--- A “Europa” está podre : França fez “acordo secreto” com Comissão da UE para não cumprir metas do défice. (via Aventar)
(via Entre as brumas ...):
--- A mentira é a regra da União Europeia. (José Soeiro)
--- Desobedecer aos credores para romper a austeridade. (E.Toussain e F.Martín)
Krugman e Stiglitz defendem que gregos votem "Não" no referendo (
Os dois economistas, distinguidos com o prémio Nobel, criticam a troika e defendem que a Grécia tem mais a perder do que a ganhar se o "Sim" vencer. ... defenderam nesta segunda-feira que os gregos devem votar "Não" no referendo, considerando que, sem mais medidas de austeridade, podem ter esperança no futuro.
No artigo de opinião de hoje no The New York Times, Paul Krugman escreve que "a Grécia deve votar 'Não' e o Governo grego deve estar preparado, se necessário, para sair do euro", argumentando que é verdade que o executivo grego "estava a gastar acima das suas possibilidades no final dos anos 2000" mas que, "desde então, cortou repetidamente a despesa e aumentou impostos".
"O emprego público caiu mais de 25% e as pensões (que eram de facto demasiado generosas) têm sido cortadas abruptamente. Se a isto se somarem todas as medidas de austeridade, fizeram mais do que o suficiente para eliminar o défice e passarem a ter um amplo excedente", nota Krugman.
A explicação para que a correcção não se tenha verificado na Grécia é que "a economia grega colapsou, muito devido às muitas medidas de austeridade, que afundaram as receitas" do Estado, defende o economista norte-americano, acrescentando que este colapso "esteve muito ligado ao euro, que amarrou a Grécia num colete-de-forças económico".
Krugman aponta três razões para que os gregos votem "Não" no referendo: "Após cinco anos [de duras medidas de austeridade], a Grécia está pior do que nunca", "o tão temido caos gerado por um 'Grexit' [saída da Grécia da zona euro] já aconteceu", ou seja, os bancos estão fechados e foram impostos controlos de capital e, finalmente, "ceder ao ultimato da troika iria representar o abandono final de qualquer pretensão de independência grega".
O Nobel da Economia de 2008 deixa mesmo um apelo aos gregos: "Não se deixem levar pelos que dizem que os oficiais da troika são apenas tecnocratas a explicar aos gregos ignorantes o que tem de ser feito. Estes pretensos tecnocratas são, de facto, fantasistas, que desconsideraram tudo o que sabemos sobre macroeconomia e estiveram sempre errados. Isto não é sobre análise, é sobre poder — o poder dos credores para dispararem sobre a economia grega, que vai persistir enquanto a saída do euro for considerada impensável".
Para Krugman, "é tempo de pôr fim" a esta visão de que sair do euro é impensável ou então "a Grécia vai confrontar-se com uma austeridade interminável e com uma depressão sem solução e sem fim".
Também Joseph Stiglitz, que foi distinguido com o Prémio Nobel da Economia em 2001, assina hoje um artigo de opinião no jornal britânico The Guardian, intitulado Como eu votaria no referendo grego.
Stiglitz reconhece que "nenhuma alternativa, aprovação ou rejeição dos termos da troika, vai ser fácil e ambas implicam riscos" e sublinha que, se ganhar o "Sim", isso vai significar "uma depressão quase sem fim".
"Talvez um país empobrecido — que vendeu todos os seus activos e cujos jovens brilhantes emigraram — possa finalmente conseguir um perdão da dívida. Talvez transformando-se numa economia de rendimentos médios, a Grécia possa finalmente aceder à assistência do Banco Mundial. Tudo isto pode acontecer, na próxima década ou talvez na década a seguir a essa", resume o economista ao retratar o futuro da Grécia, caso os gregos aceitem as condições que os credores internacionais estão a pedir.
Já num cenário em que os gregos votam "Não" no referendo de 5 de Julho, Stiglitz considera que isso, "pelo menos, ia abrir a possibilidade de a Grécia, com a sua forte tradição democrática, ter a oportunidade de decidir o seu destino por si".
