A zona nobre e a zona pobre ou a cidadania A e a cidadania b (-por F.Campos, 2/6/2014)
Não haja duvidas que para certa gente, sobretudo quando lhes convém, a memória é curta, mesmo muito.
Essa gente esqueceu, por completo, todo o debate que antecedeu a elaboração e aprovação da lei de delimitação de mandatos dos titulares de presidentes dos órgãos executivos autárquicos.
Olvidam que os fundamentos e preocupações para a tomada dessa iniciativa legislativa giraram (e giram ainda para os eleitores e pessoas de boa fé) em torno dos detentores dos cargos e por causa de situações como as surgidas em Gondomar, Oeiras, Braga, Guarda, Santarém e tantos outros lugares onde existiram indícios de corrupção e conflitos de interesses caciqueiros.
Tais conflitos e atos corruptos não se deveram aos territórios mas sim a comportamentos de alguém, com influência nos meandros das burocracias, prejudicando o erário publico concomitantemente com o enriquecimento elícito de alguém.
Entender que a lei “não é um castigo sobre os autarcas, sobre a função é uma limitação territorial” é claramente uma interpretação desviante em função do interesse próprio.
Morreira da Silva, responsável do PSD para a coordenação autárquica, pode entender que a lei não deva ser interpretada, objectivamente, como um castigo de quem exerce a função de presidente de junta ou de município. Também assim o entendemos. Agora, afirmar que a dita legislação se destina a uma limitação territorial seria aceitar que qualquer cacique e traficante de influências em obras municipais se anula mudando-o de território e que o mesmo se pode mudar, por exemplo, de armas e bagagens de Cintra para Lisboa, de Gaia para o Porto, de Santarém para Oeiras, de Braga para Faro ou de Bragança para Lagos.
O senhor Moreira da Silva até pode ludibriar os militantes do PSD mas não pretenda atirar, a todos os eleitores, com areia para os nossos olhos. Isso é abusar da nossa paciência!
Outra nota muito estranha, (olhe que não, olhe que não) na entrevista que deu ao DN, é quando Moreira da Silva que diz que “é preciso proteger os mais pobres” só que para este governo, do qual é um dos primeiros mentores, “os mais pobres” são os que recebem menos de 600€ de reforma, os sem-abrigo que nem recorrem ao SNS, ou reclamam qualquer apoio do Estado. Todo aquele que reclamando os seus créditos do acumulado no fundo de pensões e tenham direito mais dos 600€ são considerados ricos a que se carrega com impostos.
Querem um país de pobres e indigentes pedintes às portas das misericórdias.
Escola da Fontinha: just do it (-por Daniel Oliveira)
E durante um ano aquele edifício abandonado foi usado pela comunidade: atividades culturais, acompanhamento escolar para os miúdos, aulas. As pessoas que ali trabalharam faziam-no de graça. E isso Rui Rio nunca entenderá.
Muito menos a ideia de um grupo de cidadãos se juntar, na "sua" cidade, sem a sua superior autorização, para fazer alguma coisa pelos outros. Muito menos para desenvolver qualquer tipo de atividade cultural que não passe pelo seu crivo provinciano. Rui Rio matou a vida cultural do Porto, transformando uma das mais vibrantes cidades portuguesas numa pequena cidade de província. Porquê? Porque Rui Rio é um verdadeiro autoritário. Abomina a liberdade dos outros, a criatividade dos outros, a opinião dos outros.
Mas a Escola da Fontinha carregava outro perigo: ao usarem uma ruina da incúria do poder local para fazerem qualquer coisa de útil para os outros, coisa que todos os vizinhos agradecem e aplaudem, aquelas pessoas exibiam, sem terem de abrir a boca, a negligência do presidente da Câmara. E passavam uma mensagem que Rio não aguenta: se quem te governa não cumpre, faz tu. Muito menos quando quem o faz não procura o lucro.
O despejo violento de gente que usa um espaço abandonado, ao qual o Estado se recusa a dar uso, para ajudar a comunidade, é um excelente retrato da cultura política e cívica o poder Estado português. Não serve para servir a comunidade.
Serve para impor a vontade do governante. E para exibir o seu poder, não se importa de deixar um edifício emparedado no lugar onde alguém fazia alguma coisa de útil. O gesto autoritário do Presidente da Câmara, injustificável aos olhos de qualquer pessoa com o mínimo de sentido cívico, faz todo o sentido: não é Rui Rio que serve o Estado para este servir os cidadãos. É o Estado que serve Rui Rio para os cidadãos se vergarem ao seu poder.
Querem saber porque somos um país atrasado e subdesenvolvido? Porque admiramos a autoridade de homens como Rui Rio. Como se a força bruta fosse a única forma de poder que entendemos.
Do meu lado, aqueles que fizeram a Escola da Fontinha só podem merecer o respeito, admiração e solidariedade. Eles são, com a sua vontade e generosidade, quem pode fazer deste país uma sociedade decente. Rio, na sua soberba autoritária, é apenas um reflexo da estupidez arrogante do poder que nos atrasa há séculos. E não encontro melhor data para escrever este artigo do que o dia 24 de Abril.
Fontinha (-por Bruno Sena Martins) "Activistas do movimento Es.Col.A reocuparam a Escola da Fontinha, no Porto, em 25 Abril 2012."
Vir a público (como fez agora o vice presidente da Associação dos Municípios) esgrimir como argumento de defesa das suas teses a acusação de que o governo injecta, todos os meses, rios de dinheiro nas empresas públicas sem distinguir a realidade dos factos é de má-fé, é hipócrita e revela ignorância.
Esses autarcas esquecem que cobram impostos e aplicam taxas cujo valor já pesa, significativamente no bolso dos contribuintes, coisa que tais empresas, mesmo as dos transportes, não podem fazer.
Os autarcas (a grande maioria) que fazem demagogia eleitoral em vésperas de eleições têm de assumir as respectivas consequências, fazem-no em proveito próprio.
Já as empresas do SEE, nomeadamente as dos transportes, têm sido, abusivamente, utilizadas por todos os governos que passaram nos últimos trinta anos por São Bento, com a conivência da Assembleia da República, para fazerem as mais desbragadas promessas eleitorais, obrigando as mesmas a endividamentos cujos encargos se tornaram incomportáveis e a que estão subjugadas.
Só no caso do Metro de Lisboa a divida acumulada ronda os quatro mil milhões de euros na sua esmagadora parte contraída para realizar obras mandadas fazer em épocas de eleições e a expensas da própria quando seria normal que quem manda devesse pagar tais desmandos.
Demagogias, populismos e irresponsabilidades é o pão de cada dia começando e acabando nos próprios órgãos que deveriam exercer controlo em tais desvarios: AR, TC, PJ, PGR, PR… e o povo, pois claro!
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