--------- em nome de quê ? (-por: H. Araújo,13/1/2017, 2dedos de conversa)
Ontem estive na prisão da Stasi (polícia política da ex-Alemanha de leste/ RDA, até à "queda do 'muro de Berlim'/ colapso da URSS e do 'Bloco de Leste'/ Pacto de Varsóvia"; equivalente à PIDE/DGS do Portugal/ 'Estado Novo' 28/5/1926 até 24/4/1974) em Hohenschönhausen (em Berlim 'leste'). A visita começou com um filme sobre a história da RDA e daquela que era a pior prisão da Stasi.
No pátio, em frente à maquete que mostra a área de acesso reservado (na foto, a área em branco), no centro da qual se encontra a prisão (cinzento), e as casas à volta (cinza), contam-nos que os guardas da prisão viviam nessas casas, e ainda vivem. E depois, como se não fosse nada, acrescentam: "mas entretanto já se habituaram ao facto de haver antigos prisioneiros a fazer as visitas guiadas, e já não vêm cá fazer distúrbios".
As celas solitárias eram minúsculas, e o catre de madeira era demasiado curto para uma pessoa poder esticar as pernas. Outras celas tinham o chão elevado na zona da porta, para permanecerem inundadas. Num canto da cave instalaram as celas especiais para "acalmar" os prisioneiros. Com paredes almofadadas, e mais nada. Nem balde. Metiam ali os prisioneiros, fechavam a porta, apagavam a luz.
Contaram-nos a história de alguns dos prisioneiros da Stasi. A mais nova, Erika Riemann, foi presa aos 14 anos por ter pintado com o seu bâton os bigodes imponentes na fotografia de um figurão que estava na cantina da sua escola. Era o Estaline. Foi condenada por actividades anti-soviéticas, passou oito anos na prisão - nomeadamente no terrível campo nazi de Sachsenhausen, reaberto pelos russos, onde chegou a ser metida num duche com a informação de que ia ser gaseada. E quase se podia dizer que, apesar de tudo, teve sorte: se tivessem considerado que era sabotagem, não se livrava da pena de morte.
Outros prisioneiros eram obrigados a ficar sentados em determinadas cadeiras por longos períodos, sem motivo aparente. Alguns deles morreram com cancros raros - e depois da queda do muro descobriram que a Stasi tinha estranhos aparelhos de raio X por trás de paredes de papelão.
O antigo prisioneiro que conduziu o meu grupo pelos corredores de terrível memória chama-se Mario Thom, e foi preso aos 17 anos por tentativa de fuga (da RDA). Fala com vivacidade e raiva, conta a sua própria história com humor, solta suspiros fundos de desalento e frustração. Em certos momentos faz-nos rir, noutros - quando imita a violência e a perfídia dos agentes da Stasi - faz-nos estremecer de medo e repúdio. No final, perguntei-lhe como é que aguenta percorrer quotidianamente esses traumas. Respondeu que pede dispensa por uns dias, quando sente que começa a chegar ao seu limite.
A visita durou noventa minutos. Eu tentava ouvir e fixar tudo, e ao mesmo tempo fotografar à pressa. Aqui deixo algumas imagens, e as histórias como o Mario Thom foi contando e eu lembro:
Esta era uma das carrinhas que levava os "inimigos do Estado" para a prisão. Era um veículo comercial bastante comum nas ruas da RDA. Para disfarçar, a Stasi pintava o nome de um negócio qualquer, "Frutas" ou "Limpeza a seco". Lá dentro havia 5 compartimentos minúsculos e sem janelas para os prisioneiros, que eram levados por rotas sinuosas para perderem completamente a orientação. O carro entrava numa garagem profusamente iluminada, os capturados passavam repentinamente da escuridão absoluta para o excesso de luz, e eram conduzidos pelos corredores aos pontapés, por guardas a quem tinham dito que se tratava de terríveis inimigos do povo. Os próprios guardas estavam sob vigilância, e qualquer cedência de humanidade seria punida.
Quando a RDA quis ser aceite pela comunidade internacional, acabaram as torturas físicas. Em compensação, refinaram a tortura psicológica. Em Potsdam podia-se estudar "psicologia operativa" - aprender maneiras de dominar, manipular, 'quebrar' uma pessoa.
"Essa gente ainda anda por aí, fazem carreiras de sucesso como advogados, por exemplo.", dizia o Mario, com um dos seus suspiros de profunda frustração. Antes tinha falado dos tantos responsáveis da Stasi que continuaram a sua vida placidamente, como anteriormente tinha acontecido com os nazis. "Andam entre nós, e fartam-se de ganhar dinheiro. O dinheiro fala com o dinheiro. Não temos hipótese."
Falava-nos no pátio de roseiras, que nenhum prisioneiro político da RDA podia ver, mas onde Mielke pôde passear durante o período de prisão preventiva que lá passou. Erich Mielke era o chefe da Stasi, e foi o último prisioneiro da sua própria prisão.
O edifício prisional que os próprios presos políticos construíram tinha celas solitárias, com janelas de tijolos de vidro para os prisioneiros não verem o exterior. Havia algumas celas duplas, para meter junto ao prisioneiro um agente da Stasi que tentava ganhar a sua confiança. Um fio eléctrico com inúmeras emendas estendia-se ao longo dos corredores. Era um sistema muito simples de alerta: se um soldado puxasse o fio, a ligação soltava-se e quebrava a corrente. Em menos de vinte segundos o corredor enchia-se de polícias que ajudavam o colega em apuros, e levavam o prisioneiro para um lugar onde se "acalmaria".
A prisão tinha horários e regulamentos rígidos. Os prisioneiros levantavam-se sempre à mesma hora, e ficavam obrigados a ficar sentados no banco até à hora de ir dormir. Nada de passeios, nada de livros ou papel para escrever. Nada de nada. Isolamento total. Quando as luzes se apagavam, era o sinal de que se deviam deitar.
