Sexta-feira, 13.11.15

----- Diário de um tempo diferente    (12.11.2015, J. Pacheco Pereira, Abrupto )
  12- Quando é que os jornalistas, que seguem quase unanimemente a linha do "quem paga" como único critério para avaliar o mérito de qualquer medida e repetem à saciedade a mesma pergunta,   se interrogam sobre se essa pergunta deve ser a primeira a ser feita, e se deve ser feita do modo que é feita,    e se não há toda uma carga ideológica (e uma série de simplismos mais que rudimentares) nessa maneira de colocar a questão?
     A resposta é sempre, nós os contribuintes. Portanto, alguém há-de pagar.   Mas será que a pergunta nos diz alguma coisa sobre
quem são os contribuintes que deviam pagar mais e não pagam,
os que fogem aos impostos perante a complacência do estado,
ou os que tem isenções fiscais que podem ser cortadas,
ou as despesas que são feitas e não deviam ser feitas,
ou sobre se há justiça distributiva em quem paga,
ou até, se se justifica que se pague mais.
Não, não nos diz nada.
      É que se for assim, a pergunta "quem paga" quer dizer "isso não se deve fazer", não se devem aumentar salários, pensões, reformas, etc.
     E como a pergunta não é feita noutras circunstâncias, é uma pergunta profundamente viciada
pela miserável ideologia (neoliberal) que circula nos nossos dias e que muita gente interiorizou sem pensar no que está a dizer,    ou porque é hostil a que se "pague" a alguns e nunca faz a pergunta a outros.
    Ora eu conheço mil e um exemplos em que a pergunta "quem paga" tem todo o sentido de se fazer e ninguém a faz.

   13- Será que aqueles que preferem estragar ainda mais Portugal, entregando-o, meses e meses, a um governo de gestão que não pode governar nada, apenas por raiva de poder haver outro,  percebem a dimensão do conflito institucional que vão criar?
    É que se esquecem deste pequeno problema que é o facto do Parlamento não estar em gestão e poder, com certos limites, "governar"?
    E que a seguir vão ter que pedir ao Presidente para exercer uma espécie de veto contínuo a tudo que venha da Assembleia?

   14- Sobre os números catastrofistas que a comunicação social repete sobre o impacto das medidas dos acordos PS-PCP-BE,    não seria bom saber qual a credibilidade de quem está a injectar estes números ou o seu interesse próprio nessas contas, ou seja, não seria exigido que nos dessem as fontes?
    É que alguns são tão evidentemente 'martelados' que não é desculpável que se publiquem sem se saber como se chegou lá e quem fez essas contas.
    Hoje esses números estão no centro do confronto político, não seria de ter toda a prudência?
(Um exemplo:
acabei de ouvir uma descrição do cataclismo financeiro para o estado se a privatização da TAP for travada, mesmo na hipótese de não haver assinatura final, que, ou vem dos putativos compradores ou do anterior governo, ambos interessados nessa visão das coisas.
   Repito:   não seria de verificar a veracidade contratual desses prejuízos, antes de funcionar como porta-voz de uma das partes?       É que, pelos vistos, do modo como as coisas estão, deixou de se verificar nada nos órgãos de comunicação social.)

---- Há 40 anos, um cerco à AR – amanhã, não sabemos      (-J.Lopes, Entre as brumas...)

