Não é a política que faz o candidato virar ladrão, . . .
. . . é o teu voto que faz o ladrão virar político.
Olá Berta açoriana, os teus companheiros, autarcas aqui neste massacrado continente espalhados, como que a adivinhar o que lhes vai tocar pela porta eleitoral que se avizinha, dizem que foste a primeira vítima política das incompetências e anacronismos do coelhone, chamado Passos.
Enganam-se ou têm a memória muito curta, este coelhone actual já fez, antes de ti, milhares, muitos milhares, de vítimas politicas, económicas e, sobretudo, sociais.
O coelhone anterior ainda avisava que “quem se mete com o PS leva”, este, agora, ameaça atirar-nos para cima com um comboio chamado TSU depois diz que recua e já não é um comboio mas sim um autocarro dos articulados, o pagode acredita enganadamente, respira fundo e julga-se aliviado mas a seguir sente o embate das ditas benesses impostas pelos rapazes de Chicago e verifica, pelo peso do embate, que lhe atiraram com um pacote de impostos maior que dois comboios.
Minha querida Berta, se não és cúmplice, se te sentes, verdadeiramente, vítima de tão peçonhenta ave de rapina da esperança no futuro manda-a para bastante longe daqui, manda-a a ela e a todos os que com ela têm defendido estas politicas e estas ideologias, antes que seja demasiado tarde e já nem as cinzas restem
Sarko refém de Le Pen (-por Daniel Oliveira, Arrastão)
“Pelo menos nalguns distritos, é tal o peso dos pequenos poderes locais instalados, entre os apoiantes de Seguro, que só uma fé inexplicável nos pode fazer acreditar que por essa via se chegue a qualquer mudança de fundo no PS.”, escrevia há um certo tempo, Rui Namorado, no seu blog “O Grande Zoo”.
Um comentário a um post, neste blog por mim escrito, referia o seguinte:
“Lisboa, tudo indicia, não lhe foge à regra eu próprio conheço um certo camarada que passa a vida a criticar terceiros, sempre, verbalmente, defendeu as primárias para tudo e mais alguma coisa, foi crítico, fortemente crítico, a que o partido se abrisse a independentes e à dita sociedade, contudo por razões que só ele saberá (se é que sabe) propõe-se a organizar uma lista de candidatos ao congresso vinculando-se à moção de José Seguro. Será coerência com a pretensão mal escondida de “assalto” a um qualquer lugar cuja forma tanto crítica a outros ou será contradição, consigo próprio o que na resultante vai dar ao mesmo?
Creio que, embora sendo novo, já não vai a tempo de arrepiar caminho. O vício já é grande e infelizmente universalizado, cristalizou-se.
Tem razão, tem toda a razão DC. O mal deriva dos próprios militantes, corromperam-se ideologicamente que é a corrupção mais profunda e perigosa.”
Reflectindo em tais escritos cheguei à, triste e opinada, conclusão de que não tenho conhecimento de alguém se questionar sobre o facto de os estatutos do Partido Socialista obrigarem à vinculação de um programa e respectivo candidato, nos termos do disposto no artigo 47º, que determina no seu nº 1 que “Os delegados ao Congresso da Federação são eleitos pelos militantes inscritos nas secções de residência e de acção sectorial da área da Federação, com base em programas ou moções de orientação política.” Isto é, se os militantes se não reconhecerem em nenhum dos candidatos terão de escolher entre serem hipócritas ou ficam impedidos de ir ao congresso reportar as suas opiniões e reflexões.
Por nós continuaremos a fazer essas reflexões e a reportar as nossas opiniões por aqui, no Luminária, e à volta da mesa do café, bebendo um copo com outros camaradas e alguns amigos, ideologicamente, também, socialistas.
Há coisas que, como vulgarmente se diz, custam a engolir e que, houvesse memória e uma pitada de vergonha, teriam um efeito devastador, não só na imagem dos próprios mas, acima de tudo, na credibilidade dos agentes políticos em geral.
