Sexta-feira, 01.04.16
- Nunca lhe encheram a caixa de correio ou a caixa de comentários com "sortudas" ofertas de 'amigos' ou convites para 'clicar' ou responder a 'e-mail' porque foi "premiado", por ser o visitante nº mil ou milhão' ?!!!
- Ainda não recebeu 'Ofertas' de Empréstimo de Dinheiro ou de Abertura de Conta bancária para alguém que lhe dá metade (ou 10%...) do dinheiro a depositar; ou 'prémios' e 'oportunidade única' ... ou conseguir 'bom emprego' no estrangeiro ?
São "esquemas para sacar-lhe dinheiro", rápida e facilmente ... mas que, para si, só vai ter Prejuízos !! (e cadeia ou hospital ...) sim, porque aquilo que lhe oferecem e parece ser 'Sorte' (na vida ou no JOGO a dinheiro/ apostas via 'net' e 'bet'...) é na verdade 'Azar' + azar e desgraça ...
São esquemas para lhe Furtaram dados pessoais* (para venderem os seus dados na net, o/a 'massacrarem' com publicidade e ... para fazer cartões de crédito e documentos falsos ... ficando depois você com as contas, dívidas e responsabilidades)!
São esquemas de BURLA, ameaça/ chantagem, ROUBO, agressão ou forçar a trabalho escravo, a prostituição , 'passar' droga ... venda de orgãos !!) destruindo as suas finanças e vida profissional, familiar e pessoal !
CUIDADO: não siga essas "cantigas"... pois «Não há "ajudas" de desconhecidos», nem «almoços grátis» e «quando é "oferta" ou "premiado" sem ter jogado», "a esmola é grande" ... Deve Desconfiar mesmo!! e RECUSAR, sem querer saber mais ou "apenas" experimentar (ou ver/ 'clicar' na 'janela' ou 'link') !! e NUNCA enviar Dinheiro ("para papelada, entrada ... ou o IVA"), NEM os seus DADOS PESSOAIS, nem os Contactar. ... às vezes é só em 2ºcontacto ou directamente que o/a 'convencem' «a assinar/ a dar-lhe dados pessoais * valiosos ou mesmo dinheiro... e depois vem a desgraça.
* Dados pessoais (geralmente não pedem tantos dados, para não afuguentar a presa, até porque mais tarde ou através de alguns conseguem outros) :
Seu nome completo: ...........................
Seu endereço de email : ...........................
O seu número de telefone completo: ...........................
Morada (ou Empresa/ local de trabalho): ..........................
Sua cidade: ...........................
Estado / Província: ...........................
Seu país: ...........................
Fax: ...........................
Data de nascimento: ...........................
Renda mensal: ...........................
Estado civil : ...........................
Sexo: ...........................
Fonte de reembolso: ...........................
Valor do Empréstimo Necessário: ...........................
Sua senha: ...........................
Prazo do empréstimo: ...........................
A finalidade do empréstimo: ...........................
O seu NIB / IBAN/ nº de conta bancária: ......................
Nº fiscal/ contribuinte: ...............................
Nº BI / C.Cidadão: .............................
. Nunca enviar estes dados pessoais para desconhecidos ... são 'uma mina' para burlões e criminosos !! ...e questione-se sempre: porquê para mim?, para quê isso?, ... e o que não dizem ou escondem? o que é que ele quer (mesmo)? o que ele vai ganhar (para além do que diz)?!!. E não deve acreditar nos 'nomes', títulos, fins caridosos, ... provavelmente é tudo FALSO !! ... aliás tentam ter boa apresentação mas são rede mafiosa com empresa de fachada.
. Exemplos de «perigosos iscos» de algumas 'ofertas' de 'pessoas amigas' a querer 'apanhar' incautos ou pessoas desesperadas, mais crédulas e menos cuidadosas (às vezes notam-se erros de tradução automátic? ou de expressão estrangeira):
---« Dia bom
Eu sou o Sr. James Walters um tipo e um bem conhecido, legítimo e um credenciada Prestamista, I emprestar dinheiro para empresas que necessitam de apoio financeiro e as pessoas, Se você tem mau crédito ou você precisa de dinheiro para pagar as contas? Não tenha medo, Somos licenciados agiotas e fornecer empréstimos de curto / longo prazo. aprovação rápida, 100% garantida contacte-nos através mrjameswalters90@... . Ficha de pedido de empréstimo.
