Sábado, 27.02.16

NATO ? Para quê ?   (Aventar, 26/02/2016 por João Mendes)
(OTAN: Organiz. do Tratado do Atlântico Norte, ...que chega até à Turquia e mais além...)

Empire Military Democracy

   Fez ontem 25 anos que os membros do Pacto de Varsóvia se reuniram na Hungria e chegaram a um acordo para a dissolução da organização, uma decisão precipitada pela fragmentação em curso da União Soviética. Dissipada a ameaça soviética, o outro império optou por manter a sua rede militar de poder e, 25 anos após ter deixado de fazer sentido no campo do equilíbrio de forças, a NATO está viva e continua a servir os interesses geopolíticos e militares da superpotência sobrevivente, usando a defesa dos seus aliados como mera fachada para as suas ambições imperialistas.

     Que sentido faz hoje a existência da NATO? Confesso que não vejo outra razão que não a legitimação da hegemonia norte-americana. Que ameaças reais existem hoje que possam atormentar a segurança dos países ocidentais? O palhaço norte-coreano? A China comuno-capitalista? A Federação Russa que a única coisa que quer é jogar o mesmo jogo que os EUA, com a ocasional violação da soberania de um seu vizinho? E desde quando é que a NATO se preocupa com isso? Existirão assim tantas diferenças existe entre as invasões russas da Ossétia e da Ucrânia e as invasões norte-americanas do Iraque ou do Afeganistão, para além do desfasamento geográfico e do facto das segundas terem deixado um rasto de destruição incomparavelmente maior?

     Com o fim da Guerra Fria, a NATO perdeu a sua razão de ser. A globalização criou uma interdependência planetária tal que o risco da Federação Russa invadir a Europa é praticamente nulo e as consequências seriam catastróficas para ambos os lados. Para além de que, se os EUA supostamente partilham dos mesmos valores e interesses que o restante Ocidente, porque não viriam eles em seu auxílio como vieram durante as grandes guerras? Já era tempo de colocar um ponto final neste teatro. O Europa não precisa da NATO para nada. Mas seria interessante que os parceiros europeus tivessem a sua própria política externa de defesa, capaz de proteger o seu espaço geográfico comum. Só para não sermos apanhados com as calças na mão. Daí até continuar a beijar o anel ao imperador vai um longo caminho.

-----  Semear a guerra para colher milhões:   à indústria bélica, a crise nunca chega 


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Segunda-feira, 14.12.15

Rewind/ Fast Forward buttons   (por j.simões, derTerrorist, 13/12/2015)

Em 1999 não só falar nisto era inventar uma grandessíssima mentira como desmascarar e denunciar situações como esta era incorrer num crime contra o desenvolvimento e a globalização e a globalização e o desenvolvimento, uma só e a mesma coisa, um libelo contra o futuro radiante do 3.º mundo com crescimento de dois dígitos a perder de vista, para o infinito e mais além, quase a apologia do regresso aos tempos imediatamente anteriores à Revolução Industrial, a condenação de quase dois terços da população mundial à miséria e ao subdesenvolvimento de onde o (neo)liberalismo e a desregulação as iam definitivamente retirar.     

    E ainda continua a ser, mas este caso era dentro de portas e há que manter as aparências e o bom do nome da Europa da legalidade e dos Direitos Humanos.
     «Parte das roupas à venda, até 2009, nas prateleiras de algumas das grandes cadeias de moda espanholas, como a Inditex e o El Corte Inglés, foram fabricadas pela máfia chinesa a partir de instalações clandestinas nos arredores de Barcelona. A revelação é do El País, que teve acesso ao relatório judicial da Operação Wei, que pôs a nu uma teia de subempreiteiros, em que cerca de meio milhar de chineses, na sua maioria em situação irregular, eram obrigados a trabalhar em condições de quase escravatura.»

     (e) Desconfio do "desconheciam a situação" mas isso sou eu, um perigoso esquerdista do reviralho.

-----  Uma sugestão de leitura "O Culto das Marcas, Quando os consumidores se tornam verdadeiros crentes". Abraço. Sombra.

-----  1100 milhões já voaram. Por favor, não metam lá mais dinheiro dos contribuintes.

 (por Diogo Moreira, 14/12/2015, 365forte)  Banif:  está tudo preparado para uma intervenção no banco

-----  Obrigado Dr. Luís Amado !     (T.M.Saraiva, em 14.12.15) 

 Por ter feito com que todos e todas possamos ser accionistas de um banco privado comprando, no decorrer do dia de hoje, mil acções do BANIF pelo preço de um café.

----- Descodificando: Bruxelas quer que os estados-membros da UE aceitem todas as exigências do Reino Unido.      (por D.Moreira, 365forte)

-----              Sinais da ex-maioria (PSD/CDS)     (por D.Moreira)
    Com esta notícia, e talvez outras coisas que se calhar ainda vamos descobrir antes do novo ano, já se compreende porquê é que a Maria Luís não vai ser deputada na Comissão de Orçamento e Finanças
 (Sniff, sniff) Há um cheiro característico no ar. Parece-me que vamos estar bem tramados…


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Sábado, 21.11.15

(Francisco Galope, 13.11.2015 , Visão)

     Saldos em Portugal, (nas privatizações e concessões) um documentário que vai estrear, em 7 dezembro, no canal público alemão WDR questiona a história de sucesso do programa de ajustamento da troika. Esse, diz-se, terá beneficiado mais as multinacionais alemãs do que a generalidade da população portuguesa.

      Da autoria do jornalista português António Cascais, que reside há 45 anos na Alemanha, o filme contraria a ideia difundida na opinião pública germânica de que a intervenção da troika em Portugal foi um sucesso – um caso apresentado como a prova final de que, apesar do desastre grego, afinal, a austeridade prescrita pela chanceler Angela Merkel e pelo ministro das Finanças Wolfgang Schäuble funcionou.

      Durante a intervenção da troika, um período em que o vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, afirmava que o País estava a viver sob “protetorado”, o Instituto da Economia Alemã (IDW, um think tank próximo das estruturas patronais germânicas), considerou que um programa de ajustamento bem sucedido em Portugal, teria uma «incalculável força simbólica para a estratégia de ajuda da zona euro».

    No, seu documentário, António Cascais olha para o país onde nasceu pouco antes de emigrar com os pais para a Alemanha, com os olhos de um alemão. Não contesta que o resgate de Portugal nesta crise financeira tenha sido uma história de sucesso. «Contudo, não o foi para os trabalhadores, reformados, crianças e jovens portugueses, ao invés das empresas e multinacionais estrangeiras, entre elas as alemãs», cometa o jornalista.

