Associação 25 de Abril, mensagem da Direcção em Abril 2015:
Antes de 25/4/1974, Portugal era um país sem esperança e sem futuro.
O 25 de Abril devolveu-nos a dignidade e a liberdade.
Nos últimos anos, a política de direita neoliberal, quer-nos roubar a esperança, a dignidade, o trabalho, a liberdade, os direitos sociais e a cidadania activa.
Vamos deixar ? NÃO !. Temos de nos Unir e Lutar .
Associação 25 de Abril, mensagem da Direcção em Abril 2015:
O meu 24 de Abril (-por F. S. Costa)
O meu dia começou cedo. Ido de Santo António de Cavaleiros, onde vivia desde que casara, poucos meses antes, entrei de carro na Escola Prática de Administração Militar (EPAM*) onde, às 9 horas iniciei a primeira aula de "Acção Psicológica" aos ensonados soldados-cadete. Às 11 horas, recolhi à biblioteca que orientava (além de "oficial de Ação Psicológica" da unidade, era coordenador do próprio curso de formação de oficiais milicianos nessa especialidade, bibliotecário e também diretor do jornal da unidade, "O Intendente").
Foi aí que fui procurado pelo António Reis. Um parêntesis para explicar que o António Reis, hoje um consagrado historiador e professor universitário, era o contacto privilegiado dos milicianos da unidade com os oficiais do quadro, para o conjunto de movimentações político-militares que, desde há meses, acompanhávamos. Conhecia o António dos tempos da luta da oposição democrática, onde ele tinha tido um papel destacado, nomeadamente como candidato oposicionista por Santarém. Para surpresa de muitos de nós, em especial para meu grande espanto, António Reis surgira, meses antes, integrado na especialidade de Ação Psicológica, que eu orientava. A máquina das informações militares, na sua articulação com a PIDE (polícia política que, nessa altura, já era designada por DGS - Dir. Geral de Segurança), tinha algumas lacunas e só semanas mais tarde, já muito próximo da data da Revolução, mandara "reclassificá-lo", devendo regressar a Mafra, onde iria ser Atirador de Infantaria. Esta determinação tinha sido por nós sonegada ao comando da unidade, através de cumplicidades burocráticas internas, pelo que não viria a ter qualquer efeito prático até ao 25 de abril. O António pôde, assim, assumir o importante papel que desempenhou nesse dia. Regressemos à biblioteca.
Com um ar conspirativo, nesse final de manhã, o António pediu-me para reunir alguns oficiais milicianos já previamente "apalavrados". Juntámo-nos na sala e ele informou que o golpe militar estava previsto para essa noite. Ficámos tensos, confrontados com a gravidade da informação recebida.
Só mais tarde iríamos saber o que de cada um de nós se esperava. Aos pedidos de detalhes que colocámos, nomeadamente no tocante à dimensão da ação militar (o fracasso da tentativa de golpe de 16 de março ainda estava muito "fresco"), o António adiantou explicações naturalmente vagas. ...
[* EPAM situada na avenida das Linhas de Torres, 179, ao Lumiar, onde hoje funciona o Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC)... foi a primeira unidade militar a sair para a rua nessa data, sob a chefia do capitão (hoje coronel) Teófilo Bento...]
O herói (da Guiné)
« tudo estava tremido, pouco definido, uns a puxar para um lado, outros para o outro, o próprio Spínola foi um compromisso, não era anticolonialista nem um verdadeiro democrata, foi o que era possível e não se podia perder tempo.
curiosa também a escolha do 1ºPM, quem o indicou? e era civil.
apesar das hesitações de Spínola, o problema ultramarino começou logo a ser negociado e Mário Soares voou logo para Dakar para conversas com o PAIGC. lembro-me também dum encontro na ilha do Sal entre Spinola e Mobutu.