Estou ansioso para ouvir de você
Cumprimentos
Sr. James mrjameswalters90@... »
---«...Somos licenciados emprestadores de dinheiro, oferecemos empréstimo rápido e aprovação rápida em uma baixa taxa de juros de 2% (ou 3%) (ao ano? ao mês?! ao dia?!!). Nós fornecemos soluções de empréstimo jurídica aos particulares e donos de empresas que estão precisando de dinheiro. Entendemos o estresse emocional e mental de ter que lidar com problemas financeiros ao lidar com a vida cotidiana . Com uma gama flexível de serviços de empréstimo (?!), estamos empenhados em ajudá-lo com um reembolso do empréstimo em sua confortável melhor. Não hesite em contactar-nos, os nossos clientes "satisfatório é a nossa primeira prioridade. Como nós valorizamos todos os nossos clientes, ouvir suas necessidades, proporcionando-lhe o nosso apoio financeiro. Para mais informações, contacte-nos através do email: Davisloanfirm10@... »
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---«...Bom dia, eu sou Martinez e eu sou do Chile, eu estou aqui para ajudar a todos aqueles que necessitam de um empréstimo a ser menos livre para ser enganado porque eu arrancou 4.000 usd durante a minha busca por um empréstimo, você vai encontrá-lo muitos credores que dizem que querem dar-lhe um empréstimo e que vai certamente pedir com antecedência e, eventualmente, ir embora, ou melhor pedir mais dinheiro, eu estava realmente em dívida por um tempo e eu quase morreu de um ataque cardíaco, i foi rejeitado pelos bancos e empresas de todos os legítima, mas como Deus ele poderia fugir com ele, fui apresentado a um empréstimo de assinatura, eu ainda pensei que era outra farsa, eu decidi dar-lhe uma tentativa, me pediram para pagar IVA cobra apenas I fez, para minha grande surpresa, recebi o empréstimo para a minha conta no prazo de 3 horas de serviço do banco, por isso quero aproveitar esta oportunidade para dizer a todos vocês lá fora procurando um pré! empréstimos, por favor não deixe entrar em contato com outras empresas de empréstimo, porque eles vão acabar destruindo você e até mesmo torná-lo sem-teto, se possível, por favor contacte o acesso SINAIS DE CRÉDITO AO VIVO imediatamente via e-mail: [jorgegraceloanfirm@...] dirá Martinez de Chile indicado, ser avisado. ...»
---«...meu nome é Viviane, estou em busca de emprestar dinheiro por vários meses, eu fui 5 vezes vítimas de fraude, com a falsa credores que me arruinou,fiz uma tentativa de suicídio por causa deles.Porque eu tinha dívidas e contas para pagar. Eu pensei que estava acabado para mim, não tenho mais o sentido de viver. Mas, felizmente, eu vi o testemunho feito por muitas pessoas no Ms. Rose DUBOI, é assim que entrei em contato com ele para obter um empréstimo para liquidar minhas dívidas e cumprir o meu projeto. É com a Senhora Rosa DUBOI vida me sorrir novamente, esta é uma Senhora de coração simples e muito entendimento. Cuidado com os magistrados provenientes de África, porque, de fato, há indivíduos credor aqui na França.
Se você precisa de financiamento; de empréstimos de dinheiro ou de qualquer projeto para a realização deste Ms vai ajudar você a atingir e sustentar financeiramente
Contato : roseduboi33@... Conta : 100010...905911@facebook.com ...» --- ... ... ...
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Terça-feira, 02.06.15
Os rendimentos invisíveis (-por Alex.Abreu, 1/6/2015, Ladrões de B.)
Tal proposta não tem nada de inaudito. Nos Estados Unidos, por exemplo, as taxas marginais máximas de imposto sobre o rendimento introduzidas por Roosevelt eram de 79% para rendimentos anuais acima de 1 milhão de dólares e 81% acima de 5 milhões. Esse regime fiscal foi introduzido originalmente para apoiar o esforço de guerra, mas vigorou durante o período de relativas prosperidade e equidade que veio a ficar conhecido como as décadas gloriosas do pós-guerra. Só nos anos 80, com Reagan (e Tatcher), é que a taxa marginal máxima se reduziria de 70% para 30%, o que aliás explica uma parte importante da desigualdade galopante desde então verificada.