 Quando vi as imagens das concentrações em frente à Assembleia da República, há dois dias, tive bem presente outras, de 12 de Novembro de 1975. Nos antípodas? Certamente. Mas nada a ver? Gostava de ter a certeza.
    O governo foi rejeitado, a crispação está altíssima, o Presidente da República não tem pressa para desatar os nós e decidiu ouvir nem se sabe quantas entidades e que pessoas (tendo começado por algumas que alinham bem com os seus desejos). Estará talvez a tentar ganhar tempo, sem que se conheça exactamente para quê. Mas nem é muito difícil imaginar.
    A PàF começou ontem uma pós-campanha eleitoral pelo país, registei, e guardo para memória futura próxima, que Paulo Portas pediu, em Setúbal, apoio à "maioria silenciosa" e que houve quem sugerisse que a direita descesse à rua. Serão palavras vãs? Não tenho qualquer certeza.
     Por tudo isto, e por muito mais, era bom que as «esquerdas» estivessem preparadas para o que pode por aí vir, mais depressa do que possamos hoje pensar e, eventualmente, que antecipassem iniciativas. A rua, não só mas também ela, espera pelos partidos que estão num dos lados da barricada e pelos cidadãos que os suportam neste momento de esperança (e não, não é, nem deve ser, a CGTP a liderar o processo).
     P.S. – Para detalhes sobre o cerco de 1975, ver aqui
«Em "Star Wars" o Imperador e Darth Vader dividiram, durante quatro décadas, o domínio da galáxia. Uma espécie de bipartidarismo espacial, sem rebeldes à vista. Contra os extremos, as forças imperiais sempre utilizaram o seu trunfo mediativo favorito: o medo.
    Mas o lado obscuro da Força ganhou energia com quatro anos de austeridade sem sensibilidade.   O país amedrontou-se ou refugiou-se no estrangeiro. Mas radicalizou-se.   O que se assistiu, no Parlamento, com a queda do Executivo minoritário de Passos Coelho, foi o fim de uma era e a transformação do centro político num enorme buraco negro. Aquele local onde todas as conciliações eram possíveis e que, com a destruição da classe média levada a cabo nestes últimos anos, se tornou tão frágil como porcelana.
     O centro político era a balança do regime. Mas quando o PSD deixou de ser social-democrata e se converteu ao neoliberalismo e o PS derivou para a esquerda para ser a voz do descontentamento, as pontas quebraram. A radicalização política que levou à queda de Passos Coelho é o reflexo da cisão profunda a que assistimos na sociedade. Os "valores" de ontem deixaram de ser válidos e entrámos num novo tempo.
    Demorará muito tempo até que a classe média que deseja o compromisso e a estabilidade renasça das cinzas. E só isso trará novamente a política para o centro. A galáxia portuguesa dividiu-se e, facto curioso, a política ocupou o território do 'economês' 'apolítico' que governou Portugal nos últimos anos. A sociedade saiu do seu pântano letal, mas confortável, e agitou-se. O desaparecido "centro" foi o dano colateral da austeridade.» -- Fernando Sobral


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Quarta-feira, 11.11.15

---- Cai, vai cair       (- por Joana Lopes,10/11/2015, Entre as Brumas...)

 .
.---- As 4 Moções de Rejeição  do programa e Governo PàF - PSD/CDS   
. Moção de Rejeição do PS  
. Moção de Rejeição do BE  
. Moção de Rejeição do PCP  
. Moção de Rejeição do PEV 
---- Os três acordos assinados   (nov. 2015):
. Acordo PS / BE  
. Acordo PS / PCP  
. Acordo PS / PEV
---- Não sejas piegas, pá f !  (sai da "tua zona de conforto" ... emigra...)
 ;    
     Manifesto anti-Cavaco por Mário Viegas, que faria hoje 67 anos.
         Esperança         «Sabemos que os tempos que se avizinham serão difíceis. Um governo que defenda estes princípios será atacado por todos os interesses.    Tomemos um exemplo. Apenas um exemplo.    “Proibição das execuções fiscais sobre a casa de morada de família relativamente a dívidas de valor inferior ao valor do bem executado e suspensão da penhora da casa de morada de família nos restantes casos”.    É uma das 70 medidas sobre as quais PS, PCP, BE e PEV chegaram a acordo.
     Será uma medida justa? É justa.    Haverá algo mais elogioso que se possa dizer de uma medida política?   Haverá alguma etiqueta mais nobre no dicionário? Penso que não.    Haverá algo que seja melhor para a sociedade, para a economia, para o desenvolvimento, do que uma medida justa? Penso que não.   Porque as pessoas tratam os outros como são tratadas e nada pode ser melhor para uma sociedade onde todos tentam ser justos, onde todos tentam fazer o bem. (...)
     Se houvesse apenas esta medida no acordo, isso seria suficiente para marcar o dia da sua assinatura com uma pedra branca. Mas não há.    Como esta há muitas outras, que têm em comum algumas preocupações centrais:   a protecção dos mais frágeis, a inclusão dos mais sacrificados, o reforço dos serviços públicos essenciais, a sustentabilidade ambiental.
     Sabemos que isto é apenas o início, mas é um início auspicioso. Um programa que protege os cidadãos acima de tudo, em vez do dinheiro. Um programa que olha para os cidadãos como tendo todos a mesma dignidade.
     Sabemos que isto é apenas o início e que tudo o que segue, daqui para a frente, será muito difícil. Mas todas as dificuldades são bem-vindas quando se trata de construir um futuro solidário, sem excluídos, sem escorraçados, sem párias. Um futuro como sonhámos depois do 25 de Abril e que depois, sem que se tenha percebido bem porquê, se perdeu em labirintos, intrigas e areias movediças. (...)
     Sabemos que os tempos que se avizinham serão difíceis. Um governo que defenda estes princípios será atacado por todos os interesses, por todos os privilegiados de todos os privilégios, por todos os preconceitos, por todos os rancores. (...)   Sabemos que muito pouco está garantido e muito está em jogo.   Mas também sabemos que temos muitos aliados dentro e fora das fronteiras, em todos os homens e mulheres de boa vontade.    Sabemos que a honra é mais forte que a ignomínia.   Que a dignidade é mais forte que a subserviência.   Que a liberdade é mais forte que a submissão.   E sabemos, enfim, que podemos ter esperança.» -- José Vítor Malheiros
«Cette alliance n'a, en réalité, été possible que parce que, pendant que les observateurs internationaux et les ministres de l'Eurogroupe tressaient les louanges de la politique du gouvernement du premier ministre sortant P.P.Coelho, les Portugais rejetaient profondément sa politique.» 