Durante a noite, de 10 em 10 minutos um soldado vinha verificar se estava tudo bem. Abria a janela, acendia a luz. Caso o prisioneiro não estivesse a dormir como devia
- aqui o Mario deu um pontapé violento no ferrolho mais baixo da porta, gritou "PONHA-SE NA POSIÇÃO REGULAMENTAR!", deu um murro na porta, e fechou a janela com todo o estrondo do metal - todo o corredor era acordado com a barulheira.
Junto a cada porta havia vários interruptores: para as luzes dentro da cela, e para accionar o autoclismo, de modo a impedir que os prisioneiros contactassem uns com os outros pelos canos.
Havia outro método de contactar os vizinhos: batendo com os nós dos dedos na parede. Um toque, A, dois toques, B. Uma conversa inteira a contar batidas. Às vezes os prisioneiros não se davam conta de que tinham levado o amigo da cela ao lado, e o novo ocupante era um agente da Stasi.
Quando levavam um prisioneiro pelo corredor, acendiam-se candeeiros vermelhos, para avisar que todos os outros deviam permanecer fechados. Os prisioneiros não deviam ter contacto com outros seres humanos. "Os polícias não contavam propriamente como seres humanos", dizia o Mario. "Se acontecia de estar no corredor quando passava outro prisioneiro, obrigavam-me a virar para a parede e a olhar em frente. Mas eu era curioso, arranjava sempre maneira de espreitar. Hehehehe. O pior era quando depois me acalmavam."
Na sala de identificação dos prisioneiros tiravam fotografias, tiravam as medidas do corpo e revistavam o corpo nu. "Com uma luva de borracha", acrescentou o Mario, para ter a certeza que nós percebíamos mesmo. A princípio só havia polícias homens, e eram eles que revistavam as mulheres. Nenhuma das que passou por isso conseguiu até hoje superar e esquecer. Claro que ninguém tinha nada escondido - eram capturados à traição, não contavam ir parar àquela casa. Era simplesmente parte da tortura e da técnica para quebrar as pessoas.
[ Uma das salas de interrogatório intrigou-me, porque tinha o quadro de um palácio sobre a janela para a divisão onde se encontrava o prisioneiro. Não apenas o toque kitsch no coração do terror, mas também a imagem escolhida. Não esperava encontrar num edifício da Stasi imagens de um edifício como tantos que a RDA destruiu por motivos ideológicos. ].
Numa sala de interrogatórios, o Mario Thom sentou-se no lugar do polícia, apontou o banco junto à parede onde o prisioneiro tinha de se sentar, falou das lágrimas irreprimíveis quando, ao fim de muitos interrogatórios, o prisioneiro era convidado a sentar-se na cadeira à mesa. Ser tratado como pessoa, após semanas ou meses de isolamento e humilhações! Alguns não aguentavam, e desfaziam-se nesse preciso momento.
Foi nesta sala que Mario Thom contou a sua história. Falou das incongruências do sistema, que desde sempre o tinham incomodado. Os pais, músicos famosos, podiam sair do país, mas ele não. Na escola, diziam-lhe coisas que não faziam sentido. Proibiam-no de dizer "muro", porque era "a barreira de protecção anti-imperialista". (O "muro de Berlim" começou como linha de demarcação entre as partes ocupadas/geridas pelos exércitos dos EUA/RU/Fr e da URSS; depois passou a vedação de arame, muro em tijolo, em betão, electrificado, com torres de vigilância, ... que tornaram Berlim ocidental (depois parte da RFA) um enclave no resto de Berlim e da Alemanha de leste/RDA). Mas ele morava perto do Checkpoint Charlie (um famoso posto de fronteira/'muro' com Berlim ocidental/ RFA), e não percebia como havia tantos imperialistas a entrar na RDA, e ninguém da RDA a sair. Desde cedo, na escola primária, eram obrigados a entrar nas organizações do partido (único, PC da RDA), e a comportar-se com aprumo militar. Nas aulas de desporto treinavam o lançamento de objectos com granadas de mão. No liceu, os Kiss - a sua banda favorita - eram proibidos. Por causa do "SS" (abreviatura da polícia político-militar nazi, de Hitler) no nome. Ele protestava, rezingava, perguntava. Não se dava por satisfeito com as respostas que recebia. Aos catorze anos foi metido num internato para jovens com problemas de socialização. Mais tarde, fez parte do grupo que mais contribui para encher as prisões da RDA: os que tentavam fugir. Acrescentou que o segundo grupo maior de prisioneiros eram os "associais" - os que se recusavam a trabalhar. Na RDA, o trabalho era um direito e um dever.
Ele queria trabalhar. Mas era como músico, como baterista. Não o deixavam, porque para isso tinha de ter um curso superior, e para ter um curso superior tinha de fazer 3 anos de tropa. Logo ele, que era mais tipo "imagina que há guerra e nenhum soldado comparece". Teve de se sujeitar ao trabalho que lhe arranjaram. Infelizmente, o único que "estava disponível" era numa cervejaria. Logo ele, que detestava essa bebida, e foi sujeito a provas iniciáticas como beber um balde de cerveja logo pela manhã.
