(Minha intervenção em debate no plenário do PE sobre a situação na Síria, esta tarde)
---------- A Europa do "temos um plano" (-por josé simões, derTerrorist, 8/3/2016)
A Europa do "temos um plano",
intolerante por antecipação com os objectivos orçamentais e as décimas, exemplares, do défice português a que
urge aplicar o Plano B; a Europa das mãos largas, e
olhos fechados para com o islamofascismo turco, para
travar as vítimas das guerras, inventadas onde elas não existiam, pela Europa do "temos um plano": o Plano
Amaricano.
-Plan b : https://m.youtube.com/watch?v=bCNLec2RZ7
0 "European outsorcing - Bleeding money to a Tampax State". ---- a propósito de um concerto para refugiados e voluntários (fonte: facebook Berliner Philharmoniker) O concerto de 1.03.2016 na Filarmonia de Berlim para os refugiados e voluntários já está
disponível gratuitamente no Digital Concert Hall. Recomendo em especial o segundo andamento da
sétima de Beethoven. E reparem na vertigem final no quarto andamento - um dia destes, o Simon Rattle ainda vai fazer com que os seus músicos caiam das cadeiras.
Esta sinfonia estreou-se em
1813, num concerto de beneficência para inválidos das guerras contra Napoleão,
celebrando a libertação e a paz. Foi também a sétima de Beethoven que Barenboim escolheu para o concerto que os Filarmónicos
ofereceram a cidadãos de Berlim Leste três dias
após a queda do muro.
Ver o director da Filarmonia de Berlim a
dar as boas-vindas em árabe arrumou comigo, e ainda o concerto não tinha começado. Vê-lo a
convidar todos para no fim do concerto brindarem juntos ao futuro foi o golpe de misericórdia. E mais comovida ainda fiquei quando o Daniel Barenboim se dirigiu àquele público com várias frases em árabe. Promessa de tempos melhores: um judeu no coração de Berlim a falar em árabe com o público que deveria ser o da sua West-Eastern Divan Orchestra. Até agora não tem sido possível: os países árabes (e o governo de direita israelita...) boicotam esta iniciativa de diálogo entre árabes e judeus.
Foi Goethe quem inspirou o nome daquela orquestra, fundada em Weimar,
et pour cause. Que diria o escritor se estivesse presente nesta sala cheia de alemães e árabes, cristãos e muçulmanos, e um músico judeu a tocar Mozart? Talvez isto:
Gottes ist der Orient!
Gottes ist der Okzident!
Nord- und südliches Gelände
Ruht im Frieden seiner Hände. É de Deus o Oriente!
É de Deus o Ocidente!
Setentrião, meridião
estão na paz da Sua mão.
Numa entrevista, o director revelou que
1800 pessoas naquela sala eram refugiados, e 600 voluntários. Houve pedidos para mais de seis mil bilhetes gratuitos. Ele estava impressionado com
a quantidade de voluntários que, só em Berlim, se dedicam quotidianamente a ajudar estes estrangeiros, e comentou sobre
falar-se tanto num punhado de neonazis que por exemplo em Clausnitz atacam um autocarro de refugiados, esquecendo sempre de olhar para os vários
milhares de pessoas que inclusivamente mudam a sua vida para ajudar desconhecidos.
Era a segunda vez que estas três orquestras excepcionais de Berlim se revezaram naquele palco para darem um só concerto. A primeira ocorreu em Setembro de 2001, num gesto de
solidariedade para com as vítimas do 9/11. Uma amiga minha, que teve a sorte de arranjar um bilhete, comentou depois que o público - com as senhoras alemãs de meia-idade e tantos homens jovens com ar muito atinado - lembrava uma excursão escolar. Ela teria gostado de perguntar àqueles jovens a sua história, mas não se atreveu.
O concerto foi algo de notável, mas os músicos destas orquestras não se ficam apenas por isso. Muitos deles vão
fazer música nos centros de refugiados, e o programa de coros infantis da Filarmonia
alargou-se às crianças recém-chegadas.
