O arranjinho apadrinhado por Manuel Alegre foi o mais rude golpe na sólida estratégia de Pedro Santana Lopes.
É inequívoco que a esquerda ganha muito com o acordo de Helena Roseta com António Costa para a Câmara de Lisboa. Por mais que Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã protestem e resistam, a verdade é que o arranjinho apadrinhado por Manuel Alegre foi o mais rude golpe, até ao momento, na sólida estratégia que Pedro Santana Lopes tem em marcha para regressar à autarquia da capital.
O PS é o principal beneficiado, claro. Mas, se a nível local nada podia ser mais perfeito, no plano nacional o consenso conseguido por António Costa aumenta ainda mais a pressão sobre José Sócrates. Não só porque alguém na sua posição teria sempre de demarcar-se do Governo para cativar o eleitorado à esquerda do PS, mas também porque Costa sempre esteve pouco disponível em ajudar Sócrates além do essencial. E agora menos ainda, depois de o primeiro-ministro ter perdido o estatuto de invencível na derrota das europeias.
A encruzilhada estreita-se, assim, para José Sócrates. Os caminhos da esquerda são convidativos mas, como se tem visto, implicam concessões muito elevadas às correntes alegristas. Os do centro, que conduziram o PS à maioria absoluta, têm agora no renascido PSD um concorrente à altura. Pelo meio, há ainda a crise internacional e a investigação do caso Freeport, variáveis imprevisíveis que podem desequilibrar as contas das legislativas a qualquer momento.
Se António Costa foi o único que saiu a ganhar em todas as frentes - até arrebanhou para a lista Fernando Nunes da Silva, o coordenador do estudo do ACP que arrasou o plano de mobilidade camarário -, Helena Roseta hipotecou muita da confiança conquistada junto da opinião pública desde que se desfiliou do PS.
O aparecimento dos independentes no panorama político nacional foi muito positivo para a nossa democracia. Pena que nenhum deles seja capaz de manter durante muito tempo uma verdadeira independência. Ainda no DN de 1 de Abril, Helena Roseta garantia: "Quem me quiser apoiar livremente que o faça, mas não vou sentar-me à mesa de negociações com ninguém. Quero manter a nossa autonomia." Está bem que era dia das mentiras, mas, em política, inversões de discurso tão bruscas costumam ser fatais. Mesmo quando se tem para trás um percurso positivo como o de Helena Roseta enquanto vereadora da Câmara de Lisboa.
[Rui Hortelão, Diário de Notícias]
Quando nas eleições autárquicas de Dezembro de 2001 se candidatou à Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes não tinha a mínima perspectiva de vir a ganha-las.
Também é certo que quando os eleitores lisboetas lhe acabaram por dar a vitoria (ainda hoje está por confirmar se verdadeira, é que as duvidas nunca foram, cabalmente esclarecidas) ignoravam completamente no que se iria tornar a cidade de Lisboa sob a irresponsável governação, do ora entra ora sai, entre Carmona Rodrigues e Santana Lopes. A capital ficou num completo caos de obras paradas, Lisboa perdeu, totalmente, a credibilidade junto de fornecedores e credores. O município entrou em num desalinho colapso completo, assim como um total desgoverno nos serviços e departamentos.
Entre o desgoverno da cidade, onde regressou à presidência da Câmara Municipal por mais seis meses, na sequência da queda do seu (des)governo do País e da derrota do PSD nas eleições legislativas de Fevereiro de 2005, Santana Lopes foi tendo mais alguns devaneios nocturnos próprios de um “jovem” irrequieto que passa a vida a “andar por aí”. Há quem, à boca pequena, lhe chame o “Berlusconi Lisboeta” e se a população da cidade se distrai-se a dar-lhe, outra vez, o comando da capital corríamos o risco de ver o Salão Nobre dos Paços do Concelho transformado numa sala de striptease.
Quem não se lembra do exemplo foi o esbanjamento dos dinheiros públicos, inclusivamente em viaturas de que o famigerado AUDI de 120.000€ vendido em hasta pública ao fim de seis meses por menos de metade do preço?
Seria mau, seria aberrante que depois de tudo o que sucedeu à cidade e a muitas empresas que, por falta de pagamentos por parte do município, entraram em falência arrastando com isso algumas centenas de trabalhadores no desemprego, os lisboetas recaírem no mesmo logro.
Por mais curta que pudesse ser a memória, ela não será tão fraca que permita aos eleitores esquecerem a grave situação de total perda de credibilidade, local, nacional e mesmo no plano internacional em que a Capital do país foi colocada pela coligação santanista, a mesma que agora é reeditada.
Apesar dos enormes esforços realizados pela actual vereação conduzida pelo agora Presidente António Costa e, também, da recuperação da credibilidade, da retoma da execução das obras anteriormente paradas, do pagamento quase total das dívidas de curto prazo e renegociação das de médio e longo prazo, ainda cheira a putrefacção santanista. Estão por resolver entre outras as obras do Parque Mayer, de vários parques e jardins, a feira popular, sem esquecer que os amantes desse icon da cidade continuam sem outro espaço característico de Lisboa como era aquele.