Aos dezassete anos, durante uma discussão familiar, o pai usou a frase típica "enquanto tiveres os pés debaixo da minha mesa, obedeces!" Ele levantou-se, e saiu de casa. Primeiro foi até Rostock, no Mar Báltico, mas a mãe do amigo a quem pediu ajuda recambiou-o para Berlim. No comboio, decidiu ir para Praga (Checoslováquia, país também do 'Bloco de Leste'/ Pacto de Varsóvia, dominado pela URSS), para casa da avó checa. Chegado a Praga, ocorreu-lhe a brilhante ideia de continuar caminho, e tentar escapar pela Hungria (também 'de leste'). Tudo estava a correr bem, até que chegou à fronteira da Hungria. Era o Danúbio. Como é possível ser tão palerma que se nem se olha para um mapa antes de tentar fugir do bloco de Leste?, perguntava-nos o Mario, a rir. Foi avançando ao longo do rio, na esperança de que em algum momento as margens se aproximassem, mas elas ficavam cada vez mais afastadas. Às dez da noite escondeu o saco algures, e atirou-se vestido à água. Era Outubro, mas nem reparou no frio. Daí a nada apareceu um barco da polícia, com um holofote giratório. De cada vez que a luz chegava perto dele, mergulhava. Parecia um filme. Conseguiu chegar ileso à outra margem. Ao sair da água sentiu o frio em toda a sua crueldade. Durante meia hora foi rastejando num terreno pantanoso, até encontrar as primeiras casas, e carros com matrículas diferentes das que conhecia da RDA e da Checoslováquia. Tocou a uma campainha para pedir ajuda. Um homem abriu a porta, deixou-o entrar, indicou-lhe a casa de banho. Ainda nem tinha começado a despir-se, já estava a ser levado por polícias húngaros. Tanto azar tivera, que fora pedir ajuda a um responsável da fronteira. Pouco depois, na esquadra, ao ver o respeitinho com que os húngaros tratavam a polícia alemã, e a arrogância com que estes davam ordens, sentiu-se numa cena do período nazi. Pareciam soldados da SS numa zona ocupada pelos alemães.
Em menos de nada estava num avião sem janelas a caminho da RDA, e a ser recebido efusivamente por um interrogador bem-disposto e afectuoso.
- Então, meu rapaz, que foi isso? Quando planeaste a fuga?
- No comboio, a caminho da fronteira da Hungria.
- Quem sabia dos teus planos?
- Ninguém! Nem eu. Afinal de contas, não tinha planos.
- Tens conhecidos no Oeste?
A conversa foi correndo de forma aprazível, até que o polícia lhe falou das vantagens de viver na RDA, e da sua ingratidão por querer virar costas a tudo isso, e ele perguntou o que queria dizer exactamente a frase "liberdade de movimentos".
- Qual é a dúvida? Os cidadãos têm toda a liberdade de movimentos dentro das fronteiras do país.
- E porque é que não nos deixam sair?
Nesse momento, o Mario, que nos contava tudo isto sentado na cadeira do polícia, deu um salto para a frente, e encostou a sua cara de furia diabólica à cara de uma das visitantes, sentada no banco do interrogado:
- PENSAS QUE BRINCAS COMIGO? OLHA QUE TE POSSO TRATAR DE FORMA BEM DIFERENTE! ATÉ AGORA, CONSEGUIMOS QUEBRAR TODOS OS QUE PASSARAM POR AQUI!
Nem todos, explicou-lhe mais tarde outro prisioneiro. E tu vais-te safar. Com a tua idade, no máximo dão-te ano e meio.
Ano e meio!, comentava o Mario para nós, com um sorriso. Naquela idade, ano e meio era uma eternidade!
Ficou seis meses. Compraram-no. Os pais pediram ajuda ao Vogel, o famoso advogado que tratava desses casos com a RFA. Um dia, disseram-lhe que ia falar com o seu advogado, e levaram-no da cela para um encontro. Não trocaram uma única palavra. O Vogel disse ao polícia "é este", e assinou uns papéis. Uns dias depois estava em Berlim ocidental. "Parece que valho 90.000..." - sorriu para nós, deu umas palmadinhas no próprio ombro, e soltou um dos seus suspiros fundos. "Ninguém devia ser comprado, e muito menos vendido."
A visita continuou para o comboio de prisioneiros e a "jaula do tigre". Era o pátio onde permitiam aos prisioneiros apanhar um pouco de ar. Um pátio que já nos parecia minúsculo, e que na verdade eram dois. No chão, via-se a marca da parede que lá existira. Os prisioneiros eram obrigados a andar em círculo, e a manter uma distância de um metro da parede. O que implicava que andavam simplesmente à volta do escoadouro de água no centro do cubículo. Em princípio, tinham direito a 30 minutos por dia. Mas variava: nos dias de sol podiam ser só 10 minutos, e nos de mau tempo podia perfeitamente ser mais de uma hora. Com aquelas pantufas de pano que víramos nos quartos, uma hora à chuva e à neve.
Ao fundo do pátio entre os edifícios prisionais vi um prédio alto. Lembrei-me do Jorge Semprun, que após a libertação de Buchenwald entrou na casa de uma aldeia próxima. Pediu para ir à sala, parou à janela a olhar para o campo de concentração onde tanto sofrera, e a velhinha comentou "é uma paisagem bonita, não acha?"
Os prédios ao fundo do pátio não eram de apartamentos de velhinhas teimosamente inocentes. Naquele, verde, faziam os aparelhos de escuta que a Stasi espalhava pelas casas dos suspeitos. Perto desse ficava o arquivo da SS, que membros da Stasi estudavam com toda a atenção - para aprender métodos, dizia o Mario. E ao lado eram as oficinas onde se faziam os passaportes falsos que permitiam aos terroristas do Baader-Meinhof/RFA escapar.
No final da visita o Mario falou-nos da exposição, e da livraria do memorial, onde "podemos encontrar livros sobre o passado da Angela Merkel na RDA".
Era tarde, não vi um nem outro. Mas quero voltar à prisão de Hohenschönhausen, e ouvir os relatos de outros antigos prisioneiros.
Quem manda mesmo aqui ? (- por J.Rodrigues, 10/12/2016, Ladrões de B.)
Que futuro para Portugal ? Que futuro para a UE ? (-por Jorge Bateira, 28/11/2016, Ladrões de B.)
----- Vai ganhar as primárias da esquerda francesa (G.Silva, 28/11/2016, 4Rep.)
«Nunca nenhum candidato [Fillon, centro-direita] foi tão longe na submissão às exigências ultraliberais da União Europeia”, afirmou Marine Le Pen (FN, extrema direita), criticando os cortes propostos de 500 mil funcionários públicos, a subida do IVA, a redução das prestações sociais. Para combater o candidato da direita, a FN está a apoiar-se no seu programa económico eurocéptico, anti-globalização e intervencionista (*).
-----Quando a Itália treme (-por V. Moreira, 5/12/2016, CausaNossa)
Marisa M. no Parl.Europeu.
. (via J.Lopes, Entre as brumas...)