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Segunda-feira, 23.12.13


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Sexta-feira, 15.11.13

   Um novo sujeito político à esquerda   (-por Daniel Oliveira, 14/11/2013, Arrastão e Expresso online)

      Olhamos para a mais baixa popularidade de um presidente francês em toda a história da sua República, olhamos para a revolta que se espalha pela França e olhamos para os resultados eleitorais e para as sondagens de Marine Le Pen e somos obrigados a tentar perceber o que está a acontecer em França e, a partir dela, na Europa.    Grosseiramente, resumo assim:   impreparado para suceder a Sarkozy, o centro-esquerda francês (tal como o inglês, português, espanhol, grego,...) transformou-se na linha da frente (ou porta de entrada dos neoliberais e) da austeridade, do ataque ao Estado Social e da destruição do modelo social europeu.    E nem o nascimento da Front de Gauche, demasiado marcada pela tradição comunista e da extrema-esquerda, conseguiu impedir que fosse a extrema-direita a comandar a oposição popular a esta política.    Juntando à sua agenda xenófoba e homofóbica a agenda social da esquerda.    Apoderando-se das bandeiras da justiça social e da defesa dos direitos dos trabalhadores.     Transformando uma ideia generosa de patriotismo na desconfiança e no ódio ao estrangeiro.     E até se apoderando da bandeira da defesa de valores democráticos. Por ausência de discurso próprio, sociais-democratas e socialistas cumprem, mais uma vez, o papel de executores de um programa ideológico que lhes é estranho.  Sempre nas esperança de serem o mal menor.    Estamos a assistir a um suicídio do centro-esquerda europeu.    E esse espaço está a ser ocupado pela direita autoritária. Este é o maior crime de François Hollande.

      Não precisamos de nos esforçar muito para olhar para António José Seguro e ver, na sua impreparação e falta de carisma, na sua falta de convicções e de programa, na sua moleza de carácter e na sua hesitação constante em matéria de princípios, um Hollande em potência.    O voto favorável dos socialistas ao Tratado Orçamental (uma aberração para qualquer pessoa que defenda algum papel do Estado no combate a crises económicas) e a abstenção na redução do IRC (que, associada a um IRS e um IVA na estratosfera, resulta numa brutal transferência de recursos dos trabalhadores e dos consumidores para os bolsos das maiores empresas nacionais) diz tudo sobre o que podemos esperar de Seguro num governo, provavelmente em coligação com o PSD.    Apesar das espectativas estarem tão baixas, arrisco-me a dizer que, como primeiro-ministro, António José Seguro será, como Hollande está a ser em França, a maior decepção que a esquerda portuguesa já viveu.

      Mas é assim que as coisas têm de ser?   Não há outra alternativa para além de esperar que a alternância na austeridade se vá processando em degradação permanente da democracia?   Como em tudo, recuso destinos marcados.    Em Espanha, onde, tal como por cá, a extrema-direita não medra, a austeridade imposta pela direita e o vazio de discurso do PSOE está a ter outros efeitos.  Como cá, cerca de 75% dos espanhóis desaprova a ação de Rajoy (PP).   Mas ainda mais (85%) desaprovam a liderança de Rubalcaba, no PSOE.   PP e PSOE descem nas sondagens.   É o fim do bipartidarismo espanhol - ainda mais poderoso do que em Portugal - que está em causa.   Só que a decepção com estes dois partidos, apesar de engrossar a abstenção, não se fica por aí. O partido centrista, federalista, antinacionalista e laico (pouco definido do ponto de vista ideológico, mas em grande parte vindos das hostes do centro-esquerda) criado em 2007, UPyD, passa de menos de 5% para mais de 10%.   Mas também a Esquerda Unida (IU) sobe dos 3% (nas eleições gerais em 2008) e 7% (nas mesmas eleições em 2011) para próximo dos 12% nas próximas europeias (onde teve, em 2009, 3,7%).   Conforme as sondagens, uma e outra força política ocupam o terceiro e o quarto lugar, muito acima em intenção de votos do que é habitual.   Os resultados da IU, muito menos significativo do que seriam se tivesse conseguido ir mais longe na sua abrangencia política, e da UPyD estão a obrigar o PSOE a reagir.   De forma errática, é verdade.  Mas já começou a viragem do discurso à esquerda e mudanças importantes no seu funcionamento interno.

