Quarta-feira, 25 de Novembro de 2015

---  24/11/2015:  Indigitado A.Costa (PS) para formar o 21º Governo constitucional.  (sendo a apresentação da lista de ministros na tarde do mesmo dia  uma ...'luva branca' ao PR).

--- Auditar e Responsabilizar o desgoverno; mudar para melhorar

--- Constrangimentos e prioridades dum governo de esquerda

       R.Paes Mamede no Le Monde diplomatique - ed.port. deste mês – Prioridades para um governo apoiado pelas esquerdas em Portugal. Na linha do seu livro, claro e distinto, este é um artigo sobre economia e política económica nacionais que articula e desenvolve três reflexões que o Ricardo já fez neste blogue e que vale sempre a pena revisitar neste novo e empolgante contexto: o triângulo das impossibilidades da política orçamental; a coligação de direita tem um projecto claro e coerente para o país; um terreno minado por todos os lados.  ...

... uma política orçamental que respeite os limites impostos pelas regras da zona euro. Como disse Mário Centeno, o muito provável novo ministro das Finanças, trata-se de seguir a trajectória exigida por Bruxelas, embora a um ritmo mais lento. O modelo dos economistas do PS diz-nos que a nova versão do seu programa mantém o saldo orçamental abaixo dos 3%, uma condição essencial para não despertar a fúria da Comissão Europeia, do Eurogrupo e das agências de rating. Por outro lado, sabe-se que os partidos da nova maioria aceitam rever as suas escolhas orçamentais para acomodar os impactos da crise bancária que se avizinha ou de outros imprevistos. Não acredito que a curto prazo surjam tensões sérias entre os signatários do acordo.  ...

---  Acordos à esquerda : Esperança, justiça, dignidade, ... democracia

--- «... precisa, antes de mais, de um Estado Social forte, público e universal, tendencialmente gratuito. E é essa classe média que, com a degradação dos serviços públicos, mais sofreu nos últimos quatro anos. E é para a classe média que o PS fala, quando fala da defesa do Estado Social.» --Da memorável entrevista de Pedro Nuno Santos ao Público, dia 4/11/2015.

 --------- actualizações ao post  -------

A  vez  da  esquerda     (-J.Bateira, 30/10/2015, Ladrões de B.)

