Eu sou 'sócio pagante' num determinado município, por isso a rua e a cidade onde vivo/ trabalho também é minha.
E hoje apetece-me realçar o que gosto num seu recanto urbano. Sim, eu gosto de viver na "minha" rua, na minha cidade ... Não está 100% (falta a estação de metro prevista uma década atrás e entretanto suspensa/alterada a extensão do metropolitano, existem alguns buracos mal remendados, ...).
Mas, ... porque gosto da minha rua ?
Porque é a rua principal de um bairro calmo, pequeno, relativamente novo (tem pouco mais de 10 anos), principalmente residencial, de prédios com 4 a 9 andares (mistura de empreendimentos privados, cooperativas, sociais, ...), onde passa o autocarro público, dispõe de ruas amplas e arborizadas, passeios arranjados, os serviços básicos (electricidade, água, gás, limpeza e recolha de lixo, ...) funcionam e onde existe:
- um excelente multi-jardim espaçoso, com relvados, árvores, flores, arbustos, caminhos, bancos, um kiosk-café, parque infantil, equipamentos para exercício, talhões de hortas sociais, ...
- uma farmácia, uma creche, uma mercearia/frutaria, 2 agências bancárias, 3 cabeleireiros, 3 cafés, 4 restaurantes (indiano, chinês, português, marisqueira), ... um templo, um super/hipermercado, um hospital, ... e algumas outras actividades mais discretas (editora, fundação, associação regionalista, gab. arquitectura, contabilidade, escritórios/serviços de pequenas empresas, ...).
Apesar de já ter havido assaltos (de vez em quando passa um carro-patrulha e alguns vizinhos pagam o serviço de um guarda-nocturno), nesta rua/zona 'respira-se' a sensação de segurança e boa vizinhança, existindo a privacidade q.b. de cada família e condomínio. Para esta sensação de bem-estar, talvez o maior contributo (escondido) seja a pertença da maioria dos residentes à "classe média" (económica, social e educacional), sem existir aberrante riqueza nem aviltante pobreza. Os vizinhos tratam-se com civilidade e os condutores até abrandam a velocidade ao entrar no bairro e dão prioridade a outros veículos ou peões. O que ainda parece faltar é a participação comunitária pois não há actividades colectivas no/do bairro, nem é visível a participação cívico-política nas assembleias da freguesia ou do município - o que parece estar de acordo com a vivência individualizada/ egocentrica da actual sociedade.
...
Estacionamento em Lisboa: o pau e a cenoura.
(- por Daniel Oliveira)
O aumento das tarifas de estacionamento em Lisboa gerou grande indignação. Compreendo mas discordo. Porque este aumento foi feito exactamente como tem de ser: mais caro no centro, mais barato na periferia. Mais barato onde há mais espaço, mais residentes e menos transportes públicos; mais caro onde o trânsito é maior, onde há mais gente a trabalhar e mais transportes públicos. A mobilidade é um direito. Mas andar de carro no centro das cidades e estacionar nas artérias principais é um luxo. E basta conhecer várias cidades europeias para o saber.
Circulam em Lisboa cerca de 700 mil carros por dia. Não há espaço para todos estacionarem. Tão simples como isto. E a verdade é que os carros estacionados por todo o lado estão a destruir a qualidade de vida dos cidadãos. A cidade não pode continuar a ser colonizada por carros, usurpando todo o espaço público que deveria estar reservado a jardins, passeios, esplanadas.
Os cidadãos têm direito a bons transportes públicos, a preços económicos, confortáveis e pontuais. Não têm direito a ir de casa ao trabalho e do trabalho a casa no seu próprio carro e a ocupar os centros das cidades com o seu automóvel. Isso é um luxo. E os luxos pagam-se. E pagam-se caro. Na verdade, acho que o estacionamento no centro de Lisboa, para não moradores, continua a ser demasiado barato (e a fiscalização devia ser bem mais severa). Vão de carro pelas grandes artérias das principais cidades europeias. Tentem estacionar por lá e verão que vos passa logo a vontade.