      Estou absolutamente seguro que, em Portugal, só uma forte ameaça vinda da esquerda pode impedir que o Partido Socialista (vire ao centro neoliberal e) siga o seu homólogo francês.   E só ela pode obrigá-lo a dialogar e a entender-se com quem se opõe à austeridade em vez de dar ouvidos aos Amados, Teixeira dos Santos e restantes apologistas do bloco central.    Quem julgue que basta apear a nulidade que é Seguro para travar esta corrida para o abismo está enganado.   A questão ultrapassa a personalidade que lidere o PS.   A questão é muito mais profunda: (a direcção do) PS, tal como o PSF e o PSOE, não tem um discurso consistente sobre esta crise. Porque, para ter esse discurso, teria de rever a matéria dada.   As responsabilidades do centro-esquerda para a criação das condições para esta crise europeia e nacional são demasiado grandes para que possa regressar ao poder e mudar alguma coisa sem uma profunda reflexão. Começando pelo seu discurso europeu.

      Essa ameaça dificilmente poderá surgir, por si só, de um novo partido político. Isso poderia balcanizar ainda mais o que já está dividido, bloqueando qualquer solução e, no fim, apenas contribuindo para oferecer, em troca de nenhuma alteração substancial de rumo para o país, um pequeno aliado aos socialistas.   Essa ameaça dificilmente pode surgir do PCP, que não está interessado em qualquer estratégia de reconfiguração da esquerda portuguesa e cuja possível e circunstancial entrada no eleitorado socialista nunca terá, pela ausência de política de alianças, grandes repercussões.  E essa ameaça não virá do Bloco de Esquerda, que perdeu a oportunidade histórica de cumprir esse papel.   Hoje não tem capacidade de atração do eleitorado socialista ou de qualquer eleitorado que não seja já seu.  A verdade é que dificilmente, em Portugal, com a nossa história, um movimento político amarrado à tradição da extrema-esquerda poderá ameaçar o PS.  Não é apenas uma questão de imagem.   É uma questão de conteúdo programático e de tradição política.  Na reconfiguração do cenário partidário à esquerda, a abrangência ideológica tem de ser muitíssimo maior do que hoje é abarcado pelos partidos à esquerda dos socialistas. Para ser muito maior a sua credibilidade e o seu espaço de progressão.

     Um novo sujeito político (coligação/frente democrática) deve juntar quem, fora e dentro dos partidos existentes, esteja interessado em unir forças.   Pode e deve abranger partidos políticos já existentes ou partidos políticos que se entretanto se possam formar.  Mas a refundação de um espaço político à esquerda do PS (e com este?) tem de ser muito mais do que uma simples soma de descontentamentos.  Tem de transportar consigo um potencial de esperança que os atuais atores políticos são incapazes de oferecer aos portugueses.   E isso depende dos seus protagonistas e do realismo e coragem das suas propostas.  Tem de corresponder a uma frente democrática que defenda um novo papel para Portugal na Europa.  Um patriotismo que, não desistindo dos combates europeus, ponha a democracia e o Estado Social como as primeiras de todas as suas prioridades.  E que esteja, na defesa da soberania democrática e dos direitos sociais, disposta a negociar com todos os que defendam um programa urgência nacional que se apresente com firmeza em alternativa ao programa de subdesenvolvimento proposto pela troika.   É isto, ou a preparação para a deprimente tragédia francesa.



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Sábado, 09.11.13

A  reenvangelização  benigna de  Francisco   (-por Daniel Oliveira, 5/11/2013, Arrastão e Expresso online)

