entender do governo, estas "pessoas relevantes para o país"...

Pela minha parte arrisco uma resposta:
as "pessoas relevantes para o país", no entender do governo, são a senhora Merkel e o ministro das finanças alemão, os representantes daqueles a quem erradamente se chama "credores"
e os oligarcas nacionais - banqueiros e grandes capitalistas - que são quem verdadeiramente manda nesta secção de administração de grandes negócios à qual chamamos, por facilidade de nominação, "governo".

Irrelevantes, para Passos e Portas, são
os trabalhadores - empregados e desempregados -, os reformados e pensionistas roubados nos seus parcos rendimentos,
os mais de quatro milhões de portugueses que vivem em situação de pobreza efectiva ou em cima do seu limiar "técnico".
Irrelevantes são aqueles que emigram [saindo, na perspectiva do governo, "da zona de conforto].
Irrelevantes são no fundo os portugueses comuns.
Afinal, apesar da sua situação só piorar todos os dias, "o país está bem melhor"...


De Usura ... e assinantes... a 13 de Março de 2014 às 11:53
-----( USURA e )---- Aristóteles, um prócere da ‘esquerda radical’?
(-13, 2014 por António Paço , http://blog.5dias.net/ )

Já que a direita e uma certa esquerda alcatifada continuam a insistir no dever ‘moral’ de pagar a ‘dívida’, apelidando de ‘irresponsável’ a ‘esquerda radical’ que defende que ela deve ser repudiada se não queremos ter o mesmo destino dos servos da gleba, que foram tendo de entregar a terra, o seu meio de sobrevivência, aos senhores, muitas vezes através da prática da usura (empréstimo a juros), recordemos o que dizia, há 2350 anos, o filósofo Aristóteles sobre esta:

«Que há de mais odioso do que o tráfico de dinheiro, que consiste em dar para ter mais e com isso desvia a moeda da sua destinação primitiva?
Ela foi inventada para facilitar as trocas;
a usura, pelo contrário, faz que o dinheiro sirva para aumentar-se a si mesmo;
assim, em grego, lhe demos o nome de tokos, que significa usura, porque as coisas geradas parecem-se com as que as geraram.
Ora, neste caso, a moeda que torna a trazer moeda é um género de ganho totalmente contrário à natureza.»


--------- Por que não subscrevo o ‘Manifesto dos 70’ pela reestruturação da dívida
(-12, 2014 por António Paço )

Assinar um manifesto com figuras ‘de um grande espectro político’, que vão do Francisco Louçã à Manuela Ferreira Leite (agorinha antes das eleições, ainda por cima)
tende a dar a ideia de que pode haver ‘um grande consenso nacional’ em torno de como resolver o problema da ‘dívida’.
Ora não há consenso nenhum:
uns querem pagá-la e usá-la para destruir o Estado social e a classe trabalhadora, outros têm de repudiá-la para poder viver.

E quando há um bloqueio na sociedade, como havia na África do Sul do apartheid, ou no Portugal de antes do 25 de Abril, ‘a vida’, como dizia o outro, tem de encontrar um caminho para resolvê-lo.

E ou ganham uns ou ganham outros, não há meio termo possível.


De Reestruturações de dívida a 13 de Março de 2014 às 11:59

A Europa da reestruturação da dívida

(-Março 12, 2014 por Frederico Aleixo, blog5Dias)

Há tantas reestruturações como opiniões.
Dos que consideram um bom acto de gestão aos que repudiam uma dívida alicerçada na necessidade de recapitalização da banca, assegurando os lucros dos grandes grupos económicos e o aumento das grandes fortunas à custa de salários, pensões, segurança social, educação e saúde.
Uma escolha entre uma auditoria com o devedor em posição de força e um perdão de 50% da dívida grega a troco de mais austeridade.

O internacionalismo também dá azo a várias interpretações.
Podemos perspectivá-lo como um mercado único acompanhado de uma moeda comum qual força motriz de uma Europa a duas velocidades.
Um espaço de concorrência livre que, por força da contradição, forma cartéis e favorece os interesses das potências num grau superior de desenvolvimento das suas forças produtivas.

