22 comentários:
De Não há Democracia na Eurolândia! a 22 de Outubro de 2015 às 12:42

Mais ilusões?

Já aqui argumentei que NÃO são possíveis políticas de esquerda dentro da zona euro.
Hoje é a vez de Portugal tomar consciência dessa dura realidade: não há escolha democrática no seio da zona euro.
Os seus membros abdicaram do exercício da soberania na política económica,
o que significa que entregaram um amplo leque de decisões que organizam a vida social nas mãos de um colectivo de países.
A ideologia do ordoliberalismo alemão foi consagrada nos tratados, ao mesmo tempo que o funcionamento e as nomeações da tecnoburocracia de Bruxelas e do BCE ficaram convenientemente amarrados à mesma ideologia.

Não é pelo facto de esta perda de soberania ser designada por “partilha de soberania”, ou pelo
facto de os media esconderem aos cidadãos que muito do que determina as nossas vidas se decide fora de Portugal, que a realidade deixa de ser o que é.
A soberania reside no povo mas, dizem-nos hoje, o povo só pode eleger as maiorias que os tratados permitem.

A maioria do povo português ainda não terá consciência de que a democracia conquistada no dia 25 de Abril de 1974 ficou, no essencial, comprometida com a participação num processo de integração carregado de ambiguidades.
Do mercado comum ao mercado único, deste à moeda única e, agora, o tesouro único,
a UE consolida passo a passo um regime político híbrido que escapa ao controlo democrático dos cidadãos.
Se o exercício da democracia pressupõe uma unidade territorial onde o povo elege os seus representantes e toma decisões sobre a vida da comunidade, então o caminho que a UE já tomou é tudo menos democrático.
Onde está o povo europeu?
Onde está essa comunidade de partilha de vida e de deliberação, o demos que detém o poder soberano?
A verdade é que, na ausência de uma língua comum, largamente partilhada,
a cidadania europeia não passa de um mito que serve a estratégia política de uma elite cosmopolita desligada dos seus povos.

A crise que estamos a viver tem diferentes níveis.
É uma crise nacional, de que o impasse na constituição do novo governo constitui um importante sintoma,
em articulação com a crise da UE, também ela participante da crise de um capitalismo que vai a caminho de mais uma explosão financeira,
ela mesma fruto de um crescimento ambientalmente insustentável e ao serviço da ganância e do desvario de uma minoria.

Tendo presente este pano de fundo, é profundamente inquietante que os líderes dos partidos da esquerda que hoje negoceiam com o PS a formação de um governo tenham assumido que é possível governar o país nos próximos anos pondo entre parêntesis a interdependência dos vários níveis da crise.

Estando à vista de todos que a política orçamental expansionista está bloqueada pela escolha ideológica de fazer depender dos mercados financeiros o financiamento da dívida pública, e não dos bancos centrais;
estando à vista de todos que uma nova política económica enfrenta a oposição determinada da Alemanha e seus satélites, que não aceitam outra visão do federalismo orçamental que não seja a do ordoliberalismo (ler Shahin Vallée, “How the Greek Deal Could Destroy the Euro”);
estando à vista de todos que não há margem de manobra para qualquer política de relançamento da economia portuguesa, bem pelo contrário,
como é possível que a esquerda continue a alimentar a expectativa de tornar mais suave o afundamento da sociedade portuguesa na desesperança?

Aos olhos de muitos, uma crise gerida pela esquerda será mais suportável do que uma crise gerida pela direita.
A meu ver, tendo em conta o impasse em que a UE se encontra, um governo apoiado pelas esquerdas apenas será útil ao país se estas forem capazes de mostrar ao povo,
no decurso desta experiência de governo, que o problema está mesmo no respeito pelos compromissos europeus.
Se forem capazes de deixar cair a guerrilha verbal contra a direita e disserem, preto no branco, que
sem soberania sobre a política económica não temos futuro.
O país não precisa de mais ilusões.

(O meu artigo no jornal i) por Jorge Bateira, Ladrões de B., 16/10/2015)


De Ilusões ou Vontade e União...? a 22 de Outubro de 2015 às 12:54
--JS:
...plano para um País como Portugal abandonar sozinho o Euro. Varoufakis diz que isso é impossível, e que só é possível alterar esta situação a nível europeu, eu não acredito nele.
Mas pago para ver qual será esse plano que não lançará o País num caos que derreterá as poupanças daqueles cujo voto a Esquerda precisa para se manter no Poder e que já perderam tanto com a presente Governação da Direita.

Uma via maximalista como é defendida pelo PCP e pelo BE seria eventualmente derrotada pelo voto que devolveria ao Poder uma Direita revanchista que acabaria a governar à húngara.
É mesmo isso que querem?

---E:
Falta um importante elemento nesta análise. obviamente correcta: o sofrimento dos trabalhadores e do povo, roubados que foram rendimentos e direitos.
Nestes últimos 4 anos o país recuou mais de 10, e em determinados domínios muito mais.
Se houver condições para começar a inverter a situação, se foram devolvidos os rendimentos e direitos roubados estaremos a dar um indispensável contributo e exemplo para avançar por via alternativa.
A austeridade foi e é um pretexto para aumentar a exploração!

