O Coletivo Passa Palavra deixa claro que a partir deste momento todos os seus integrantes serão apoiados frente a toda e qualquer tentativa de trashing, respondendo publicamente e enquanto coletivo a qualquer ataque. (-Passa Palavra, 5/2/2015)
«Eis os 3 documentos que servem de base ao Colectivo Passa Palavra. Leia-os (são curtos). Pontos de Partida — 12 pontos para uma visão do mundo, da vida e da política. Estatuto Editorial — Um jornal como? E para quê? 10 tópicos para tentar defini-lo. Organização Interna — 7 regras para sermos desde já o que há-de ser o mundo depois.»Há algum tempo o Passa Palavra traduziu e publicou um artigo da autoria de Jo Freeman que refletia sobre a questão do trashing nos movimentos de mulheres. O trashing foi então definido não como uma modalidade honesta de oposição ou desacordo político, práticas perfeitamente comuns e toleráveis no âmbito das esquerdas, mas como uma modalidade cruel, manipuladora e desonesta de assassinato de reputação ou detonação.
O assassinato de reputação pode ocorrer de várias formas, mas ele possui características distintas que devem ser observadas: tendo em vista a detonação de um indivíduo, o agressor pode divulgar informações falsas a seu respeito; difundir versões negativas relativas às suas falas, escritos e ações; projetar sobre ele falsas expectativas, pretendendo desacreditá-lo frente aos demais; negar suas verdadeiras percepções da realidade; e diminuir ou mesmo negar sua própria existência, com a intenção de que sua presença e seus posicionamentos sejam ignorados. Seja como for, trata-se de um ataque dirigido à pessoa e não às suas ideias, práticas e posicionamentos políticos: as próprias motivações do indivíduo é que são questionadas, sendo sua própria trajetória militante e sua própria personalidade colocadas em causa.
Um dos efeitos do ataque é fazer o indivíduo sentir que sua própria presença no grupo ou organização é prejudicial à luta, levando-o a se afastar da vida política. O detonador procura destruir antes o indivíduo que as ideias por ele defendidas. Por meio do assassinato de reputação, conflitos pessoais são disfarçados de divergências políticas ou, pelo contrário, divergências políticas desdobram-se em ataques pessoais. Além disso, é comum que, tendo em vista o combate às posições políticas de determinadas organizações, membros dessas organizações sejam tomados por alvo. Ainda segundo aquele artigo, são alvos preferenciais do trashing: pessoas que se destacam de alguma maneira, seja pela suas opiniões, seja pelas suas práticas; e pessoas que são mais assertivas ou possuidoras de uma forte personalidade.
Frente a isso, declaramos:
I. Já faz tempo que membros do nosso coletivo são vítimas de trashing em outros espaços políticos que atuam ou nas redes sociais. Não foram poucas as ocasiões em que, para atacar uma posição do Passa Palavra, os membros do coletivo tornaram-se alvo de tentativas de assassinato de reputação, tendo de manejar e conviver com falsas alegações relativas às suas vidas pessoais; tendo as suas falas, escritos e ações sido submetidas a deturpações; tendo rechaçadas as suas legítimas opiniões; tendo diminuída ou mesmo negada a sua própria existência; tendo questionadas as suas motivações individuais e colocadas em causa as suas próprias personalidades e trajetórias políticas; e tendo sido apresentados como pessoas prejudiciais à luta no âmbito das esquerdas.
Além disso, membros do nosso coletivo têm sido vítimas de ataques pessoais em decorrência de suas posições políticas, bem como alvejados por ataques resultantes de desavenças pessoais e disfarçados de divergências políticas. Se quem foge aos padrões hegemônicos de opiniões e práticas fixados pelo politicamente correto tem maiores chances de estar na mira de uma tentativa de detonação, os membros do Passa Palavra têm sido especialmente visados pelos agressores, o que não será mais tolerado.