--- A esquerda na Europa precisa de mudar de rumo político - Wolfgang Münchau
--- A General Theory Of Austerity? (Paul Krugman)
--- Diabo Bank
--- Deutsche Bank – Ironia das ironias
Submetemo-nos de vez, ou acabamos com o protectorado? (J.Bateira, 15/7/2016, Ladrões de B.)
Por uma Comunidade de Estados Europeus (-J.Bateira, 6/7/2016, Ladrões de B.)
Foi publicado há dias no jornal francês Figaro um Manifesto de vinte intelectuais apelando à refundação da UE. Um dos seus subscritores (Jacques Sapir) descreve no seu blogue essa nova entidade, uma Comunidade de Estados Europeus.
Ainda que possamos ter dúvidas, ou mesmo discordar, de algumas passagens deste texto, convinha que não perdêssemos de vista que se trata de mobilizar uma nação onde a esquerda com peso eleitoral relevante entregou à FN a bandeira da luta contra o projecto de germanização da Europa.
Num quadro político muito adverso, a esquerda que preconiza o regresso a uma Europa de cooperação entre Estados soberanos e democráticos, mas que reconhece os benefícios da sua cooperação em múltiplos domínios, não se sente representada nos actuais partidos e procura uma fórmula política congregadora das várias sensibilidades da sociedade francesa, insatisfeitas com o status quo da UE.
Em Portugal estamos atrasados neste processo. Mas, face ao que aí vem, temos de nos apressar, até porque, conhecendo as dinâmicas dos nossos partidos à esquerda, não é realista pensar que este movimento de libertação possa ser liderado por uma coligação (PCP+BE). O que, aliás, também não seria desejável, já que afastaria sectores da sociedade filiados no centro e direita soberanistas, indispensáveis se queremos o fim da colonização ordoliberal que, por vontade alemã, tenderá a ser reforçada no pós-Brexit. Aqui vai a tradução de um excerto desse manifesto:
«O povo britânico exprimiu soberanamente a vontade de ser o dono das decisões que lhe dizem respeito. Este voto corajoso e massivo é, evidentemente, uma bofetada na deriva tecnocrática em que a União Europeia actual se deixou encerrar, há pelo menos três décadas, em tratados com o cunho do neoliberalismo então triunfante (Acto Único, Tratado de Maastricht, Tratado de Lisboa), ou do ordoliberalismo alemão (Tratado orçamental, dito TECG de 2012).Tudo indica que, na maioria dos países europeus, os cidadãos já não aceitam ser governados por instâncias não eleitas funcionando com toda a opacidade. O voto britânico pode ser uma oportunidade: ele deve constituir o momento de uma reorientação da construção europeia, articulando a democracia que vive nas nações com uma democracia europeia que está por construir. Pedimos a convocação de uma conferência europeia no modelo da Conferência de Messina em 1955 que, depois do fracasso da Comunidade Europeia de Defesa (CED), permitiu voltar a colocar a construção europeia nos carris e preparou eficazmente o Tratado de Roma. Esta conferência teria por objecto a renegociação dos tratados em três áreas cruciais cujo menosprezo conduziu ao enfraquecimento da actual construção europeia: a soberania, ou seja, a democracia, a prosperidade e a independência estratégica.(...) Estas são as três chaves do futuro da Europa. Acreditamos que compete à França lançar esta grande iniciativa destinada a voltar a colocar de pé a União Europeia. Os povos europeus, e não somente o nosso, estão à espera. Faltaríamos ao nosso dever de cidadãos franceses, mas também de europeus, se não agíssemos para colocar a França na vanguarda desta grande tarefa. Apelamos a todos os que recusam o afunilamento do futuro para que trabalhem numa reconstrução europeia com esta novas bases. »
Carta do Canadá: Não se pode ignorar (- fLeitão, 3/2/2016, Aventar)
As televisões canadianas passam, diariamente, documentários da situação no Médio Oriente e na Europa. Quase todos com uma minúcia e um realismo que chega a ser insuportável à vista por terem dimensão apocalíptica. Pergunto a mim mesma, com inquietação crescente, se não estamos a assistir ao renascer do ovo da serpente perante a indiferença e o desinteresse dos povos cansados de má política. O nazismo e o fascismo não se implantaram de repente, na Alemanha e na Itália, passearam-se em manifestações por alguns anos, fizeram desacatos, puseram bombas, mataram pessoas, formaram partidos, foram a eleições. Deu mais do que tempo para as pessoas os travarem. Parece que só acordaram quando se consumou a tragédia em que morreram milhões de pessoas.
O que se está a passar em vários países da União Europeia (UE) é alarmante. De repente, por ricochete das más decisões do chamado Ocidente (EUA, RU, Alem, Fr, ..., NATO) que levaram o Médio Oriente a ficar ensopado de sangue e fome, milhões de desesperados fugiram da guerra e encheram os campos do Líbano, da Jordânia e da Turquia. Por uma propaganda sabiamente manipulada, sabe-se lá por quem (mídia, TVs, ...), essas multidões convenceram-se que o seu El Dorado seria a Europa do Norte e do Centro. Puseram-se ao caminho com a loucura que o desespero dá: a pé, por milhares de quilómetros, ou em barcos precários providenciados por passadores ávidos de lucro mas sem coração que fizeram do Mediterrâneo uma enorme sepultura. Em poucas semanas vários países da UE viram-se positivamente invadidos por multidões exaustas, famintas, doentes, desunidas. E foi o caos. Visivelmente, a UE não tinha meios, organização, competência e unidade para resolver este problema humanitário. Angela Merkel, tão desejosa de melhorar a imagem da Alemanha depois do ataque desaforado que fez à Grécia, não teve visão de estado, não soube avaliar a amplitude do desastre, deitou mão do populismo e escancarou as portas. Está agora a braços com uma oposição crescente à sua permanência no governo, dá o dito por não dito, prepara-se para deportar um número substancial de refugiados. O mesmo vão fazer a Suécia, Dinamarca, Holanda, Finlândia. E como é apanágio de incompetentes, apontam o dedo acusador à Grécia, porque tem compaixão dos desgraçados e os deixa entrar nas suas ilhas. Mais: ameaçam a Grécia de retaliação por parte da UE.