--LO:
Uma nota para o Jose...
Em resumo:
aguenta e nada de bufar!
Aceita o que te é imposto e não reclames muito porque ainda te castigam mais!
É isto que advoga para um povo?
É isto que defende para quem não quer vender a sua dignidade?

--JLF:
O Tratado Orçamental impõe um limite de 3% ao défice das contas públicas a todos os membros da zona euro, não apenas aos que «precisam do dinheiro dos outros».
E isto é apenas um exemplo entre muitos.

As políticas de esquerda estão mesmo proibidas na Europa,
e por esquerda deve entender-se aqui o consenso político entre sociais-democratas e democratas cristãos que esteve na origem da prosperidade europeia.
.. em tese altamente abstracta, quase de certeza impraticável e possivelmente indesejável, mas em tese -
um Estado pode subsistir sem défice, sem dívida e sem cobrar impostos.
Basta que retire à banca a possibilidade de emitir moeda e que a reserve para si próprio.
E que não prescinda a favor de nenhum outro Estado da sua soberania monetária, "ça va sans dire".

--MO:
desde quando que ter um deficit de 3, 4, 5 % é de esquerda, o que é de esquerda é ver que é preciso ter um deficit o suficiente para financiar políticas que impliquem uma visão de esquerda do pais, desenvolvimento com emprego, ir paulatinamente mudando a estrutura económica de modo a não depender do financiamento externo. Nem é de esquerda reestruturar a dívida, é a esquerda que a defende porque é um fardo financeiro que impede que políticas de manutenção e melhoria do estado social sejam sustentáveis e não rivais do rigor orçamental, que exista uma permanente redistribuição da riqueza, se houvesse força política suficiente era a burguesia que pagava a dívida que criou, essa burguesia não esta interessada em não pagar porque não é ela que paga o ajuste, os grupos economicos pagam impsrtos na holanda, no luxemburgo que fazem dumping fiscal. Quem a paga a dívida são os impostos de clases que trabalham, os empresarios locais, a classe media profissiona. A formação de um governo de esquerda pode ser o inicio dessa possibilidade, o Jorge Bateira limita essa possibilidade às condições óptimas de luta polítca, meu amigo elas nunca existem, abre-se o processo, procura-se criar as condições socias para que esse governo tome medidas, as quais podem ser contrárias ao cumprimento do Tratado Orçamental, a situação da Grecia nos indica que não é possível fazer a restruturação da dívida sem someter-se aos tratados, o Syritza de modo obrigatório foi por essa via, eu creio que em termos orçamentais pode-se fazer melhor que a direita, desde que se tomem medidas que não tem a ver com a politica europeia, a esquerda pode fazer melhor, poupando em tudo o que tenha a vper com rendas, modificando a política fiscal. Essa é uma batata que o PS deverá pegar, eles que fizeram PPP, swap, que deram beneficios fiscais a grupos. JB desconfia que seja possível, mas então o que é possivel, logicamente das suas palabras...NADA, obrigado mas não serve, pode continuar a escrever que não se pode fazer nada, porque a solução esta onde ate agora ninguêm chegou, buscar o possível em concordância com o veredicto popular que não vota na sua


De ASSIStente da Direita, quer + Tachão. a 4 de Novembro de 2015 às 12:48
Não à ASSIStência PaFiosa
oh assistente, toma nota que Nós Não Vamos nessa...
e tu já devias estar a caminho da cagadeira ... tal é o cheirete a tachão.

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A reunião do leitão assado

«Os opositores de António Costa, apesar de estarem em minoria nos órgãos do partido e no próprio grupo parlamentar, acreditam que “representam metade do eleitorado do PS”(!!).
“Metade do eleitorado socialista está assustado com a deriva que o partido está a seguir e isto que nós estamos a fazer comparado com o que os apoiantes do actual secretário-geral fizeram à anterior direcção não é nada”, afirma fonte socialista,
agitando com o risco de o PS guinar completamente à esquerda. “O partido corre o risco da 'pasokização' e 'syrização'. Há aqui uma deriva à esquerda e isso é muito perigoso”, adverte a mesma fonte, considerando que o partido “deve ter uma reserva, evitando pôr as fichas todas em António Costa” numa próxima disputa da liderança.