II. O trashing, como bem colocado no referido artigo, só é eficaz se suas vítimas sofrem a detonação isoladamente e sem qualquer apoio ou solidariedade da parte de seus companheiros de luta. A essência dessa prática cruel, manipuladora e desonesta é o isolamento político dos indivíduos e sua responsabilização individual por decisões políticas coletivas consideradas equivocadas ou nocivas. Havendo apoio e solidariedade imediatos e resolutos por parte da organização de que faz parte a vítima do trashing, os agressores acabam sendo privados da plateia e do respaldo coletivo de que necessitam para desferir triunfantemente seus ataques venenosos e destrutivos. O coletivo editorial que auto-organiza o Passa Palavra não pretende interferir negativamente nas dinâmicas políticas dos movimentos e coletivos nos quais seus membros também participam, entretanto não vamos tolerar ataques que, disfarçados de divergências políticas, visam atingir o Passa Palavra detonando pessoalmente os seus membros. Tendo isso em vista, o Coletivo Passa Palavra deixa claro que a partir deste momento todos os seus integrantes serão apoiados frente a toda e qualquer tentativa de trashing, respondendo publicamente e enquanto coletivo a qualquer ataque.
III. Nosso coletivo sempre teve como norte a edificação de um espaço democrático para o debate político franco entre as esquerdas. Infelizmente, nossa valorização de um espaço aberto e plural acabou abrindo uma brecha para que pessoas movidas pela má-fé e desinteressadas em contribuir com a luta anticapitalista tentassem minar o nosso projeto por meio de ataques desferidos contra membros do nosso coletivo. No passado, sem que nos apercebêssemos da gravidade, da violência e da destrutividade de tais práticas, acabamos permitindo essa atuação. Tal não mais se repetirá. Nosso site continuará a ser um espaço democrático aberto ao debate franco e plural, mas ficará de portas fechadas para os desonestos e mal-intencionados, pois entendemos que há uma grande diferença entre debate franco, duro – e muitas vezes grosseiro – com o trashing.
Em nosso site não mais serão publicadas colaborações ou mesmo comentários de detratores de integrantes do Passa Palavra, sobretudo de pessoas que no passado pretenderam instrumentalizá-lo para a veiculação de agressões e perseguições pessoais. Da mesma forma, ataques aos nossos companheiros perpetrados em outros espaços públicos receberão também uma resposta imediata e enérgica do nosso coletivo. Pretendemos com isso dar um basta à prática do trashing dirigida contra membros do Passa Palavra e ajudar a difundir o combate a essa prática nefasta no âmbito das organizações e movimentos.
O Passa Palavra sempre enfatizou que, na luta contra o capitalismo, as esquerdas devem ser capazes de desenvolver e defender desde já práticas emancipatórias contrárias a toda e qualquer forma de exploração, opressão e barbárie. Por conseguinte, com este manifesto pretendemos deixar claro que estamos e sempre estaremos na linha de frente do combate a práticas fascistas que visam e muitas vezes logram penetrar o campo da esquerda anticapitalista, corroendo-a por dentro. Não titubearemos em combater, com a dureza necessária, a prática desumana e bárbara do assassinato de reputação perpetrada por pessoas que, contrárias ao diálogo honesto e incapazes de impor suas ideias, apelam para práticas rastejantes que a esquerda não deve e não pode mais tolerar.
O novo fascismo (07.05.2014 - António Guerreiro, ipsilon.público.pt)
Assistimos hoje a uma Pasolini-renaissance, que reconhece uma enorme actualidade às reflexões críticas do poeta, cineasta e ensaísta sobre o seu tempo. Quase 40 anos após a sua morte, as análises e intervenções políticas de Pasolini parecem ter chegado ao momento da sua legibilidade, o que mostra que estamos perante um “homem póstumo”, um intempestivo, no sentido nietzschiano. Pasoliniana é a ideia, que começou a irromper nalguns círculos de reflexão política virados para uma ontologia da actualidade, de que está disseminado um “novo fascismo” na nossa existência quotidiana.