"Os gregos podem ganhar a oportunidade de desenhar um futuro que, ainda que não seja tão próspero como no passado é, de longe, mais esperançoso do que a tortura sem consciência do presente", reitera o economista.
A crise que opõe o Governo grego aos credores internacionais — Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu — assumiu um rumo inédito depois de o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, ter anunciado, na sexta-feira à noite, a convocação de um referendo sobre o programa apresentado pelos credores para desbloquear a ajuda financeira ao país. No sábado, o Eurogrupo recusou-se a prolongar o programa de assistência financeira à Grécia, que termina nesta terça-feira, dia 30.
A Grécia, que enfrenta problemas de liquidez, arrisca-se a entrar em incumprimento, tendo de pagar até terça-feira à noite mais de 1,5 mil milhões de euros ao FMI.
A Grécia entre a democracia, a demagogia e o colapso financeiro (
1. Os referendos são benéficos para a democracia. Alexis Tsipras, Yannis Varoufakis e o governo do Syriza têm bons argumentos para contestar a tecnocracia europeia e do FMI. A sua excessiva prevalência nas decisões políticas e sobre as escolhas democráticas é, deveria, ser, objecto de preocupação. Têm também argumentos válidos quando contestam a prevalência, quase absoluta, dos mercados sobre os Estados. Não é bom para a democracia.
A isto poderia acrescentar-se a intransigência negocial dos credores, sobretudo do FMI, face a uma economia e população já sujeita a enormes sacrifícios. Apesar dos seus muitos méritos, a União Europeia, pela própria forma como foi construída, não é um exemplo das melhores virtudes democráticas. A tecnocracia na Comissão e no Banco Central Europeu são dominantes. Estão impregnadas de uma visão (neo)liberal da economia, quase imune às preferências dos eleitores.
Para além disso, os processos de ratificação dos Tratados – e os contorcionismos para evitar os referendos, ou obrigar à sua repetição –, mostram o problema desde os anos 1990. Na Dinamarca, no referendo para ratificação do Tratado de Maastricht em 1992, ganhou inicialmente o “não”, embora por escassa margem; depois, por pressão europeia, fez-se novo referendo em 1993, chegando-se a um “sim”. Na Irlanda, houve similar ocorrência com Tratado de Lisboa. Em 2008, num primeiro referendo, a votação foi “não”; a seguir veio a pressão europeia para um segundo referendo, efectuado em 2009, que deu uma votação “sim”. Nessa altura o processo parou, depois de se chegar ao “bom” resultado. Ironia: o “não” ao referendo em França (e Holanda) em 2005, ao Tratado Constitucional Europeu, não levou a repetição da consulta ao eleitorado. A solução foi negociar novo Tratado. Aparentemente, nos grandes Estados, essas coisas são impensáveis. ... ...
Cuidado ! Há outra “alternativa” (PIOR) que está a surgir entre os credores europeus
No fundo, apesar de ainda ser difícil encontrar quem em Portugal e na Europa reconheça o fracasso da política de ajustamento seguida para Portugal (e não só) e ainda ser comum ridicularizar quem retira as devidas ilações da não solução que o processo tem revelado, há quem já esteja, de facto, a pensar no dia seguinte: no dia em que todos vão ter de reconhecer o óbvio, ou seja, de que estamos mais frágeis e desprotegidos perante algum novo choque externo que complique o improvável cenário no qual ainda haveria alguma esperança de que a nossa dívida seja sustentável*.