Ao invés, também nos é possível traçar um hipotético espaço de solidariedade entre povos; entre trabalhadores.
Com um modo de produção baseado na igualdade e dignidade nas relações de quem trabalha.
Uma União Europeia com portas abertas ao mundo e destituída de um Schengen para europeus e outro para os “estrangeiros” susceptível de suspensão em nome da ordem e segurança das fronteiras.

As visões multiplicam-se perante tamanha complexidade inerente à história e funcionamento deste objecto político não identificado nas palavras de Jacques Delors.
Um Nobel da Paz que afastou o fantasma da guerra no Velho Continente e propiciou um modelo social comum?
Uma frente mundial na defesa de direitos humanos?
Sugiro que sejamos mais objectivos.
Os factos podem ser lidos por mil olhos mas continuam a ser factos.
A exposição da realidade é, por isso, revolucionária na sua essência.

Estamos diante de uma confederação unida por laços de interesses que favorecem economias em detrimento de outras.
Uma lista de potências com agenda própria e preocupadas com a sua acumulação de capital.
A austeridade serviu a quem lucra com os empréstimos e obtém redução de juros exigidos por investidores atormentados com a dúvida em relação a instabilidade grega ou portuguesa.
Para servir de exemplo, a Alemanha dos mini-jobs e da Agenda 2010 fez dos baixos salários um mecanismo propulsor do sector exportador em conjunto com a tecnologia e a produção industrial.
Servindo-se ainda da absorção de quadros qualificados da chamada periferia.
Percebe-se por isso perfeitamente a austeridade ad eternum própria do Tratado Orçamental Europeu e o TTIP (Parceria de Comércio e Investimento Transatlântico) que criarão ainda mais assimentrias através da competitividade do livre-comércio.

Entretanto reduz-se o Orçamento Comunitário mas financia-se o FRONTEX e cria-se o EUROSUL para vigiar e perpetuar a perseguição a imigrantes bem patente em Lampedusa.

E a retórica do pacifismo europeu esbarra no apoio a um golpe de estado perpetrado em parte por sectores da extrema-direita e oligarcas interessados na ocidentalização comercial da Ucrânia
apenas, entre outros motivos, para contrapor o Espaço Económico Único de Rússia, Bielorrúsia e Cazaquistão,
assim como para expandir a fronteira da NATO no leste europeu.
Os mesmos pacifistas que anuíram ao bombardeamento da Líbia.

O manifesto pela reestruturação da dívida terá pelo menos o condão de isolar quer Seguro, quer Passos-Coelho e distinguir as trincheiras no interior de cada um dos partidos.
Mas a pergunta mantêm-se:
que reestruturação me oferece uma organização destas?
E quantos notáveis subscrevem as críticas aqui apresentadas?
As eleições europeias aproximam-se, assim como as respostas.


De o Estado-refém de interesses e lóbis a 13 de Março de 2014 às 12:24
O Estado-refém

(12/03/14, João Cardoso Rosas
http://economico.sapo.pt/noticias/o-estadorefem_188864.html

É bem vinda a vaga de fundo a favor da renegociação da dívida portuguesa.
É mais do que tempo de exigir ao Governo de Portugal que defenda o país em vez de seguir a estratégia da Alemanha.

O discurso dominante sobre a reforma do Estado transformou-se num imenso logro.
Por um lado, o Governo apresenta ideias gerais e documentos para dizer que vai ainda proceder a essa reforma.
Por outro lado, a oposição diz que o Governo não fez e não fará uma reforma do Estado.
Nenhuma destas visões nos revela verdadeiramente aquilo que está a acontecer.

A verdade é que o Governo fez já em boa parte - e continuará a fazer - a única reforma do Estado que pretende fazer e que consiste em
diminuir a sua dimensão e o seu poder
tornando-o, propositada ou inadvertidamente, refém de interesses especiais.

A oposição deveria por isso ser mais assertiva na defesa de uma reforma outra do Estado - aquela que consiste em
dar-lhe a dimensão e o poder que lhe permitam desempenhar as funções e tarefas de um Estado moderno.

Assim, é bem vinda a vaga de fundo a favor da renegociação da dívida portuguesa.
É mais do que tempo de exigir ao Governo de Portugal que defenda o país em vez de seguir a estratégia da Alemanha. (e dos 'mercados' especuladores/ usurários rapinantes)

Aquilo que é inaceitável é que o Estado português continue a emagrecer e a deixar de cumprir em grande medida os seus compromissos
com trabalhadores, pensionista e a sociedade em geral,
ao mesmo que tempo que não belisca sequer os outros e iguais compromissos com os seus credores institucionais.