Mas há um aspeto decisivo em que o esboço de proposta de Marinho e Pinto se distingue da fiscalidade rooseveltiana. É que Marinho e Pinto, eventualmente por distração, refere-se repetidamente aos salários demasiado altos como o problema e ao salário máximo como solução, mas sucede que os salários são apenas um dos tipos de rendimento — a par dos lucros, rendas, juros, etc. E não só sucede que a remuneração do trabalho corresponde a menos de metade do rendimento nacional total em Portugal, como acontece que a principal causa recente do aumento da desigualdade no nosso país não tem sido o aumento da desigualdade entre salários, mas a alteração da repartição funcional do rendimento em detrimento do trabalho e em favor do capital: as remunerações do trabalho, que representavam 48% do PIB em 2009, já eram só 44% em 2014.
O erro ou distração de Marinho e Pinto é um sintoma do sucesso ideológico dos esforços no sentido de tornar invisíveis os rendimentos do capital — esforços retomados de cada vez que se desvia as atenções para as disparidades salariais entre os sectores público e privado ou para a questão da equidade entre trabalhadores ativos e reformados. Por isso, se é de saudar que esta questão seja introduzida no debate político português, é importante que não nasça torta, para que mais tarde não se revele difícil de endireitar: o problema da desigualdade diz respeito ao rendimento, não apenas aos salários.
(publicado originalmente no jornal Expresso de 30/05)
O nosso homem em Washington (-J.Rodrigues, 1/6/2015, Ladrões de B.) A desigualdade de rendimento e de riqueza é a questão moral, económica e política mais importante do nosso tempo e temos de enfrentá-la. Bernie Sanders, o único socialista no Senado, no lançamento da sua candidatura presidencial na semana passada. Não se esqueçam que as
desigualdades não cessaram de crescer na generalidade dos países nos últimos trinta anos, sendo que nos EUA é preciso recuar quase um século para se encontrar uma
concentração de rendimentos e de riqueza no topo, nos tais 1%, semelhante à de hoje em dia. Até a
OCDE já reconhece que este
padrão é mau para a coesão social e para o próprio crescimento económico. Anti-Costa (gov. do BdP) (-J.Rodrigues, 31/5/2015)
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Quinta-feira, 12.12.13
Se for preciso, dispenso o banco e os seus cartões (-por Daniel Oliveira, Arrastão)
Não tenho nenhuma conta a prazo. Não tenho aplicações financeiras. Tenho duas contas à ordem. E ponto. Não entrego o meu dinheiro a nenhum banco para que ele jogue com ele, o invista ou o aplique em qualquer produto. Porquê? Porque não confio em bancos e porque o dinheiro que recebo pelo meu trabalho chega-me. Em resumo, sou, nestas matérias, doutros tempos. E um ser estranho para a cabeça de qualquer gestor de conta. Para além de usar o banco como
mero veículo para receber o meu dinheiro, ou para o guardar, tenho crédito à habitação, pelo qual pago os devidos juros e restantes custos. E acaba aí a minha relação com a banca.
Mas a verdade é que tenho contas à ordem. O que significa que deposito o meu dinheiro num banco. Está lá, o que dá jeito ao meu banco, e eu não recebo qualquer dividendo por isso. Na realidade, até pago comissões e despesas de manutenção de conta - e tenho reparado que ela está impecável, bem tratada, limpinha e bem cheirosa, imaginando que os funcionários que tratam da sua manutenção emprestam bastante empenho a essa função. Assim como pago sempre qualquer coisa por qualquer coisa que faça. Na realidade, não conheço nenhum sector que se faça pagar por tanta coisa, mesmo quando não percebemos bem que serviço nos prestaram nesse preciso momento. Tenho também um cartão de débito e um de crédito. O de crédito uso apenas para compras que tenho de fazer na Net e, quando não há outra hipótese, para usar no estrangeiro. Como o dinheiro me é, para todos os efeitos, emprestado, acho bem que me cobrem por isso. O de débito é a forma de ter acesso ao meu dinheiro. Repito: ao meu dinheiro. Esse não é o banco que me empresta. Quanto muito é o contrário.