      Em mais um gesto significativo, o Papa Francisco enviou um inquérito às conferências episcopais para conhecer a posição dos fiéis sobre várias matérias, onde se inclui o divórcio, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a contracepção. Não espero que a Igreja Católica mude o fundamental suas posições sobre estas matérias. Apenas celebro o facto de surgir uma nova atitude, mais aberta ao diálogo e à compreensão, em matéria que não é de dogma, e menos dedicada ao julgamento e punição. O próprio Papa já tinha defendido que "todos, especialmente bispos e conferências episcopais, vão sentir a necessidade de recalibrar as suas prioridades, o seu estilo, o seu tom". Lamentando que a Igreja muitas vezes coloque "as questões morais à frente da fé e não o contrário".
       Talvez influenciado pela crise que vivemos em Portugal, devo dizer que me impressiona bem mais a atitude social deste Papa, que em tudo se distingue da atitude do Cardeal Patriarca Emérito de Lisboa, D. José Policarpo, aplicado advogado do poder político e da austeridade. A posição do Papa começa pelo exemplo. Não apenas o do seu despojamento, que se evidencia na recusa em viver nos aposentos papais, mas no episódio que levou ao afastamento temporário do bispo de Limburgo, por este ter gasto milhões na sua residência oficial. Tratar o esbanjamento pornográfico de dinheiro e a exibição despudorada da riqueza pelo menos com a mesma severidade com que se tratam outros pecados menores, é um sinal muitíssimo importante a ser dado a todos os fiéis. Devo dizer que não são tanto os pequenos sinais de vida austera que me impressionam no Papa. Eles até poderiam ser vistos como meras operações de marketing. É a consistência e coerência da sua postura social que, mais através de gestos do que de palavras, é de uma importância central no tempo em que vivemos. Até porque a exibição de poder que a opulência do Vaticano garantia já não consegue competir, no seu aparato, com a do clero das finanças e da banca.
     Outro momento relevante no seu ainda curto papado, foi quando decidiu deslocar-se ao Casal del Marmo, uma casa-prisão que alberga jovens delinquentes, para participar no tradicional lava-pés (que costuma ser no Vaticano). E escolheu aí, entre vários encarcerados, duas raparigas, uma delas muçulmana.
     Escolhi estes três momentos e poderia ter escolhido outros. São muitos os sinais de mudança através do exemplo que este Papa exibe, que se concentram todos na ideia de humildade e tolerância. E, já agora, de inteligência política. Porque os papas tratam, sempre trataram, de política. Bem sei que alguma intelectualidade católica apreciava mais a inegável sofisticação do papa anterior. Não perceberão que a crise da Igreja não é teológica. É, entre outras razões que lhe são externas, uma crise do exemplo. É disso que as pessoas estão carentes. E que seria normal encontrarem, antes de tudo, nos seus líderes espirituais. Porque, afinal de contas, essa é uma das funções da religião, ou pelo menos do cristianismo: dar ordem e sentido à nossa existência, ajudando-nos a encontrar o caminho da virtude trilhado, de forma ideal, por outros.
     Dirão que, sendo eu ateu, nada que diga respeito à Igreja Católica e ao Vaticano me deveria interessar grandemente. Mas interessa-me muito. Vivemos num tempo de domínio duma corrente cultural (e ideológica) que valoriza o individualismo levado até às suas últimas consequências. Ela alimenta-se da destruição de todas as redes estáveis de solidariedade e pertença, elogiando cada individuo que, solitariamente, se exponha ao risco absoluto e desprezando todos os que acreditam na capacidade coletiva de interajuda. E alimenta-se dum hedonismo extremo, de que Wall Street, em vésperas de 2008, é só o exemplo mais flagrante. Esta moral dominante, pela desintegração social e moral que promove, é inimiga da Igreja Católica e da manutenção do seu próprio poder social, político e espiritual. E, por razões diferentes, é inimiga dos que, como eu, defendem uma sociedade baseada num espírito igualitário e na mutualização do risco. O que faz das áreas de pensamento em que me situo e de uma igreja empenhada em pôr travão ao que considero ser a maior regressão civilizacional em alguns séculos, bem representada por este Papa, potenciais aliadas nas atuais circunstâncias.
    O que é novo neste Papa não são as suas posições, são as suas prioridades. E ter um Papa concentrado na desigualdade social, pondo-a à frente da moral sexual, é um avanço de enormes proporções. Até porque, como na vida nada é simples e linear, encontramos entre os liberais mais radicais alguns devotos católicos, que reservam o seu conservadorismo para a moral sexual e para a defesa da estrutura familiar tradicional (que o modelo económico e social que defendem torna, na realidade, inviável). Ou seja, que apenas valorizam a liberdade individual, tratada como um privilégio, na medida em que ela resulte do poder económico de cada um. A postura deste Papa pode vir a ser um terramoto para muitos dos ideólogos deste liberalismo conservador, nascido nas fileiras da direita protestante anglo-saxónica e importando para as hostes intelectuais católicas.
      Mas seria um pouco cínico e até oportunista ficar-me por este interesse mútuo. Valorizo a postura deste Papa por mais algumas razões. Num tempo em que, para o mal e para o bem, tudo é fugaz, etéreo e inseguro, falta a cada vez mais humanos aquilo de que precisam, sempre precisaram e sempre precisarão: segurança. E falta horizonte que dê esperança, sem a qual o espírito humano definha. E esse conforto da segurança e da esperança, sem os quais somos paralisados pela nossa própria solidão, também é dado por instituições. Com a crise das grandes narrativas políticas, a perda de poder dos Estados Nacionais, a degradação dos partidos políticos e a perda de influência das igrejas na Europa e na América do Norte, o Ocidente paira sem rumo, transido de medo e esmagado por uma complexidade que não consegue compreender e dominar. E faltam exemplos que contradigam o cinismo que alimenta o pensamento amoral da ideologia dominante.
     Por mais estranho que vos pareça, não considero, por isso, negativo que a Igreja Católica, desde que respeite a laicidade dos Estados e consiga conviver com sociedades plurais e tolerantes, recupere, na Europa e na América do Norte, um pouco do poder que perdeu. Sobretudo se isso permitir enquadrar moralmente alguns comportamentos sociais e económicos das elites, predominantemente cristãs. Com a sua postura, este Papa dá sinais de poder ser um factor muitíssimo positivo para uma "reevangelização benigna", se me é permitida esta liberdade retórica.
     Quando este Papa foi escolhido, fui, justa ou injustamente, desconfiado com o seu passado na Argentina. Mas concluí, no fim, que é de homens completamente integrados que "podem muitas vezes vir as condições para a regeneração das instituições que dirigem". Recordei que a opulência e a corrupção no Vaticano, que tanto choca muitos crentes, resulta da maior contradição da Igreja Católica: "a manutenção do poder da instituição sempre esteve à frente dos valores cristãos que ela deveria representar". Que o mais difícil dos desafios seria exatamente o de "manter o poder e a coesão da Igreja e ser coerente com a mensagem cristã". E concluía que num mundo marcado pelo ritmo do escândalo televisivo, espera-se o impossível: "que um Papa se comporte como se o seu poder dependesse da sua popularidade mediática".
     Como se viu com os dois últimos papas, para o mal ou para o bem, a popularidade também conta no Vaticano. E é através dessa ilusão, comportando-se como se o seu poder se legitimasse no apoio dos homens, que o Papa Francisco poderá mudar a Igreja. Já o está a fazer. E o gesto de mandar ouvir os fiéis sobre matérias tão polémicas para os católicos, mais pela forma do que pelo conteúdo, é de uma enorme radicalidade. Não faz da Igreja o que ela não pode, por natureza, ser: uma instituição democrática. Mas cria pontes mais sólidas entre ela e as sociedades democráticas. E são essas pontes que poderão contrariar a sua decadência no Ocidente.


