
A 2ª Guerra Mundial ( 1939 - 1945 ) terminou hoje, há 70 anos
(uma breve anotação # por Raimundo P. Narciso, PuxaPalavra)
. A RENDIÇÃO DA ALEMANHA NAZI
No dia 8 de Maio de 1945, faz agora 70 anos, chegaram à antiga Escola de Engenharia Militar alemã, em Karlshorst, nos subúrbios de Berlim, os representantes das forças armadas aliados e das forças armadas alemãs para estas assinarem perante aquelas a capitulação da Alemanha na guerra mais monstruosa que a humanidade conhecera, a 2ª Guerra Mundial (1939-1945). (A Itália já se tinha rendido e a guerra com o Japão ainda duraria).
O marechal Zhukov representou o comando suprema soviético, o marechal da força aérea Tedder o da Inglaterra, o general Carl Spaatz, o dos Estados Unidos e Lattre de Tassygni o de França. Em representação das forças armadas da Alemanha entrou na sala depois de aberta a sessão por Zhukov, o marechal de campo Keitel, o almirante Friedeburg e o coronel general da Força Aérea Stumpf que vieram assinar a rendição completa e sem condições da Alemanha em representação de Doenitz que assumira as funções de chefe de Estado após o suicídio de Hitler, no dia 2 de Maio. Dia em que também se suicidaram Goebbels e a sua mulher depois de matarem os seus seis filhos, crianças entre os 4 e os 13 anos.
Parece ter ficado combinado fazer o anúncio do fim da Guerra a 9 mas a notícia foi posta a correr em 8 e os aliados ocidentais festejam a 8 de Maio e os Soviéticos e agora os russos a 9.
O certo é que, ao contrário das forças nazis que restavam em ordem de combate se foram rendendo nos dias seguintes, o mesmo não aconteceu com uma importante concentração de forças alemãs, na Checoslováquia que não se quis render e teve de ser vencida pelo Exército Vermelho, a 9, para a libertação de Praga. Também há quem radique neste facto a razão de 9 em vez de 8, como dia dos festejos em Moscovo.
Os nazis pretendiam render-se apenas aos Aliados ocidentais (EUA, Inglaterra e França) e não à URSS e por isso o coronel-general Jodl, um dos mais próximos colaboradores de Hitler, em representação pessoal de Doenitz foi ao quartel-general de Reims, em França, entabular negociações e fazer a rendição a Eisenhower o que não foi aceite.
. O CONTEXTO DO INICÍO DA GUERRA
Em meados dos anos 30 do século XX a Alemanha suplantou no plano económico a França e a Inglaterra mercê da grande ajuda financeira prestada pela França, a Inglaterra e especialmente os EUA na sequência da derrota da Alemanha na Grande Guerra de 1914-18.
No plano mundial o maior confronto político e ideológico era entre a União Soviética comunista e o mundo capitalista na sequência da tentativa falhada da invasão da Rússia após 1918, por exércitos de 14 países para derrotar os comunistas que avançavam na bolchevização do país com a coletivização da agricultura e a nacionalização da economia.
Com Hitler e a militarização acelerada do país a URSS esperava que mais tarde ou mais cedo a Alemanha a atacaria. Perante as conquistas alemãs da Áustria e da Checoslováquia a França, a Grã-Bretanha e os EUA começavam a temer o poderio germânico mas a posição estratégica prevalecente era a de se manterem neutrais militarmente ainda que contra o expansionismo hitleriano no plano político para ver se Hitler se contentava por aí. Entretanto recusavam propostas de Moscovo de aliança contra os nazis antes que fosse tarde demais. Mas a Ocidente por um lado até agradeciam que Hitler invadisse a URSS e acabasse com o comunismo de Moscovo que eles não conseguiram em tempos liquidar mas por outro lado temiam o poder crescente da Alemanha.
Em Outubro de 1936 Hitler (chefe do governo nazi alemão) firmou com Mussolini (chefe do governo fascista italiano) o Eixo Berlim-Roma e em Novembro estabeleceu com o imperial Japão, que se tornara uma grande potência militarista, o pacto anti-comintern (movimento comunista internacional). Em 1937 a Itália aderiu a este pacto que tinha uma cláusula secreta contra a União Soviética.