Seria também bem-vindo um discurso que acabasse com a fraude do "ajustamento do sector privado que não foi feito pelo sector público".
Na verdade, o ajustamento no sector público foi brutal, embora numa lógica de corte cego.

Mas aquilo que aconteceu no sector privado foi a transferência de custos das empresas para o Estado através do desemprego.
Ou seja, muitas empresas, em vez de ajustarem o seu funcionamento, limitaram-se a despedir trabalhadores cuja subsistência é hoje garantida pelo Estado em subsídios de desemprego, subsídios sociais de desemprego, assistência social, etc.

Seria também crucial que os agentes políticos tivessem um discurso com consequência no sentido de defender os cidadãos face ao comportamento predatório das empresas rentistas ou mais poderosas.
A sensação que existe hoje na sociedade portuguesa é a de que há "estados" dentro do Estado e que é cada vez mais difícil lidar, por exemplo, com a EDP ou os grandes bancos.

Os preços e custas cobrados por este tipo de empresas, assim como o seu comportamento imperial e arrogante, deixam hoje no desespero sobretudo as famílias mais frágeis economicamente, mas também muitas pequenas e médias empresas.

Precisamos por isso, com urgência, de libertar o Estado da teia de interesses à qual está hoje submetido,
no sentido de voltar a conferir-lhe o papel de protecção e serviço aos seus cidadãos.
Essa será uma tarefa prioritária do próximo ciclo político.


De Resposta aos anti-Manifesto Reestruturaç a 18 de Março de 2014 às 15:43

Leituras: Manifesto dos 70 (I)

«O Presidente da República disse há tempos que só quem é masoquista fala na reestruturação da dívida. (...) Eu confesso que vejo com alguma dificuldade que Adriano Moreira seja masoquista. Ou Bagão Félix. Ou Alberto Ramalheira. Ou António Saraiva. Ou Diogo Freitas do Amaral. Ou Fausto Quadros. Ou João Vieira Lopes. Ou José Silva Lopes. Ou Luís Braga da Cruz. Ou Manuel Porto. Ou Manuela Ferreira Leite. Ou Miguel Cadilhe, que não assinou mas publicou um artigo concordando no essencial com ele e lembrando que há mais de dois anos defende uma renegociação "honrada" da dívida. Ou Vítor Martins e Sevinate Pinto. (...) Falar sobre a reestruturação da dívida é masoquismo. Cortar salários e pensões de forma definitiva, aumentar brutalmente impostos, assistir a enormes cortes nos apoios sociais do Estado - e fazê-lo de formam sistemática e continuada desde há três anos é refresco. Para os outros, claro.»

Nicolau Santos, Reestruturação: eu, masoquista, me confesso

«Os jornalistas económicos e colunistas que ou são da área do governo ou têm defendido as suas posições não conseguiram disfarçar o incómodo. O nervoso foi tal que se transformou em excitação. O manifesto é, acusação costumeira quando se quer substituir o sentido crítico pelo medo, "irresponsável". (...) A coisa mais interessante da reação a este manifesto foi a forma como se revelaram, com uma agressividade deslocada, muitos dos protagonistas do discurso dominante. Esta proposta não se deve apresentar, apesar de ser a óbvia, porque assusta a troika mas, acima de tudo, porque cria a ideia de que não há apenas um caminho possível. Porque esta proposta, que não sendo a solução faz parte dela, e que ainda por cima agrega um consenso razoável na sociedade, desarma o único discurso que dominou o debate político nos últimos três anos: o da inevitabilidade. De repente há pessoas que propõem coisas diferentes. Imaginem o mal que isto pode fazer ao País.»

