Quinta-feira, 5 de Março de 2015

Dizia-se que só há uma maneira de acabar uma vida honesta com uma pequena fortuna: é começar-se com uma grande.

Hoje, sabe-se que o cândido Ricardo Salgado, líder do BES, desobedeceu 21 vezes ao Banco de Portugal, segundo as conclusões da Auditoria Forense encomendada à Deloitte. 21 vezes, entre Dezembro de 2013 e Julho de 2014, uma média de três desobediências por mês. Além disso, praticou atos de gestão ruinosa. Pergunta certeira do Pedro Santos Guerreirono BES eram todos muito inteligentes, ou muito burros? A minha resposta seria: eram todos muito impunes...  pelo menos até agora. Daqui para a frente ver-se-á se são descobertos e como são tratados todos os autores dos crimes indiciados pela auditoria: burla. fraude, manipulação de contas, falsificação de documentos, enfim um largo cardápio. Está tudo no site do Expresso.

Ainda sobre o BES, mas agora na vertente em que a PT foi destruída, após Zeinal Bava foi ontem a vez de o meu homónimo Granadeiro  ir à Comissão Parlamentar de Inquérito. Como ele, também eu juro por Deus (mas não pelo Espírito Santo) que não sei de nada… nem disto nem de nove mulheres grávidas ou uma mulher grávida de nove meses. Mas menos ainda compreendo como se põem 897 milhões de euros numa única empresa, ainda por cima… hum… seriamente prejudicada, para não dizer falida. O que me diferencia dele, é que eu também não sei se a culpa foi de Amílcar Morais Pires, ou se Bava conhecia o negócio de trás para a frente. E presumo que, no fim da Comissão, ficaremos todos na mesma. Pessimismo meu, com certeza.

É natural que isto ainda vá dar muito que falar. Até no BPN, dizem os respetivos advogados, nem caso de burla devia haver, pelo menos no que toca ao ex-ministro de Cavaco Silva Arlindo Carvalho, um entre os oito arguidos de um dos processos relacionados com aquele banco que começou ontem a ser julgado, 

Já Salgado, sabendo que tudo o que um homem deixa é a sua reputação, há de ter uma explicação convincente para o que se passa. José Sócrates, por exemplo, já a deu, ao explicar a razão da sua detenção e das suspeitas que sobre ele recaem: trata-se de um caso político. Ele é um preso político (e não um político preso) e acusa Passos Coelho de estar "próximo da miséria moral". A carta de quatro parágrafos do ex-primeiro-ministro foi difundida pela TSF e publicada esta manhã nos dois jornais do mesmo grupo de media presidido pelo seu advogado Daniel Proença de Carvalho - DN e JN. 

O ataque do ex ao atual é assumido como uma resposta a um discurso do atual em que o nome do ex não é referido. Mas a vida é assim e sobre as trapalhadas com a Segurança Social na vida de Passos Coelho, convenhamos que o atual primeiro-ministro mais parece um parafuso: quanto mais voltas dá, mais se enterra. Não sei se pelo facto de o ex já estar mesmo quase todo enterrado com as voltas que deu, o certo é que o atual líder da Oposição, António Costatambém anda com mau feitio, como se constata pela reação a uma repórter da SIC que lhe pedia para reagir aos processos de Passos na Segurança Social

Mas há mais: depois dos 'Vistos Gold', surge agora um esquema de falsificação de documentos sobre dívidas de empresas; e em Lisboa o perdão ao Benfica ainda dá que falar... enfim, há de tudo para investigar, esclarecer e julgar. Hoje é daqueles dias que a vida pública portuguesa nos enoja...

por Henrique Monteiro [Expresso]



Publicado por [FV] às 09:53 | link do post | comentar

2 comentários:
De Miseráveis tugas d'elite fazem chorar. a 6 de Março de 2015 às 12:00

http://destrezadasduvidas.blogspot.pt/ Miséria moral

Não sou dos que consideram os “incumprimentos” de Passos Coelhos em relação à segurança social, entre 1999 e 2004, um fait-divers. Pelo contrário. O exemplo deve vir de cima.

Para mais, este governo aumentou brutalmente os impostos e a máquina fiscal mostra-se absolutamente implacável,
aplicando coimas desproporcionadas e penhorando os bens do cidadão comum sem contemplações.