  A leitura na internet dos comentários sobre a possibilidade de o país vir a ter um governo do PS, com o apoio parlamentar do BE e PCP, tem sido muito instrutiva. É particularmente interessante ler o que escrevem as pessoas ansiosas pela mudança de governo que se avizinha. Percebe-se que o sofrimento infligido pelas políticas do anterior governo não desapareceu e deixará marcas profundas na sociedade portuguesa. Como é comum nas redes sociais, as emoções andam à solta e turvam a avaliação dos riscos e das potencialidades desta solução política. Mesmo as pessoas ponderadas, e até com instrução superior, têm dificuldade em criar o distanciamento necessário a uma avaliação crítica da conjuntura política. Este clima psicossocial torna mais difícil uma intervenção realista que não queira assumir o papel de Cassandra.
     Num contexto de grande alívio para a maioria da população, por finalmente nos vermos livres do governo da PàF, percebe-se como é delicado fazer uma avaliação do que pode ganhar o país com esta experiência governativa. Antes de mais, é possível melhorar a vida de muitos cidadãos revogando legislação com evidente marca ideológica e escasso impacto orçamental em vários sectores, a começar pela legislação laboral. Depois, consegue-se evitar dois rudes golpes sobre o sistema de pensões. O primeiro, sobre as pensões mínimas, num valor para quatro anos estimado em 1020 milhões de euros. Graças ao acordo à esquerda, os militantes socialistas evitam passar pela vergonha de ver um governo da PàF aplicar uma medida que está no programa do PS e transformar um direito social – a pensão mínima como direito conferido pelo trabalho – numa medida de assistência pública sujeita a condição de recursos.
      O segundo golpe, a redução da TSU, diz respeito à utilização dos descontos para a Segurança Social como instrumento de política económica, o que frontalmente viola o contrato social que sustenta a nossa democracia. Este autonomizou o orçamento da Segurança Social e conferiu-lhe uma gestão tripartida no âmbito da concertação social. A medida constituiria o precedente necessário para, mais tarde, permitir tratar a TSU como um imposto que, de facto, não é – como contribuição* social, é receita consignada que confere o direito a uma contraprestação –, o que sujeitaria o financiamento da Segurança Social aos ciclos políticos esquerda-direita. Seria o golpe final no legado histórico das lutas de gerações de trabalhadores por uma vida decente e pela mutualização dos riscos sociais. Para formar governo, o PS teve de deixar cair uma medida que foi bem acolhida pela PàF.
     Há também uma distribuição um pouco mais justa do rendimento nacional que resultaria de uma política orçamental que, tanto quanto possível, transferisse alguns custos da austeridade para as classes de maior rendimento e património. Neste ponto, resta saber se a Comissão Europeia não invocará um imaginário impacto orçamental negativo dessas medidas para as recusar no exame prévio que fará ao Orçamento. E isto leva-nos ao ponto decisivo nesta experiência de “governo à esquerda”.   --Em que medida é possível fazer deslizar as metas do défice orçamental para acomodar os impactos das mudanças na política interna e da estagnação mundial?  --Como manter uma consistência mínima nesta política de esquerda, respeitadora das regras da direita, no quadro de um previsível endurecimento da atitude da CE e do Eurogrupo?
      A forma como as esquerdas vão explicar ao povo as dificuldades que António Costa encontrará em Bruxelas para aprovar o seu primeiro Orçamento determinará a percepção da nova maioria social quanto à margem de manobra que nos sobra para o exercício da democracia. Esta experiência governativa deve conduzir a um alargamento da consciência popular de que o euro é a causa desta crise. Esta é uma oportunidade que a esquerda não pode desperdiçar. Para que Portugal tenha futuro, os que se identificam com Cavaco Silva na submissão ao ordoliberalismo alemão têm de ser derrotados. 1/12/1640 (dia Restauração da Independência) não foi esquecido.  

Governo de esquerda pode mesmo estar a caminho? Coligação aproxima-se de 20 prioridades de Costa

Governo de esquerda pode mesmo estar a caminho?  Coligação aproxima-se de 20 prioridades de Costa

 A responsabilidade histórica do PS  (partes III, II e I)   (-por A.Gomes, CausaNossa,12/10/15)