Os bancos já têm lucro com os nossos cartões multibanco sem que nós lhes paguemos nada. Através das taxas que cobram ao comércio e que, por serem demasiado altas, começam a pôr em causa a vantagem de aceitar este meio de pagamento. E só o facto de nós usarmos o multibanco em vez de irmos aos balcões já permite aos bancos poupar 300 milhões de euros por ano. Mas como pode vir aí legislação europeia que fixa um limite máximo para os bancos cobrarem comissões à atividade do retalho, querem transferir esse custo para os clientes e cobrar uma taxa por nós fazermos os levantamentos em multibanco em vez de lhes enchermos as dependências de filas e os obrigarmos a contratar mais funcionários. Se não for possível, porque a lei não deixa, querem aumentar a anuidade dos cartões. Ou seja, poupam com a existência destes cartões, cobram ao comércio e ainda nos querem cobrar a nós. É ganhar a triplicar.
Eu não sou tipo para se zangar. Por isso, se tal acontecer, não protestarei. Pretendo apenas mudar a relação com o meu banco. Infelizmente não o posso dispensar totalmente, porque aqueles que me pagam não parecem ter grande vontade de regressar ao dinheiro vivo. Mas passarei a levantar todo o meu dinheirinho, duma só vez, de cada vez que o receber, na minha dependência, metê-lo num cofre e passar a andar com notas. Posso, claro, ser assaltado. Mas pelo menos não sou assaltado por bancos, mas por quem tenha algumas necessidades. Se uma quantidade razoável de pessoas começar a ter esta relação com os bancos talvez eles comecem a perceber que, ao ficarem com o nosso dinheiro, sem nos darem nada em troca, e ao trocarem funcionários por máquinas, já estão a fazer um excelente negócio connosco. Talvez não seja boa ideia tratarem a coisa como se fosse um favor que nos fazem a nós. É que, coisa que hoje parece absurda para muita gente, o nosso dinheiro existe sem os bancos comerciais. Já me parece mais difícil os bancos comerciais existirem sem o nosso dinheiro.
Sexta-feira, 20.09.13
Premonições de Natália Correia ...
"A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista".
... "Portugal vai entrar num tempo de subcultura, de retrocesso cultural, como toda a Europa, todo o Ocidente".
"... E ainda querem que trabalhemos mais. Para quê? Além disso, a produtividade hoje não depende já do esforço humano, mas da sofisticação tecnológica".
"Os neoliberais vão tentar destruir os sistemas sociais existentes, sobretudo os dirigidos aos idosos. Só me espanta que perante esta realidade ainda haja pessoas a pôr gente neste desgraçado mundo e votos neste reaccionário centrão".
"Há a cultura, a fé, o amor, a solidariedade. Que será, porém, de Portugal quando deixar de ter dirigentes que acreditem nestes valores?"
"As primeiras décadas do próximo milénio serão terríveis. Miséria, fome, corrupção, desemprego, violência, abater-se-ão aqui por muito tempo. A Comunidade (agora União) Europeia vai ser um logro. O Serviço Nacional de Saúde, a maior conquista do 25 de Abril, o Estado Social e a independência nacional sofrerão gravíssimas rupturas. Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e de comida. Espoliada, a classe média declinará, só haverá muito ricos (1%) e muito pobres.
A indiferença que se observa ante, por exemplo, o desmoronar das cidades e o incêndio das florestas é uma antecipação disso, de outras derrocadas a vir".
Natália Correia - Fajã de Baixo, S.Miguel, 13.9.1923 — Lisboa, 16.3.1993. (citações retiradas do livro "O Botequim da Liberdade", de Fernando Dacosta).
«Por todo o lado se anunciava o regresso da troika a Portugal... Mas, na verdade, ela nunca de cá sai. Da educação à saúde, dos salários às pensões, novos e velhos, todos sentimos na pele a sua presença, em cada momento das nossas vidas. ... - A troika mata ... (-por Rita Veloso, 5Dias)
Declarada a morte da social-democracia e do Estado social (-por Daniel Oliveira)
Dando voz ao programa dos sociais-democratas (coligados com os liberais, centristas), o Rei Guilherme anunciou ontem o fim do Estado Social na Holanda. Será substituído pela sociedade participativa, o que passa, na prática, por cada um se desenrascar sozinho. Traduzido por miúdos, o governo holandês vai fazer um corte de seis mil milhões de euros. Espera-se que o desemprego suba e que o poder de compra dos holandeses caia para os 0,5%. Os social-democratas holandeses chegaram ao poder com um discurso contra a austeridade. Uma sondagem da televisão pública diz que 80% da população é contra estes planos governamentais.