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Quarta-feira, 10.07.13



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Sábado, 22.06.13

A CNN, maior rede de jornalismo da TV americana e mundial, fez uma reportagem especial sobre os verdadeiros motivos por trás dos protestos ocorridos em várias cidades do Brasil.

"Os protestos que estão acontecendo no Brasil vão muito além do aumento de 20 centavos no transporte público.

O Brasil está vivenciando atualmente um amplo colapso de sua infraestrutura. Há problemas com portos, aeroportos, transporte público, saúde e educação. O Brasil não é um país pobre e os impostos são extremamente altos. Os brasileiros não veem motivo para terem uma infraestrutura tão ruim quando há tanta riqueza e tantos impostos altos. Nas capitais estaduais as pessoas chegam a gastar 4 horas por dia no tráfego, seja em seus carros ou em transportes públicos lotados e de má qualidade.

O governo brasileiro tomou medidas para controlar a inflação cortando taxas e ainda não se deu conta que o paradigma deve mudar para uma abordagem focada na infraestrutura do país. Ao mesmo tempo o governo brasileiro está reproduzindo em menor escala o que a Argentina fez anos atrás: evitando austeridade fiscal e prevenindo o aumento dos juros, o que está levando a uma alta inflação e baixo crescimento.

Além do problema de infraestrutura, há vários escândalos de corrupção que permanecem sem julgamento, e os casos que são julgados tendem a terminar com a absolvição dos réus. O maior escândalo de corrupção na história brasileira finalmente terminou com a condenação dos réus e agora o governo está tentando reverter essa condenação ao usar manobras inacreditavelmente inconstitucionais, como a PEC 37, que vai tirar o poder investigativo dos promotores do ministério público, delegando a responsabilidade da investigação unicamente para a polícia federal. Além disso, outra proposta tenta sujeitar as decisões da Suprema Corte Brasileira ao Congresso – uma completa violação dos três poderes.

Estas são, de fato, as revoltas dos brasileiros.

Os protestos não são meramente isolados, não são movimentos da extrema esquerda, como algumas fontes da mídia brasileira afirmam. Não é uma rebelião adolescente. É o levante da parte mais intelectualizada da sociedade que quer por um fim a essas questões brasileiras. A jovem classe média que sempre esteve insatisfeita com o obscurecimento político agora “desperta”."

 