Quando hoje, em Portugal, comemoramos os 40 anos da conquista da liberdade e da democracia, todo o regozijo surge atenuado por uma ideia difusa, uma intuição para a qual a grande maioria das pessoas ainda não encontrou nome: a de que a liberdade e a democracia contemporâneas, que celebramos, convivem com este novo fascismo quotidiano, muito diferente do antigo, mas que, deste, mantém um conjunto de funções sociais que se combinam em estruturas diferentes. Ou seja, este novo fascismo, que do ponto de vista de um historiador parecerá um equívoco, revela-se uma categoria pertinente de um ponto de vista genealógico e estruturalista. O novo fascismo só se revela à luz de uma análise molecular, micropolítica, não é inerente a estruturas como o Estado, os partidos, os sindicatos, nem necessita da supremacia de um líder, de um Führerprinzip. O seu uso encontrou, em primeiro lugar, um princípio de justificação na ideia de que vivemos numa “sociedade de controle” (securitário e de auto-controle e de auto-censura). Tornou-se evidente que a sociedade de controle (que todos nós sabemos hoje muito bem o que é, mesmo sem a ajuda de mediações teórico-filosóficas) desenvolveu a produção de bens e serviços imateriais e um modelo ético baseado na competição e no sucesso que deu origem a um fascismo empresarial.
Na relação das empresas com os seus “colaboradores” (este novo nome para os trabalhadores vale com uma sintoma), o clima é friendly, o chefe não é um patrão, mas um líder, e a “cultura” empresarial que se constrói é sempre de colaboração e a-conflitual, orientada para uma “missão” e determinada por uma “visão”. Por trás, sustentando esta “cultura”, está o medo, não o grande medo inculcado pelo fascismo tradicional, mas os pequenos medos que o novo fascismo gere e multiplica. A experiência do medo é o factor primeiro deste novo fascismo e está hoje generalizado, em todos os ambientes de trabalho, até nas empresas mais liberais. O novo fascismo, organizando estrategicamente as pequenas inseguranças que alimentam medos (antes de mais, o medo de ser despedido), apresenta-se como um pacto para a segurança, para a gestão de uma paz angustiante, fazendo de todos nós – e muito particularmente todos os colegas de trabalho – microfascistas.
E há, depois, o novo fascismo cultural, a lógica da uniformização. Não através da anulação das diferenças entre os indivíduos, como o velho fascismo, mas produzindo uma homologação a partir da produção de diferenças (tudo é diferente, exactamente para que tudo seja igual). Este novo fascismo cultural tem como instrumento principal o editorialismo, que é o contrário do pensamento crítico. Este editorialismo generalizado está bem patente, no espaço público mediático, na proliferação do comentário político e opinativo que corrompe e intoxica a linguagem. Podemos então verificar que o novo fascismo tanto pode ser de esquerda como de direita, tanto habita a página ímpar do jornal como a página par, tanto se senta à direita como à esquerda do jornalista que apresenta o telejornal.
Infelizmente, sempre aparece gente de curta memória ou que senilmente se aproveita de trabalho alheio a quem é preciso relembrar compromissos assumidos, por isso aqui se repõe, em lembrete, o que se escreveu em post editorial. Efectivamente o LUMIÁRIA não é um blog partidário, ainda que alguns “marombistas” se não coíbam de tais tentativas.
Uma coisa é ter respeito pelos “vínculos partidários” de cada cidadão, militante ou não. Outra, bem diferente, seria que postantes transformassem ou usassem, instrumentalmente, o LUMINÁRIA para fazer campanha partidária. Isso não! De todo.
EDITORIAL
Este blog é um espaço de expressão cívica e política de alguns portugueses que procuram estar atentos ao que se passe na sociedade e no mundo, participando de forma livre, tolerante e construtiva na «res pública» global, contribuindo para a formação de cidadãos de pleno direito, conscientes e activos no exercício da cidadania.
No LUMINÁRIA, o foco é a política na sua concepção mais nobre e ampla, do local ao universal, dos recursos à Humanidade, passando pelos partidos e pelas governações públicas.
No LUMINÁRIA, os vínculos partidários, filosóficos e outros, de cada participante, não são renegados mas também não devem ser limitativos da sua razão e análise crítica, pugnando-se pela abertura e pela prática da tolerância democrática.
Aqui, os ‘postantes’ são convidados cooptados, que exercem, a ritmos e especificidades próprias, a sua liberdade de expressão. Os leitores têm total liberdade para fazer comentários, sem moderação ou prévia inscrição, reservando-se apenas o direito de eliminar os registos com insultos ou publicidade comercial.