    Este é mais um trabalho seu envolvendo as relações luso-germânicas. E promete agitar as águas, tal como o seu filme de 2014 para o qual investigou os contornos opacos do negócio à volta de dois submarinos vendidos por um consórcio alemão ao Estado português, para o filme Corrupção – A Alma do Negócio? E cuja versão portuguesa pode ser vista no final deste texto.

   No seu mais recente trabalho, Cascais mostra Portugal como o «bom aluno» que fez os trabalhos de casa – o ir além da troika no seu programa de privatizações, a redução radical da despesa do Estado, a flexibilização da legislação laboral, os cortes nas pensões, salários e na saúde e aumento dos impostos.

     Elogiado pelo sucesso da saída do resgate, em 2014, Portugal é exibido como aluno exemplar – uma espécie de contraponto à Grécia. Mas o documentário questiona se esse coro de elogios corresponderá à realidade e procura dar resposta a muitas interrogações.   Como é que as empresas alemãs se tornaram as principais empregadoras no País? Terão elas encontrado em Portugal melhores condições do que na Alemanha? E o que tem isso a ver com as políticas da troika? Não se deveria mudar a medicação, quando o remédio prescrito pelo Governo alemão e pela troika aos países em crise tem efeitos secundários nefastos – mesmo num aluno exemplar como Portugal?

      O documentário sobre o negócio dos submarinos em português (2014):

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     A  investida  chinesa      (Visão, 27.08.2015)

São, na sua maioria, grandes conglomerados empresariais. Gerem ativos superiores ao valor das 20 maiores empresas portuguesas. A China State Grid tem 1,8 milhões de trabalhadores, mais de um terço da população ativa portuguesa. Mas, afinal, porque demonstram estes colossos mundiais tanto interesse em investir num mercado tão pequeno como o português?

"...Tem sol, o ar é limpo e há grandes oportunidades de negócio." Quem o diz é Zheng Yonggang, magnata chinês ... Com avião próprio estacionado na base de Figo Maduro, ...

A empresa de Yonggang investiu mais de 20 milhões de euros em imobiliário num espaço de um ano, mas quer diversificar a área de negócios e tem mil milhões de euros disponíveis para isso. 



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Quinta-feira, 02.07.15

Revolta contra a sede do império      (J.L. santos, 12/7/2015, Entre as brumas)

    «O que se está a assistir na Europa com os acontecimentos na Grécia, particularmente a grande maioria de votantes que recusaram as políticas de austeridade embora não haja condições para dela se descartarem, no referendo que o governo grego decidiu convocar, é motivo para uma reflexão acerca das relações de Berlim com os restantes Estados da União Europeia (nomeadamente com os respectivos povos), especialmente aqueles que adoptaram a moeda única.
      Adiante-se que não me parece que os dirigentes gregos consigam o que pretendem. Quando muito a sua forte teimosia poderá conseguir que a União Europeia autorize uma reestruturação da dívida, reduzindo em parte o montante de juros que está a pagar aos credores, cujo valor retira qualquer possibilidade de enveredar por políticas de crescimento económico.
     O que pretendo é chamar a atenção para o clamor da população grega contra Berlim, que é acusada de prosperar à custa da crescente miséria dos países do Sul, evidenciando um antigermanismo acentuado. (...)
     A adopção da moeda única, que não é igual ao marco alemão mas está mais próximo dele do que das anteriores moedas dos países do Sul, particularmente dos mais fracos, veio criar a estes sérios problemas, dos quais se destaca como central a perda de liberdade de acção, tanto externa como interna. Estão permanentemente ameaçados pelo impacto de crises. (...) Estes países, nomeadamente os respectivos governos, sentem-se manietados por um invisível colete-de-forças, por se verem impotentes para modificar a situação.
     Só a existência de um mecanismo de transferências compensatórias dos países mais ricos, beneficiados com o euro, para os mais pobres, por ele prejudicados, poderia atenuar aquilo que estes sentem como injustiças, gerando um mal-estar difícil de atenuar.
     Esta “malaise” leva os povos a considerar como culpados aqueles que mais vantagens retiram dos dispositivos existentes, ou seja, os alemães. Como resultado do poder que lhe atribuem. O que se traduz em medo e inveja. (...)
     Mas basta observar Schäuble, ministro das finanças alemão, cuja insuportável arrogância se manifesta quando, aparentemente em tom de brincadeira, vai revelando o que pensa realmente sobre o poder imperial de Berlim sobre os restantes países europeus particularmente os periféricos. Ao afirmar que talvez valesse a pena falar com o secretário de tesouro norte-americano, a fim de apresentar a proposta de trocar a Grécia por Porto Rico.
      É contra manifestações de imperialismo deste tipo que se insurgem os cidadãos de uma Europa que, infelizmente, se deixou capturar pelas malhas do euro, ficando sem opções próprias. Parecendo, agora, restar-lhe apenas um único caminho - a obediência cega aos ditames alemães como “bons alunos”. Em vez de vários países em idênticas circunstâncias e com os semelhantes problemas conjugarem as suas posições e procurarem caminhos comuns para conseguirem massa crítica suficiente e assim poderem influenciar quem tem a última palavra em termos de decisão – a chanceler alemã. »

          Danos  e  dolo  

 

      Parafraseando José Saramago, há uma regra fundamental que é, simplesmente, não calar.   Não calar!

O despacho nº 7031 – A/2015 introduz o ensino de (chinês/) mandarim em algumas escolas secundárias públicas no próximo ano lectivo. Os professores serão chineses e as despesas correm por conta da República Popular da China, mediante um protocolo com o Instituto Confúcio. Este instituto tem por objectivo imediato a promoção da língua e da cultura chinesas. Mas outros vêm a seguir, ou mesmo antes, pese embora tratar-se de matérias a que Confúcio era avesso. Com efeito, logo que a iniciativa foi conhecida, chegaram notícias de experiências idênticas de/em países ocidentais, que cancelaram acordos similares por ameaça à liberdade académica (vigilância indesejável de estudantes e actos de censura).

