A Aula Magna e a esperança estiveram a abarrotar, a deitar por fora, a rebentar pelas costuras.
A Aula Magna esteve, absolutamente, cheia de pessoas, também elas cheias de raiva contra um governo que se não cansa de ser aquele bom aluno, totó, a empinar e sem qualquer interrogação ou questionamento ir mais além de tudo o que os professores, enviados por Berlim e Bruxelas, mandam que seja feito.
Pessoas cheias de raiva contra os usurários e esbulhadores do património nacional, esponjas do nosso suor e sangue, mandantes da troika estrangeira e da troika nacional (governo e PR).
Pessoas cheias de raiva contra um presidente da República que, de sua fraca legitimidade, teima em legitimar um governo sem nenhuma legitimidade democrática e política, porquanto já deixou de ser reconhecido pela maior parte de quem o elegeu dado o logro em que se vê ter caído e perante as circunstâncias de, por ele, ser vergonhosamente espoliado de bens e de esperanças no futuro.
Contudo, a esperança ressurgiu e renova-se com a luta contra as troikas e pela libertação de Portugal de tão exagerada e doentia austeridade.
É certo que se constatou na conferencia a existência de um “concerto” a varias vozes e “cantado” por figuras de segundo plano partidário. Os representantes partidários “cantaram”, cada um, as suas próprias letras.
Apesar disso, ficou mais claro que das diferenças e sem as anular se podem construir, a breve prazo, convergências suficientes para inovar a política governativa.
São de realçar, nomeadamente:
- O vigor da intervenção de Mário Soares. Uma intervenção lucida e desafiadora;
- A verdadeira Aula Magna que foi a intervenção do Magnifico Reitor da universidade, enquanto anfitrião da conferência, com uma visão de retrospetiva histórica de Portugal que urge projetar no futuro fazendo uso das potencialidades próprias e das capacidades internas existentes.
Seja qual for a evolução política e o compromisso comum das diferentes forças e sensibilidades políticas de esquerda num futuro, desejavelmente mais próximo e menos longínqua, numa convergência governativa, o tempo foi muito bem empregue e culturalmente enriquecedor.
Muito se tem falado e escrito sobe instalados e sobre indignados, duas realidades (quase) diametralmente opostas. Da necessidade de reinventar a democracia e transformar o sistema político atual, segundo as palavras do filósofo José Gil. É pois, necessário materializarem-se formas novas de exercer a gestão da coisa pública e de representação democrática.
Muito se tem falado e escrito, é verdade e não é menos verdade que não se foi além disso. Pouca coisa se concretizou, efetivamente. Não se verificou ação significativa de registo para lá de uma ou duas manifestações de rua com dias e tempos, de início e de términos, marcados.
Ora isso é, democraticamente, louvável é, intelectualmente, enriquecedor mas não deu resposta às questões de fundo, nem fez qualquer mudança no que urge mudar. Falta, de fato, fazer, falta mudar. Haverá vontade para isso?
Há, no tempo e no espaço (mesmo sendo escassas as possibilidades permitidas pelo sistemas) ocasião para que se faça o que tem de ser feito, quando para isso haja vontade.
Vão realizar-se, este ano, eleições para as juntas de freguesia e para os municípios (órgãos deliberativos e executivos), barafusta-se “a torto e a direito” (quer dizer à esquerda e à direita) sobre a corrupção de interesses e falta de democracia dentro dos partidos, contestam-se que os dinossauros instalados mudem de santuário, tanto se fala em reduzir os encargos do Estado, porque não formam os partidos políticos lista com base em cidadãos reformados? Ou mais cidadã e democraticamente pensando, porque não se organizam, autonomamente, os reformados para constituir grupos de vizinhos que concorram às suas respectivas freguesias e câmaras municipais?
Há possibilidades de mudanças e elas serão realizadas quando houver vontade de conjugar esforços e de fazer.
Os partidos políticos, esses, continuarão iguais a si próprios aprisionados que estão a certos grupos de interesses particulares que não mudarão nunca, apenas se readaptam talqualmente o sistema de exploração financeira que se globalizou e criou os seus próprios instrumentos de engano e controlo.
Três cidadãos do Porto, a propósito da apresentação da candidatura do atual presidente da Câmara de Gaia, Filipe Menezes, à câmara vizinha, solicitaram a intervenção do senhor Provedor de Justiça no sentido da sua intervenção clarificadora da lei e pedir a intervenção do Tribunal Constitucional para a fiscalização sobre as diferentes interpretações da lei de limitação de mandatos.
A meu ver tais dúvidas são suscitadas só e apenas devido ao mau carácter dos políticos que temos. Explico:
Os dois autores do projeto (PS e PSD) já reconheceram e as respectivas atas atestam que, nas reuniões havidas, nunca esteve presente qualquer hipótese de abordagem que não fosse em relação ao cargo e ao número de mandatos exercidos. Dito de outra forma, o que esteve no espírito do legislador foi o eleito e a repetição sucessiva da eleição na mesma pessoa.
Se os políticos portugueses e os partidos que os sustentam estivessem imbuídos por um, ligeiro que fosse, espírito estadista da estirpe de um Nelson Mandela nem sequer seria necessária a publicação de qualquer legislação sobre tais matérias.
Como diz o povo “é pior confiar num político que num mentiroso. O mentiroso não nos rouba ao passo que o político, também, nos mente.”
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