Um PS equilibrado, progressista e pró-europeu pode, e deve, construir entendimentos  fazendo os partidos à sua esquerda aceitar guardar na gaveta a sua oposição  à UE, a NATO, o Euro e outros projectos que contestam.   Em troca disso, o PS deve comprometer-se a tudo fazer para, nos planos europeu e nacional, combater os impactos perniciosos e flexibilizar as medidas mais gravosas do Tratado Orçamental.   E procurar alcançar a consolidação orçamental com uma política fiscal justa e transparente que garanta ao Estado a recuperação dos recursos hoje perdidos para offshores e outras jurisdições estrangeiras, ao mesmo tempo que alivie PMEs e classes médias dos actuais níveis confiscatórios.   O compromisso deve assentar ainda em tudo aquilo em que a Esquerda pode convergir, como no apoio aos mais pobres e vulneráveis, na justiça social, na criação de emprego, no relançamento do investimento na economia verde e outros sectores produtivos, na sustentabilidade da segurança social, no reinvestimento na saúde e educação públicas, na ciência e inovação, no combate ao declínio demográfico e à desertificação do interior, etc... conjugados com rigor orçamental e redução progressiva e sustentada do défice e da dívida pública. 
     É por isso indispensável que o PS faça o que está a fazer:   avaliar em que se traduzem concretamente as disponibilidades anunciadas por PC e BE para apoiar um governo à  esquerda. Confrontando Bloco e PC com a escolha de continuarem a fazer o jogo da direita ou viabilizarem finalmente uma solução alternativa ao programa ultra-liberal. (da direita portuguesa)
     Conhecendo as linhas orientadoras do PS enunciadas por António Costa na noite de 4 de Outubro, se Bloco e PC esticassem estupidamente a corda nas condições a negociar, então é porque estariam a fazer "bluff" e persistiriam entrincheirados no conforto da oposição de protesto, inconsequente.   Se negociarem de má-fé ou com reserva mental - como alegam aqueles que avisam contra o "abraço de urso" ou a "inevitável picada de escorpião" antevendo que, a seu tempo, aqueles partidos precipitarão a queda de um governo socialista - pois caberá ao PS não lhes dar azo nem flanco, para além de, se for esse o caso, ter então de saber imputar-lhes o ónus.
     Se PCP e BE desperdiçarem esta oportunidade histórica para governar o país à esquerda e reforçar a voz da Europa anti neo-liberal, então serei eu a primeira a admitir que não resta ao PS, para não ser responsável nem responsabilizado pela ingovernabilidade do país, senão deixar passar um programa de governo da direita travando, depois, pela negociação orçamental, as medidas mais reaccionárias que esta sem dúvida traz no bojo. 
     O que o PS não pode fazer, de maneira alguma, é alinhar em mais austeridade cega e destrutiva, dando luz verde a um programa para Passos Coelho e Portas continuarem a vender o país a patacos e a empobrecer o povo, precipitando eleições quando julgarem poder obter a maioria absoluta.   Seria nefasto, suicida e realmente anti-europeu se o PS se deixasse enredar no engodo da direita que nos últimos quatro anos se aplicou a arrasar o país, continuando a sustentar o centrão dos interesses que afunda Portugal.
      (II) --    Não foi para o centro que o PS perdeu votos, foi para a esquerda, e sobretudo para o Bloco de Esquerda, que mais que duplicou o número de deputados (o PCP realmente estagnou, só obteve mais 4.500 votos do que em 2011).   E não foi nenhum expediente tecnocrático que tirou a maioria absoluta à direita:   foi a denúncia das injustiças, da incompetência e das fraudes da Coligação PSD/PP nos últimos 4 anos, feita com eficácia pelo Bloco de Esquerda, que desviou eleitores desiludidos com o PS. 
     Sem explorar seriamente a possibilidade de uma convergência à esquerda  - para formar um governo sustentado por uma maioria parlamentar negociada com o BE e o PC  ou mesmo um governo integrando representantes destes partidos - se o PS se dispusesse a viabilizar uma governação da mesma direita austeritária, cada vez mais votantes tenderiam a abandoná-lo, condenando o PS ao destino do Pasok.
      A direita omnipresente nos media e o seu apadrinhante Presidente Cavaco Silva procuram condicionar o PS e impedi-lo de buscar uma maioria à esquerda, proclamando - sem qualquer base constitucional -  que ele não pode entender-se com quem põe em causa a pertença à Europa, à NATO, ao Euro, ao Tratado Orçamental, ressuscitando até os combates de 75, o PREC, a Fonte Luminosa, etc...
     Para pressionar compromissos governamentais abrangentes, Cavaco Silva em tempos citou a Finlândia:  ora em Helsínquia reina hoje uma coligação que integra como Vice-PM o líder dos preconceituosos "Verdadeiros Finlandeses", que são declaradamente anti-NATO e anti-UE, pela direita. Sem que isso os impeça de se vincularem a um programa de governação tido por respeitoso dos compromissos europeus.
     Acresce que UE, Euro e NATO não se fizeram para afundar a segurança, progresso económico, emprego, justiça, Estado social, igualdade, democracia e a solidariedade europeia:   muito pelo contrário!   E, no entanto, é esse o resultado sentido pelos cidadãos em consequência das desastrosas decisões, economicamente neo-liberais e políticamente incapazes de fazer face aos desafios  - inclusivé aos gravíssimos problemas de segurança - com que a Europa está hoje confrontada.   Decisões determinadas pela da direita prevalecente a nível europeu.   UE e Euro manifestamente precisam de ser reformados e de voltar a ser postos ao serviço dos cidadãos, da democracia e da coesão europeia:   nesse sentido, todos os dias se constroem maiorias, mais ou menos à esquerda, "à la carte", com o Grupo político que integra os nossos PCP e BE no Parlamento Europeu.
    Porque não pode essa convergência acontecer também na Assembleia da República, para poupar aos cidadãos a mais da mesma política desastrada que a coligação de direita lhes infligiu
    ( I ) --   Uma clara maioria de portugueses foi votar no dia 4 de Outubro contra a austeridade radical da coligação PSD/PP.  É essa maioria que agora angustia a direita. Apesar da inegável derrota do PS que almejava obter a dianteira, a Coligação não pode cantar vitória: ficou sem maioria absoluta, perdendo mais de 700.000 votos e 25 deputados.
     E esta é a razão por que o PS, derrotado embora, se acha ironicamente na posição-chave de decidir como vai Portugal ser governado nos próximos tempos:  se à direita ou  à esquerda.  Uma responsabilidade histórica recai assim sobre os socialistas. 
     Uma responsabilidade que não tem apenas implicações nacionais:  tem impacto europeu, se Portugal tiver um governo que no Conselho da UE reforce as vozes - hoje em minoria - que procuram travar as piores consequências engendradas pela ideologia neo-liberal: como, há dias, sublinhou o Presidente Hollande no Grupo Socialista no Parlamento Europeu, referindo a barragem que conseguiu fazer com o PM Renzi para evitar o crime histórico que seria o "Grexit", activamente promovido pelo ministro Schäuble... Hollande vincou também as suas expectativas quanto ao PS, no sentido de poder vir ajudar a fazer frente ao neo-liberalismo na UE.
     Neste quadro nacional e europeu, o PS não pode atraiçoar quem nele pôs esperança e votou, indubitavelmente contra a direita austeritária. Não pode baixar braços e dispor-se a viabilizar um novo governo dessa mesma direita, quando ela perdeu a  maioria absoluta.