Faço notar que não há falta de dinheiro na Europa. Pelo contrário, há enormes excedentes que explicam, aliás, como consegue a Alemanha financiar-se a juros negativos. O que há na Europa, em toda a Europa, é a vitória de uma agenda ideológica e dos interesses financeiros que se apoderaram dos principais centros de poder. Não espanta que essa vitória venha pela mão de governos social-democratas. Gerhard Schroeder fez mais no ataque ao Estado Social e na contração dos salários dos trabalhadores alemães (o que contribuiu decisivamente para a crise do euro) do que Angela Merkel alguma vez sonhou. Foram os governos socialistas e social-democratas, e não a direita, que construíram o essencial das regras de uma moeda única disfuncional. E, em todos os países europeus onde têm recuperado o poder, não o usaram para travar esta loucura. François Hollande limita-se a anunciar, como um tonto, o fim da crise do euro. Na esperança de não ter de chegar a fazer realmente nada do que prometeu. Mas a agenda social-democrata nesta crise resume-se a fazer o oposto do que anunciam quando estão na oposição. Nem um rasgo de coragem se vislumbra na generalidade dos partidos socialistas e social-democratas europeus. O PS português incluído.
O papel que os partidos social-democratas desempenham e desempenharam, nas duas últimas décadas, na destruição do Estado Social e na desregulação económica e financeira é o mais inacreditável gesto de traição de um movimento político à sua própria história. Transformados em meras federações de interesses, os partidos socialistas e social-democratas não estão apenas a enterrar o Estado Social. Estão a enterrar a esperança na democracia, que depende de uma alternativa a este caminho (a confiança nos políticos e no governo atingiu, na Holanda, como em tantos outros países, mínimos históricos). E estão, afinal de contas, a enterrar-se a si mesmos. O comunismo morreu com a queda do muro de Berlim. A social-democracia morreu com esta crise financeira.
Permanecer no euro é o suicídio da nação (-por Jorge Bateira)
O fardo e a farsa (-por Alexandre Abreu)
Segunda-feira, 12.11.12
( Fora !) daqui
* Viva ... os que vão morrer te saúdam *
O capitalismo mata. (-por C. Guedes)
Não é novidade nenhuma e não começou ontem nem anteontem. Mas o capitalismo mata.
Mata de repente. Quando a Amaya Egaña decide pôr termo à vida no momento em que está prestes a perder a casa em que vivia.
Mata lentamente. De cada vez que nos esmaga as expectativas. De cada vez que perdemos o emprego. De cada vez que nos rouba o sonho.
Mata por afogamento. Sempre que o silêncio toma o lugar do grito de revolta que fica abafado na garganta.
Mata à machadada. De cada vez que vemos nos olhos de uma criança o espelho de uma miséria que parece regressada de um passado que julgávamos distante e enterrado.
Mata por estrangulamento. Quando vemos, na farmácia, aquele homem com ar envergonhado a deitar contas à vida, à fome e à doença, enquanto decide qual dos dois medicamentos prescritos vai poder levar para casa.
Mata à facada. Quando nos faz sofrer por uma dívida que não é nossa e nos desvia o dinheiro dos salários, dos subsídios, das pensões e das reformas, dos hospitais, das escolas e, porra, dos teatros e de tudo o que é cultura para o ir deixar no colo do banqueiro agiota.
O capitalismo mata. Já se sabe. É da sua natureza.
É da minha combatê-lo. Até ao dia em que consigamos espetar-lhe um tiro nos cornos.
Ou até morrer.
( para a Amaya e para quem o quiser. E para a minha mãe. )
Quarta-feira, 04.07.12
- A Dívida Pode Ser Paga ?
Sessão com Paulo Trigo Pereira, Mariana Mortágua e Ricardo Cabral, em Lisboa, na Associação 25 de Abril, no dia 7 de Julho, 21 H, R. da Misericórdia, 95.