Dois desses fenómenos angustiantes e infelizmente cada vez mais comuns ocorreram na elaboração das listas de deputados.
Em posição destacada, temos Basílio Horta, actual presidente da AICEP - cargo de nomeação política -, fundador do CDS, ministro e, entre outras funções de relevo, candidato presidencial deste partido, nas eleições de 1991, contra o Dr. Mário Soares, fundador do PS e da democracia portuguesa.
Se bem me lembro, ambos protagonizaram aquele que foi, por responsabilidade exclusiva do primeiro, um dos mais lamentáveis episódios do combate político democrático em Portugal, num debate televisivo tristemente célebre em que Basílio, em desespero de causa e à falta de melhores argumentos e atributos, atacou o seu opositor de forma rude e pouco elevada. Resultado: humilhou-se e foi humilhado nas urnas.
Ora, não fosse alguém pensar que só os burros não mudam, Basilio, fundador da democracia-cristã, integra, como cabeça-de-lista, naturalmente pela quota do secretário-geral - no pressuposto de que não terá sido indicado por qualquer estrutura - as listas do Partido Socialista, laico e republicano. Enfim... mais palavras para quê...
O segundo destes fenómenos é Fernando Nobre. Salientar, antes de mais, que estou convicto de que este candidato a candidato à segunda figura (regimental) do Estado, é um cidadão comprometido e bem intencionado, vítima, não só de uma gestão política desastrosa mas, acima de tudo, de si próprio.
Depois de décadas de meritório e reconhecido trabalho humanitário em prol dos que menos podem e dos que menos têm, Nobre decidiu, legitimamente, prodigalizar
uma reputação sólida e candidatar-se à Presidência da República. Realizou uma campanha populista, demagógica e infantilmente errática, em que as ideias e as propostas fluíram com a lógica duma batata. Mais, cavalgando com afinco a sempre perigosa onda da independência partidária e da alegada superioridade daí resultante, fez juras públicas de não alinhar nas suas tenebrosas máquinas, quaisquer que fossem as circunstâncias, qualquer que fosse o momento. Uma conjugação cósmica de factores deu-lhe uma votação expressiva.
Escassos dois meses após tais juras, emolduradas de nunca e jamais, Nobre encabeça as fileiras do PSD que, com oportunismo, dirão uns, ou alguma ingenuidade, penso eu, o decidiu arregimentar. Que dizer...?
José Gil, em recente entrevista, perguntava onde estão os políticos que pensam menos nas suas carreiras e na sua agenda pessoal e social e mais nos interesses do país e dos seus concidadãos. Ao que se vê, esta é uma pergunta muito pertinente.
Público
O tempo que vivemos não é seguramente dos mais brilhantes da nossa História. Nem tanto pelas dificuldades, que são enormes mas não inéditas. As atitudes que vamos observando em quem tem responsabilidades é que nos fazem descrer da possibilidade de rapidamente unirmos esforços para vencer a crise.
Vejamos: tudo começou em 2009 com a vitória do PS e de Sócrates sem maioria absoluta. Toda a Oposição viu aí a primeira oportunidade de vergar o primeiro-ministro, e a verdade é que alguma arrogância dos tempos da maioria absoluta terá contribuído para um sentimento muito generalizado de que faltava humildade ao primeiro-ministro. O próprio Cavaco Silva - e com ele muitos barões do PSD - viram aí a ocasião de retribuir o sufoco em que tinham vivido nos últimos anos, estando ainda fresco na memória a forma como Manuela Ferreira Leite tinha sido sucessivamente cilindrada.