E qual é esse caminho? Bom, poderíamos pensar em defender agora aquilo que se devia ter feito em devido tempo, ou seja, reestruturar a dívida, negociar mais solidariedade perene (embutida no sistema político-institucional da Zona Euro) por troca de maior comprometimento, maior partilha de poder e soberania fiscal, em certa medida aproximar-mo-nos de uma federação mais à imagem dos EUA. Mas esse cenário, defendido, até certo ponto, por alguns socialistas tem sido desprezado pela Europa fora, em particular pelos partidos no poder, sucedendo-se os recuos de toda a qualquer iniciativa nesse sentido (veja-se o que resta da União Bancária, da reforma do sistema financeiro ou do imposto único sobre os mercados de capitais). O desprezo por esta alternativa é tal que quem ainda a defende tem sido ridicularizado pelos seu rivais políticos que dão como prova as cedências em França e Itália, dos respetivos governo de centro esquerda, à solução “austeritária”. Reforça-se assim a prova de que só há uma solução, certo?
Bom, quem leu a prosa de ontem saberá que não e quem hoje lê o texto da Eva Gaspar “Próximo resgate? Imposto Cadilhe” ou lhe junta a proclamação recente do Bundesbank deverá, no mínimo, começar a levar a sério uma outra alternativa, quer à atual política condenada, quer à sua alternativa que aparenta ser politicamente inatingível, da reestruturação da dívida. E qual é? É simplesmente esta: sacar os recursos de riqueza acumulada num país (independentemente de quem seja o seu justo dono) para pagar a dívida pública do Estado. Ou seja, ir ao stock de riqueza e não se ficar por ir ao rendimento anual habitualmente tributado. Em certa medida, tributar outra vez um rendimento que quando foi gerado já terá sido tributado ou, ainda em outras palavras, suspender a aplicação do direito de propriedade e do Estado de direito, nacionalizando tudo o que exista dentro das fronteiras de um país. Exageramos? Não nos parece.
O Imposto Cadilhe, ou Imposto Bundesbank (para quem não sabe é o Banco Central Alemão) ou Imposto Especial, seria ativado se o cenário de sustentabilidade da dívida pública (que depende largamente de aspetos externos ao nosso país e que não controlamos) se degradar ao ponto de por cá se começar a falar mais intensamente em reestruturar ou mesmo perdoar o todo ou parte da dívida. O Imposto iria, por exemplo, aos depósitos a prazo acumulados no sistema financeiro português e sacaria de lá uma valente talhada que permitisse, em tese, recolocar a dívida pública remanescente num patamar pagável, ou, por outras palavras, sacaria dinheiro suficiente para pagar os empréstimos prestados a Portugal pelos nossos parceiros Europeus (que rondam 40% da dívida pública corrente). Notem que esta proposta tem até pernas para andar junto do centro esquerda ou mesmo da esquerda política, afinal será uma forma de implementar uma política Robin dos Bosques pois estar-se-ia a ir sacar a riqueza dos ricos… só que não se iria entrega-la propriamente aos pobres dado que serviria para pagar aos credores internacionais.
TROIKA, PASSOS & GASPAR, um triunvirato de morte.
Gaspar, considerado como um dos malabaristas dos números (quase endeusado quando veio do confins do mundo, como o Papa Francisco), não acerta uma.
Todas as previsões e promessas feitas, quer pelo ministro das finanças como as repetidas pelo seu “padrinho” Passos Coelho, nenhuma foi, minimamente, acertada. Quer se refiram as previsões, espectativamente positivas, como as, nefastamente, negativas, todas foram ultrapassadas e sempre para pior. Nem sucesso nem tão pouco vislumbre de aproximação.
É mais que evidente que os homens não têm um pingo de vergonha, uma réstia de bom senso ou uma migalha de ética e de moral.
Se tivessem algum, pelo menos um, desses atributos Gaspar depois da saída da troika, após a sétima (des)avaliação teria apresentado a sua cata de demissão a Passos. Uma vez que isso não foi feito (em tempo útil) o primeiro-ministro deveria tê-lo já demitido.
Chegados a este ponto, quase sem retorno, e continuando a não ouvir as vozes das populações sejam capazes de ouvir as do vosso “correligionário” madeirense que por vezes tem laivos de lucidez credível e demitam-se os dois. Pelo menos poderia, talvez ainda, minorar as feridas deste maltratado povo português.
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