Segundo as previsões da troika, a dívida pública portuguesa crescerá até 2013, ano em que chegará aos 115% do PIB. E depois? Depois, a troika apresentas cenários, uns optimistas e outros pessimistas, incluindo pelo menos um de descalabro total. A troika não sabe ao certo, e fala de riscos e incertezas.
E nós sabemos?
Sabemos pelo menos que a austeridade imposta em nome do serviço da dívida está a levar a economia portuguesa a uma recessão cada vez mais profunda. Sabemos também que no fim deste processo pode estar um ponto em que nem sequer a dívida é já possível servir.
E se para servir a dívida for preciso destruir os sistemas de saúde, de educação, de segurança social ?
Será esse um preço aceitável ?
Para discutir estas e outras questões a Iniciativa para a Auditoria Cidadã à Dívida Pública, convidou Paulo Trigo Pereira (autor de “Dívida Pública e Défice Democrático”), Mariana Mortágua (co-autora de “Dívidadura”) e Ricardo Cabral (autor de “Divida” em “XXI Ter Opinião 2012”). A moderação do debate será feita por Ana Narciso Costa (docente do ISCTE e investigadora do Dinâmia).
O encontro está marcado para dia 7 de Julho às 21.00 na Associação 25 de Abril, Rua da Misericórdia, 95 (Lisboa). Entrada gratuita.
http://auditoriacidada.info/
http://www.facebook.com/iac.auditcit
http://twitter.com/#!/IACpt
O governo dos bancos, pelos bancos e para os bancos (-por J.P. Castro, via Jugular)
A grande fome irlandesa de 1845 dizimou a população a tal ponto que jamais voltou a ser tão grande como então. Como a visão britânica dominante atribuía a catástrofe à preguiça e à inépcia dos nativos, os colonizadores rejeitaram os pedidos de ajuda argumentando que era preciso forçá-los a alterar atitudes culturais inadequadas.
Um século mais tarde, na Índia, os mesmos preconceitos voltaram a ser invocados pelos ingleses tanto para justificar a fome em Bengala como para recusar o auxílio massivo às populações afectadas. Neste como noutros casos, o sentimento de superioridade nacional apaziguou as consciências e disfarçou a desumanidade das atitudes. "Do que eles precisam não é de ajuda, mas de reformas."
Curiosamente, nem a Irlanda, nem a Índia, nem qualquer outro país voltou a padecer de fomes endémicas a partir do momento em que conquistou a independência e instalou um sistema democrático, provando que o problema não estava na carência de recursos, mas na sua distribuição. Definitivamente, a democracia não tolera a privação massiva.
Diz-se que toda a gente está interessada no desenvolvimento e que, por conseguinte, ninguém impõe por gosto políticas de austeridade que condenam as populações ao empobrecimento. "Ninguém deseja fazer mal às pessoas", eis a sonsa expressão que diariamente escutamos. Mas apenas os pobres necessitam de desenvolvimento; os ricos só precisam de criados.
Quase meia década decorrida desde o início da crise financeira, não só ela permanece sem fim à vista, como se assiste a uma intolerável operação de revisão da história recente tendente a ilibar os responsáveis e a culpar as vítimas. Pior ainda, o poder político efectivo é progressivamente retirado aos povos e transferido, pela mão dos bancos centrais, para os círculos financeiros cujo descontrolo nos trouxe até aqui. Já não escandaliza a ideia de meter a democracia na gaveta (suspender a democracia, os direitos dos trabalhadores e de cidadãos livres).
A doutrina oficial sustenta que o considerável poder do BCE deve ser posto ao serviço dos bancos, não dos cidadãos ou dos estados. Caridade para os primeiros, punição para os segundos. A sageza dos bancos centrais é-nos apresentada como o derradeiro baluarte contra as insensatas exigências da multidão representada por governos demasiado sensíveis à vontade popular.
Sempre que possível, os executivos saídos de eleições são substituídos por outros liderados por algum economista com o selo de garantia do BCE, do Goldman Sachs, do Lehman Brothers, ou equivalente. No mínimo, as pastas da economia e das finanças deverão ser entregues a um legítimo representante da corporação.
A independência dos bancos centrais não pode ser absoluta e incondicional, sob pena de dar origem a um contrapoder inaceitável numa sociedade democrática bem formada. Mas os banqueiros centrais – uma casta divorciada do sentimento do cidadão comum – julgam-se hoje no direito de impor aos governos nacionais as suas políticas preferidas, declarando-as, ainda por cima, inquestionáveis.