Cavaco Silva deveria ter nessa altura iniciado a sua tarefa de conciliador, de agregador, deveria ter tentado que se formasse uma maioria que garantisse vida longa ao Governo. Não o fez. Sócrates disse-se aberto a alianças, mas não foi nem convincente nem disponível para abdicar de algumas das suas propostas. Teve o que se sabe. A Oposição, em alianças negativas, foi destruindo diplomas, impondo políticas. Ainda agora, o Governo acabado de se demitir, as alianças negativas mataram a avaliação dos professores e revogaram medidas do Executivo para os medicamentos. Mas o Governo foi, como se costuma dizer, passando entre os pingos de chuva, sabendo que dificilmente seria destronado por aliança do PSD com a Esquerda do PCP e do Bloco. Veio a crise. Com ela, o bom senso de Passos Coelho, entretanto chegado à liderança do PSD. Um PEC e mais outro e mais outro. Até que, depois do violento discurso de posse de Cavaco Silva e perante o desdém de Sócrates que agiu como se não precisasse de apoio parlamentar nem devesse informar o presidente, o PSD cortou o apoio e lá vamos nós para eleições, provavelmente no momento menos adequado. Aqui ao lado, os espanhóis vão no quinto PEC, num crescendo de austeridade.
Vamos para eleições no preciso momento em que as agências de rating vão tornando o crédito a Portugal cada vez mais oneroso. Sócrates apostou tudo na rejeição do FMI. Apostou em que a Europa se chegaria à frente antes que o FMI fosse necessário. Mas a Europa foi esticando a corda e quando parecia que talvez pudesse dar razão a Sócrates, a Finlândia - um dos elos fortes da solução europeia - vai inesperadamente para eleições. As contas do primeiro-ministro caem pela base. Erro de cálculo, claríssimo.
Agora, com Governo de gestão, Sócrates diz que não pode chamar o FMI - até aqui o Governo não queria - Passos Coelho diz que sim e Cavaco diz que sim também, acrescentando - pela primeira vez - que as agências de rating exageram na pressão que fazem. Mas já exageram há muito. Interessou pouco dizê-lo noutras alturas, como certamente também já poucos ouviram, perante a correcção do défice - a Europa dizer que Portugal não mentiu nas contas, porque já todos entraram na fase das acusações.
Não é preciso dizer quem é o mexilhão desta história. Mas é preciso dizer que com os três principais protagonistas portugueses acontece só isto: Cavaco não gosta de Sócrates e ainda não confia (ou melhor, ainda desconfia) em Passos Coelho. Sócrates tem para com Cavaco sentimentos recíprocos aos do presidente para com ele e com Passos disputa o mesmo lugar, o que desde logo os afasta. Entre Passos e Cavaco há um fosso geracional, há um passado de separação, restando o respeito devido a uma linha comum e, acima de tudo, a oportunidade política. É pouco. Entre os três não haverá muito a fazer. Da cena política, restam dois dirigentes de Esquerda: um, fiel ao seu eleitorado e fazendo um caminho previsível mas certeiro na defesa dos seus; o outro, menos previsível, mas em sentido único, o sentido do protesto, nunca o sentido do contributo para que algo se construa. Resta, mais à direita, Paulo Portas, por ora na expectativa de saber se o PSD vai precisar dos seus votos ou não, mas coerentemente pronto para agravar a factura por cada dia que passa sem o PSD se aproximar.
E é assim que, a um mês e pouco das eleições estamos como em 2009, à parte uma situação económica sem paralelo: ou um partido, ou uma coligação tem maioria absoluta ou amargaremos ainda mais a nossa sorte. Os líderes em presença serão incapazes de aproximações e o presidente continua sem margem para intervir. Ou alguém dá um passo durante a campanha eleitoral ou o pior está para vir.
José Leite Pereira [Jornal de Notícias]
Bem-vindos ao fantástico mundo da Marktest
Já foi no dia 23 mas ainda vou muito a tempo de recordar que, nesse dia, foi divulgada uma sondagem sobre legislativas da Marktest para a TSF e o Diário Económico que atribuía 46% ao PSD, a vinte pontos de distância do PS. E, salvo erro, no dia a seguir, lá ouvi na rádio três ou quatro sujeitos a comentar estes dados (que transformariam Passos Coelho quase num Cavaco de 1987 e 1991) com o ar mais sério e compenetrado deste mundo, coisa que aliás também fariam caso houvesse três dias depois outra sondagem com resultados completamente diferentes, tudo dentro daquele sagrado princípio mediático de que cada dia é um dia dia, cada semana é uma semana e cada mês é um mês, ponto final parágrafo.