em setembro, a demissão de Spinola mostrava complicadas divergências internas entre os militares. até houve prisões politicas, nesses primeiros meses, à direita e à esquerda, Saldanha Sanches e outros. »
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"Barreiro, época de 40", esta fotografia testemunha a violência da repressão exercida sobre as populações operárias mais desfavorecidas durante o Estado Novo (ditadura salazarista, «a bem da nação»). A minha mãe, quando acabou o curso do Magistério primario, foi colocada numa escola no Barreiro. Ela contou-nos que teve alunos, na maioria descalços, chegarem à escola com fome. Viu muitos desmaiarem porque tinham, única e invariavelmente, por pequeno almoço um copo de bagaço. - H.Oneto ----
“... continuo a pensar que é possível ao homem construir uma sociedade de abundância ... e em que a sociedade seja capaz de se organizar e de se auto-administrar, distribuindo essa abundância de forma igualitária para que cada um possa seguir os seus caminhos ao longo da vida sem atropelar o próximo”. -- Miguel Portas (1.5.1958 - 24.4.2012)
Eu, no dia 25 de Abril fui para a escola (LNAH, 3ºano Curso Geral, eq. 9º, 16 anos), cedo, como de costume. Tivemos a 1ª aula da manhã mas o 1º intervalo foi mais demorado e começaram a circular rumores, o professor da segunda aula nunca mais chegava, depois barulho ... por fim anunciaram que todos deveríamos ir para casa pois já não havia mais aulas nesse dia, sem mais explicações.
Gritos de "não há aulas!", alegria, berraria e correrias por toda a escola ... só a caminho de casa (de autocarro ou troleicarro?) é que comecei a sentir que havia algo estranho nas pessoas, na rua. Chegado a casa, no rádio, ouvi a música diferente e os comunicados do MFA ... passei o resto do dia (e seguintes) a ouvir notícias e a procurar saber mais sobre o que acontecera junto dos meus irmãos, pai, vizinhos, colegas ...
Na escola, na manhã seguinte, o ambiente estava diferente... alguns professores falaram sobre o golpe militar/revolução e sobre o regime de Salazar/ Marcelo. O reitor desaparecera, professores e contínuos estavam um pouco desorientados (em auto-gestão) e sob pressão dos alunos mais velhos, informados ou rebeldes.
Depois vieram as 'aulas práticas' de política (dentro da sala, nos corredores, recreios e proximidades da escola), a formação de grupos de esquerda (UEC, MRPP,...), de direita (CDS), de indefinidos ou simpatizantes menos activos (: LUAR, MES, PS, PPD, MDLP/ELP?, ...), as muitas e confusas RGAs (reunião geral de alunos, no ginásio), os cartazes e os confrontos (verbais e empurrões).
Até ao final do ano lectivo foi mais aprendizagem política (na escola e fora dela) do que matéria curricular. Hove algumas substituições de professores (com alguns "saneados"/ expulsos), "passagens administrativas" de ano (a algumas disciplinas e exames).
No ano seguinte, em termos escolares, o que mais me marcou foram: leitura e resumo/crítica do livro de Josué de Castro «Geopolítica da Fome» (um 'calhamaço'); a «Teoria Gestalt» (arte e filosofia, complicada); as interessantes aulas e debates na disciplina de «Introdução à política (e organização da nação?)» e de Inglês, sobre a «generation gap» (diferenças e conflitos de gerações) ...
No 1º de Maio fui, como "todo o mundo", para a manifestação na Av. Aliados/Praça da Liberdade. Nesse dia (ou seria antes?) a multidão passou em frente a uma casa -rc/1º- donde estavam a atirar coisas pela janela... ao pé de mim chegou um volume da enciclopédia... Nesse dia (ou antes?) o movimento popular e de estudantes foi até a sede local da PIDE/DGS (próxima da nossa escola), onde houve alguma confusão ... e depois foi dispersando.
E em casa/família ? Um irmão meu, mais velho e politizado (de esquerda, trabalhava numa tipografia) entrou em conflito aberto com o meu pai (conservador) e o ambiente passou a ser difícil ... até que aquele teve de sair de casa. Não foi agradável... e tornou premente a "necessidade de ganhar"/ trabalhar, para ser autónomo.