Numa democracia a sério, daquelas que Passos Coelho tanto parece admirar, isto era motivo suficiente para a queda do governo.
Mas ver o recluso 44 acusar, a partir do estabelecimento prisional de Évora, Passos Coelho de estar “perto da miséria moral” é quase hilariante. ...
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Ferreira Fernandes, As revelações de Passos sobre Passos Coelho:

«(…) Insisto, o que se tem dito de Passos Coelho não me incomodaria por aí além.
Já o que tem dito Passos Coelho de si próprio faz-me decidir.
A estupidez de um político se escudar no "não sabia" para uma obrigação legal.
O sem sentido de dizer que não pagou a dívida à SS, logo em 2012, quando foi prevenido, para não parecer eleitoralista.
O eleitoralismo rasca de trazer a sua família à baila ("a minha família está pessoalmente preparada...") quando os erros são seus.
O ridículo de se adiantar ao que vai aparecer sobre os seus atrasos fiscais, como se isso exorcizasse as revelações...
Passos Coelho é pouco. E sabemo-lo porque ele o diz.»
-----------
Mais um que não sabia de nada...

( por O meu olhar, http://incursoes.blogs.sapo.pt/ )

Decididamente estamos no reino do vale tudo.
Para Passos Coelho dizer que não sabia que tinha uma divida à Segurança Social é suficiente.
À questão colocada pela jornalista se ele não sabia que tinha que descontar todos os meses para a Segurança Social a resposta foi... o silêncio.
E só regularizou a divida depois de questionado pelo Publico.

Curiosa é também a noticia que 26 funcionários das Finanças foram sujeitos a um processo disciplinar por terem acedido as declarações de rendimento de Passos Coelho.
De que têm medo?

Passos Coelho acumulou dívidas à Segurança Social durante cinco anos


--------

A manipulação, a mentira e a arrogância como metodologia de acção e intervenção política
( por JSC, )

Passos Coelho praticou um acto ilícito, que se repetiu mês a mês, durante cinco anos. O normal seria Passos Coelho, confrontado com a descoberta, dar a explicação dos factos, reparar o que pudesse reparar e tirar as consequências, que teriam de estar sempre ajustadas com a gravidade da infração e o cargo que exerce.

Contudo, o que fez Passos Coelho?

Começou por desvalorizar os factos que lhe são imputados. Depois, partiu para a responsabilização dos serviços administrativos da Segurança Social pelo sucedido.
A seguir, como o coro ia em crescendo, resolveu qualificar e enquadrar os factos na campanha política/eleitoral em curso.
Por fim, e até ver, passou a atacar adversários políticos e a gritar a sua superioridade política, moral e ética, chegando ao ponto de fixar sentenças condenatórias em “caso” que está a ser objecto de investigação (com estranhas metodologias, diga-se).

De tudo o que tem dito Passos Coelho, a única verdade irredutível, a que não pode fugir, é que de uma forma reiterada e durante muito tempo, o cidadão (e então já político) Passos Coelho não cumpriu as suas obrigações contributivas.

Face a esta verdade, se tudo se passasse de uma forma normal, sem subterfúgios, tudo se resumiria a um processo de causa-efeito.
O não cumprimento das obrigações contributivas (causa) não é compaginável com o exercício do cargo de primeiro ministro, ministro ou outro cargo político. Logo, o efeito só podia ser o pedido de demissão ou renúncia ao cargo. Era bonito e digno!
A seguir, porque a política que temos é esta, sob uma onda de elogios ao demissionário, o Presidente da República, como sempre fez, segurava o Primeiro Ministro. “A seis meses das eleições não se pode aceitar a renúncia”, diria.
Era perfeito! Tudo ficava na mesma e o país a bater no fundo.

Não foi este o caminho escolhido por Passos Coelho. E não foi porque o caminho só podia ser o de alguém que fez todo um percurso assente numa ética que integra a manipulação, a mentira e a arrogância como metodologia de acç


De País e Banditagem Financeira, BANGSTERS. a 9 de Março de 2015 às 10:44
Banditagem financeira

(-por Vital Moreira , 6/3/2015, CausaNossa)

O relatório da "auditoria forense" à gestão do BES na sua fase terminal revela uma escandalosa sucessão de atos ilícitos dolosos, uns de natureza contraordenacional outros de natureza criminal, que se julgariam impensáveis.

Decididamente, depois dos casos do BPN e do BPP, o BES parece revelar uma maldição do
país na sua exposição à banditagem financeira.


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