A este respeito e embora sabendo que estou a falar para o boneco, uma vez que no país político a memória e o espírito crítico estão pelas ruas da amargura, eu só quero lembrar que foi a Marktest que, no dia 19 de Janeiro, atribuiu a Cavaco Silva mais 37 pontos do que a soma de todos os outros candidatos, diferença que, manhosa e desonestamente, os resultados finais vieram a reduzir para 5 pontos. Estamos conversados, ou não?
Vítor Dias [o tempo das cerejas]
A abstenção técnica chega à imprensa, sem que a verdadeira questão política aflore
Dois jornais publicaram estimativas dos «eleitores fantasma» que assombram os cadernos eleitorais.
No Correio da Manhã chega-se, citando a Aximage e através de um raciocínio quase idêntico ao meu, à estimativa a que eu cheguei: 8,37 milhões de potenciais eleitores residentes em Portugal. Simplesmente, depois o Correio da Manhã assume o número errado de eleitores recenseados: 9,62 milhões e não 9,43. Penso que devem somar os recenseados no estrangeiro aos recenseados em território nacional (o que não faz sentido), e portanto ficam com uma estimativa dos «eleitores fantasma» superior à minha (em 200 mil).
Quanto ao jornal i, através de um raciocínio que não consigo reconstituir, chega a uma estimativa inferior, de apenas 800 mil. (Mantenho o meu número, um milhão.) Mas o i abordou algumas individualidades que lançam explicações para a discrepância. A sobrevivência de mortos nos cadernos eleitorais é assumida por todos, e o porta-voz da CNE chega a dizer que aos «110, 115 anos» são automaticamente eliminados. O que leva à conclusão de que quem morre aos 70 pode sobreviver 40 anos nos cadernos eleitorais. Outros falam nos emigrantes (para o estrangeiro) e nos «duplos registos».
O que força a que se coloque a questão que tem escapado ao debate: como é que ainda ninguém acabou com isto? Ora bem. Acontece que as freguesias não apenas recenseiam os eleitores, como beneficiam de manter o número de recenseados elevado. Mais eleitores são mais mandatos autárquicos, maiores salários para os autarcas, e maiores subvenções para equipamentos sociais. Não há vantagem alguma em eliminá-los.
Ricardo Alves [Esquerda Republicana]
Os estudos de opinião que têm sido publicados não conseguem prever com exactidão a percentagem de abstenção para a eleição presidencial. No entanto, espera-se que seja alta. Hoje, no Público, é perguntado a várias personalidades o que acharam da campanha e se esta mudou o seu sentido de voto. Há duas correntes:
os que vão votar mas insistem na pobreza da campanha;
e os que não vão votar, abraçando o niilismo abstencionista por entre a amargura (Vasco Pulido Valente) e a desilusão (José Gil).
São escolhas. No fim de contas, esta vai ser apenas mais uma eleição, para um cargo que confere um poder mais simbólico do que real, e seria difícil encontrar melhor ocasião para expressar descontentamento em relação à situação política actual.
Mas será esta apenas mais uma eleição? Vejamos:
a crise em que o país se encontra mergulhado; a pressão internacional para que sejam tomadas medidas de austeridade duríssimas; a descredibilização do Governo que foi eleito há menos de um ano.
Neste panorama, grande parte da esquerda decidiu enveredar pelo apelo à abstenção, chegando muitos a mostrar mais empenhamento do que mostrariam caso tivessem um candidato em quem votar. Seria comovente, este empenhamento, se não fosse pateticamente sectarista.
Todo e qualquer voto é sempre um voto útil.