Nas entrevistas que estão disponíveis no mesmo site, no final do concerto, Daniel Barenboim fala no
poder da música para as culturas se darem a conhecer, e lembra as
várias comunidades religiosas sírias na Argentina, bem como os três milhões de muçulmanos desse país que estão perfeitamente integrados. Iván Fischer, o maestro húngaro à frente da orquestra da Konzerthaus, que no concerto também se dirigiu ao público falando em árabe e sem cábula,
afirmou-se contra a velha Europa que ninguém quer voltar a ter, "nações contra nações, religiões contra religiões, exploração de colónias", e louvou o que vê hoje em dia: "uma transformação maravilhosa:
o nascimento de uma Europa tolerante, na qual as pessoas abrem as suas portas e os seus corações."
Simon Rattle fala na
oportunidade extraordinária que a chegada destes "novos europeus", com toda a sua riqueza cultural e diversidade, representa para a Alemanha e a Europa.
Poucos dias depois deste concerto, um punhado de países europeus reuniu-se para fechar a rota das Balcãs, e a
Europa combina com a Turquia extradições sumárias. Quantas mulheres e crianças, familiares destes homens que aplaudiram entusiasticamente na Filarmonia, se
puseram a caminho em pleno inverno por temer que as fronteiras da Europa se fechem definitivamente? Quantas delas estarão
agora apanhadas na armadilha dos muros de arame farpado?
A música não basta. O
coração generoso de muitos milhares de pessoas que abrem as suas casas para acolher quem luta pela sobrevivência e pelo futuro também não basta. O que está a acontecer
na Europa é a falência dos valores que acreditávamos serem os nossos e fazerem deste continente um lugar especial. (-por: Helena Araújo , 2dedos de conversa,11/3/2016) «Amanhã, dia
27 de Fevereiro 2016, os
cidadãos europeus vão reunir-se
pelos direitos humanos dos refugiados, exigindo a todos os países membros da UE:
●
A criação de rotas seguras e legais para os refugiados - para que estes consigam chegar e requerer
asilo sem terem de atravessar o mar em barcos sobrelotados ou andar centenas de quilómetros a carregar os seus filhos e todos os seus pertences.
Requerer asilo é um direito humano e ninguém deve morrer na tentativa de alcançar um refúgio seguro.
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A recusa do confisco de bens - em vez de terem de entregar as suas poupanças aos traficantes e aos governos que aprovaram a lei do confisco de bens, possam gastar o dinheiro que amealharam e que consigo trazem, fruto de uma vida de trabalho, da venda de bens e de poupanças,
no começo de uma vida nova na Europa.
●
A criação de pontes aéreas, que permitem por em prática a reinstalação - mecanismo das Nações Unidas criado para proteger os refugiados mais vulneráveis, incluindo sobreviventes de tortura e pessoas que se encontram em situações que requerer cuidados médicos urgentes. Um sistema que permite que as pessoas viajem para outros países e aí se instalem de forma segura.
Na era das companhias aéreas low cost e recursos modernos de triagem consular, as viagens perigosas não são admissíveis. ●
Vistos humanitários - muitos refugiados não têm todos os documentos necessários para obter um visto normal para viajar entre países. Sendo-lhes concedidos, os países da UE permitem aos refugiados viajar em segurança e requerer asilo na chegada ao espaço europeu.
Os vistos humanitários permitem acabar com os mercados de contrabando. ●
Reunificação de famílias - mecanismo que permite aos refugiados que se encontram fora da Europa reunir-se aos familiares que já estão na UE.
Por que razão se vai obrigar alguém a fazer uma viagem longa e perigosa se ela já tem família na Europa que lhe pode dar apoio?;
●
Programa de recolocação - as pessoas que tenham solicitação de refúgio válida, nesta triagem inicial, devem ser beneficiadas por um massivo programa de recolocação, com a
participação obrigatória de todos os Estados-membros da UE.»
A
European March for Refugees Rights envolve 28 países e mais de 150 cidades. Em
Lisboa, concentração no
Largo Jean Monnet,
às 15h00, terminando no Terreiro do Paço. No
Porto, concentração na Praça da Liberdade e marcha até à Câmara Municipal. Em
Coimbra, concentração na Praça 8 de Maio e marcha até ao Parque Verde.