Afirmando-se detentores de saberes esotéricos, arrogam-se o direito de, sobrepondo-se a todos os poderes constitucionais, legislativos e judiciais existentes, ditarem o que deve ser feito em matérias tão graves como a gestão orçamental, a regulamentação dos mercados laborais, os regimes de pensões dos reformados ou as políticas de saúde e da educação, exorbitando largamente do mandato que lhes foi conferido.
A importância sistémica da banca justifica, ao que parece, tudo isto e muito mais. Além da protecção do sistema financeiro não legitimar o apoio ilimitado aos accionistas dos bancos, convém recordar que há outros riscos sistémicos sérios a considerar na presente situação. Isto deveria ser evidente para quem entende que acima das finanças está a economia e que a saúde dela depende da preservação e valorização da capacidade produtiva das empresas e dos recursos qualificados que elas empregam.
Quando o sistema financeiro se fecha sobre si próprio e se aliena da economia real, reclamando sangue, suor e lágrimas sem fim à vista, é caso para dizer-se que ele se tornou incompatível com a sobrevivência de uma economia de mercado sofisticada, orientada para a inovação, o emprego e o crescimento.
O desenvolvimento não é uma montanha de produtos, é um estado de civilização complexo que inclui como ingredientes essenciais uma população educada e saudável, liberdade individual e colectiva, oportunidades de enriquecimento espiritual e material, solidariedade na adversidade, relação harmoniosa com o ambiente e desígnios partilhados. Destruindo os genuínos suportes de uma economia sã, no final não restará nada –, mas, ao menos, tampouco haverá dívidas.
(* itálico, bold e cor da responsabilidade do postante)
Quinta-feira, 21.06.12
A trapeira do Job (-por José A. Barreiros, adv.)
Isto que eu vou dizer vai parecer ridículo a muita gente.
Mas houve um tempo em que as pessoas se lembravam, ainda, da época da infância, da primeira caneta de tinta-permanente, da primeira bicicleta, da idade adulta, das vezes em que se comia fora, do primeiro frigorífico e do primeiro televisor, do primeiro rádio, de quando tinham ido ao estrangeiro.
Houve um tempo em que, nos lares, se aproveitava para a refeição seguinte o sobejante da refeição anterior, em que, com ovos mexidos e a carne ou peixe restante, se fazia "roupa velha". Tempos em que as camisas iam a mudar o colarinho e os punhos do avesso, assim como os casacos, e se tingia a roupa usada, tempos em que se punham meias-solas com protectores. Tempos em que ao mudar-se de sala se apagava a luz, tempos em que se guardava o "fatinho de ver a Deus e à sua Joana".
E não era só no Portugal da mesquinhez salazarista. Na Inglaterra dos Lordes, na França dos Luíses, a regra era esta. Em 1945 passava-se fome na Europa, a guerra matara milhões e arrasara tudo quanto a selvajaria humana pode arrasar.
Houve tempos em que se produzia o que se comia e se exportava. Em que o País tinha uma frota (de pesca,) de marinha mercante, fábricas, vinhas, searas.
Veio depois o admirável mundo novo do crédito. Os novos pais tinham como filhos uns pivetes tiranos, exigindo malcriadamente o último modelo de mil e um gadgets e seus consumíveis, porque os filhos dos outros também tinham. Pais que se enforcavam por carrões de brutal cilindrada para os encravarem no lodo do trânsito e mostrarem que tinham aquela extensão motorizada da sua potência genital. Passou a ser tempo de gente em que era questão de pedigree viver no condomínio fechado, e sobretudo dizê-lo, em que luxuosas revistas instigavam em couché os feios a serem bonitos, à conta de spas e de marcas, assim se visse a etiqueta, em que a beautiful people era o símbolo de status, como a língua nos cães para a sua raça.
Foram anos em que o Campo se tornou num imenso resort de Turismo de Habitação, as cidades uma festa permanente, entre o coktail party e a rave. Houve quem pensasse até que um dia os Serviços seriam o único emprego futuro ou com futuro.