Um voto esclarecido é um voto que encontrou defeitos num candidato ou num partido, mas acaba por se decidir pelo menor dos males. Aquele que tenha lido o programa de um candidato ou de um partido a qualquer eleição e concorde com tudo, do princípio ao fim, que atire a primeira pedra. Não há unanimidades (sim, a unanimidade, como disse o grande reaccionário Nelson Rodrigues, é burra) nem gente perfeita; e concedo que um político, qualquer que seja ele, é ainda menos perfeito.
Da mesma maneira, a decisão de não ir depositar o voto na urna pode ser tão útil como o voto no candidato - discordando de todos os candidatos, o abstencionista deixa-se ficar no calor da decisão abstencionista (na realidade, uma não-decisão), renegando o maior bem que uma democracia tem para oferecer: o voto. Um abstencionista - acreditem que sei do que falo, passei por cima de muita eleição - encontra conforto em várias coisas - na atitude de protesto, no gesto que julga de combate, na crença de que o voto é na verdade ilusório, e que nada poderá mudar.
Mas a verdade é que, na maior parte das vezes, o único real conforto é o que sente ao não sair de casa, ao preferir ir à praia, o conforto burguês de quem delega nos outros decisões que devem passar por todos.
Claro que há aquela minoria que diz ser contra este sistema; estão no seu direito de não votar, embora eu ache que, nesse caso, seria mais coerente a recusa da cidadania e de todas as benesses que esta traz. Uma vez mais, o conforto fala mais alto; e é muito fácil para o ser humano convencer-se de que tudo o que faz está correcto - está nos tomos de psicologia. Mesmo que o bom senso indique precisamente o contrário.
O único voto de protesto coerente é o voto em branco - e o nulo anda muito perto. Quem vota em branco aceitará o sistema político do país onde vive - caso contrário pediria a recusa de nacionalidade - mas recusa os candidatos ou partidos que vão a concurso. Uma escolha deste tipo seria, claro, o menor dos males. O votante em branco não se interessa por quem o governa ou preside ao país, é-lhe indiferente. E por isso tem de aceitar qualquer decisão que o poder tome. Para que não possa ser acusado de incoerência. O voto de protesto é coerente, mas será sensato? E até que ponto é produtivo?
O outro caminho que resta - o voto num dos candidatos - é tão útil como o voto em branco ou o voto nulo (mas mais sensato do que a abstenção, porque menos hipócrita). Não há políticos heróis, porque o herói apenas nasce quando o Homem morre. Mas a utilidade do voto reside noutra coisa:
o que será melhor, no momento em que votamos, para as nossas vidas?
Regressando a estas eleições, recordemos o que está em causa: a reeleição de um candidato que baseou toda a sua imagem numa pose de estadista credível, sério, competente e honesto. Cavaco, durante anos, alimentou esta imagem, viveu disto. Daí os seus silêncios, as suas ausências. A imagem de Cavaco, construída fora de palco, dependeu sempre da bondade da comunicação social. Nunca foi escrutinado, questionado, pressionado. Os seus apaniguados, presentes em todos os palanques mediáticos, foram criando uma aura mítica à sua volta, enquanto os seus amigos iam preenchendo lugares em organismos públicos, fundando empresas que bebiam da teta estatal, criando grupos económicos tão poderosos que se tornaram imunes ao poder político. E claro, os amigos mais próximos, os do coração, entretiveram-se a fundar um banco, o BPN, que serviu sobretudo para o rápido enriquecimento deles próprios.
E Cavaco, na sombra de um interregno na política, foi também beneficiando deste banco laranja, sem que nunca fosse posta em causa a tal imagem séria construída ao longo de anos. Nesta campanha, tudo parece ter desabado. Por isso, é natural que a clique cavaquista que colonizou os painéis do comentarismo televisivo e jornalesco ache que foi muito fraca, a campanha. A táctica de desvalorizar o que é verdadeiramente importante numa eleição onde, não se esqueça, vamos votar numa pessoa, e não num programa partidário, vem em todas as sebentas. Para que quem vota não se interesse, concorde, não pense na importância do simples gesto de votar.