Publicado por Xa2 às 07:50 | link do post | comentar

22 comentários:
De Ilusões ou Vontade e União...? a 22 de Outubro de 2015 às 12:54
--JS:
...plano para um País como Portugal abandonar sozinho o Euro. Varoufakis diz que isso é impossível, e que só é possível alterar esta situação a nível europeu, eu não acredito nele.
Mas pago para ver qual será esse plano que não lançará o País num caos que derreterá as poupanças daqueles cujo voto a Esquerda precisa para se manter no Poder e que já perderam tanto com a presente Governação da Direita.

Uma via maximalista como é defendida pelo PCP e pelo BE seria eventualmente derrotada pelo voto que devolveria ao Poder uma Direita revanchista que acabaria a governar à húngara.
É mesmo isso que querem?

---E:
Falta um importante elemento nesta análise. obviamente correcta: o sofrimento dos trabalhadores e do povo, roubados que foram rendimentos e direitos.
Nestes últimos 4 anos o país recuou mais de 10, e em determinados domínios muito mais.
Se houver condições para começar a inverter a situação, se foram devolvidos os rendimentos e direitos roubados estaremos a dar um indispensável contributo e exemplo para avançar por via alternativa.
A austeridade foi e é um pretexto para aumentar a exploração!

--LO:
Uma nota para o Jose...
Em resumo:
aguenta e nada de bufar!
Aceita o que te é imposto e não reclames muito porque ainda te castigam mais!
É isto que advoga para um povo?
É isto que defende para quem não quer vender a sua dignidade?

--JLF:
O Tratado Orçamental impõe um limite de 3% ao défice das contas públicas a todos os membros da zona euro, não apenas aos que «precisam do dinheiro dos outros».
E isto é apenas um exemplo entre muitos.

As políticas de esquerda estão mesmo proibidas na Europa,
e por esquerda deve entender-se aqui o consenso político entre sociais-democratas e democratas cristãos que esteve na origem da prosperidade europeia.
.. em tese altamente abstracta, quase de certeza impraticável e possivelmente indesejável, mas em tese -
um Estado pode subsistir sem défice, sem dívida e sem cobrar impostos.
Basta que retire à banca a possibilidade de emitir moeda e que a reserve para si próprio.
E que não prescinda a favor de nenhum outro Estado da sua soberania monetária, "ça va sans dire".