     Dito nada pelo Ministério da Educação sobre este começo menos auspicioso, sobram perguntas, a saber:   que diz o ministro à suspeita transnacional (França, Suécia, EUA e Canadá, entre outros) quanto à utilização do Instituto Confúcio como instrumento de promoção da ideologia do governo chinês?   Poderemos aceitar que uma disciplina curricular do sistema de ensino nacional seja leccionada por professores estrangeiros, escolhidos pelo governo da China, pagos pelo governo da China e com programas elaborados por uma instituição que obedece ao governo da China? Conhecida que é a complexidade extrema da aprendizagem do Chinês-mandarim, particularmente no que à escrita respeita, fará sentido iniciá-la… no 11º ano?   Terá a iniciativa relevância que a justifique?   Pensará o grande timoneiro Nuno Crato substituir o Inglês (cujos exames acabou de entregar a outra instituição estrangeira) pelo mandarim, como língua de negócios?   Ou tão-só se apresta, pragmaticamente, a facilitar a vida aos futuros donos disto tudo, numa visão futurista antecipada pela genialidade de Paulo Futre?
     A indústria do financiamento alienou por completo a solidez pedagógica das decisões e transformou o currículo escolar numa manta de retalhos de experimentalismos sem coerência.

    O ministério de Nuno Crato ficará marcado por um contínuo de soluções aos solavancos, determinadas pela ânsia de responder a um sistema político e económico que exige do ensino resultados com impacto rápido no sistema produtivo. Uma simples lógica de obediência a mecanismos simplistas de mercado, com total desprezo pela vertente personalista da acção educativa e pela necessidade de colher aceitação social para as políticas educativas.

     Quando, em Novembro de 2013, o Governo aprovou o Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo, revendo por decreto o artigo 75º da Constituição da República, porque derrogou por essa via o carácter supletivo do ensino privado nele contido, escrevi que a regulamentação que se seguiria criaria uma engenharia social e económica similar às parcerias público-privadas. Aí está tudo confirmado pela Portaria nº 172-A/2015 e aviso de abertura do concurso subsequente. São 656 turmas dos 5º, 7º e 10º anos, num total superior a 16.400 alunos, que poderão sair do ensino público para o privado, com o financiamento garantido pelo Estado, à razão de 80.500 euros por turma. Estaremos a falar de uma despesa pública que se aproximará dos 150 milhões de euros. Esta despesa é nova, soma-se ao financiamento do mesmo género que o Estado já suporta e, na maior parte dos concelhos em análise, as escolas públicas têm capacidade para receber os respectivos alunos. Querer tornar indiferenciáveis, por via da falsa questão da liberdade de escolha, o sistema de ensino público, sem fins lucrativos, e o sistema de ensino privado, com fins lucrativos, é uma subtileza ardilosamente concebida por este Governo para fazer implodir o princípio da responsabilidade do Estado no que toca ao ensino de todos os portugueses.

     O que influencia mais a produtividade das organizações?  A qualidade dos que gerem ou a competência dos que trabalham?   Quando a organização sob análise é o sistema de ensino, diz-me o conhecimento empírico, longo, e o estudo de anos, muitos, que outras fossem as políticas e outros seriam os resultados. Com os mesmos professores. Com os mesmos alunos.
      A crise da Grécia é a crise de todos nós. Desistimos dos velhos e vamos desistindo da escola pública e do serviço nacional de saúde. Ao invés de elevar padrões de vida, aceitamos generalizar a pobreza. A cultura europeia cede ao ensino apressado do mandarim, na esperança de suprir uma união económica que falhou. Atarantados, não distinguimos danos de dolo (dor ou prejuízo feito com intenção, má fé).

    Admito que seja ainda exagerado falar-se de fascismo pós-moderno. Mas o crescimento da violência legal aplicada à solução de problemas políticos, sem réstia de democraticidade, mesmo que apenas formal, dará, a breve trecho, se continuarmos assim, total legitimidade ao uso da expressão. É aceitável a penhora da casa de família por dívidas irrisórias?    Impor à paulada o desacordo ortográfico?    Tomar eleitores por escravos sem pio de eurocratas não eleitos, na paródia sinistra em que a Europa se transformou?       -- (Aventar, 01/07/2015, Santana Castilho, prof. ens. sup.)

------ Talvez ainda não seja tarde para fazer aos portugueses um Referendo sobre o que queremos ser :    - nova colónia chinesa?  - protectorado alemão ?  - manta de feudos oligárquicos? - 'offshore' transnacional (i.e. inferno para a maioria/escravos e paraíso para os grandes senhores) ?   - reserva de caça e zoo ?  - calar português e falar novilíngua-...?  ou ...    ... ?!!



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Sábado, 23.05.15

Desordem  mundial   (Expresso, 2015/05/16- Mediterraneo: Os-russos-estao-ai-e-os-chineses-vieram-com-eles )

As relações entre a Rússia e a China seguem de vento em popa. A 9 de maio, o presidente Xi Jinping assistiu ao lado do seu homólogo russo, Vladimir Putin, em plena Praça Vermelha, ao desfile militar das comemorações do 70º aniversário da vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazi e já devolveu o convite. A 3 de setembro comemoram-se os 70 anos da vitória chinesa sobre o Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial e Jinping também quer Putin a seu lado em Pequim.

O vice-ministro da Defesa russo esclarece a aproximação entre os dois países: “A cooperação militar demonstra o entendimento comum sobre os desafios e ameaças, bem como a necessidade de reestruturar a atual ordem mundial”. Há uma semana, em Moscovo, Putin também terá afirmado que o “desenvolvimento global” estava a ser ameaçado “pelas tentativas de criar um mundo unipolar”. E a culpa será dos Estados Unidos e da União Europeia.

Desde a anexação da Crimeia e da crise na Ucrânia, onde é público e notório o apoio da Rússia aos separatistas no Leste, americanos e europeus avançaram com um batalhão de sanções económicas procurando isolar diplomaticamente a Rússia.

“A Rússia quer mostrar aos EUA que não está isolada e que consegue realizar exercícios nas proximidades da Europa de Leste. E, em resultado da visita do primeiro-ministro do Japão aos EUA [a 28 de abril] e do reforço da relação militar entre os dois países, o presidente chinês quer mostrar aos EUA que tem (poder e) boas relações com a Rússia”, ...

Durante a próxima semana, a 20 e 21 de maio, quando os navios russos e chineses estiverem na reta final do inédito exercício no Mar Mediterrâneo, o Comité Militar da NATO estará reunido em Bruxelas. Da agenda do encontro de chefes de Estado-Maior-General das Forças Armadas, enviada esta sexta-feira de tarde às redações, consta a implementação do plano de ação de prontidão (aprovado na Cimeira de Gales), o futuro da missão Resolute Support, no Afeganistão, a KFOR no Kosovo, e a eterna necessidade de aprofundar a cooperação entre os países membros da Aliança Atlântica. Mas será praticamente impossível que os generais da NATO esqueçam o que se passa no Mediterrâneo.  (Exercício militar inédito ... navios de guerra russos e chineses vão aprofundar as ligações entre as duas marinhas, junto à fronteira da NATO. E já chegaram.)