O que aí vem - o embate das medidas de austeridade que toda a gente vai sentir - é demasiado grave para o alheamento. O que aí pode vir - a eventual vitória de Cavaco; a provável dissolução da Assembleia; a possível vitória do PSD nas legislativas; Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro - é a concretização do mais perfeito sonho molhado da direita liberal do nossa país:
medidas de austeridade ainda mais duras; o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, num processo regressivo que imitará o que sucedeu recentemente nos EUA, mas no sentido contrário; a prometida (ameaçada?) revisão constitucional, o que significará a derrota definitiva dos ideais de Abril; uma revisão laboral que penalizará ainda mais os trabalhadores, caminhando para a flexibilização total do mercado de trabalho, de modo a que a economia possa competir com os países emergentes, o que na prática representará uma regressão de quarenta anos; a privatização de todas as empresas públicas que ainda existem, com tudo o que isto tem de penalizante, tanto para a economia do país como para todos os cidadãos.
Poderá ser de outra maneira? A única via de saída, sinceramente, será que não aconteça a tal tríade perigosa que Sá-Carneiro sonhou para o seu PPD: uma maioria, um governo, um presidente. E podemos começar por não eleger Cavaco, o patrocinador do rumo errado, omnipresente na luz ou na sombra, que o país levou nos últimos vinte anos.
Votar, claro, é o mais poderoso instrumento que temos para evitar esta derrocada. Afinal, será muito mais cómodo para todos ir depositar o voto.
Sérgio Lavos [Arrastão]
A imagem é de Gui Castro Felga
O deplorável comportamento de executivos e agentes partidários no exercício dos seus respectivos cargos electivos
Nos termos do disposto no Artigo 4.º da Lei N.º 22/99 de 21 de Abril que “Regula a Criação de Bolsas de Agentes Eleitorais e a Compensação dos Membros das Mesas das Assembleias ou Secções de Voto em Actos Eleitorais e Referendários” os cidadãos, no pleno exercício dos seus direitos de cidadania, podem inscrever-se para poderem ser seleccionadas a fim de fazer parte da referida bolsa.
Assim, as câmaras municipais, com a colaboração das juntas de freguesia, promovem a constituição das bolsas através do recrutamento dos agentes eleitorais, cujo anúncio será publicitado por edital, afixado à porta da câmara municipal e das juntas de freguesia, e por outros meios considerados adequados, nº 1 do referido artigo 4º.
Algumas juntas divulgaram nos placares, fixados junto das suas respectivas portas, mas não o fizeram nos mais locais habituais de divulgação informativa das suas actividades, como de resto e habitualmente sempre precária.
O diploma remete para “outros meios considerados adequados” naturalmente que, com a evolução das tecnologias e concomitante criação dos sítios (paginas electrónicas), seria espectável que muita divulgação da actividade dos representantes eleitos por seus pares fosse disponibilizada a quem os elegeu, como sejam as iniciativas e as propostas que têm. Não, lamentavelmente continuam com atitudes e procedimentos de caciquismo atroz e arrepiante fazendo convites em círculo fechado e exclusivamente por contactos pessoais.
O nº 3 do mencionado artigo determina que “Os candidatos à bolsa devem inscrever-se, mediante o preenchimento do boletim de inscrição anexo à presente lei, junto da câmara municipal ou da junta de freguesia da sua circunscrição até ao 15.º dia posterior à publicitação do edital referido no n.º 1 do presente artigo”. É claro que são poucos, além dos contactados pelos controleiros político-partidários, que têm conhecimento atempado e dentro do prazo para efectuar a respectiva inscrição.
Assim funciona a nossa democracia, mesmo ao nível mais baixo, anda de rastos, anda ao nível do chão. Será que os cerca de 80,00€uros, mais um dia de ausência ao trabalho, justificam tão baixo nível democrático?
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