--MO:
desde quando que ter um deficit de 3, 4, 5 % é de esquerda, o que é de esquerda é ver que é preciso ter um deficit o suficiente para financiar políticas que impliquem uma visão de esquerda do pais, desenvolvimento com emprego, ir paulatinamente mudando a estrutura económica de modo a não depender do financiamento externo. Nem é de esquerda reestruturar a dívida, é a esquerda que a defende porque é um fardo financeiro que impede que políticas de manutenção e melhoria do estado social sejam sustentáveis e não rivais do rigor orçamental, que exista uma permanente redistribuição da riqueza, se houvesse força política suficiente era a burguesia que pagava a dívida que criou, essa burguesia não esta interessada em não pagar porque não é ela que paga o ajuste, os grupos economicos pagam impsrtos na holanda, no luxemburgo que fazem dumping fiscal. Quem a paga a dívida são os impostos de clases que trabalham, os empresarios locais, a classe media profissiona. A formação de um governo de esquerda pode ser o inicio dessa possibilidade, o Jorge Bateira limita essa possibilidade às condições óptimas de luta polítca, meu amigo elas nunca existem, abre-se o processo, procura-se criar as condições socias para que esse governo tome medidas, as quais podem ser contrárias ao cumprimento do Tratado Orçamental, a situação da Grecia nos indica que não é possível fazer a restruturação da dívida sem someter-se aos tratados, o Syritza de modo obrigatório foi por essa via, eu creio que em termos orçamentais pode-se fazer melhor que a direita, desde que se tomem medidas que não tem a ver com a politica europeia, a esquerda pode fazer melhor, poupando em tudo o que tenha a vper com rendas, modificando a política fiscal. Essa é uma batata que o PS deverá pegar, eles que fizeram PPP, swap, que deram beneficios fiscais a grupos. JB desconfia que seja possível, mas então o que é possivel, logicamente das suas palabras...NADA, obrigado mas não serve, pode continuar a escrever que não se pode fazer nada, porque a solução esta onde ate agora ninguêm chegou, buscar o possível em concordância com o veredicto popular que não vota na sua


De ASSIStente da Direita, quer + Tachão. a 4 de Novembro de 2015 às 12:48
Não à ASSIStência PaFiosa
oh assistente, toma nota que Nós Não Vamos nessa...
e tu já devias estar a caminho da cagadeira ... tal é o cheirete a tachão.

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A reunião do leitão assado

«Os opositores de António Costa, apesar de estarem em minoria nos órgãos do partido e no próprio grupo parlamentar, acreditam que “representam metade do eleitorado do PS”(!!).
“Metade do eleitorado socialista está assustado com a deriva que o partido está a seguir e isto que nós estamos a fazer comparado com o que os apoiantes do actual secretário-geral fizeram à anterior direcção não é nada”, afirma fonte socialista,
agitando com o risco de o PS guinar completamente à esquerda. “O partido corre o risco da 'pasokização' e 'syrização'. Há aqui uma deriva à esquerda e isso é muito perigoso”, adverte a mesma fonte, considerando que o partido “deve ter uma reserva, evitando pôr as fichas todas em António Costa” numa próxima disputa da liderança.

A realização deste encontro está a deixar o aparelho do partido nervoso. A mobilização está a ser grande e são esperados militantes de todo o país.
A organização conta com a presença de aproximadamente duas centenas de pessoas, entre militantes de base, ex-dirigentes do partido e presidentes de câmara. Poucos deputados devem marcar presença.
Eurico Brilhante Dias, que integrou o secretariado nacional do anterior secretário-geral, António José Seguro, deverá ser um dos poucos deputados a deslocar-se à Mealhada, o mesmo acontecendo com os líderes das distritais do partido, até porque alguns deles foram eleitos deputados.» [Público]

Parecer do Jumento:

Depois de ter ficado famoso porque no meio de um desaguisado em Felgueiras terem tentado dar-lhe um par de galhetas e agora que estava confortavelmente emigrado em Estrasburgo com direito a alguns abonos pela comunicação social portuguesa
eis que Francisco Assis decidiu "descer o elevador" e promover uma almoçarada de leitão na Mealhada, uma quebra na tradição tuga pois o habitual nestas circunstâncias costuma ser o lombo assado.
Temos portanto um Assis promovido a Assis dos Leitões, enfim, com o devido respeito pelos seus acompanhantes que, como é óbvio, não são responsáveis pelo apelido.