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--elpais:   ... (instigados pelos 'abutres' da banca e multinacionais) os USA/ UE/ NATO  provocam a Rússia (e seus 'ursos') constantemente! Foi a NATO que causou o conflito na Ucrânia e na Geórgia, como se não bastassem todas as outras guerras e desgraças que têm causado no mundo! (... como na Jugoslávia/.../Sérvia aproveitando-se da crise russa! ...).

--gmorgado: ...o (re-)equilíbrio de forças aos poucos ... vai-se (re-)estabelecendo (?). É que isto de entregar tudo ao xerife (e seus adjuntos) já estava a dar azia. "Tu" vais-me provocar para o Mar do Japão (e Ucrânia), "Eu" esfrego-te o nariz aqui no meio do Mediterrâneo e nas barbas dos neo impotentes europeus

--  Na ausência/fraqueza da ONU, ... a Rússia e a China (os BRICS,  e também em parte o Irão, os árabes, ...) não querem continuar a ser maltratados/ subalternizados pelo 'xerife', vão mostrando o seu descontentamento ... retaliando por via diplomática, militar, terrorista, cyber e/ou económico-financeira ... (a China vai conseguindo pôr mais garras nos recursos e mal-governados povos do 3ºmundo e portugas)... para destronar o 'velho imperador e seus aliados' ou, pelo menos ficar com maior fatia do poder e do 'bolo mundial', como super-potências e não apenas potências regionais.

-- bsn5785:    Os USA e a Europa não são os donos do mundo, mas se continuarem a transferir a indústria, tecnologia e poder de compra como têm feito nas ultimas décadas, muito em breve tanto os USA como a Europa (UE) terão de engolir em seco, meter o rabinho entre as pernas e ficarem caladinhos!     Desde o inicio do Século 19 que o que tem fortalecido e mantido à tona a Europa e os USA tem sido o seu poderio industrial e a consequente riqueza daí gerada, mas isso está a chegar ao fim, governos e patronato numa tentativa de ganharem ainda mais e obterem ainda mais lucro, têm (privatizado e) deslocado aquilo que sempre foi as nossas jóias da coroa (indústria e tecnologia), para a China e para outros países do género onde não há direitos nem protecção alguma daqueles que trabalham, agora EUA-UE começam a ter a sua decadência!

-- pedro:  ... muita gente ignora. Dizem os entendidos, que neste momento (tanto os árabes como) a China detem tanta dívida pública americana, que tem o poder de sozinha afundar a economia americana num crash nunca visto.

-- pancho:   os Americanos ... tanto dizem que Devem, como dizem que não devem (jogam com a imposição do dólar no comércio internacional e a soberana emissão de moeda), e nos momentos de crise, são extraordinariamente activos e unidos, veremos como irão reagir perante aquilo que a passos largos se desenha.

-- a.rodrigues:   Esperemos que esse equilibrio, da cedência de competências tecnológicas e industriais, não tenha ultrapassado o ponto de ruptura, e que ainda seja possível recuperar o "domínio" ocidental. ... No entanto, a tendência é muito assustadora, no nosso dia a dia é cada vez mais visível a dependência do consumo de produtos importados da China, como os vendidos em lojas de conveniência chinesas. Os porquês são evidentes, produtos mais baratos e variados. Os problemas são assustadores: super poluição na China e no globo, sobre-exploração de recursos naturais e dos trabalhadores, completa dependência do mesmo fornecedor, endividamento externo e ameaças de falência, privatização ao desbarato, fim da produção local/nacional de todo o tipo de produtos, fim da nossa soberania/autonomia e capacidade de decisão política, económica e social; ...

--   Com tanto investimento/ compra de recursos, empresas e sectores-chave, estratégicos  (se os nossos governantes soubessem e quisessem defender o país/nação/estado), as multinacionais e fundos/governos estrangeiros, se não já, proximamente vão 'dizer algo'/controlar, directamente ou por interpostos fantoches,  a política, a justiça, a legislação, a economia, ... do país (e da UE) onde é um potentado !! (e têm o estado capturado).    Ao colocar os seus capitais e sedes em 'offshores', os grande capitalistas e as empresas deixam de pagar impostos locais, (os oligarcas, accionistas e administradores) desligam-se mais do país/sociedade onde nasceram e/ou onde têm instalações (excepto para loby/pressionar e obter mais privilégios e distorcer a concorrência), ..., i.e.  não são "nacionais" (por mais que propagandeiem outra coisa)  mas 'apátridas' / transnacionais  defensores dos 'mercados', do neoliberalismo, do 'economês' e do sagrado privado.

--brincanareia:  ... A deslocalização (industrial) tem pouco a ver com o preço do factor trabalho, dado que na componente fabrico este não pesa nunca mais do que 20% do valor do produto. Se o mundo ocidental quisesse baixar o custo deste, fabricaria mais autómatos, investiria mais em capital-intensivo.  A (investigação, desenvolvimento e semi) automatização na produção pode baixar os tempos em mais de metade ... e também os custos, mas isso nunca é considerado (pelos 'mercados', administradores e governantes neoliberais) para baixar o horário laboral, aumentar salários e regalias sociais, i.e. à maior produtividade da economia não corresponde melhor qualidade de vida para os trabalhadores e população em geral.
    Muito da deslocalização deve-se à forma como são encapotados/ escondidos/ desviados os lucros e dividendos.  A maioria das empresas que deslocalizaram fazem uma triangulação através de tradings em paraísos-fiscais, sendo estas as compradoras à China e revendedoras ao próprio.  Outras servem-se de regimes de isenção para o sistema "drawback", em que o aperfeiçoamento activo se resume à etiqueta e laçarote.   Agora adivinhe onde ficam os grandes lucros !!   E porque é que no meio da crise e empobrecimento geral há uma elite, que continua a enriquecer cada vez mais.



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Segunda-feira, 15.12.14

Luta social em crescendo na Europa   (-Francisco, 5dias, 12/12/2014)

     Após uma aparente acalmia, a luta social parece estar a reacender-se por essa Europa fora…

Esta semana ocorreu a maior e mais combativa manifestação da “era austeritária” na Irlanda, que incluiu cerco ao parlamento.   Na Bélgica, com outros pretextos mas pelas mesmas razões, ocorreram também grandes protestos e uma greve geral.   No Reino Unido têm acontecido várias manifestações estudantis e não só.   Em Itália hoje é dia de greve geral e nos últimos tempos a contestação tem subido de tom.    As ruas da Grécia voltaram-se a encher e forçaram o governo a recuar.