É curioso, a UE não condena os países governados por gangs que espremem os povos através dos impostos, que levam países à penúria e ao sofrimento que se deixa revelar nos números dos que se suicidam e dos que emigram. A UE, dirigida por Merkel e outros que nunca foram eleitos, só espezinha os mais fracos e pobres, mas faz vista grossa ao que se está passar nos países acima referidos. Nos dias que correm, bandos nazis desses países incendeiam habitações dos refugiados, fazem-lhes esperas para espancar, compram cada vez mais armas para enfrentar os estranhos. A Dinamarca tira-lhes o dinheiro e jóias que possam trazer. Dir-me-ão: estão a defender-se, porque vários refugiados violaram mulheres europeias, porque têm feito alguns desacatos e violências nos lugares onde vivem. É verdade. Mas não são todos nem em grande número, os casos verificados são casos de polícia a exigir mão pesada. E quem faz o favor de me ler lembrará que, entre os milhões de desesperados, entraram terroristas do maldito Califado. Concordo. Mas a tarefa de peneirar a multidão, de separar o trigo do joio, incumbe às polícias. Ninguém tem o direito de fazer o justo pagar pelo pecador.
Criticar o que se está a passar na direcção da UE não é estar contra a UE. Pelo contrário, denunciar toda esta lástima é dever dos que querem a paz na Europa. Haja dirigentes de vários países que se juntem e ponham termo a esta direcção com tanto de incompetente como de pouco séria. David Cameron, primeiro ministro da Inglaterra, é um bom exemplo*.
É chegada a hora se as pessoas acordarem e exigirem dos seus governantes que ponham os pontos nos ii em Bruxelas. É tempo de as pessoas não reagirem passivamente à subserviência duma comunicação social que, salvo honrosas excepções, está nas mãos de grupos económicos gananciosos, sem alma nem moral.
------
-- A.M.: *... exemplo de quê? Neste momento anda a impor condições especiais para o Reino Unido quanto a prestações sociais para emigrantes, furando aquilo que são princípios centrais da UE. E se há amiguinho declarado de “grupos económicos gananciosos”, é ele mesmo. Mais neoliberalismo na UE, pois então!
Merkel, neste único ponto (atenção!!), tem, reconhecidamente, e das mais variadas perspectivas (mormente progressistas), defendido uma posição humanista na “gestão” da problemática dos refugiados. E Cameron é um exemplo super autoritário e negativo da imposição dos interesses próprios na UE; tal como diz, “pomo-nos prontos a bater com a porta se não nos fizerem a vontade”.
--- F.L.: ... ela não tenha avaliado a situação dos teatros de guerra e se tenha convencido que, quando muito, à Alemanha chegaria perto de um milhão. E, mais uma vez, foi autoritária e arrogante: tomou como coisa certa que cada país ia receber um bom lote de refugiados. É não ter percebido que o vento mudou. E a situação é o que é: um charco estagnado. O pior desta história é que os parceiros de Merkel na UE são todos uns medíocres a quem incumbiram de aplicar a cartilha que sabemos à Europa do Sul. Disse e repito: Cameron é um exemplo, mas não do que aponta. A mensagem que ele está a passar para todos é esta: se quisermos, impomos outras regras de jogo e pomo-nos prontos a bater com a porta se não nos fizerem a vontade. ... E é claro que cada vez tem mais seguidores.
Com outra direcção na UE, com menos partidos de direita e menos compadrio, não vai ser difícil rejeitar o ultra-liberalismo. Só que esta via negociada leva o seu tempo, tem de ser passo a passo. O resto, que é o meu receio, chama-se memória. Nem eu a perdi nem os ingleses, os canadianos e todos os povos que fugiram para aqui. Não se podem desmentir imagens, as imagens que passam nos documentários – tão parecidas com as que bem desejávamos esquecer.
Documentário da TV alemã arrasa atuação de empresas germânicas em Portugal
(Francisco Galope, 13.11.2015 , Visão)
Saldos em Portugal, (nas privatizações e concessões) um documentário que vai estrear, em 7 dezembro, no canal público alemão WDR questiona a história de sucesso do programa de ajustamento da troika. Esse, diz-se, terá beneficiado mais as multinacionais alemãs do que a generalidade da população portuguesa.
No, seu documentário, António Cascais olha para o país onde nasceu pouco antes de emigrar com os pais para a Alemanha, com os olhos de um alemão. Não contesta que o resgate de Portugal nesta crise financeira tenha sido uma história de sucesso. «Contudo, não o foi para os trabalhadores, reformados, crianças e jovens portugueses, ao invés das empresas e multinacionais estrangeiras, entre elas as alemãs», cometa o jornalista.
Este é mais um trabalho seu envolvendo as relações luso-germânicas. E promete agitar as águas, tal como o seu filme de 2014 para o qual investigou os contornos opacos do negócio à volta de dois submarinos vendidos por um consórcio alemão ao Estado português, para o filme Corrupção – A Alma do Negócio? E cuja versão portuguesa pode ser vista no final deste texto.
No seu mais recente trabalho, Cascais mostra Portugal como o «bom aluno» que fez os trabalhos de casa – o ir além da troika no seu programa de privatizações, a redução radical da despesa do Estado, a flexibilização da legislação laboral, os cortes nas pensões, salários e na saúde e aumento dos impostos.
Elogiado pelo sucesso da saída do resgate, em 2014, Portugal é exibido como aluno exemplar – uma espécie de contraponto à Grécia. Mas o documentário questiona se esse coro de elogios corresponderá à realidade e procura dar resposta a muitas interrogações. Como é que as empresas alemãs se tornaram as principais empregadoras no País? Terão elas encontrado em Portugal melhores condições do que na Alemanha? E o que tem isso a ver com as políticas da troika? Não se deveria mudar a medicação, quando o remédio prescrito pelo Governo alemão e pela troika aos países em crise tem efeitos secundários nefastos – mesmo num aluno exemplar como Portugal?