A realização deste encontro está a deixar o aparelho do partido nervoso. A mobilização está a ser grande e são esperados militantes de todo o país.
A organização conta com a presença de aproximadamente duas centenas de pessoas, entre militantes de base, ex-dirigentes do partido e presidentes de câmara. Poucos deputados devem marcar presença.
Eurico Brilhante Dias, que integrou o secretariado nacional do anterior secretário-geral, António José Seguro, deverá ser um dos poucos deputados a deslocar-se à Mealhada, o mesmo acontecendo com os líderes das distritais do partido, até porque alguns deles foram eleitos deputados.» [Público]

Parecer do Jumento:

Depois de ter ficado famoso porque no meio de um desaguisado em Felgueiras terem tentado dar-lhe um par de galhetas e agora que estava confortavelmente emigrado em Estrasburgo com direito a alguns abonos pela comunicação social portuguesa
eis que Francisco Assis decidiu "descer o elevador" e promover uma almoçarada de leitão na Mealhada, uma quebra na tradição tuga pois o habitual nestas circunstâncias costuma ser o lombo assado.
Temos portanto um Assis promovido a Assis dos Leitões, enfim, com o devido respeito pelos seus acompanhantes que, como é óbvio, não são responsáveis pelo apelido.


De a ratoeira de AssisTente da direita... a 10 de Novembro de 2015 às 12:36

A ratoeira de Assis

(7/11/2015, Júlio, Aspirina B)

Desde o 4 de Outubro, António Costa tem mostrado o muito que vale. Aqueles socialistas que na noite das eleições pensavam em exigir a sua pele eram movidos por ressentimento e sede de vingança. O que resta dessa reacção de despeitados é hoje personificado por Francisco Assis.
Um partido como o PS precisa de debate interno, como precisa de políticos com a qualidade, o perfil ideológico e a experiência de Assis, mas não no papel que ele tem estado a representar.

Na entrevista de ontem, Costa apontou a Assis, e bem, dois erros:
estar contra um acordo que desconhece e achar preferível que o PS adoptasse a estratégia errada de ser oposição.
A 1ª acusação é verdadeira, mas a atitude de Assis resulta da sua oposição de fundo a uma aproximação do PS ao Bloco e ao PCP, algo que se pode respeitavelmente discutir dias, meses e anos a fio, sem qualquer resultado prático.
A 2ª acusação é também verdadeira, mas aí o erro de Assis é crasso, ao preconizar que o PS viabilizasse o governo da coligação e fosse depois oposição, ficando à espera das escorregadelas do governo para suscitar sucessivas crises políticas.

Na hipótese académica de termos Assis ao leme, portanto, o PS ABSTINHA-se na apreciação do programa de governo, negociava meia dúzia de cedências contra uma abstenção no Orçamento e permanecia alerta no hemiciclo para impedir, juntamente com a restante esquerda, o tandem Passos-Portas de fazer o que lhe desse na real gana.
Obtinha-se por esse modo muito do que o PS quer, mas sem sofrer o desgaste da governação minoritária nem ter que aturar as chantagens do Bloco e do PCP. Assim dito, parece lindo e fácil.

Mas o que é que iria realmente acontecer?
O PS viabilizava o governo e imediatamente lhe caíam em cima todos os que acham, como eu e mais de dois milhões e meio de eleitores, que se perdera a oportunidade de nos vermos livres da pandilha que nos governou quatro anos.
O Bloco e o PCP lembrariam todos os dias que tínhamos o governo que o PS permitiu, para mais tarde cobrarem isso nas urnas.
Na discussão do Orçamento, a coligação iria usar todas as armas de CHANTAGEM para pressionar o PS a deixá-lo passar tal como está.
Ameaçariam com os duodécimos e o com o caos na saúde e na educação, atrasariam o pagamento de pensões e ordenados, recorreriam às pressões de Bruxelas e do FMI, ameaçariam com novas troikas, paralisariam o Estado e, se necessário, os bombeiros e o 112, CULPANDO sempre o PS por tudo.
Os juros da dívida cresceram meio ponto? Culpa do PS, que irritou os “mercados” com as suas exigências despesistas.
Faltam vacinas contra a gripe para os idosos de Freixo de Espada à Cinta? Culpa do PS, que atrasou o Orçamento.
As esquadras da polícia não têm gasolina para perseguir os assaltantes? Culpa do PS, como é óbvio.
Com a ajuda da COMUNICAÇÂO SOCIAL (nas mãos da direita), o mau da fita seria sempre e fatalmente o PS, partido derrotado nas eleições e que não deixaria o governo governar.
Quem diz Orçamento diz qualquer outra decisão ou medida legislativa do governo que os socialistas quisessem impedir ou negociar com a coligação.
Ao mesmo tempo, todos os previsíveis reveses e falhanços do governo seriam naturalmente assacados ao PS – não só pelo governo, como também pelo Bloco e pelo PCP.

Ou seja, o PS faria agora o FRETE à direita e esta retribuir-lhe-ia tratando-o permanentemente como uma odiosa força de bloqueio.
Daqui a seis meses ou um ano iríamos para eleições e o PS afundar-se-ia, entregando à direita nova maioria absoluta.
Este cenário não é fantasia, pois no passado qualquer compromisso com a direita acabou sempre em fiasco para o PS.
O teste decisivo foi quando o PS acedeu a associar-se com o PSD, a que se seguiram dez anos de cavaquismo.

É esta ratoeira que Assis gostaria ver de novo armada ao PS.
É um bom programa para um líder medroso e suicida, não para António Costa.


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