     Essa mesma Grécia vive uma importante crise política, é possível que ocorram eleições legislativas no início de 2015. Existe a forte possibilidade do Syriza ganhar essas eleições. Também em Espanha vai haver eleições, o PODEMOS está muito bem posicionado. Mesmo que não vença as eleições a mossa causada será de tal ordem que irá forçar o PSOE e o PP a governarem juntos pela primeira vez na História (depois disso é mais que provável que o PODEMOS chegue mesmo lá, é exactamente o que se está a passar na Grécia).    O Reino Unido é outro dos estados europeus que terá eleições. O Labour cometeu suicídio na Escócia e irá perder todos os deputados dessa nação (cerca de 40), o UKIP lançou uma “OPA agressiva” aos Tories. O resultado eleitoral é imprevisível. Pode haver um Governo Labour+Nacionalistas Escocêses+Nacionalistas Galêses (ambos estes partidos são mais à esquerda que o próprio Labour), pode haver um governo Tories+UKIP, pode até surgir um gabinete Labor+Tories. O que não irá acontecer de certeza é um rotativismo limpo entre Tories e Labor que foi a norma desde o final da II Guerra.

O “centro” está em colapso por toda a Europa, mas não há vazios em política. Se não surgirem alternativas democráticas e progressivas, outras forças tenebrosas tomarão a dianteira (como já acontece na França e não só).

União Europeia

A estratégia a adoptar face a “esta união da tanga” é das questões mais relevantes do nosso tempo. THE POLITICAL STATE OF THE UNION   é um artigo que nos fornece um excelente ponto de partida. É feita uma análise da evolução da UE, desde a sua fundação até à actualidade, focada em três pontos: posição da UE no mundo; as relações entre os estados da UE; as relações entre a UE e os cidadãos.   Em traços gerais a conclusão é que as propostas de reforma num sentido popular e progressista da UE são um beco sem saída.   Em última análise a democracia e a justiça social são incompatíveis com a “construção Europeia” (neoliberal). Eu poria a questão nestes termos, a UE é um inimigo estratégico. Pode e deve haver flexibilidade táctica nesta matéria. Mas do ponto de vista estratégico o objectivo é eliminar a UE e no seu lugar construir uma outra união entre povos livres e soberanos (Lições para Portugal, a discussão à volta do Euro e da UE, ver no final deste texto).

Partido Socialista

Neither pragmatic adaptation nor misguided accommodation: Modernisation as domination in the Chilean and British Left. Neste artigo datado de 2008 os autores fazem uma análise da postura dos partidos “socialistas” face ao neo-liberalismo. O Labour do Reino Unido e o Partido Socialista no Chile são utilizados como caso de estudo. A tese dos autores é que os partidos socialistas não foram “arrastados pelo contexto”, nem foram agentes que limitados pela sua postura de compromisso foram acomodando de forma algo a contra gosto as políticas neo-liberais. Pelo contrário, os partidos socialistas contribuíram de forma activa e deliberada para o ascenso da hegemonia ideológica do neo-liberalismo. Acrescento que a resposta desses partidos à crise que eclodiu em 2008 apenas reforça essa tese.

Por toda a Europa, mas sobretudo nos PIIGS, o social-liberalismo confronta-se com um dilema existencial. Por um lado pode lutar para garantir a sua sobrevivência política, o que implica opor o mínimo de resistência ao grande capital e suas instituições. Por outro lado pode cair sobre a própria espada e sacrificar as suas organizações e estrutura no altar dos “deuses” do regime e dos grandes negócios. Até agora a escolha tem sido sempre a mesma, os social-liberais preferem cair sobre a própria espada do que esboçar o mínimo de oposição consequente aos “mercados” e grande finança.(aqui)

    Isto aconteceu na Grécia, está a acontecer na Espanha, no Reino Unido e na França (só para dar os exemplos mais evidentes). Não vejo razão nenhuma para achar que em Portugal será diferente. Se a história provar que esta tese está errada, ou tem uma excepção em Portugal, assumirei o erro. Espero que aqueles que acalentam esperanças numa “viragem à esquerda” do PS  também revejam a sua posição se a história demonstrar que Portugal não é excepção à regra…

Protesto Social

 Resistance is futile? The impact of disruptive protest in the ‘silver age of permanent austerity’. Desde os anos 80 do século XX está em marcha uma contra revolução conservadora-neoliberal. Neste artigo os autores fazem uma avaliação de vários métodos utilizados para travar essa contra-revolução. A tese defendida é que formas de protesto disruptivas e de confronto com as elites são mais eficazes do que negociações, “diálogos” e outras formas de acção enquadradas nas instituições vigentes. Isso torna-se ainda mais verdade em tempos de crise social e económica, onde as tentativas de “amansar” as contra-reformas pelo “diálogo” são ainda mais inócuas. Para demonstrar isto é empregue um modelo quantitativo que mede o impacto de diferentes formas de combate à desagregação do “estado social”. Aliás, basta conhecer um bocado de história e ir tentando fazer uma análise objectiva à realidade que nos rodeia para chegar à mesma conclusão (e.g. ver aqui).

    Ao contrário do que muitos fariseus ao serviço do capital (financeiro-especulativo) nos dizem, o protesto social é das mais eficazes formas de produzir medidas redistributivas em favor da maioria e bloquear o avanço do saque neoliberal.   Regra geral, formas de protesto mais disruptivas, inesperadas e imprevisíveis produzem maiores efeitos do que formas mais dóceis e clássicas de protesto/negociação.   Acrescento que ao contrário do que algum senso comum advoga, formas mais radicais de luta não são incompatíveis com grandes protestos de massas, sendo muitas vezes até necessárias para que tal aconteça.   Um dos mais importantes factores de sucesso num protesto é a esperança e percepção de que uma vitória pode ser obtida. Nada é mais mobilizador do que uma vitória e há poucas coisas mais desmoralizadoras do que uma derrota. Para obter vitórias, muitas vezes é necessário empregar métodos rotulados como “radicais/violentos”.

Tudo isto tem uma aplicação muito imediata no que diz respeito à luta contra a privatização da TAP e da greve entretanto anunciada.