De a ratoeira de AssisTente da direita... a 10 de Novembro de 2015 às 12:36

A ratoeira de Assis

(7/11/2015, Júlio, Aspirina B)

Desde o 4 de Outubro, António Costa tem mostrado o muito que vale. Aqueles socialistas que na noite das eleições pensavam em exigir a sua pele eram movidos por ressentimento e sede de vingança. O que resta dessa reacção de despeitados é hoje personificado por Francisco Assis.
Um partido como o PS precisa de debate interno, como precisa de políticos com a qualidade, o perfil ideológico e a experiência de Assis, mas não no papel que ele tem estado a representar.

Na entrevista de ontem, Costa apontou a Assis, e bem, dois erros:
estar contra um acordo que desconhece e achar preferível que o PS adoptasse a estratégia errada de ser oposição.
A 1ª acusação é verdadeira, mas a atitude de Assis resulta da sua oposição de fundo a uma aproximação do PS ao Bloco e ao PCP, algo que se pode respeitavelmente discutir dias, meses e anos a fio, sem qualquer resultado prático.
A 2ª acusação é também verdadeira, mas aí o erro de Assis é crasso, ao preconizar que o PS viabilizasse o governo da coligação e fosse depois oposição, ficando à espera das escorregadelas do governo para suscitar sucessivas crises políticas.

Na hipótese académica de termos Assis ao leme, portanto, o PS ABSTINHA-se na apreciação do programa de governo, negociava meia dúzia de cedências contra uma abstenção no Orçamento e permanecia alerta no hemiciclo para impedir, juntamente com a restante esquerda, o tandem Passos-Portas de fazer o que lhe desse na real gana.
Obtinha-se por esse modo muito do que o PS quer, mas sem sofrer o desgaste da governação minoritária nem ter que aturar as chantagens do Bloco e do PCP. Assim dito, parece lindo e fácil.

Mas o que é que iria realmente acontecer?
O PS viabilizava o governo e imediatamente lhe caíam em cima todos os que acham, como eu e mais de dois milhões e meio de eleitores, que se perdera a oportunidade de nos vermos livres da pandilha que nos governou quatro anos.
O Bloco e o PCP lembrariam todos os dias que tínhamos o governo que o PS permitiu, para mais tarde cobrarem isso nas urnas.
Na discussão do Orçamento, a coligação iria usar todas as armas de CHANTAGEM para pressionar o PS a deixá-lo passar tal como está.
Ameaçariam com os duodécimos e o com o caos na saúde e na educação, atrasariam o pagamento de pensões e ordenados, recorreriam às pressões de Bruxelas e do FMI, ameaçariam com novas troikas, paralisariam o Estado e, se necessário, os bombeiros e o 112, CULPANDO sempre o PS por tudo.
Os juros da dívida cresceram meio ponto? Culpa do PS, que irritou os “mercados” com as suas exigências despesistas.
Faltam vacinas contra a gripe para os idosos de Freixo de Espada à Cinta? Culpa do PS, que atrasou o Orçamento.
As esquadras da polícia não têm gasolina para perseguir os assaltantes? Culpa do PS, como é óbvio.
Com a ajuda da COMUNICAÇÂO SOCIAL (nas mãos da direita), o mau da fita seria sempre e fatalmente o PS, partido derrotado nas eleições e que não deixaria o governo governar.
Quem diz Orçamento diz qualquer outra decisão ou medida legislativa do governo que os socialistas quisessem impedir ou negociar com a coligação.
Ao mesmo tempo, todos os previsíveis reveses e falhanços do governo seriam naturalmente assacados ao PS – não só pelo governo, como também pelo Bloco e pelo PCP.

Ou seja, o PS faria agora o FRETE à direita e esta retribuir-lhe-ia tratando-o permanentemente como uma odiosa força de bloqueio.
Daqui a seis meses ou um ano iríamos para eleições e o PS afundar-se-ia, entregando à direita nova maioria absoluta.
Este cenário não é fantasia, pois no passado qualquer compromisso com a direita acabou sempre em fiasco para o PS.
O teste decisivo foi quando o PS acedeu a associar-se com o PSD, a que se seguiram dez anos de cavaquismo.

É esta ratoeira que Assis gostaria ver de novo armada ao PS.
É um bom programa para um líder medroso e suicida, não para António Costa.


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