O documentário sobre o negócio dos submarinos em português (2014):
A investida chinesa (Visão, 27.08.2015)
São, na sua maioria, grandes conglomerados empresariais. Gerem ativos superiores ao valor das 20 maiores empresas portuguesas. A China State Grid tem 1,8 milhões de trabalhadores, mais de um terço da população ativa portuguesa. Mas, afinal, porque demonstram estes colossos mundiais tanto interesse em investir num mercado tão pequeno como o português?
"...Tem sol, o ar é limpo e há grandes oportunidades de negócio." Quem o diz é Zheng Yonggang, magnata chinês ... Com avião próprio estacionado na base de Figo Maduro, ...
A empresa de Yonggang investiu mais de 20 milhões de euros em imobiliário num espaço de um ano, mas quer diversificar a área de negócios e tem mil milhões de euros disponíveis para isso.
Do afundanço da banca, no PSI-20 (-por N.Serra, 13/10/2015, Ladrões de B.)
Portugal vai emitir mais dívida para compensar 'buraco' do Novo Banco (DR,6/10/2015)
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) já tem um plano para compensar os 3.900 milhões de euros em falta após a suspensão da venda do Novo Banco («BES bom»). ...“prevê a realização de um a dois leilões de Obrigações do Tesouro, sendo esperadas colocações de 750 a 1000 milhões de euros por leilão”.
Os 2.000 milhões de euros adicionais fazem aumentar o total de financiamento previsto no último trimestre do ano para quase 6.000 mil milhões de euros, juntando os leilões de longo prazo aos de títulos de dívida com maturidades mais curtas. No calendário do IGCP estão previstas três emissões com prazos até 11 meses, em outubro, novembro e dezembro, com montantes indicativos entre os 1.000 e os 1.250 milhões de euros.
Deverá também confirmar-se o congelamento dos reembolsos antecipados ao FMI até ao final do ano, adiando os pagamentos até existir maior liquidez nos cofres do Estado. Recorde-se que este ano, Portugal já pagou 8.400 milhões de euros emprestados pelo Fundo Monetário Internacional
ATENÇÃO, MUITA ATENÇÃO :
Os portugueses devem ficar descansados já que Passos Coelho tranquilizou os portugueses dizendo-lhes que o processo do Novo Banco não lhes traria quaisquer encargos... Assim sendo, esta emissão de dívida vai ser suportada por Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, Paulo Portas e Cavaco Silva, os tais que referiram que o erário público não seria afectado...
Parece que não. De outra forma não se percebem as mais recentes declarações do ainda ministro da Economia que não deve ter percebido onde a administração do grupo VW quis chegar quando afirmou que os investimentos que “não são absolutamente vitais serão cancelados”.
Portanto ou estamos hoje perante um novo caso de mentira e/ou incompetência, a que se junta agora um momento de irresponsabilidade ao melhor estilo cavaquista, ou o homem não sabe mesmo o que se está a passar. De outra forma não se compreendem declarações como esta:
«Não temos nenhuma razão para duvidarmos ou estarmos ansiosos em relação a este investimento, tem sido sempre considerado pela Volkswagen como essencial ao desenvolvimento da sua actividade comercial.»
Não se trata aqui daquilo que se considerou ou deixou de considerar. Trata-se da reavaliação a que todos os investimentos do grupo serão alvo numa mudança drástica de contexto. E “considerado essencial” não é bem a mesma coisa que “absolutamente vital”.
Tomara que o ministro esteja certo e que a mais recente catástrofe provocada pelo capitalismo sem freios passe ao lado da nossa Autoeuropa. Mas exige-se mais contenção e bom senso a Pires de Lima. A situação não está para brincadeiras ou discursos fáceis. Existem razões para estarmos preocupados e o tempo de enganar os portugueses terminou há uma semana.
--------- A Alemanha e ... vista da Grécia (via Entre as Brumas...., 27/9/2015)
Crise da Eurolândia: W. Munchau põe o Dedo ao lado da Ferida (29/9/2015, oEcon.Port.)
O consenso germânico começa a ser ameaçado: A Srª Merkel está a cair nas sondagens devido à imigração e à dívida grega
----- A defesa da Europa que faz falta (- Jeremy Corbyn em defesa da permanência do Reino Unido na Europa. Um discurso notável com uma avaliação política rigorosa da situação actual e daquilo que importa fazer no contexto europeu. Não me recordo de um líder partidário com uma posição de esquerda tão clara e tão corajosa. Como é que os nossos comentadores e jornalistas podem continuar a perorar sobre a, por eles imaginada, vontade do novo líder do Labour de sair da Europa?
Jeremy Corbyn’s Speech On The EU Referendum ( @SocialEurope )
For me as a lifelong socialist, Europe has always been a paradox. It was set up by catholic liberals and conservatives in the 1950s as an answer to the nationalisms that destroyed Europe in the first half of the 20th century.
Left wing or socialist it certainly wasn’t and never has been. Today, Europe is firmly in the hands of conservatives (/ neoliberals) in the European People’s Party with their officials in place controlling the European Commission, the European Central Bank and the IMF.
Yet for all that Europe is the only regional block in the world where workers’ rights are written into the treaties that govern Europe and which are upheld by its supervisory court.
In North America there is a free trade agreement (NAFTA) between the US, Canada and Mexico. But it excludes all social rights from its provisions. Mexican lorry drivers take their Corona beer to the US-Mexico border and there have to offload the bottles onto American trucks controlled by the protectionist Teamsters union with all its dubious history. Mexican workers are not allowed to share in prosperity further north and as a result become economic migrants forced to enter the US illegally. Or they turn to narco-crime because unlike Europe there is no free commerce and no free movement across frontiers.
I do not want barriers to British lorries driven by British workers and British products made by British workers springing up which would be one of the consequences of Britain leaving the EU as so many Tory MPs believe should happen.
It is no secret that I am a convinced internationalist. I have seen far more support from the European Parliament for great international causes of human rights and justice from Palestine to Colombia than I have from any national parliament including our own.