Guerra e Paz

 Boaventura: a Terceira Guerra é contra a Rússia. A questão da PAZ e as movimentações anti-guerra tiveram o seu último auge nos dias que antecederam a invasão do Iraque em 2003. De então para cá, outras lutas e preocupações têm tido mais destaque. De facto, a curto prazo, não me parece que este seja o maior desafio com que o movimento popular se confronta. Mas, a médio prazo pode rapidamente se transformar numa questão central.

    Nos últimos tempos temos assistido a um acentuar de tensões entre grandes potências, desde o mar da china até à Ucrânia, passando pelo médio oriente. A União Europeia e a NATO estão num confronto em escalada com a Rússia (a guerra de sanções é um exemplo disso e prejudica gravemente a recuperação económica).   O prolongar da crise irá aumentar as probabilidades de um conflito de alta intensidade (a grande depressão dos anos 30 do século XX só terminou com o eclodir da II Guerra mundial…).   Não esquecer que Portugal é país membro da NATO e tem aviões estacionados na Estónia a patrulhar o mar Báltico  quem é que paga?).

     Portugal deve ser um estado neutro, promotor da paz. Não deve ser um anfitrião de cimeiras da guerra, nem um auxiliar menor em dispendiosas políticas agressivas de expansão imperial da NATO+UE. No imediato existem outros temas mais prioritários, mas fica dado o alerta.



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Segunda-feira, 06.10.14

Nicolau Santos, no «Economia» do Expresso, 11/10/2014. 

 

Negócios da China

Honk Kong  Numa altura em que ocidente democrático se insurge contra barbaridades variadas perpetradas por russos e árabes (só alguns claro, a Arábia Saudita, por exemplo, continua a ser uma excepção e um exemplo de respeito pelos direitos humanos), Portugal continua de portas escancaradas para o investimento dessa nação plural que é a República Popular da China. E se dúvidas restassem quanto ao grau de abertura e respeito pelos valores ocidentais que supostamente defendemos, a (censura da) vice-ministra chinesa Xu Lin esclareceu-as por completo na sua recente visita a Portugal para integrar um painel da uma conferência organizada pela Associação Europeia de Estudos Chineses na Universidade do Minho. Foi um belo momento de convivência democrática.

    Por cá os nossos amigos chineses continuam a rivalizar com a elite de Luanda no que toca a aproveitar os saldos em que o actual governo nos colocou nos 3 últimos anos. Entre EDP, REN e outras participações aqui e acolá, num investimento total que, segundo o jornal Expresso, atingiu os 5 mil milhões de euros no espaço de 3 anos, da saúde aos seguros, passando pelo sector imobiliário e energético, o gigante asiático prepara-se para aumentar o seu raio de influência na economia portuguesa. BESI, sector portuário ou transportes marítimos estão na mira de Pequim e dificilmente se levantará qualquer tipo de obstáculo às suas intenções, que passam sobretudo pela abertura de portas em África e na própria Europa. E por cá, como bem sabemos, há muito bom manuseador de portas.

E desenganem-se aqueles que pensam que os sociais-democratas são os únicos interessados nesta parceria. Entre outros exemplos que poderiam ser enunciados, vou citar apenas o facto de Almeida Santos, histórico do PS e um dos homens fortes por trás da subida de António Costa ao topo de hierarquia socialista, ser o presidente da mesa da Assembleia Geral da Geocapital, a gestora de participações da CEP, uma das 5 empresas nacionais que já é detida a mais de 50% por capital chinês e que entrou recentemente no mercado financeiro moçambicano com a criação do Moza Banco. Será uma parceria para o futuro e, quem sabe, um dia talvez exportemos alguns boys para o sector empresarial do estado chinês que, convenhamos, é bem grande e deve dar para lá meter os jotas todos.

Simultaneamente, em Hong Kong, milhares de manifestantes não parecem tão interessados em negociar com Pequim. Já há vários dias que dezenas de milhares de rebeldes chineses se mantêm nas ruas a pedir mais democracia e liberdade. Mas, à semelhança daquilo que aconteceu em Julho, o regime começou já a encarcerar alguns. Será que o governo português se irá alinhar com estas legítimas reivindicações, à semelhança do que vem fazendo no caso da Ucrânia ou dos rebeldes sírios que lutam contra Bashar al-Assad em part-time (nas horas vagas reforçam o contingente do ISIS), ou irá fazer vista grossa a mais esta “primavera” com a mesma rapidez que baixa as calças à elite de Luanda?



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Sexta-feira, 03.10.14

Hong Kong no 65º aniversário da República Popular da China

 
    Celebra-se hoje o 65º aniversário da proclamação, em Pequim, da República Popular da China por Mao Tsé-Tung. É pena que, do seu mausoléu na tristemente célebre Praça de Tiananmen, não possa ver o que está a acontecer nas ruas de Hong Kong, a quase 2.000 quilómetros de distância. Porque uma coisa é certa: a maioria esmagadora dos que nestas permanecem pensa certamente em Mao e na praça que assistiu, há 25 anos, à resistência e morte de outros jovens como eles.
   Sobre Hong Kong, que o mundo segue com a maior das atenções, fica uma nota pictoricamente curiosa e provavelmente inovadora: muitas imagens mostram que os manifestantes usam chapéus de chuva para se protegerem do gás lacrimogénio (e canhões de água) lançado pela polícia anti-motim.
    Que nada disto acabe em (nova) tragédia – é o mínimo que podemos esperar.


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Quinta-feira, 19.06.14

Contributo para o debate ideológico: - Está em declínio a democracia (e os governos social-democratas)?  A modernização e "branqueamento" de autocracias / estados securitários.  Extractos de  The Big Debate    (David Brooks, 2014/5/19) : is democracy in decline? Modernizing autocracies / guardian states*

 «    It’s now clear that the end of the Soviet Union heralded an era of democratic complacency. Without a rival system to test them, democratic* governments have decayed across the globe. In the U.S., Washington is polarized, stagnant and dysfunctional; a pathetic 26 percent of Americans trust their government to do the right thing. In Europe, elected officials have grown remote from voters, responding poorly to the euro crisis and contributing to massive unemployment.

    ... The system of checks and balances can slide into paralysis, as more interest groups acquire veto power over legislation.

    ... A new charismatic rival is gaining strength: the Guardian State.  ... Asia’s modernizing autocracies. In some ways, these governments look more progressive than the Western model; in some ways, more conservative.

    In places like Singapore and China, the best students are ruthlessly culled for government service. The technocratic elites play a bigger role in designing economic life. The safety net is smaller and less forgiving. In Singapore, 90 percent of what you get out of the key pension is what you put in. Work is rewarded. People are expected to look after their own.