Os eleitores sabem avaliar e saberão optar pela solução mais segura, mais séria e mais credível para o governo da cidade votando, maioritariamente, em António Costa e na equipa por si liderada. Este já deu provas de que merece essa confiança.
O acordo anunciado entre António Costa e o movimento Cidadãos por Lisboa de Helena Roseta vem confirmar que o presidente da Câmara de Lisboa é hoje, no PS, o mais capaz de estabelecer pontes à esquerda. Bem precisava José Sócrates que esta dinâmica extravasasse as fronteiras de Lisboa e se alargasse ao País.
O acordo com Helena Roseta é o culminar de uma jornada de negociações e conversas em que António Costa conseguiu "seduzir" gente vinda de todas as esquerdas. Sá Fernandes veio do Bloco, José Saramago e Carlos do Carmo do PCP. Ao "alegrismo" foi buscar o seu mandatário financeiro e, agora, Roseta. No fundo, e apesar do fracasso da constituição de uma frente de esquerda para o confronto com a coligação de direita liderada por Pedro Santana Lopes, António Costa conseguiu, na prática, não uma coligação formal mas uma aliança alargada do PS com personalidades de todas as forças de esquerda.
Voltando a Roseta, o que dirão hoje os eleitores que há dois anos, nas intercalares, lhe confiaram o voto? O que dirão todos aqueles que a ouviram jurar a pés juntos que jamais faria coligações com o PS e que o seu movimento de cidadãos iria a votos nas próximas eleições autárquicas? É certo que fez um bom negócio, mas, e até porque a lei não permite coligações entre partidos e movimentos de cidadãos, o que ficará para a história é que, dois anos depois de ter saído do PS, Helena Roseta vai reentrar na Câmara de Lisboa como número dois de uma lista... do PS. [Diário de Notícias]
O PS-Porto está aterrado com o resultado de Elisa Ferreira na sondagem ontem divulgada pelo JN, que lhe dá 25 por cento das intenções de voto dos portuenses, menos de metade dos sufrágios da coligação PSD/CDS-PP encabeçada por Rui Rio. A candidata independente apoiada pelo PS fala de um "duche de água fria" e já se apressou a acusar o partido, uma crítica que caiu mal nos socialistas, que se têm mantido afastados da sua estratégia por "opção exclusiva" de Elisa Ferreira.
Avelino Oliveira, membro da distrital do PS-Porto e do secretariado da concelhia, declara que "a sondagem dá algumas indicações importantes para o futuro que é preciso acautelar". Significa isto, frisa, que "a estratégia de uma candidatura com um pendor mais independente do que partidário não está a resultar. A candidatura do PS à Câmara do Porto precisa de ampliar a dimensão do seu símbolo, porque o PS representa um património político e histórico importante que não está a ter repercussão nas sondagens".
Lançando um veemente apelo à mobilização de todos aqueles que são "genuinamente socialistas", para que nas próximas eleições votem no símbolo do PS, Avelino Oliveira fala abertamente da necessidade de o "PS assumir a campanha" com o argumento de que "todos devem ser chamados a intervir perante um combate que é difícil e num momento em que a esquerda está em perda". Para já, apesar da desorientação causada pela estrondosa queda que o PS regista na sondagem, ninguém abre fogo precisamente para não dar nenhum pretexto à candidata para bater com a porta e retirar-se da corrida. Não é a primeira vez que o PS-Porto critica a escolha da candidata e a forma com tem vindo a preparar a campanha, uma vez que alguns dos seus dirigentes consideram que Elisa Ferreira foi uma "fatalidade". M.G.
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“e já se apressou a acusar o partido” Pobre e mal agradecida. Esquece-se essa senhora e alguns que a apoiam que o PS já existia antes de ela existir. E foi o PS que lhe deu protagonismo e não contrário. Portanto se há alguém que nesta relação foi beneficiado foi Elisa Ferreira e não o PS e muito menos Portugal.
Não deixa de ser curiosos o apelo a todos aqueles que são “genuinamente socialistas”. Será que esses genuínos socialistas foram ouvidos na escolha da candidata? Será que esses “genuínos socialistas” apoiaram a dupla candidatura de Elisa Ferreira: ao Parlamento Europeu para assegurar um “tacho”e á CM Porto? Será que esses “genuínos socialistas” apoiam a decisão de Elisa Ferreira de caso perca as eleições, não ficar na CML a liderar a oposição? Não são as oposições também importantes para os “socialistas genuínos”? Claro que são. O mesmo não se pode dizer para os restantes socialistas.
E os eleitores? Compactuam com o oportunismo? Pela análise dos resultados para o PE parece que não.
Mas não vai ser só no Porto. Poucos ficarão surpreendidos se em Sintra algo de semelhante vier a ocorrer.
Alguém disse que quando se ganha uma guerra é mérito do general, mas quando se perde é culpa das tropas. Esta tem sido a mensagem passada para o PS e que os socialistas genuínos têm de combater.
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