As ações de solidariedade com a Grécia prosseguem por toda a Europa. Este domingo, um grupo de ativistas do movimento “Eu Não me Vendo.pt” colocou a bandeira da Grécia no cimo do Castelo de São Jorge, em Lisboa. A acção sublinha o direitos dos povos das nações da Europa a decidirem o seu futuro. Todos temos direito a decidir sobre as políticas que condicionam gerações de pessoas. A soberania é do povo e não é da casta, do governo de Berlim, dos eurocratas de Bruxelas, e do capital financeiro especulador.
----- Resistentes à “Europa do partido único” (do PPE e das troikas neoliberais, dominadas pela finança transnacional)
.Numa sessão que encheu o Fórum Lisboa, personalidades de vários quadrantes políticos expressaram a sua solidariedade com o povo grego na resistência à brutalidade de uma União Europeia que se transformou “numa ditadura sobre as democracias”.
“A crise europeia aos olhos da Grécia”. ...
-- José Reis: “Declaro-me dissidente desta Europa punitiva”... denunciou que o “projeto europeu foi usurpado por políticos autoritários” que deixaram “uma Europa desfeita por instituições sem cultura nem projeto”. ... propondo “o início de uma nova construção europeia”, assente na paz, no emprego e nos direitos sociais. “A minha ambição europeia tem a voz da Grécia”, sublinhou.
-- Marisa Matias: “Os extremistas não estão no governo grego, estão nas instituições da troika” ... defendeu que “se uma União Europeia no seu funcionamento normal não comporta um governo de esquerda, já não é um projeto que interesse. ...Contra esta “Europa do partido único, que é a antítese da Europa plural e diversa”, cabe aos democratas “mandar abaixo este regime”. ... Ficaram preocupados quando nas eleições ganhou um partido fora do arco da corrupção”.
-- Eugénio Rosa: “É melhor ser livre um dia que andar de cócoras e submisso toda a vida” ... as exigências dos credores “uma ofensa à dignidade”, perguntando “como é possível uma interferência tão grande com os eurocratas a definirem o imposto da eletricidade que os gregos têm de pagar”. E criticou os responsáveis políticos portugueses por espalharem a “mentira” de que Portugal está a salvo de qualquer contágio, ... Quem paga em ultima instância são os contribuintes”. ...a sua economia e sociedade devastadas nos últimos anos. ...o funcionamento do euro condena os países periféricos à austeridade perpétua, enquanto a Alemanha lucra com a moeda única com saldos positivos na balança comercial. ...
-- Hélia Correia: “Alguma coisa começa a ligar-nos ao passado da Grécia: é a dignidade de um povo” ...lendo parte de um “
texto com 2500 anos”, o relato de Túcidides do discurso de Péricles sobre a distinção de Atenas em relação aos outras civilizações. “Como amiga da Grécia
apetecia-me fazer como Lord Byron
e partir para combater ao lado dos gregos pela sua libertação. Mas hoje é difícil fazer o mesmo porque não sabemos contra quem dar os tiros”, lamentou. ...um processo de
desumanização nos últimos anos. ... o que nos aconteceu? E como aconteceu?”. “Quando ouço falar o Syriza a dizer que o povo é que manda ali, ...
-- Freitas do Amaral: “A União Europeia passou a ser ‘uma ditadura sobre democracias’” ... defendeu ter sido “um grave erro da Europa, e de Portugal, não ter respeitado, minimamente, a vontade do povo grego” quando elegeu o Syriza para governar em janeiro. “É difícil de acreditar que em todas as reuniões de Bruxelas o resultado tenha sempre sido de 18-1. Onde estão os moderados? Onde estão os membros da Internacional Socialista? Onde os poucos Democratas Cristãos que ainda restam?”, perguntou. “A inflexibilidade negocial de Bruxelas, e os sucessivos “diktats” de Berlim, mostram que a U.E. passou a ser “uma ditadura sobre democracias”! Há que combater isso, enquanto é tempo”, ... “Só ... não querem ver, e têm raiva a quem já percebeu tudo!”,... o aproximar de um “momento perigoso” para o mundo exige “coragem e lucidez”, e não “cobardias e cegueiras ideológicas”.
-- Francisco Louçã: ...falou do efeito da crise grega para a Europa, numa altura em que “Sarajevo e Versalhes são evocados para falar da Grécia e ao mesmo tempo nos dizem que o que os separa é pouco: um quinto do BPN ou 20 Gaitans”. “A Europa ficou gelada com o referendo” e entrou “em modo de golpe de estado”, ... pondo em contraste a ajuda aos bancos espanhóis e irlandeses com a decisão de Draghi para fechar os bancos gregos. “O mais grave é que eles sabiam de tudo” sobre o fracasso da austeridade, dando o exemplo do relatório agora divulgado pelo FMI a dizer que sem 20 anos de carência no pagamento da dívida e uma grande restruturação não há nenhuma possibilidade de pagar a dívida. “As autoridades gregas ignoraram a crueza dos adversários, para quem a legitimidade democrática nunca é um argumento. Nesta Europa de partido único só há lugar para partidos de correia de transmissão”, resumindo a “única regra do euro: quanto pior melhor”. “Temos um Reich por 20 anos que é o tratado orçamental”, acusou, rejeitando os argumentos dos que à esquerda ainda dizem querer reformar a Europa. “No tempo da crise grega finaram-se as meias palavras: ... Ou a esquerda se redefine contra a submissão ou será submissa. ...
-- Manuel Alegre: ... contra as ameaças de Berlim e Bruxelas, que “querem que os gregos ajoelhem para que fique claro que não pode haver alternativa”. “O problema já não e só a austeridade, mas a liberdade”, ... “já havia orçamento com visto prévio, mas agora também há visto prévio de Bruxelas aos governos que são eleitos”. ...“uma vergonha” a posição do governo português e do Presidente da República sobre o que se está a passar na Grécia. “Substituem a razão de Estado pelo seguidismo perante os que mandam na Europa”, acusou. Os socialistas europeus também não ficaram de fora das críticas: “A crise da Europa é a crise da Internacional Socialista e dos que se dizem socialistas (ou social-democratas) e estão a permitir esta vergonha que está a ser feita”, ... “O medo está a progredir mas a história não acaba aqui. A Grécia já nos deu uma lição de dignidade. E só por isso a Grécia não será vencida”.
-- Pacheco Pereira: “Os gregos podem falhar, mas resistiram” em nome da dignidade e do seu país. ... falou de patriotismo com paralelos em acontecimentos históricos: os conjurados de 1640, os colonos americanos em 1765 ou a resistência francesa em 1940. “Todos eles escutaram os apelos à razão, todos ouviram ameaças”, mas todos eles lutaram contra a realidade que lhes impunham como inevitável. “Portugal devia ser o único sítio onde o meu voto manda. Mas andam a encolher o meu voto e cada vez manda menos”. “Por isso o destino dos gregos não é indiferente. Houve um governo que resistiu a cortar mais salários e pensões e defendeu o seu país de ser controlado por estrangeiros, esses tecnocratas pedantes que são os adultos dentro da sala”, ... não esquecendo “os socialistas que acham que são membros suplentes do Partido Popular Europeu”.
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E (os gregos) não desistem (Troika irritada: "Há mais de 2000 anos... que os Gregos 'merdam' o mundo com a sua democracia")