These Guardian States have some disadvantages compared with Western democracies. They are more corrupt.  ...  They can move fast because they limit democratic feedback ...

    ... So how should Western democracies respond to this competition? What’s needed is ... a strategy to make democracy dynamic again.

    The answer is ... to become less (?!) democratic at the national level in order to become more democratic at the local level.  At the national level, American politics has become neurotically democratic. Politicians are campaigning all the time and can scarcely think beyond the news cycle. Legislators are terrified of offending this or that industry lobby, activist group or donor faction*. Unrepresentative groups have disproportionate power in primary* elections.

    The quickest way around all this is to use elite ...commissions to push populist reforms.  ... Gather small groups of the great and the good together to hammer out bipartisan* reforms ...  Democracy’s great advantage over autocratic states is that information and change flow more freely from the bottom up. Those with local knowledge have more responsibility.

    If the Guardian State’s big advantage is speed at the top, democracy’s is speed at the bottom. So, obviously, the elite commissions should push proposals that magnify that advantage: which push control over...programs to local  organizations ... and to spread power to consumers.

Democracy is always messy, but, historically, it’s thrived because it has been more flexible than its rivals. ...

--Are people dissatisfied with government or (and) governments increasing favoritism towards the rich at the expense of the rest of us?  »

-------------- notas:

* - Análise sob perspectiva americana/USA e seu sistema bipartidário: "republicanos" (conservadores/liberais) e "democratas" (social-democratas).

*- "guardian states" traduzida por "estados securitários", com "democracia de fachada/ musculada", mais vigilância e controlo dos cidadãos e menos liberdade política e cívica; "autocracia" aqui equivalente a "quase-ditadura" ('moderna-esclarecida' ou 'bruta', de uma pessoa/família, oligarquia ou partido "quase único").

*- Não é aqui abordado ... mas muito mais há a dizer sobre "pseudo-democracias"  (governos eleitos por minorias -entre 10% e 40% dos eleitores, com mais de 50% de não votantes -, que governam a favor de elites e sob batuta estrangeira ou dos "mercados"/ alta finança e multinacionais, ...),  ocidentais e outras...



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Quarta-feira, 04.06.14

O que não se contou de Tiananmen   e da R.P. China    (-por R.Varela, 4/6/2014, 5Dias)

   Tiananmen foi o canto do cisne de um movimento de trabalhadores e estudantes – ao todo pensa-se que 100 milhões em mais de 300 cidades – que nas ruas da China, durante três anos, colocaram nas ruas a questão do poder e se enfrentaram com a burocracia do PC da China.

A propaganda ocidental conseguiu, com algum sucesso, resumir Tiananmen a um protesto numa Praça de Pequim, levado a cabo por estudantes, que reivindicavam a abertura ao Ocidente e foram brutalmente reprimidos pelo PC da China. Como sempre, uma mentira tem de ter parte de verdade para ser engolida pelas pessoas.

    Tiananmen é o momento mais dramático de uma situação pré-revolucionária que se abriu na China em 1986 e se encerrou em 1989 com a dramática repressão sobre estudantes e trabalhadores levada a cabo por um sector do Partido Comunista da China.

    As reformas de Deng Xiaoping, no início dos anos 80 – conhecidas como as quatro modernizações (agricultura, indústria, investigação cientifica, exército) –, geraram uma oposição entre os trabalhadores, estudantes e intelectuais.   O «socialismo de mercado» (e«um país 2 sistemas económicos») criava profundas divisões entre as zonas especiais e a China costeira e o mundo rural:   um trabalhador chinês do campo podia ir trabalhar numa fábrica da costa com um passaporte especial, mas não podia aí residir ou levar a família ou colocar os filhos na escola, o que ainda hoje se passa na China.   A mercadoria «trabalhador» estava a construir a China que deu o salário da globalização e permitiu aos países imperialistas (importadores e  investidores na "deslocalização industrial» para a China) acumular capital de uma forma espantosa durante os anos 80 e 90 do século XX.   Era o maior exército industrial de reserva do Mundo.   A inflação e a crescente «desigualdade social», nas palavras do historiador Massimo Salvadori, e a justa luta pela liberdade, contra a ditadura imposta pela burocracia do Partido Comunista, levaram um sector da população a enfrentar-se com o Governo e abriu-se uma crise dentro do PC da China, que em 1986 levou à substituição de Hu Yaobang no cargo de secretário-geral do partido. Esta substituição gera manifestações gigantescas em toda a China.   Crises sucedem-se nesses três anos sem que o Governo consiga controlar a situação.   Ao lado, a URSS desmoronava-se (com Gorbatchov), confirmando o prognóstico de Trotsky nos anos 30: ou havia uma revolução contra a burocracia ou uma restauração bárbara do capitalismo.

      Em Abril de 1989, a morte de Hu Yaobang é o rastilho. Para lhe prestar homenagem, os estudantes escolhem a Praça de Tiananmen, e a 17 de Abril começa a ocupação da Praça.  Começam por ser 20 mil estudantes, rapidamente passam a 100 mil estudantes e trabalhadores. Em 22 de Abril, dia do funeral, e apesar de proibida a manifestação, mais de 200 mil pessoas estão na Praça.  Denunciando a corrupção do PC, exigem igualdade, boas condições de vida, liberdade.   Quando há muita gente na rua, dizia Che Guevara, algo de bom se passa.

     O movimento permaneceu e em 17 de Maio, quando da visita a Pequim do líder soviético Mikhail Gorbachev, uma multidão sai às ruas, respondendo aos apelos dos estudantes. No dia 18, cerca de 1000 estudantes entram em greve de fome e o Governo decreta o estado de sítio.   Em 24 de Maio os estudantes criam um quartel-general de defesa da Praça Tiananmen.   Há uma luta entre os estudantes que querem permanecer na Praça e os que acham que se deve começar a dialogar com o Governo.   No dia 28 de Maio, há em todo o Mundo manifestações a favor da luta de Tiananmen. A revolta conta nas suas fileiras com trabalhadores, sindicalistas, intelectuais, jornalistas. O Governo decide mandar o Exército reprimir. E o Exército de Pequim recusa-se a fazê-lo…

       O massacre ignorado

Com urgência, o Governo manda vir para Pequim tropas do Exército de Libertação Popular de outros locais. A história dos exércitos rurais usados para derrotar as revoluções das cidades repete-se desde a Comuna de Paris.   Mas a população à entrada de Pequim, aos milhares, faz barricadas e impede a entrada do Exército em Pequim.   A 2 de Junho, o povo obriga os soldados a recuar. Mas a 3, à noite, os tanques avançam. Há inúmeros mortos, ninguém sabe bem quantos, de trabalhadores esmagados pelos tanques ou mortos a tiro nas avenidas que dão acesso a Tiananmen.   O maior massacre, conhecido entre os trabalhadores por Massacre de Pequim, ocorre longe de Tiananmen, e das câmaras de televisão, como lembram George Black e Robin Munro no livro Black Hands of Beijing: Lives of Defiance in China’s Democracy Movement: «O alvo principal não eram os estudantes, mas os trabalhadores dos subúrbios de Pequim que se revoltaram contra as duríssimas condições de trabalho e de vida impostas pela abertura ao mercado dos anos 70.» Brendan O’Neill confirma, num artigo escrito para o The First Post, que a maioria das vítimas foram «trabalhadores dos subúrbios de Pequim».