Daniel Oliveira, O manifesto que perturbou o «inevitável»

«Setenta personalidades vieram dizer o que estava à vista de todos mas não podia ser dito: a dívida tem que ser reestruturada nos seus prazos, juros e montantes. Passos apressou-se a reafirmar a fantasia oficial (...). Considera que a despesa pode ser ilimitadamente comprimida, ano após ano, para se ajustar às metas fixadas. Acredita que novas medidas, novas falácias, novas mentiras, inimagináveis sacrifícios pseudo-temporários, poderão submeter continuamente o país, aterrorizado, a um destino de austeridade eterna. Acha que a chave do problema é a despesa, ou seja, os velhos, a saúde, a educação, os funcionários. Agora uns, depois outros, no fim todos. Com o despedimento a gosto e um exército de desempregados e emigrados, Passos vai converter Portugal num novo Chile. Passos não o diz (se calhar não o compreende) mas ele representa o fim do projecto nacional iniciado com o 25 de Abril. Com ele ou sem ele, a revolução reaccionária que planeia e executa só será possível em ditadura.»

Sérgio Sousa Pinto (via facebook)

«É difícil imaginar tanta raiva, tanta vontade de calar, tanto desejo de pura exterminação do outro, como aquele que se abateu sobre o manifesto dos 70 signatários a pretexto da reestruturação da dívida, uma posição expressa em termos prudentes e moderados por um vasto grupo de pessoas qualificadas, quase todas também prudentes e moderadas. (...) Veio ao de cima tudo, a começar pelo primeiro-ministro, que os tratou de essa "gente", ou porque tinham uma "agenda política" ou porque eram "cépticos" por natureza, inúteis para o glorioso esforço nacional de empobrecer como programa de vida. O manifesto era "antipatriótico", com um timing inaceitável, a dois meses da "libertação" de 1640, feito pelos "culpados" do esbanjamento, pelos "velhos" a defenderem os seus privilégios, pelos defensores do statu quo dos interesses instalados, pelos "jarretas", pela "geração errada". O seu objectivo escondido, ao assinarem o manifesto, é outro, é "manter o modelo de negócio que temos, o Estado que temos, e atirar a dívida para trás das costas", escreve António Costa em editorial do Diário Económico. José Gomes Ferreira é mais claro: "Estará a vossa iniciativa relacionada com alguns cortes nas vossas generosas pensões?"»

José Pach.Pe


De contra Medos e verdades escondidas a 18 de Março de 2014 às 15:50
--------Manifesto dos 70 (I)
...
...
...José Pacheco Pereira, A raiva que o manifesto dos 70 provocou

«Este manifesto limita-se a olhar a realidade de frente: o País caminha para o suicídio, e é preciso mudar o rumo. No quadro europeu. Pesando o interesse de Portugal, mas também o interesse comum do projecto europeu, de que muita gente, em Bruxelas e Berlim, parece ter-se esquecido. Perante isso, o primeiro-ministro, e uma escassa legião de escribas auxiliares, acusam os subscritores do manifesto de "pôr em causa o financiamento do país", de "inoportunidade", e, até, de falta de patriotismo. (...) A verdade dói, mas a mentira mata. Tenho muito orgulho em ter assinado este manifesto ao lado de Manuela Ferreira Leite, ou Bagão Félix, pois a diferença crucial não é entre esquerda e direita, mas entre a verdade e a mentira. O que une este governo, e o atual diretório europeu, é a ligação umbilical entre o seu poder e a mentira organizada.»

Viriato Soromenho Marques, Os homens não são todos iguais

----(- por Nuno Serra, 18.3.14,


----------What have the romans ever done for us?


Paulo Baldaia, director da TSF, teve o seu momento Monty Python, quando, no programa Bloco Central, criticou o manifesto dos 70 por, e cito (de memória),
«Portugal ousar defender a reestruturação sem dar nada em troca aos seus credores.»

Num "remake do what have the romans ever done for us", podemos reformular o que disse Paulo Baldaia do seguinte modo:

● Tirando não ter entrado em incumprimento desordenado, o que evitou o colapso do sistema financeiro dos países credores;

● Tirando ter assinado o two pack, o six pack, o Tratado Orçamental
- um conjunto de reformas que a Alemanha e os países credores exigiram -
e estar comprometido com um projecto que, na sua essência, beneficia estruturalmente os países credores
em desfavor das economias mais fragilizadas do sul...
--... o que é que Portugal (e a chamada periferia) já fez pelos países credores?

Paulo Baldaia tem toda a razão:
tirando isso tudo, o manifesto não dá (mais) nada aos credores,
apenas ousa pedir que nos dêem condições para sair do atoleiro em que estamos metidos.