I oppose the current austerity ideology of the dominant European People’s Party conservatives that have imposed hardship and damage on many European nations and in the case of Greece driven millions into poverty.
Germany had its debt written of in 1953 and Poland in 1992 and Ireland was given €10 billion by George Osborne in 2010 to bail out corrupt and crooked banks.
The punishment of Greece to satisfy the ideology of economists in love with early 20th century Austrian economic conservativism is shameful. But I note that my friends in Pasok and Syriza do not support withdrawing from the Euro let alone the EU. Nor does Podemos in Spain. It is always workers and the poor who suffer when their currency is devalued, the price of essential goods and services goes up.
A return to a Europe of rival currencies may be the dream of the hedge fund speculators who finance Ukip and Europscetic think-tanks. It is not.
I recommend everyone to read Professor Ian Kershaw’s book “To Hell and Back. Europe 1914-1949” just to remind ourselves of what a capitalist, nationalist, frontier-closing Europe was like and the wars and exterminations of the Europe in the first half of the last century was like.
I want a different Europe but unlike David Cameron and Nigel Farage I am not prepared to take a risk with our participation in Europe from the EU to the European Court of Human Rights just to pander to those dreaming of the old Europe of populist nationalisms.
I want to work with progressive and socialist parties and thinkers in Europe in and out of government for a programme for relaunching European wide growth based on social justice and productive investment.
Britain can learn from many examples in the EU of making training compulsory, regional investment banks, social partnership, powerful trade unions and other measures that promote social justice and lessen the creed of greed that animates today’s Tories.
And when I recall the history of the 1930s and I listen to European People’s Party conservatives like the EPP Fidesz party in Hungary refusing to accept any refugees I worry that the rise of nationalist, xenophobe, border-closing Europe may be closer than we think.
That is why despite my many reservations about aspects of EU governance I do not support the Tory-Ukip-Daily Mail line of perpetual hostility to Europe that we have seen grown in power and influence this century.
Ukip is an offshoot of the Tory Party and nothing Nigel Farage says about Europe has not been said over the past 15 years by senior Conservatives.
If there is a danger of the UK pulling out of the EU – and there is – the fault lies squarely and completely with William Hague, Iain Duncan Smith and David Cameron and the off-shored owned press for creating such animus and dislike against the EU in recent years.
Margaret Thatcher liked to quote Clement Attlee who called referendums “the device of dictators and demagogues”. David Cameron’s Brexit referendum announced in 2013 was a cynical, opportunistic ploy to try and win back anti-EU votes that had switched from Tories to Ukip.
Now he risks the isolation of Britain not just from Europe but a new isolationist Britain that will lose influence and authority in all world forums.
I do not want that to happen. But the clamour of the CBI, the City and other business outfits for a massive weakening of such Social Europe rights as do exist in the UK thanks to our membership of the EU will undoubtedly push many millions of workers and their unions to vote to leave the EU.
If David Cameron brings back some deal from the EU which includes the reduction of workplace rights what does a party that represents the world of work do?
The ball is firmly in David Cameron’s court. He has helped fuel anti-European passions in Britain since Labour won office in 1997. He has repeatedly demanded an end to or a weakening of Social Europe in Britain. He has called this unnecessary and dangerous plebiscite for opportunistic reasons. He is without honour or purpose on Britain’s place as a leading global nation including being part of a modern, reformed, growth-focused, socially fairer EU.
If when the referendum vote arrives the result is the isolation of Britain then the responsibility lies utterly with David Cameron. Labour will support membership of an EU that stands for democracy, human rights, international solidarity and fair play for workers.
This unnecessary referendum has been called by David Cameron and only he can lose it. Labour cannot win it for him. The responsibility for keeping Britain in Europe lies with Mr Cameron, no-one else.
Imigrados: é sensato recear a «Invasão pacífica»? Como agir Amanhã? (17/9/2015, Econ.P.)
Dito por outras palavras. Berlim está de cabeça perdida. Aliás, a proposta dos campos de concentração, chamados quotas obrigatórias de refugiados, é a insistência no modelo de política migratória que acabou de falhar. Com efeito, quando as quotas estiverem esgotadas, que medida tomaremos? Ora há uns 14 milhões de refugiados e a omnisciente Comissão de Bruxelas promete-nos resolver o problema com quotas de menos 200 mil imigrantes, isto é, quer quotas 70 vezes menores do que as necessidades potenciais. Isto não é sério.
Berlim age por uma mistura de demagogia, desespero e imprevidência. ... a questão migratória não se resolve enquanto não reconstruirmos os Estados do sul do Mediterrâneo e não os ajudarmos no caminho do desenvolvimento económico – em concatenação com a imigração organizada de que a velha Europa precisa para ultrapassar o Cabo das Tormentas de 2050. Chantagens, ameaças, campos de concentração mal amanhados – só agravarão os problemas de Portugal e do resto da Europa.
Portugal, aluno modelo? (R.Namorado, OGrandeZoo, 16/9/2015)
É este título interrogativo que encabeça um texto sobre a situação atual do nosso país que acaba de ser publicado no número de setembro do magazine francês, Alternatives Economiques. (nº349 – setembro de 2015). São seus autores, Sandra Moatti e Alexis Toulon.
No seu início, pode ler-se a seguinte frase destacada:” Portugal retomou o crescimento e libertou-se da troika, mas o seu endividamento público e privado, continua colossal e a sua economia muito frágil”.
Dele vou traduzir a segunda parte desse texto, tecendo depois alguns comentários acerca do respetivo conteúdo. Atentemos no texto que mostra como é grande o embuste com que a direita quer enganar os portugueses, através de uma propaganda mentirosa e desonesta. Eis o extrato que referi, cujo subtítulo é significativamente, Enormes fragilidades
“Menos punitiva do que para a República da Grécia, a cura deixou no entanto marcas profundas sobre no tecido económico e social. O investimento afundou-se 35% desde 2008. A taxa de desemprego subiu até aos 17,5% em janeiro de 2013 e atinge ainda 12,4% em junho de 2015, e 31,6% entre os menores de 25 anos. Um refluxo que se explica em boa parte pela emigração massiva: mais de 100.000 portuguese deixam o país em cada ano desde o início da crise, em maioria jovens diplomados, e a população ativa recuou 350.000 pessoas entre 2008 e 2015. Os bancos, no entanto recapitalizados, continuam frágeis, como o mostrou o resgate do Banco Espírito Santo em 2014 e o falhanço do Banco Comercial Português nos testes de resistência do banco central Europeu (BCE) em outubro passado.