Em 1935 a Itália conquista a Etiópia e em 1936, com a Alemanha, intervê em Espanha ajudando Franco (fascista/franquista) a derrotar a República Espanhola (Guernica).
O Japão pelo seu lado ampliava a invasão da China para a sua conquista.
Em Março de 1938 Hitler invadiu a Áustria e incorporou-a na Alemanha e no fim desse ano a França e Inglaterra/UK, com a aquiescência norte-americana, firmam com Hitler o célebre acordo de Munique (a “capitulação” de Munique) aceitando que a Alemanha anexe parte da Checoslováquia, os Sudetas. Mas em 15 de Março de 1939 o exército alemão ataca Praga e submete todo o país.
O Eixo Berlim-Roma prosseguiu a sua ofensiva. A Alemanha nos países Bálticos, a Itália invade a Albânia (Abril de 1939).
. O INICIO DA GUERRA - FRENTE LESTE
Em 1 de Setembro de 1939 a Alemanha invade a Polónia e esta é a data do início da 2ª GM.
Para a conquista da Áustria os nazis montaram uma farsa. Um grupo fascista, articulado com a Alemanha tenta um golpe em Viena. Em Berlim é anunciada uma insurreição comunista e para salvar a Áustria do comunismo Hitler anexou o país. Sentindo necessidade de uma boa desculpa para a invasão da Polónia os nazis enviaram para o outro lada da fronteira uns alemães com fardas do exército polaco que dispararam uns tiros para o lado da Alemanha de modo que a invasão da Polónia por Hitler foi uma “legítima resposta defensiva”.
Aos tiros de umas espingardas “polacas” que não atingiram ninguém seguiu-se uma resposta “equilibrada”: 5 exércitos compostos por 65 divisões e brigadas, 2000 aviões, 2.800 tanques, 100 navios de guerra invadiram a Polónia.
Em 3 de Setembro de 1939 a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha mas só uns anos depois a declaração platónica se traduziu em combates militares.
A chamada guerra relâmpago nazi ("blitzkrieg") que se fazia agora à velocidade dos milhares de carros de combate em vez das penosas marchas a pé da infantaria da Grande Guerra (1914-18) desenvolveu-se em três eixos, Norte, Centro e Sul e chegou às portas de Moscovo em Setembro/Outubro de 1941, às cercanias de Leninegrado (actual S. Petersburgo) no início de Setembro de 1941 e entrou em Estalinegrado, hoje Volgogrado, um ano depois, em Setembro de 1942, na rota do petróleo do sul soviético, no Azerbaijão, no Cáucaso.
. A BATALHA DE MOSCOVO
Para o assalto, sem sucesso, a Moscovo, de 30 de Setembro a 3 de Dezembro de 1941, as forças alemãs reuniram mais de um milhão de combatentes em 3 agrupamentos de exércitos, cerca de 14.000 canhões, 1700 carros de combate e 950 aviões. A contra-ofensiva do Exército Vermelho dá-se a partir de 5 de Dezembro de 1941.
. CERCO DE LENINEGRADO
A tentativa de assalto dos exércitos nazis a Leninegrado fracassou mas a segunda ou primeira mais importante cidade da Rússia ficou bloqueada pelas forças alemãs a partir de 9 de Setembro de 1941 até Janeiro de 1943, quando começou, aqui, a ofensiva soviética.
A 2ª GM foi palco dos maiores combates jamais vistos e de massacres de muitos milhões de soldados e especialmente de civis. Depois do assassinato metódico, a frio de crianças e bébés, homens e mulheres dos campos de concentração. Depois do holocausto, de judeus comunistas, ciganos, homossexuais ou quem quer que fosse que apodassem de inimigo.
Babi Yar na Ucrânia representa o assassinato, em 29 e 30 de Setembro de 1941, da população judia. Foram mortos em dois dias 33.800 judeus, de Kiev. Quase só mulheres, crianças e velhos que os homens tinham fugido para as florestas para resistirem. Nesta ravina dos arredores de Kiev foram abatidos a tiro durante o período de domínio alemão da Ucrânia, cerca de 100 mil civis inocentes.