----por João Galamba às 17.3.14


De 71º Europeu SocialDemocrata H.Schmidt a 19 de Março de 2014 às 09:29
o 71º é alemão

Ao ler uma entrevista que Helmut Schmidt deu ao jornal Bild, por ocasião do seu 95º aniversário, suspeito que o manifesto dos 70 tem na Alemanha o seu 71º subscritor: um antigo chanceler que já se pode dar ao luxo de dizer a sua opinião em frases claras. Em Dezembro passado, quando festejava os seus 95 anos, deu várias entrevistas (como esta, em inglês). À pergunta sobre o presente que gostaria de receber nesse aniversário, respondeu:

"Desejo que os alemães entendam que a União Europeia tem de ser concluída, e que nós não nos podemos elevar acima dela."

Traduzo (à pressa, aviso já) parte da entrevista no jornal Bild, porque se dirige a um público-alvo importantíssimo: pessoas dos níveis sociais mais baixos e menor acesso à Educação, que gostam de jornais com letras grandes e frases simples.

BILD: Parece-lhe que o contrato da coligação está bem feito?
Schmidt: Parto do princípio que acordos como estes são erróneos. Com o tempo, a realidade revela-se de outra forma, independentemente do que foi debatido em 2013. No meu tempo não se faziam estes acordos.

- Sente a falta do FDP no Parlamento?
: Não. Os princípios básicos do liberalismo na Alemanha - liberdade e tolerância - já foram há muito assimilados por outros partidos (CDU, SPD, e também os Verdes). E um FDP que, pelo seu lado, afunilou na direcção do liberalismo económico, não é um partido necessário.

- Teme, como muitos outros socialistas, que o SPD possa voltar a ser prejudicado por uma coligação com o CDU?
: Para o futuro do país, na actual constelação, não vejo outra solução senão esta.

- Quais são os problemas que a grande coligação terá de enfrentar?
: Para mim, é a crise da UE e das suas instituições. Infelizmente, este tema praticamente não foi falado no acordo da coligação. Mas a realidade é que, no próximo ano, a crise da UE vai ser um problema central, e vai relegar os outros temas para segundo plano. Mal o governo entre em funções, os nossos vizinhos europeus vão fazer uma enorme pressão sobre a Alemanha. O mais tardar, na primavera de 2014.

- Vão exigir dinheiro para os países em crise, como Grécia, Chipre, Portugal, Espanha?
: Sim. A Europa precisa de uma Conferência da Dívida como a que se realizou em Londres em 1953. Vamos ter de reduzir as dívidas de alguns países, alongar prazos de crédito, baixar as taxas de juro. Todos esses temas vão estar na ordem do dia. E vão ocupar o espaço dos temas debatidos no acordo da coligação.

- Isso significa que a temida redução da dívida - por exemplo, da dívida grega - vai acontecer. E a Alemanha vai ter de pagar?
: Sim. De outro modo, não vamos conseguir salvar a economia grega. Depois da Conferência de Londres nós, os alemães, também andámos a pagar as dívidas até 2011. E nem sequer demos por isso...

- No próximo ano há eleições europeias. A UE precisa de reformas?
: A UE precisa de instituições que funcionem. De momento, nada funciona. Nem o Parlamento, nem o Presidente da Comissão, nem o Presidente do Conselho nem a Delegada para os Assuntos Externos. O único que, de momento, aguenta a UE viva, é o chefe do BCE, Draghi. Sem ele, não havia nada. O que não admira, se olharmos para 28 comissários que se bloqueiam mutuamente.

- Vê alguma hipótese de tornar os acordos europeus mais eficientes?
: Não, se continuarmos a insistir na tendência de ratificar os acordos por referendo. Há insegurança nos povos, devido às pseudo-actividades da Comissão Europeia. As pessoas não entendem o que se está a passar. Precisam de políticos competentes, e não de referendos ou votos directos. O mesmo se vê actualmente de forma muito clara na América.

- Foi correcto que a SPD tenha abdicado do cargo de ministro das Finanças?
: Depende de quem temos para ocupar esse cargo. Só há um par de pessoas, entre os políticos, que são capazes de entender o que se passa no mundo financeiro. Wolfgang Schäuble e Peer Steinbrück fazem parte desse grupo.

- E Sigmar Gabriel?
: Não seria a minha primeira escolha para ministro das Finanças. Mas é, sem dúvida, uma pessoa com capacidades para se desenvolver.