E se enfim a atividade económica arrancou a partir do segundo trimestre de 2014, fê-lo em bases frágeis. No primeiro trimestre de 2015, a produção portuguesa continuava mais de 7% aquém do seu nível do início de 2008 e mesmo abaixo do seu nível de 2001. Com um setor industrial que continua a representar 20% do PIB e os salários que baixaram 5,3% entre 2010 e 2014, o país reencontrou realmente uma certa competitividade custo: uma hora de trabalho portuguesa custa 9,80 euros, todos os encargos considerados, contra 14,40 euros na Grécia. O que permitiu dopar as exportações, nomeadamente, no seio da união Europeia. Mas a produtividade da mão-de-obra continua ela também muito fraca: um trabalhador gera apenas 17,10 euros por hora trabalhada, contra 20 euros na Grécia e 32 ao nível da União.
Portugal continua a depender fortemente da indústria com fraco valor acrescentado, como é o caso do têxtil, que representa 10% das suas exportações. O nível de educação dos portugueses continua a ser um dos mais baixos da Europa: somente 43% dos mais de 25 anos concluíram o ensino secundário (contra 68% na Grécia e 76% no conjunto da União). Uma situação que a crise degradou ainda mais com os cortes orçamentais que amputaram um investimento público já pouco elevado, bem com as despesas com a educação.
Contrariamente às economias grega ou espanhola, a economia portuguesa não tinha tido nenhum “boom” antes da crise ela tinha vegetado durante toda a primeira parte dos anos 2000. Beneficia hoje da energia e de um euro não caros enquanto a política activa do BCE faz baixar os custos de financiamento. Mas o crescimento continua demasiado frágil para permitir que os agentes económicos se desendividem. Portugal é com efeito um dos países da União onde o endividamento total é mais pesado. Ele representa 486% do PIB, bem mais do que os 364% da Grécia ou dos 321% da média da zona euro. A dívida pública de Portugal que , como na Grécia, continuou a crescer com a ação da troika, passou de 111% do PIB em 2011 para 129% em 2014. Mas a das famílias é também colossal, 120% do PIB, tal como a das empresas não financeiras que é de 237%.
Apesar disto, o país conseguiu escapar às garras da troika em maio de 2014 e o seu Estado financia-se a taxas historicamente baixas: menos de 3%. Mas, mesmo baixas, as taxas de juro pagas pelos agentes económicos continuam superiores à taxa de crescimento dos seus rendimentos, e num tal contexto o peso das dívidas não pode baixar. Tal como a Grécia, Portugal precisará de um política de investimento massivo e de um apagamento da dívida para que a sua economia verdadeiramente recupere. Aquando das tensões surgidas nos últimos meses por causa da situação grega, a taxa das obrigações portuguesas voltou a subir. Antes de voltar a descer depois do acordo de julho passado. Se o Grexit tivesse ocorrido, todos sabemos que Portugal seria o que viria a seguir na lista.”
Comentário:
Este excerto mostra quão descarado é o embuste assumido pelos partidos da direita que formam o atual governo, quando ficcionam um país viçoso e economicamente saudável graças aos seus méritos imaginários. A coligação que nos governa é um desastrado grupo de capatazes do capital financeiro, cuja agenda neoliberal segue docilmente, não sem que se tenham desgraçadamente aprimorado num fatal excesso de zelo que muitos e muitos portugueses pagaram duramente. Para se desembaraçarem da sombra do servilismo perante interesses estrangeiros, os do capital financeiro internacional, vestiram-se de um nome – disfarce, usando o nome de Portugal para esconderem quanto dele se têm afastado.
O gang do grande capital internacional (/"os mercados"/ "bangsters"), onde se destaca o FMI, o BCE, as agências de 'rating'/ notação financeira, as 'offshores', a alta burocracia da União Europeia e os principais dirigentes do PPE/direita, com especial destaque para os alemães, comporta-se como se Portugal estivesse a respirar saúde com as mesmas motivações que antes o levaram a ficcionar desastres e a construir uma ameaça de bancarrota. Os alegados mercados ajudam à festa, mostrando bem o que realmente os move. Dispostos a “salvar” países, na estrita medida em que tal seja necessário para “salvar” bancos, vestem a pele de credores, mas verdadeiramente apenas usam essa posição para impor políticas e agravar sujeições.
A sua 'generosidade', em face de um “status quo” económico-social que permanece desastroso, só tem paralelo na sua intransigência hostil, quando deram à troika o papel de garante da aplicação de uma política de direita (não só antipopular como antinacional) que em democracia os portuguese nunca teriam aceitado. Os seus dóceis mandatários que nos governaram nesta ultima legislatura são agora levados ao colo, mas não entram pela porta principal, continuando a servir as bicas aos senhores.
Não enxotar de vez esta coligação de criados de libré do grande capital financeiro, pode suscitar os aplausos da Sr.ª Merkel ou do afogueado Camarão britânico, mas arrastará o nosso país para o risco de um colapso civilizacional. Se o soubermos ler, é isto que nos mostra o texto acima transcrito.
--------- A Volkswagen vista da Grécia (via Entre as Brumas...., 27/9/2015)
BLOGS
Ass. Moradores Bª. Cruz Vermelha
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
MIC-Movimento de Intervenção e Cidadania
Um ecossistema político-empresarial
COMUNICAÇÃO SOCIAL
SERVIÇO PÚBLICO
Base - Contratos Públicos Online
Diário da República Electrónico
SERVIÇO CÍVICO