Nem só os nazis cometeram crimes de guerra. Do lado soviético há a chacina na floresta Katyn de oficiais , polícias e civis polacos, pela polícia secreta de Béria, sob a acusação de espionagem e subversão. Ou do lado dos aliados ocidentais o injustificado bombardeamento, em 13 e 15 de Fevereiro de 1945, da bela cidade de Dresden, a “Florença do Elba”, sem qualquer valor estratégico, por 1300 bombardeiros ingleses e norte-americanos com bombas incendiárias. Uma chacina de dezenas de milhar de civis.
. A BATALHA DE ESTALINEGRADO
De Julho a Novembro de 1942, 125 dias, durou a ofensiva dos exércitos nazis contra Estalinegrado. Foi a batalha mais feroz da guerra com combates rua a rua, casa a casa, andar a andar, nas ruas da cidade. A partir de Novembro inicia-se a contraofensiva do Exército Vermelho. Segundo cálculos dos soviéticos terão morrido ou ficado feridos, nesta batalha, 700 mil militares alemães.
O Exército do carismático general alemão Von Paulos foi cercado pelas tropas soviéticas em Estalinegrado. Não se rendeu. Só depois de 48 dias de cerco e duras batalhas, em 31 de Janeiro de 1943 o general se entregou. Foram enterrados os cadáveres de 147 mil militares alemães e feitos prisioneiros 91 mil, dos quais 2500 oficiais e 24 generais.
Em Novembro de 1942 as forças militares no território da URSS equilibravam-se. Os alemães e seus aliados, italiano, romenos e outros, tinham em campanha na URSS cerca de 6 milhões 270 mil militares contra 6 milhões 124 mil militares soviéticos. No entanto no verão de 1943 as forças alemãs e dos seus aliados na frente alemã-soviética era de 5 milhões e 325 mil homens contra 6 milhões e 442 mil do lado soviético.
. KURSK
Em Abril de 1943, depois da derrota de Estalinegrado as forças Alemanha em retirada para Ocidente tentaram com um grande reagrupamento de forças parar a retirada e desencadear uma nova ofensiva na Rússia que se veio a concretizar com a operação “Cidadela”, a batalha de Kursk. Foi a maior batalha de tanques da história. Reuniram no lado alemão, 900 mil combatentes, 10 mil canhões e morteiros, 2700 tanques, e mais de 2000 aviões. O Exército Vermelho mobilizou para a batalha 1.337.000 homens, 19,300 canhões e morteiro, 3.300 tanques e 2.650 aviões. A batalha durou 50 dias, de 5 de Julho e terminou a 23 de Agosto de 1943. Do lado do exército vermelho que dispunha então já de um bem montado sistema de informações e sabiam com bastante antecedência da data aproximada do ataque e das suas principais direcções adoptaram a táctica de aceitar a ofensiva alemã, tentar o desgaste das suas forças e passar depois à ofensiva com forças frescas.
Esta batalha marca o fim da ofensiva alemã, marca o início da sua derrota e a retirada até Berlim.
. O "DIA D", O DESEMBARQUE DA NORMANDIA (seguirá dentro de momentos ...)
A República dos economistas (liberais) (-por J.T. Lopes, 6/5/2015)
«Assisti com algum espanto a uma das últimas edições do Expresso da Meia-Noite, na SIC Notícias, com três economistas (neo) liberais (incluindo Mário Centeno, coordenador do estudo sobre o quadro macroeconómico encomendado pelo PS, uma economista da Universidade Nova e a deputada do CDS-PP Cecília Meireles) e José Reis, da Universidade de Coimbra.
A certa altura, o discurso tornou-se surrealista, pois dir-se-ia que a economista da Universidade Nova e Mário Centeno tinham entrado na estratosfera dos modelos e das equações, uma vez que raciocinavam sem qualquer ligação à terra, confrontando com grande à-vontade e esoterismo argumentos técnicos sobre os “estabilizadores” e “multiplicadores” do “exercício”, distanciando-se a grande velocidade daquilo a que Paulo Portas chamaria, com o talento retórico habitual, “economia real” e que eu preferiria tão-só apelidar "sociedade portuguesa". (...)