A responsabilidade dos posts (palavras e imagens, ideias, opiniões, escolhas, cópias e links) e a responsabilidade dos comentários é exclusiva dos seus autores (identificados ou anónimos) e não vincula o colectivo de membros/administração deste blog, nem qualquer outra entidade.
A todos fazemos o convite à participação e divulgação deste espaço, contribuindo para a sua contínua melhoria.
A ex-Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues tomou um conjunto muito vasto de medidas de que resultou uma qualificação muito significativa do nosso sistema educativo.
Por exemplo, o serviço público de educação foi substancialmente aumentado e melhorado, nomeadamente:
· A colocação de docentes passou a ser plurianual, favorecendo a estabilidade do corpo docente e a qualidade do ensino;
· Em todo o ensino básico e secundário, foram garantidas aulas de substituição;
· Foi lançado o programa de modernização do parque escolar;
· Foi aumentada a rede de educação pré-escolar;
· Foi lançado o Plano Nacional de Leitura e o Plano de Acção para a Matemática;
· Foi reforçado o ensino artístico;
· Foi criado o Programa Novas Oportunidades, promovendo o regresso à escola dos que dela se haviam afastado pelas mais variadas razões;
· Foi dado um grande impulso ao ensino secundário profissional (91 mil alunos, triplicando o valor de 2005;
· Foi combatido o insucesso e o abandono escolar: baixou a taxa de insucesso (em 2007/2008, atingiram-se os valores mais baixos da última década); entre 2005 e 2008, a taxa de abandono precoce desceu de 39% para 36%;
· Foi promovida a generalização do uso das novas tecnologias: entrega de mais de 1 milhão de computadores com possibilidade de acesso à internet em banda larga a preços muito reduzidos, em muitos casos quase gratuitos, através do Programa e-escola, beneficiando professores, alunos e formandos do Programa Novas Oportunidades;
· Foi lançado o Plano Tecnológico da Educação nas escolas: redes intranet; computadores (310 mil); videoprojectores (25 mil); quadros interactivos (9 mil); cartões electrónicos; sistemas de videovigilância;
· Foi alargado e simplificado o acesso à acção social escolar (o número de beneficiários cresceu de 240 mil para mais de 700 mil);
· Foram garantidas, às famílias com menores rendimentos, refeições gratuitas para os seus filhos e o pagamento integral dos manuais escolares de aquisição obrigatória.
O 1º ciclo do ensino básico teve uma atenção particular:
· Foi concretizado o princípio da escola a tempo inteiro (até às 17h30m), com oferta de actividades de enriquecimento escolar;
· Foi generalizado o ensino do inglês, o estudo acompanhado, a música e a actividade desportiva;
· Foram encerradas 2200 escolas com poucos alunos e más condições que condenavam as crianças ao insucesso e foram lançados, em alternativa, novos centros escolares com bibliotecas, refeitórios e instalações desportivas;
· Foi generalizado o fornecimento de refeições escolares (passando de 30% para 94% das escolas).
E podem crer que estou longe de ser exaustivo.
Mas é também de realçar a contribuição dada para a introdução da avaliação do mérito dos professores, com consequências para a evolução na sua carreira, como sucede na generalidade das actividades profissionais, públicas e privadas. E como sucede com os alunos. Esta foi uma batalha muito difícil, mas hoje, poucos terão o descaramento de se opor a que tal avaliação se faça.
Hoje estamos um passo bem á frente do que estávamos no passado. Podemos discutir o modelo de avaliação. Podemos dissertar sobre a forma como o processo foi conduzido, e sobre isto haverá também muito a dizer. Mas espero que tenha acabado a progressão na carreira por mera antiguidade, sem considerar a avaliação de mérito. Para bem da escola pública, dos nossos filhos e do País.
[Puxa Palavra, Mário Lino]
Este blog é um espaço de expressão cívica e política de alguns portugueses que procuram estar atentos ao que se passe na sociedade e no mundo, participando de forma livre, tolerante e construtiva na «res pública» global, contribuindo para a formação de cidadãos de pleno direito, conscientes e activos no exercício da cidadania.
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