   Na madrugada de 3 de Junho e no dia 4, o Exército avança e começa a disparar, fazendo, pensa-se, mais de 1500 vítimas, a maioria não estudantes, e entre eles vários elementos do PC da China que se opunham às reforma de Deng e que saíram às ruas para defender os estudantes e a revolução.

    O movimento terá tido manifestações, greves e impacto político em cerca de 300 cidades da China e envolvido 100 milhões de chineses.

A política é confundida pelo som das palavras. Tiananmen em chinês quer dizer a Porta da Paz Celestial. Em Tiananmen o PC da China dizia estar a lutar contra uma clique de «contra-revolucionários». Os trabalhadores e estudantes eram descritos como querendo uma liberalização económica e democrática.   Mas a derrota de Tiananmen abriu a China ao capitalismo mais selvagem de sempre, pela mão dos «ortodoxos» do PC da China. Tiananmen foi, hoje podemos com certeza dizê-lo, o ponto alto da contra-revolução que restaurou o capitalismo na China dirigida pela burocracia do PCC, auxiliada por um Exército que se chamava de «libertação».  Derrotados foram os trabalhadores que quando saem à rua, quer o digam ou não, colocam sempre esta questão chave:  «de quem é o poder».

    O Ocidente «chocado» agradeceu à China por ter criado as condições que abriram portas a que hoje um chinês monte um computador a troco de uma tigela de arroz.   Esse é o significado histórico de Tiananmen.  A condenação formal não passou de uma vénia que o Ocidente foi obrigado a fazer, já que às suas portas, na Europa, tinha uma revolução ainda mais poderosa em curso, com o desmoronamento da URSS.

    Também à China se colocava a velha questão de Trotsky: ou a revolução ou a restauração bárbara e impiedosa do capitalismo. Sem se enfrentarem com os burocratas que crescem na sua própria classe, os trabalhadores estão condenados a derrotas, à paz dos cemitérios.

         O homem do tanque

Na madrugada de 4 de Junho, um homem desconhecido, na Avenida da Paz Eterna, perto de Tiananmen, pequenino e magro, segurando sacos de plástico nas mãos, pára em frente a uma coluna de tanques. O da frente tenta evitá-lo. Ele não sai da frente. Consegue subir e falar com o condutor do tanque. Conta-se que lhe terá dito: «Não matem mais o meu povo.» Foi depois levado: ninguém sabe ao certo se por militares, se por amigos. E ninguém até hoje sabe do seu paradeiro.  -  Publicado originalmente em Revista Rubra nº 6 

Protesto e massacre de há 25 anos  (via Der Terrorist)   

.

  

 

Ainda há heróis    (-por P.Correia, 04.06.14, delito de opinião)

      . No coração da remota China muçulmana, a população turcófona continua a ser remetida para guetos nos subúrbios: os melhores empregos e as melhores habitações cabem à etnia han, dominante no conjunto do país. Só existe igualdade na lei, não existe na prática: os uígures são tratados como cidadãos de segunda na sua própria terra.

     Que crime cometeram?  Procurarem manter a identidade cultural, falando a sua língua e professando a sua religião no Estado mais populoso do mundo, onde a norma é esmagar toda a diferença.      Acontece hoje no Xinjiang, acontece há meio século no Tibete, aconteceu em 1989 na própria sede suprema do Império do Meio.    Sei bem do que falo. Há um quarto de século, vivi em Macau um dos períodos mais tristes de que me lembro, quando vi esmagar a Primavera com que milhões de chineses haviam sonhado – a Primavera política, após quatro décadas de regime ditatorial, afogada em sangue naquela trágica madrugada em Tiananmen, a Praça da Paz Celestial, que nunca fez tão pouco jus ao seu nome poético.    Após mês e meio de protestos pacíficos, iniciados em Abril, com a morte súbita do ex-secretário-geral do Partido Comunista Chinês, o reformista Hu Yaobang, destituído dessas funções em 1987.

    Recordo as expressões festivas nos rostos de muitos chineses semanas antes, dias antes, quando toda a esperança parecia possível.

Recordo as figuras dos principais dirigentes estudantis, imagens que galvanizaram toda uma geração – jovens como Wang Dan, Chai Ling e Wuer Kaixi, que viriam a ser perseguidos e forçados ao exílio (os que não foram fuzilados ou encerrados em "campos de reeducação").

   Recordo a euforia popular que rodeou a chegada à capital chinesa em meados de Maio, para uma visita oficial, de Mikhail Gorbatchov, o homem que se preparava para derrubar a cortina de ferro e servia de inspiração ao ansiado derrube da cortina de bambu.

   Recordo também a mobilização de uma vasta força repressiva, composta por 300 mil soldados mandatados para estancar a revolta. Recordo a proclamação da lei marcial por Deng Xiaoping (que só viria a ser levantada em Janeiro de 1990) e o afastamento do líder do partido, Zhao Ziyang, acusado de ser excessivamente brando pelos falcões da ditadura e condenado a partir daí à morte civil e à reclusão doméstica com carácter vitalício.

   Recordo o silêncio de chumbo nos dias subsequentes ao massacre.

  Recordo sobretudo o impressionante instantâneo daquele homem sem rosto nem nome, de braços nus, enfrentando uma sinistra fileira de tanques, imortalizado pelo clique da máquina fotográfica de Stuart Franklin. Símbolo máximo da dignidade humana perante a força bruta - há 25 anos em Pequim, hoje no Xinjiang que teima em ser diferente.

   Quando ouço dizer à minha volta que já não existem heróis, lembro-me sempre daquele homem sem medo. Que outro nome haveremos de dar-lhe senão esse – o de herói?



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