Nota pessoal: O Brasil não tem um governo dito de «direita». Já o anterior governo brasileiro, o de Lula da Silva era do PC. Põe-se portanto a questão do descontentamento generalizado das populações perante os seus governos, sejam eles de esquerda ou de direita, do PSD, PS em Portugal ou do PC no Brasil,  PSOE ou PP em Espanha e assim por diante. A questão está a outro nível, que de forma simplista se poderia colocar assim: Que raio de «democracias» são estas? Porque será que os regimes ditos ocidentais e democráticos de eleições diretas através do voto em partidos políticos, já não satisfazem as populações desses países?
São questões muito mais pertinentes das que se punham há alguns anos, nomeadamente em Portugal, em que se pensava que derrubando o regime ditatorial (salazarista/marcelista) e implementando o chamado regime democrático com partidos políticos e com eleições de voto popular, se resolveriam as questões sociais na sociedade portuguesa. O tempo (40 anos) veio mostrar que não, que não chegou, que não era a solução. E Portugal é um mero exemplo desta constatação. Não sei quanto tempo mais continuaremos «mansos» e condescendentes com as políticas dos nossos governantes, sejam elas do PSD, PSD/CDS ou do PS. E, pelo que estamos a assistir no Brasil, poderei acrescentar à lista partidária o PC.
Uma coisa me parece evidente: o chamado de regime democrático ocidental chegou ao fim, acabou.
Temos perante uma convulsão política regimental enorme. E não me venham com a habitual resposta de que não existe regime melhor que a «democracia». Porque tem que haver. Existe sempre a capacidade do Homem de se reinventar. O desafio é enorme. Haja esperança!



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Quinta-feira, 13.06.13


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Quarta-feira, 20.06.12

       A nêspera deitada, muito calada, a ver o que acontecia  (-por Daniel Oliveira, Expresso online)

      Os socialistas conseguiram uma histórica maioria absoluta no parlamento francês. Não sei se este é o melhor resultado para garantir uma forte inflexão no posicionamento francês na Europa, mas o absurdo sistema eleitoral francês foi desenhado de forma a impedir qualquer surpresa que a vontade popular possa trazer. Seja como for, Hollande conseguiu um resultado extraordinário e de nada se poderá desculpar no futuro. Tem, coisa raramente conhecida em França, tudo na mão: a maioria das autarquias, a maioria da Assembleia Nacional e do Senado e, claro, a Presidência. Gorada uma verdadeira mudança política na Grécia, é exclusivamente de Hollande que depende a alteração das políticas europeias. Certo? Errado.

     Se há coisa que a Grécia nos prova, como escrevi ontem, é que esperar pela coragem dos governantes é um erro. A maioria dos governos, eleitos ou não, responde apenas a um perigo: ao de perder o poder que tem. E nisso, os políticos não são diferentes da maioria das pessoas. O que fez a Nova Democracia grega dar uma volta de 180 graus no que defendia na sua relação com a troika não foi a evidência do descalabro da austeridade. Foi a possibilidade do Syriza vencer as eleições. O que impedirá Hollande de seguir a velha tradição socialista europeia, de, chegada ao poder, se acobardar, será a pressão dos franceses. Sem ela, os governantes tratam de si.

      "Uma nêspera estava na cama, deitada, muito calada, a ver o que acontecia. Chegou a Velha e disse: olha uma nêspera e zás comeu-a! É o que acontece às nêsperas que ficam deitadas, caladas, a esperar o que acontece!" O poema de Mário Henrique Leiria também nos pode recordar que, em democracia, não somos clientes. Nem temos sempre razão, nem estamos aqui para ser servidos. Ou servimos a democracia ou outros se servem dela. Quem fica deitado, calado, a ver o que acontece, terá sempre um triste fim.

      Acredito na democracia representativa. Se não fosse por convicção, seria pela mera constatação dos factos: ainda não conheci nenhuma sociedade livre em que ela não existisse. Mas também sei que ela não chega. Que entregar todo o exercício da democracia aos eleitos, julgando que o papel dos cidadãos é apenas esperar pelos resultados do seu voto, é desistir da democracia.

     Se os franceses não fizerem nada, antes de, também eles, serem engolidos pela crise, François Hollande nada fará. Será, nas palavras que usou para se distinguir de Sarkozy, um "presidente normal". E a Europa, no estado em que está, não precisa de líderes normais. Precisa de quem, substituindo a pior geração de políticos que liderou a Europa desde o pós-guerra, seja tão arrojado como foi a incompetência dos seus antecessores. Mas para seguir o caminho inverso. E isso acontecerá se a pressão popular mantiver o poder sempre em risco.

     A estratégia que mais sucesso tem em Portugal é a da nêspera: ficarmos deitados, calados, a ver o que nos acontece. Na esperança que todos percebam que não somos a Grécia. Assim como os espanhóis esperam que todos percebam que eles não são os portugueses. E os italianos esperam que todos percebam que eles não são os espanhóis. E os franceses esperam que todos percebam que eles não são os italianos. Até serem todos comidos.

     Da mesma forma que Hollande não enfrentará Merkel se os franceses a isso não o obrigarem - a política vive da economia de esforço e de risco -, Portugal, Irlanda, Grécia ou Espanha não se salvarão apenas porque a França mudou de presidente e este decidirá, sabe-se lá porquê, ser nosso advogado de defesa.