- No programa do governo há ...


De Pela Reestruturação dívida a 19 de Março de 2014 às 09:36
o 71º (do Manifesto) é alemão
...
...
BILD: No programa do governo há um extraordinário número de pontos ligados às reformas - de um modo geral aumentos e alargamentos. É possível financiar tudo isto?

Schmidt: Por enquanto sim, mas a longo prazo não. Quando nasci, em 1918, a esperança média de vida era 60 anos. Hoje está em 80 anos, e vai aumentar. Isso significa que não podemos continuar a ir para a reforma com 58 ou 62 anos. Vamos ter de trabalhar até aos 67, 68, 70 anos. Vamos precisar de escolas profissionais para que operários da construção civil com 50 anos, cujo corpo não permite mais fazer esse tipo de trabalho, mas ainda são demasiado jovens para a reforma, comecem uma nova carreira com computadores, por exemplo. É uma alteração profunda no mundo profissional, que vamos ter de levar a cabo. E os Estados Sociais europeus vão ter de saber lidar com este desafio.


BILD: Este também é um projecto para a grande coligação.

Schmidt: Com certeza. Mas esta mudança vai precisar de trinta anos, e não de quatro. No entanto, ainda não encontrei no acordo da coligação nada que vá nessa direcção.


(- por: Helena , 16/3/2014, 2dedos de conversa , fonte: http://www.bild.de/politik/inland/helmut-schmidt/interview-zum-95-geburtstag-33963792.bild.html )


De interesses e desGoverno contra Manifesto a 19 de Março de 2014 às 09:43
(19 de Março de 2014, por AG )

Manifesto é arma negocial mas PM não sabe, nem quer, usá-la



"Preocupa-me que o Primeiro Ministro hoje vá a Berlim e em vez de ir escudado nos pesados sacrifícios e absurdas injustiças infligidas aos portugueses com tão desastrosos resultados, e ir armado do Manifesto,
se apresente de novo de baraço ao pescoço a estender a mão à compaixão da suserana Merkel.

Não é apenas por incompetência e por incapacidade diplomática para negociar na Europa e com a Europa, por Portugal.

É por manifesta submissão aos interesses que estão a destruir Portugal e a Europa.
É contra esses interesses que o Manifesto conseguiu demonstrar haver consenso em Portugal".


Extracto da minha crónica de ontem no "Conselho superior" da ANTENA 1, que pode ler-se na íntegra na ABA DA CAUSA http://aba-da-causa.blogspot.com/2014/03/o-manifesto-dos-74-e-as-reaccoes-que.html


De 25Abril e fim ao desGoverno mortal a 19 de Março de 2014 às 17:14
O manifesto


«Em 1974, o país encontrava-se exangue por 13 anos de guerra,
resumindo-se as perspectivas de um jovem a combater no Ultramar, com risco de vida, ou fugir e nunca mais regressar.

Até que houve um general que escreveu um livro, no geral um chorrilho de disparates, mas que dizia duas coisas óbvias:
a situação era insustentável e não se conseguiria ganhar a guerra.
O livro causou escândalo nacional, houve uma reunião de chefes militares em apoio ao governo, e os dois generais envolvidos na sua publicação foram exonerados.
Só que, depois de o óbvio ter sido dito, toda a gente percebeu que o regime estava a prazo e, de facto, não durou mais de dois meses.

Hoje, o país também se encontra exangue com uma dívida que não conseguirá pagar, mesmo depois de sacrifícios impensáveis.
Os velhos vêem desaparecer todos os dias os seus magros rendimentos e os jovens abandonam o país.
O Presidente já anunciou que só com níveis de crescimento nunca antes verificados conseguiremos ver a dívida reduzida para valores aceitáveis em 2035.

Não admira, por isso, que tenha surgido um manifesto que, com ou sem disparates, disse também o óbvio:
esta dívida é insustentável e a sua reestruturação é inevitável.
O manifesto causou escândalo numa série de apaniguados do governo e o Presidente viu-se obrigado a exonerar dois consultores, mas o óbvio também ficou dito.

Se a única solução dos nossos governantes é continuar nesta política até 2035, podem começar já a arrumar as secretárias.»

( [i] Luís Menezes Leitão. , via OJumento 19/3/2014)


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