E na 'vertente civil' (em 1975 e anos seguintes)? Marcaram-me "os retornados" (sem conhecer nenhum durante anos), porque senti a injustiça de ser ultrapassado no acesso à universidade (com "numerus clausulus"), dos apoios (do IARN e do IASE) que alguns (por fraude, conivência,...) receberam com menos necessidade do que outros e a dificuldade de ter acesso a um emprego 'decente' (um vizinho podia meter uma "cunha" para eu ser 'paquete' num banco !).
Também assinalo a minha participação voluntária nos primeiros tempos do «Centro Social de S.», a primeira ida ao estrangeiro (um mês de trabalho em França, Etoile-sur-Rhone, pela "Jeunesse et Reconstruction"), a mudança de estilo de roupa e cabelo (comprido, às vezes com boina preta), ... a grande alegria que tive no dia que soube ter passado no exame para o Magistério, as canções populares e de intervenção, ... (e, mais tarde,) o primeiro salário e os sucessivos aumentos (devido à inflação).
---- Zeca Af. : O Que Faz Falta !!! ... é avisar acordar animar empurrar agitar e libertar a malta
Comemorar um 25 de Abril pela liberdade e concomitante responsabilidade e assinalar um 1º de Maio, enquanto data comemorativa da emancipação da mulher, em particular, e da humanidade em geral é de assinalar que vivemos momentos marcados por desafios que se nos colocam tanto no plano individual como, sobretudo, no contexto do colectivo, enquanto povo, enquanto sociedade.
Comemoramos, essas marcantes datas da nossa história de povo português e da história da humanidade, eminentemente, dos chamados povos desenvolvidos onde têm germinado princípios e valores de liberdade, de solidariedade, de responsabilidade e do respeito pelas diferenças, quaisquer que sejam as suas origens e natureza, no preciso momento em que nos “visitam” os representantes dos donos do mundo económico/financeiro.
Ironia do destino? Talvez não. Talvez, o que é certamente mais acertado dizer, consequências das irresponsabilidades de grande parte ou, pelo menos, de muitos dos portugueses que se deixaram encantar com a fartura dos cartões de crédito a cor de ouro pintados e, mais grave do que isso, fruto da responsabilidade dos nossos políticos (governantes ou não), dos nossos banqueiros (em particular) e dos nossos, empresários (em geral).
Depois do paradigma imperial que fomos, na sequência de termos dado novos mundos ao mundo, depois da capacidade pós modernista de termos feito a revolução política, é altura de enfrentarmos novos desígnios e encontrarmos novos paradigmas, nesta sociedade global de que fazemos parte, numa permanente interactividade de causa e consequencia, de vítimas e vitimadores.
Um novo paradigma que se consubstancie numa nova relação contratual entre o individual e o colectivo, entre o Estado e os cidadãos. Um novo “Contrato Social” que tenha em conta a natureza humana reflectida por Thomas Hobbes, que aprofunde o entendimento da humanidade preconizado por John Locke, e que, na senda do idealizado por Jacques Rousseau, seja capaz de responder aos desafios actuais da humanidade.
Comemorar hoje, no princípio do Século XXI, estas, tão profundamente simbólicas, datas como são o 25 de Abril e o 1º de Maio, em época pré-eleitoral e com o FMI, UE, e BCE dentro das nossas casas, exige que sejamos capazes de ir mais além do que temos ido, que sejamos capazes de dar continuidade aos feitos dos nossos antepassados, de modo a que os nossos filhos e netos não venham a ter uma vida pior que a nossa, ou pior à que foi a de muitos dos nossos avos.
Está nas nossas mãos faze-lo, está nas nossas capacidades transmiti-lo.
Também nós aqui, no Luminária, queremos, ideologicamente, fazer parte dos nascidos depois do 25 de Abril de 1974 e pugnamos para que ninguém se veja obrigado a abandonar um país, qualquer que seja o regime, a ideologia o credo ou a cultura nele vigorante, por razões de pensamentos que tenha, por ideologias que expresse, por opiniões que escreva ou, tão pouco, por razões económicas. À liberdade de circulação de bens e capital deverá sobrepor-se a liberdade da circulação das pessoas e de tudo o que a elas seja inerente. Esta é a base ideológica de pensamento e matriciadora editorialista dos fundadores deste nosso blog.
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