     O governo português está deitado, muito calado, a ver o que acontece. Apoia a Alemanha, em tudo o que esta defenda, incluindo em matérias onde a sua posição é naturalmente oposta aos interesses nacionais - como nos eurobounds -, na esperança de ver o seu bom comportamento premiado. Não duvido que, se o poder hegemónico na Europa fosse francês, seria a França a merecer o nosso constante e acrítico aplauso.

     O povo português tem estado deitado, calado, a ver o que acontece. Na esperança que isto passe e achando que enquanto nos fingirmos de mortos a realidade se vai esquecer de nós. Não resulta. Enquanto este governo sentir que o seu poder não está em perigo, enquanto os que se servem do Estado para fazer os seus negócios poderem continuar a tratar de si, nada mudará.

     A posição dos portugueses e do seu governo é coincidente: a da nêspera. Passos espera que, perante a sua obediência, os outros reconheçam a nossa insignificância e, na hora do naufrágio, nos arranjem um lugar no barco salva-vidas. Os portugueses esperam que, não fazendo ondas e garantindo esta paz podre, alguém nos venha salvar desta agonia. Só que a estabilidade política que vive da apatia dos cidadãos e da bovina obediência das Nações (governos) nada pode trazer de bom a um povo. As nêsperas nascem e vivem para ser comidas. Se insistirmos em ficar quietos, à espera de Merkel ou de Hollande, dependendo da convicção ideológica de cada um, é esse o destino que nos espera. Chega a velha e zás !



Publicado por Xa2 às 07:39 | link do post | comentar | comentários (5)

Sexta-feira, 25.02.11

por Daniel Oliveira ]

    A crise económica provocou um movimento de revolta nos países árabes. Não se tratou, como alguns românticos gostam de pensar, de uma revolta espontânea. As revoltas que vencem nunca são. No Egito, teve uma direção política que a preparava há pelo menos três anos. No caso, jovens educados e apostados num movimento assumidamente não-violento.

    Contaram com o descontentamento que resultou da situação económica? Sim.

    Com o facto de, vivendo numa ditadura, não haver outra forma de protesto? Claro.

    De, com um desemprego galopante e a ausência de Estado Social, os egípcios não terem nada a perder? Provavelmente.

Mas contaram, antes de mais, com a única coisa que constrói movimentos em tempos de crise: a esperança, essa palavra maldita para os cínicos. Não tinham um programa, mas tinham um objetivo possível: o fim da ditadura. E um inimigo claro: Mubarak. A revolta só constrói alguma coisa quando sabe contra quem e para onde vai. Os egípcios não estavam desesperados. Eles acreditaram que podia ser diferente.

   

    E essa, entre tantas outras, é a diferença entre o que se passa nos países árabes e na Europa.

    Somos mais ricos e temos mais a perder, é verdade. Mas é mais do que isso: estamos desesperados. Não sabemos quem é o inimigo ou então ele é demasiado etéreo para cair. E não acreditamos que pode ser diferente. A revolta que se sente nas conversas públicas e privadas não se vai transformar num movimento coletivo porque lhe falta um horizonte e um adversário com rosto.

    Quem julga que este será um momento cheio de enormes lutas sociais e de oportunidades para a esquerda se afirmar engana-se. Sim, haverá uma minoria mais politizada que irá à luta. Mas para a grande maioria o desespero traduz-se em medo. Medo da crise, de perder o emprego, das taxas de juro, da dívida, da instabilidade, de tudo. Não é por acaso que o discurso do poder sobre a crise aposta no medo. Porque resulta.

 

A radicalização, nestes períodos, não é apenas ineficaz. Ela alimenta o medo que devia combater. Mas, acima de tudo, ela isola os que querem dirigir uma oposição que não aposte apenas na alternância. É o populismo autoritário de quem promete 'pôr o país na ordem' que conquista apoios nestes momentos. É a situação e não a oposição que ganha nestas alturas.

     Nada a fazer? Pelo contrário. Há uma forma de vencer o desespero: dar esperança. E para isso é preciso que as pessoas acreditem que há alternativas e que elas podem vencer. Ninguém se arrisca a troco de coisa nenhuma. Duas condições para que isso seja possível: credibilidade no que se propõe e uma ação política que se dirija a uma base social maioritária. Programa exequível e alianças alargadas. Exatamente o oposto da radicalização.

 

    Não, não estou a falar de flores. Estou a falar do Bloco de Esquerda, do PCP e dos muitos eleitores e militantes do PS que ainda acreditam que o poder pode ser mais do que gestor da desgraça. Estou a falar dos sindicatos, dos movimentos sociais, de quem tem espaço na comunicação social. Na radicalização podemos sentir-nos mais fortes, mas é uma ilusão. Porque ninguém acredita que podemos vencer, fica a faltar a esperança. E, sem ela, o medo acaba sempre por levar a melhor.

            Texto publicado na edição do Expresso de 19 de fevereiro de 2011



Publicado por Xa2 às 08:07 | link do post | comentar | comentários (6)

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