A República dos economistas (neo)liberais, à qual o PS prestou vassalagem, está nos antípodas do que vem propondo o economista não liberal Thomas Piketty: repor a distribuição da riqueza no centro da análise. Para tal, é imperioso combater a concentração e acumulação de capital,
através da articulação entre um imposto progressivo sobre as sucessões, um imposto progressivo sobre o rendimento e um imposto progressivo sobre o capital.
O máximo que o “modelo” de Centeno permite é uma tímida reposição do imposto sucessório que um anterior governo do PS aboliu. Sobre as taxações dos activos financeiros e das grandes fortunas nem uma modesta equação.
Importa perguntar, como naquele graffito que há uns anos iluminava uma das paredes do ISCTE:
« estes economistas, para quê? » Ou, por outras palavras, «quem nos mergulhou no furacão da crise vai agora salvar-nos?» Ou, se preferirem ainda,« onde está a política?»
Onde está a preocupação concreta pela superação das fracturas da sociedade portuguesa?
A ideologia, pelo contrário, eu sei bem onde está. Bem no centro, no coração mesmo, daquele modelo “limpinho”, abstracto e cheio de maravilhosos e acertados multiplicadores.»
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As designações/ termos podem significar/ ter conceitos diferentes e não são neutras. Claro que a terminologia e conceitos usados geralmente têm por detrás uma intenção e também se diferenciam entre seguidores de diversas ideologias e de culturas e países diferentes, o que induz a confusões quando se desconhece o contexto.
.. Liberal vs. NeoLiberal (tb 'de mercado',...) vs. Não Liberal (tb social-democrata, ...)
.. Impostos regressivos (e mínimos) vs. Impostos progressivos
.. Estado mínimo (e neoliberal, de mercado, livre, global, ...) vs. Estado Social (com políticas sociais-democratas, mais interventivo na economia)
.. Economia ('neutra'/ 'de mercado') vs. Política (incluindo a económica, 'ciência' social e humana)
.. Direita vs. esquerda ; centro vs. extrema-... ; 'centrão' (c.-direita + c.-esquerda, alternância de 2 ou 2+1, sem significativa diferenciação de políticas e práticas)
«LIBERAL» é designação antiga (séc. XVIII e XIX) referindo-se a LIVRE em sentido alargado: Liberdade social e política (democracia), mas também a Liberdade económica/ de comerciar, «laisser faire, laisser passer», e de exercer actividades/ profissões 'liberais'.
Mais tarde (finais do séc. XX e XXI), aparece o termo «NeoLiberal» (e também "ordoLiberal", "ultraLiberal"), mais desligado da "Liberdade social e política" (já reconhecida e aceite na generalidade dos países 'ocidentais democráticos'), e mais restrito e incisivo na vertente política económica defensora de um Estado mínimo, privatizador, pouco regulado, pouco interventivo na 'economia' e na 'sociedade civil', e deixando a livre actuação dos agentes de mercado, em concorrência 'livre', estabelecer o seu 'equilibrio' e 'auto-regulação', 'ajustamentos', 'reformas' e 'soluções', para os problemas da produção, consumo, distribuição, preços, recursos, ambiente, relações de trabalho, salários, crescimento, ... Por oposição a esta ideologia (política económica de 'direita'), aparece a 'esquerda' («Não Liberal», não neoliberal) a defender o que é público, o «Estado Social» e a «social democracia/ socialismo democrático».
Para os anglo-saxões (UK, USA, ...) e seguidores da 'escola de Chicago', o termo «liberal» continua a ser actual e usado/ assumido pela 'DIREITA' (partidos Republicano, Conservador, Liberal, 'Popular', ...). Para diferenciar do significado histórico-social comum, a 'ESQUERDA' (partidos Democrático, Trabalhista, Socialista/Social Democrata, Verdes, ...), designa geralmente as posições (político-) económicas da actual 'direita' (no poder) como 'neoLiberais', 'ordoliberais' ou 'ultraliberais'.
Note-se também que «capitalismo» quase deixou de ser referido depois da "queda do Muro de Berlim", pois é assumido que quase todos os estados são capitalistas (embora a esquerda ainda critique o 'capitalismo selvagem'); e «comunismo» só é referido a 3 estados, aos raros 'partidos comunistas', ou como insulto para irritar alguma esquerda. ...
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