Dito isto, esperava duas coisas da mesma autarquia que tomou esta decisão:
que se tivesse manifestado ruidosamente contra o anúncio da privatização de rotas da Carris, Metropolitano de Lisboa e CP e contra o aumento previsto para as tarifas dos transportes públicos;
e que se comprometesse destinar os rendimentos do estacionamento para o financiamento dos transportes coletivos, como acontece em algumas cidades europeias. Para exigir civismo é preciso dar alternativas. E para mudar comportamentos não basta punir ou cobrar. É preciso dar incentivos. A Câmara de Lisboa mostrou o pau. Falta mostrar a cenoura.
A reação de quem viveu a anos a ocupar de borla um espaço que é de todos com o que apenas a si pertence criou esta ideia de que o estacionamento gratuito é um direito. Não é. E ainda virá o dia em que, como acontece em Londres, se paga para trazer um carro para a cidade e que esse dinheiro serve para financiar o transporte coletivo. Talvez aí se perceba que o transporte público, esse sim, é que é para todos. E talvez então o aumento das suas tarifas cause a revolta que merecia.
A cidade onde o incrível acontece o tempo todo.
Uma cidade cujas ruas e edifícios são familiares, mas cujos habitantes, e as leis da física, são alimentados exclusivamente pelo subconsciente.
Impossível? Claro que sim. Mas isso não significa que não podemos sonhar com isso.
Comissão das Comunidades Europeias divulga documento
Segundo se afirma na introdução ao documento agora divulgado pela Comissão das Comunidades Europeias que aqui pode ser consultado, enviado ao conselho, ao Comité Económico e Social e Comité das Regiões refere que “Em 2007 72% da população europeia vivia em zonas urbanas, importantes pólos de crescimento e emprego.”
Bastante necessário é que estes organismos, sobretudo o Comité das Regiões, também, promovam politicas de desenvolvimento de equilíbrios regionais (entre os litorais e interiores) e de estagnação da desertificação, se não mesmo de recuperação económica e demográficas e seus respectivos efeitos.
No seguimento do Livro Verde, o Plano, agora divulgado, compreende 20 acções destinadas a incentivar as cidades a desenvolver políticas que contribuam para alcançar os objectivos definidos pela UE de combate às alterações climáticas, de criação de um sistema europeu de transportes eficiente e de reforço da coesão social.
O Plano, que não aponta para medidas legislativas, antes propondo um conjunto de ferramentas com sejam; directrizes, estudos, exemplos de boas práticas, de plataformas para a troca de experiências, etc., a que os decisores locais poderão recorrer para resolução dos seus problemas concretos de mobilidade urbana.
Fica claro o reconhecimento estratégico do papel dos transportes públicos como espinha dorsal de um sistema de transportes urbanos sustentáveis.
Sendo certo que muitas das preocupações da sociedade civil foram tidas em conta, de que o capítulo intitulado "Tema n ° 2 – Acção centrada nos cidadãos", é exemplo, onde algumas das acções descritas podem levantar algumas questões de aplicabilidade pelos operadores, nomeadamente as acções 4 – “Plataforma sobre os direitos dos passageiros nos transportes públicos urbanos” e 5 – “Melhorar a acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida”.
As acções serão lançadas ao longo dos próximos quatro anos e em 2012 a Comissão procederá a uma revisão da implementação deste Plano de Acção e avaliará a necessidade de novas medidas.
O desafio foi lançado, cabe agora aos responsáveis políticos e operadores de transportes aplicar as medidas mais eficazes e equilibradores que proporcionem um equilibrado e sustentado desenvolvimento.
BLOGS
Ass. Moradores Bª. Cruz Vermelha
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos
MIC-Movimento de Intervenção e Cidadania
Um ecossistema político-empresarial
COMUNICAÇÃO SOCIAL
SERVIÇO PÚBLICO
Base - Contratos Públicos Online
Diário da República Electrónico
SERVIÇO CÍVICO