O país que produzia o que comíamos ficou para os labregos dos pais e primos parolos, de quem os citadinos se envergonhavam, salvo quando regressavam à cidade dos fins de semana com a mala do carro atulhada do que não lhes custara a cavar e às vezes nem obrigado.
O país que produzia o que se podia transaccionar, esse, ficou com o operariado da ferrugem, empacotados como gado em dormitórios, e que os víamos chegar mortos de sono logo à hora de acordarem, as casas verdadeiras bombas-relógio de raiva contida, descarregada nos cônjuges, nos filhos, na idiotização que a TV tornou negócio.
Sob o oásis dos edifícios em vidro, miragem de cristal, vivia o mundo subterrâneo de quantos aguentaram isto enquanto puderam, a sub-gente.
Os intelectuais burgueses teorizavam, ganzados de alucinação, que o conceito de classes sociais tinha desaparecido. A teoria geral dos sistemas supunha que o real era apenas uma noção, a teoria da informação substituía os cavalos-força da maquinaria pelos megabytes de RAM da computação universal. Um dia os computadores tudo fariam, o Ser-Humano tornava-se um acidente no barro de um oleiro velho e tresloucado que, caído do Céu, morrera pregado a dois paus, e que julgava chamar-se Deus, confundindo-se com o seu filho e mais uma trinitária pomba.
Às tantas, os da cidade começaram a notar que não havia portugueses a servir à mesa, porque estávamos a importar brasileiros, que não havia portugueses nas obras, porque estávamos a importar negros e eslavos.
A chegada das lojas-dos-trezentos já era alarme de que se estava a viver de pexisbeque, mas a folia continuava. A essas sucedeu a vaga das lojas chinesas, porque já só havia para comprar «balato». Mas o festim prosseguia e à sexta-feira as filas de trânsito em Lisboa eram o caos e até ao dia quinze os táxis não tinham mãos a medir.
Fora disto, os ricos, os muito ricos, viram chegar os novos ricos. O ganhão alentejano viu sumir o velho latifundário absentista pelo novo turista absentista com o mesmo monte mais a piscina e seus amigos, intelectuais, claro, e sempre pela reforma agrária, e vai um uísque de malte, sempre ao lado do povo, e já leu o New Yorker?
A agiotagem financeira, essa, ululava. Viviam do tempo, exploravam o tempo, do tempo que só ao tal Deus pertencia, mas, esse, Nietzsche encontrara-o morto em Auschwitz. Veio o crédito ao consumo, a Conta-Ordenado, veio tudo quanto pudesse ser o ter sem pagar. Porque nenhum Banco quer que lhe devolvam o capital mutuado, quer é esticar ao máximo o lucro que esse capital rende. Aguilhoando pela publicidade enganosa os bois que somos nós todos, os Bancos instigavam à compra, ao leasing, ao renting, ao seja como for desde que tenha e já, ao cartão, ao descoberto-autorizado.
Tudo quanto era vedeta deu a cara, sendo actor, as pernas, sendo futebolista, ou o que vocês sabem, sendo o que vocês adivinham, para aconselhar-nos a ir àquele Balcão bancário buscar dinheiro, vendermo-nos ao dinheiro, enforcarmo-nos na figueira infernal do dinheiro. Satanás ria. O Inferno começava na terra.
Claro que os da política do poder, que vivem no pau de sebo perpétuo do fazer arrear, puxando-os pelos fundilhos, quantos treparam para o poder, querem a canalha contente. E o circo do consumo, a palhaçada do crédito servia-os. Com isso comprávamos os plasmas mamutes onde eles vendiam à noite propaganda governamental e, nos intervalos, imbelicidades e telefofocadas, que entre a oligofrenia e a debilidade mental a diferença é nula. E, contentes, cretinamente contentinhos, os portugueses tinham como tema de conversa a telenovela da noite, o jogo de futebol do dia e da noite e os comentários políticos dos "analistas" que poupavam os nossos miolos de pensarem, pensando por nós.
Estamos nisto. Este fim-de-semana a Grécia pode cair. Com ela a Europa.
Que interessa? O Império Romano já caiu também e o mundo não acabou. Nessa altura, em Bizâncio, discutia-se o sexo dos anjos. Talvez porque Deus se tivesse distraído com a questão teológica, talvez porque o Diabo tenha ganho aos dados a alma do pobre Job na sua trapeira. O Job que somos grande parte de nós.